sábado, 31 de março de 2012

PUXADOR


Olhei o puxador e fiquei fascinado. o “focinho” de lobisomem que apresenta, está adequado ao nível da instituição, que a sua porta encerrada protege. domínio e firmeza na decisão. atemorizar quem se atreva a invadir tal espaço, lugar preservado ao saber. O preto, não cor, trevas, mente negra. o vermelho da porta, calor, fogo, besta sanguinária, sinal de perigo, despertar de paixões. cor de fúria próxima do vulcão.

Aquele puxador trás consigo, a mesma decisão, com que por vezes é preciso para “dar com a porta na cara” a algumas pessoas, que se pretendem, ser mais importantes, sobretudo egocêntricas, que se lembram de nós quando precisam de um carinho, de um favor, ou de atenção. que se servem dos amigos e de todos aqueles que as amam, como no “usa deita fora” de um chiclete, como diz a canção. que acham os outros uns “moles”, porque prodigalizam atenção, carinho, ajuda, amor.

Na razão da sua fúria, ou na fúria da sua razão. “Dar com a porta na cara”, a gente que nos magoa alma. é no mínimo salutar, descarregamos o lixo da mente, e adquirimos a calma. É como se disséssemos milhares da palavrões num simples gesto. limpássemos com uma borracha de alta precisão a sujidade de quem resvalou por nós. É dizermos a essas pessoas, que só nos incomoda quem nós entendemos. E daí, partir para o novo. com um puxador de porta, acabado de polir com o brilho dourado de futuros promissores, franqueando as portas a um sentimento limpo, esterilizado de coisas menos bonitas, ou coisas menos sérias. é ser suporte de porta franca e aberta.

Há puxadores de saco e puxadores de portas. Prefiro estes últimos pelo menos são mais claros nas funções que lhe estão destinadas.

quinta-feira, 29 de março de 2012

PERDI O RITMO DAS PALAVRAS


Perdi o ritmo das palavras.
Não lhe encontro o mesmo sentido de outrora.
A confusão instalou-se, quando o silêncio me tirou as ideias, me esvaziou das emoções que me motivavam em cada dia, falar de amor e de sonhos. a pensar que o mundo estava ali ao dobrar da esquina e que era possível perceber a sua riqueza.
O ar deixou de me alimentar pelo gozo de respirar, e transformou-se num remédio para sobreviver.
As flores perderam suas cores, o sol já não tem o mesmo brilho nem calor. a maioria das vezes vejo tudo em tons de cinza, como uma fotografia a preto e branco, cheia de qualidade, mas sem colorido que me lembre a realidade. Fica o registo estético da imagem e sua mensagem, transformando-se numa outra coisa, que posso chamar de arte, que não aquilo, que seria a memória da minha realidade.

quarta-feira, 28 de março de 2012

SEM TEMA

Hoje está ser difícil escrever. Todos os dias os noticiários falam do governo e desgoverno da pátria e do modo como nos irão “sacar” mais algum dinheiro, dos nossos, já debilitados bolsos. falam também das desgraças do futebol, e de todo o mundo podre que o envolve, e até lhe chamam estupidamente indústria. As noticias do estrangeiro, também não são as mais felizes para nós. desde os assuntos de ordem politica, que nos são fornecidos de forma enviesada, defendendo sempre o princípio da exploração dos mais desfavorecidos, aos “fait divers” de figuras públicas, como o presidente do FMI, os reis rainhas, damas, e menos damas, e o “gandes malandros do jet set” tudo é de paupérrima importância.

Falar de amor, paixão e coisas do sentimento, também não pegam bem. as pessoas cansam-se, das lamúrias e dos desejos de amor, mesmo quando ele lhes falta na vida.

Também por vezes, porque se escreve de paixões e amores, logo pensam que o pessoa está pelo beicinho e como tal aborrecida e aborrece. Quando muitas vezes, se trata de manifestação de vontade, e prazer de encontrar respostas às suas perguntas.

Eu gosto de falar e de me preocupar com os problemas da sociedade, mas gosto muito mais de falar de amor. Este abrange todos aqueles que são parte da sociedade, sem descriminação de sexo, raça ou classe social. gosto de falar do amor romântico, como desejo realizado, ou a realizar, como sentimento que todos procuramos, ou alguns já encontraram. Esse sentimento que enche o peito, nos alimenta a alma e que nos grita o desejo de viver. esse sentimento que não dá lugar a ambiguidades. que é prazer e usufruto de qualidade. que fala de beijos e abraços, de aconchegos, de passeios fins de tarde de mãos dadas, de escuta atenta, de olhos brilhantes de alegria e orgulho de ser objecto de desejo e amor.

Difícil é, de facto, assumirmos que somos seres sensíveis e que por vezes nos descarnamos, evidenciando fraquezas, mas acima de tudo muito amor.

terça-feira, 27 de março de 2012

UM DE NÓS TINHA PARTIDO


A tarde chega, com o sol na sua brandura, iluminando as árvores de cores suaves. um arrepio percorre-me o corpo. apetece-me abraça-las e sentir a sua seiva correr, alimentando as folhas nas extremidades. sentindo como teu corpo vivo em meus braços.
Penso em ti. distante, sem palavras, sem o aconchego da tua voz na melodia dos sentidos. sem o teu cheiro, sem o teu cabelo roçando-me as faces, sem os teus lábios saboreando os meus, sem as mãos entrelaçadas, de igual modo sentindo a vida em nós.

Uma espécie de melancolia primaveril se vai instalando, enquanto percorro o caminho, entre as árvores. Os pássaros, no seu chilrear intenso recolhem aos seus ninhos, como se fossemos nós regressando a casa. A mente perde-se em nenhures, como se em cada passo dado, entrasse em transe meditativo, cada vez mais profundo, esquecendo o que me rodeia.

A noite assenhorou-se do dia, e de mim, deixando-me navegar sem rumo. Apercebi-me de repente que tinha chegado a casa. casa onde não queria entrar, porque sabia que faltavas tu. Há muito tinhas partido, com a promessa de voltar, mas nunca mais o fizeras. deixaste espalhadas as lembranças, que marcaram o teu tempo e a tua presença, sem nunca perceber o por quê. A sensação de vazio, fazia-me crer que o meu amor, não era o teu amor.

Entrei, sentei-me no sofá, e fiquei quieto, no lusco-fusco que cobria a sala, deixando que a escuridão me fosse inundando. Não sei como aconteceu, mas de repente vi-te, como suspensa no ar, toda vestida de negro, com corpo de costas para mim, rodando a cabeça em silêncio, olhando-me fixamente e... de repente abro os olhos. tinha adormecido. a minha visão, tinha sido um sonho, que me dizia, que um de nós tinha partido.

segunda-feira, 26 de março de 2012

SORRIR, AINDA NÃO PAGA IMPOSTO.


Nem sempre neste nosso viver, temos disposição para sorrir, no entanto se estivermos atentos, podemos observar que também nem sempre temos necessidade de chorar, por isso, há que dosear a vida pelo seu melhor lado, e sorrir.

Sorria, mesmo sem vontade de sorrir. Se não lhe apetece sorrir, sigas instruções dos livros de auto-estima, vá para frente de um espelho e ensaie tentando sorrir, quanto mais não seja, o esforço de tentar sorrir e as carantonhas que faz, acabam por leva-lo à gargalhada.

Se o policia de trânsito o vai multar sorria, porque ele assim pensa que você é um idiota e só lhe aplica uma multa das pequeninas.

Se o governo lhe disser que a crise é por pouco tempo, meta um sorriso de laranja azeda, e vá fazendo pela vida enganando-os o mais que puder. Pode ter a certeza, que um destes dias, vai vê-los, com um sorriso amarelo.

Se acha que o amigo não foi muito correcto consigo, não leve demasiado a peito e sorria, ficam os dois bem. Você, porque se sente acima de todos os males, e ele porque tem vergonha do que fez, ao ver o seu esforço para se sorrir.


Se a namorada/o acorda mal disposta/o, como é hábito, sorria, ou ria às gargalhadas, mas longe dela/e para lhe criar a curiosidade, e terá toda a sua atenção, com um sorriso amarelo lhe perguntará: “acordaste muito divertido/a”. E a partir daqui tudo é possível....

Sorrir é um dos melhores medicamentos lá diz o povo: “Tristezas não pagam dívidas”

E se mesmo assim, ainda não está convencido, aprecie o sorriso de uma criança e verá que vale a pena, sorrir.

E já agora, mais um esforço, SORRIA



domingo, 25 de março de 2012

PRIMAVERA A QUENTE



Com alguma serenidade, vejo sol, enchendo de luz o dia. Tudo se desenrola na lentidão, no “dolce farniente”, de um domingo de Primavera, com as árvores despontando novos rebentos, que as irão, brevemente, colorir, perspectivando os novos frutos.

É bom aproveitar este belíssimo tempo de acolhimento, com que a Primavera nos brindou, para não termos de ficar em casa a ouvir as notícias arrepiantes, com mais promessas de agressão moral e económica ao povo português.

Aconselho todos os portugueses a aproveitar o sol, e a possibilidade de uns passeios a pé, - como sabemos, os combustíveis estão com preços proibitivos - antes, que um destes dias nos comecem a cobrar por usufruir desses bens, com que natureza nos destinou, para pagar a dívida pública. Se têm dúvidas, pensem na privatização da água e não levem a minha sugestão a brincar.

Para aqueles que sempre fizeram questão de falar na Primavera de Praga, cabe-lhes agora falarem da Primavera de Lisboa e Porto, onde na 5ª feira passada, à bastonada, o governo deu uma ideia inequívoca de como no futuro se pretende impor. Exagero? Talvez, se não pensarmos como, paulatinamente, temos vindo a ser espoliados dos mais elementares direitos sociais.

Vivamos intensamente a Primavera, e preparemo-nos para não deixar, que nos queimem o verão das nossas vidas.

MuDança DA HORA

O que faz a mudança da hora
Hoje mudou a hora. O transtorno é enorme de repente tudo parece surgir fora de tempo. Dormimos menos uma hora, ou acordamos mais cedo uma hora? Aqui começa a história do copo meio cheio ou meio vazio, e mais complicado se torna. Mas mudou a hora, como? Passou a ter 56 minutos; foi de malas e bagagens para “Cochinchina”; foi para uma vivenda e deixou o andar? Que confusão vai nesta cabeça.
Uma coisa é certa, desde que acordei até agora, tenho verificado um menor ruído, e um enorme desfasamento, entre os diversos ruídos comuns, que costumam encher o meu dia.

Na maioria dos países do mundo, se muda a hora, e sem dúvida uma das razão principais é de ordem económica. Falta apurar quem mais beneficia disso, se os interesses económicos privados, ou os países. Será que não haveria outra forma de fazer as coisas. Eu julgo que sim, mas quem sou eu???? Como tal sugiro que leia o blog abaixo indicado, do qual publico um pequeno texto, e tirem as vossas próprias conclusões.

Vale a pena consultar o blog:
http://www.mouras.net/horaverao/persuaccao_horaverao_dados.htm

E teremos uma ideia de como é feita a avaliação das conveniências e inconveniências destas mudanças.

Transcrevo desse blog o seguinte trecho:

“De acordo com uma sondagem realizada pela Albenture - empresa especializada na conciliação da vida pessoal e vida laboral - em Espanha, 56% dos sete mil trabalhadores inquiridos manifestaram que a mudança horária lhes cria algum tipo de perturbação. Segundo este estudo, 60 % dos entrevistados consideram que lhes afecta sobretudo no sono, enquanto 11% apontam para implicações no trabalho e cerca de 10% apontam a hora de almoço. O cansaço é o sintoma mais habitual, seguido da depressão (10%), falta de concentração (7%), ansiedade (6%) e até da falta de apetite (1%). Ainda de acordo com o trabalho desenvolvido pela Albenture, o tempo de adaptação necessário entre aqueles que dizem sofrer de transtornos varia muito. Enquanto 5% asseguram que não precisam mais de 24 horas para regressar à rotina normal, cerca de 39% garantem precisar de dois a três dias para se adaptarem ao novo horário. Já 31% dizem necessitar de uma semana e 21%, de mais de sete dias [fonte: artigo do DN de 30/11/2010].

Se há estudos que indicam poupanças de energia com a mudança de hora, há outros estudos internacionais que demonstram o contrário. Por exemplo: «Does Daylight Saving Time Save Energy? Evidence From a Natural Experiment in Indiana», de Matthew J. Kotchen e Laura E. Grant, que concluiu pelo aumento do consumo de electricidade nas casas, pela mudança de hora, já que a poupança das famílias em electricidade para iluminação era ultrapassada pelos gastos adicionais em electricidade para aquecimento e arrefecimento.

Causa problemas nas explorações agrícolas, nomeadamente com os horários de ordenha dos animais. Os agricultores e criadores de gado têm que mudar horários para venderem as suas colheitas a pessoas que cumprem a mudança de hora.”

sábado, 24 de março de 2012

SOMBRAS E FOTOGRAFIA



As imagens de sombras, têm o seu quê de subjectividade, mas são esteticamente interessantes. Nestes casos, a cor torna-se secundária. Funciona o claro escuro como linguagem. a harmonia, composição espacial e o enquadramento. O referente em si não é fotografado, mas a representação dele, o que no leva a uma maior criatividade e imaginação. não só ao tipo de referente que originou a sombra, como as múltiplas sugestões que ele pode dar em termos de adjectivação. Não raras vezes a sombra é muito mais clara na informação, ou na categorização do objecto. Se verificarmos na foto da árvore não, nos perdemos com os vários matizes e formas, que possivelmente o referente possui, e vemos a "árvore", a estação do ano, o sol, e até, com um pouquinho de atenção a hora do dia, tendo em conta a sua projecção na parede.

Estas pequenas observações, têm simplesmente o intuito, de aliciar as pessoas a encontrar outras motivos a fotografar, sem medo de fazer experiências educando o olhar, observando melhor o que as rodeia.

sexta-feira, 23 de março de 2012

CHAMINÉ, AINDA ESTÁS EM PÉ ?



Constava-se, há uns anos atrás, que no espaço “abandonado” onde estivera instalada a antiga Fábrica do Carrinhos da Senhora da Hora, iria surgir um empreendimento de grande envergadura, com uma série de apartamentos de luxo, e uma zona verde adequada; um estabelecimento de ensino privado e a chaminé e o edifico adjacente seria recuperado.
Não conheço a dimensão deste “consta-se”, mas uma coisa é certa, um conjunto de apartamentos foi começado à cerca de dois anos e continua por acabar, segundo parece está a dar um prejuízo enorme. O estabelecimento de ensino começou pequenino e já foi ampliado, segundo dizem para pessoal pagante, acima da média. A chaminé e o edifício adjacente estão a ficar em condições precárias possivelmente à espera de melhores dias, ou acabando por ruir.

Se intenção era melhorar o aspecto daquela espaço, que deve ter sido comprado com um preço especial, tendo em conta o que se “oferecia” à população, na verdade o que se viu foi avançar com o que dava lucro imediato e depois o restante logo se vê. O que significa que o aspecto só melhorou parcialmente, e na parte mais lucrativa.


Quanto a chaminé e o tal edifico, sempre poderá ser vista como ruína industrial adequada a visitas de estudo. O que é uma pena.

quinta-feira, 22 de março de 2012

DOIS PONTOS...

Dois pontos acima do umbigo
do tamanho de grãos de trigo
Da tua boca são procura
do teu desejo a loucura

A polpa de meus dedos quase seda
Procuram em teu corpo o veludo
De seu bosque a vereda
Onde a vida é quase tudo

Dois pontos grãos de trigo
Na tua boca são loucura
No teu corpo minha procura
De fazer o amor contigo


HOJE FOI UM DIA DIFERENTE

 
Hoje o dia foi diferente. De palavras cruzadas, nem sempre as mais adequadas, ou melhor pensadas. No entanto teve algo de bom, foram ditas do coração e vividas com emoção. Por isso, dizer o que se pensa, mesmo que nem sempre de forma acertada, tem a vantagem de não manter ambiguidades, e esclarecer pontos de vista, corrigir mas interpretações. Não deixar a pulga atrás da orelha.

Que bom foi hoje escrifalar...porque ambos ficamos a ganhar

terça-feira, 20 de março de 2012

EM NOME DO PAI

Deixei passar dia de propósito. Nunca gostei dos dias da Mãe, do Pai, do Namorado. Foram criados pelo marketing comercial para que se façam vários negócios à volta do assunto. Daí a proposta de serem festejados como se fossem aniversários de factos passados, que marcaram a história de cada e que merecessem ser lembrados.
Parece um contra-senso colocar este texto, mas faço propositadamente. para mostrar mais uma vez porque não gosto destes"dias".

Para mim existem três dias de celebração para os pais, e esses são especiais para cada um conforme o seu modo de ver. Dia em que o nosso pai nasceu, o dia em nós nascemos e os tornam pais todos os dias, e o dia em que ele morreu, são datas de facto memoráveis, pela presença e pela ausência. O resto é conversa fiada.


Assim da partida dum pai.

Partiu definitivamente
Sem retorno
Como tudo o que é finito.
Partiu fisicamente.
Legou-te a vida e o exemplo.
Ajudou-te no caminhar,
No viver
No dar e amar.
Foi presente enquanto pode,
Foi templo
Do teu coração.
Deixa-o partir em paz
Não chores a tristeza
Da sua ida
Só por que te era
Alma tão querida.
Canta de alegria
Por certo ele gostaria
De saber-te viver
Ausência sem nostalgia.
Vive, sê capaz
De renascer e continuar
O caminho que te legou.
Ama como ele amou.
O futuro te há-de dar
Tanto quanto te deu
E um dia te aperceberás
Num leve acordar
Quanto amor tens de seu.

segunda-feira, 19 de março de 2012

É SÓ UM NÚMERO

Este é um número como outro qualquer, mas poderia ser o das centenas de vezes que peguei no telefone para dizer o que tem de ser dito, mesmo que custe, mesmo que o resultado seja pior do que se espera. Das muitas vezes que fui desagradável com alguém, ou até, das muitas que me sai bem, fui simpático e resolvi algo de forma positiva. Poderia ser o número de passos que conto na caminhada para tomar café, na vulgaridade dos dias. Poderia ser um número das mentiras que ouvi, das palavras de conveniência, das flores que ofereci, das vidas que conheci. Na realidade não é mais do que um número que se aplica matemática e estatisticamente, e que na realidade é um elemento condicionante. "Já te disse milhentas vezes que gosto de ti", Já te disse dezenas de vezes, que isso não se faz", " Mandei-te flores pelo menos, uma vez", " A broa de Avintes, custa três euros. Tudo valores e valorizações, de gestos e atitudes, que se não fossem feitas, evitavam que a nossa vida e as emoções que a acompanham fossem perturbadas. Não é por acaso que se diz "quem corre por gosto não cansa". É que nessas alturas, o tempo, a distância e os custos, não são medidos em número, mas em doses de prazer e emoção

Será melhor esquecermos o número de vezes, e pensarmos mais no que de bom podemos obter. Aquilo que nos agrada repetimo-lo vezes sem conta e de boa vontade, então é isso que devemos fazer. Deixemos a história do "pensa três vezes antes de agir", porque se não tiramos o sal da vida. De certeza que são mais as vezes que ficamos a ganhar do que aquelas em que perdemos.

Já agora... fui eu que disse primeiro!..... nã estou a brincar... ufha...

domingo, 18 de março de 2012

UM DIA TE FALAREI AO OUVIDO

A armadilha que inesperadamente nos aprisiona, deixa-nos morrer lentamente pela exaustão do tempo. Sentimos-lhes a textura, a cada passagem, sentimos-lhes a marca inevitável da dor. Os nódulos, falam  marcas da sua história, e a secura da intempérie, as brechas da sua alma. Apetece encostar o rosto e esperar, que o som da vida regresse e que a passagem do tempo faça o resto. Nem a pena faz sobreviver, nem a folha de outono, fala da primavera. Só o sol com a sua intensidade alimenta a possibilidade de mudança, na sombra ténue que se vai movimentando.
Um dia te falarei ao ouvido, do passado sem retorno, e do inicio da primavera

sábado, 17 de março de 2012

TALVEZ PORQUE HOJE É SÁBADO

Mãos suplicantes, pedindo água.
Na carne, sentida a dor e  mágoa
De um tempo que passa sem que a chuva caia
E a vida se vá esgotando, sem encontrar sua praia.
A pele se enruga cada dia que passa
Sem que mais possa fazer
Só lhe resta a esperança de não cair em desgraça
De os pássaros não a quererem ver

sexta-feira, 16 de março de 2012

NÃO TENHO FRASES NEM POEMAS

Quase perdido fiquei / Quando pela primeira vez te vi
Tal a forma como vibrei
/ Ao sentir-me tão perto de ti

Dei-te ternura e abraço / E o calor do meu desejo 
Dei-te o meu coração
/ No sabor do primeiro beijo

No meu regaço / As lágrimas te caíram
Na garganta como um laço
/ A dor dos que te traíram

Foste campo do meu fruto / Foste pele do meu beijo
Foste um amor em bruto
/ A despertar meu desejo

Sonhei coisas impossíveis / Tive esperanças ocas
Em coisas imprevisíveis /
Saindo das nossas bocas

Quase perdido fiquei / Quando primeiro te vi
Tal forma com que vibrei
/ Na imagem que fiquei de ti

Ao encher a minha alma / Sustentava eu o que via 
E tu na tua calma
/ Abafavas a minha alegria

Tanto tempo lutei / Pelo que julgava nosso
Que na verdade gerei
/ A palavra não posso

Enchendo a boca que amava / A pele que cheirava
Aquela alma me amordaçava
  / A minha tristeza aumentava

Hoje na serenidade / Que se tem da partida
Encontrei a minha verdade
/ Na crueza da própria vida

Tudo tem o seu tempo / E a esperança nunca está perdida
De que a qualquer momento 
/ O amor me será guarida

Para ti que foste pele e cheiro / Para ti que pousaste em meu regaço A quem dei por inteiro / No meu coração um espaço.

Não tenho frases nem poemas / Que consigam explicar
Com palavras serenas
/ A razão de tanto amar

quinta-feira, 15 de março de 2012

Sinopse de um Poema Erótico


Apetecia-me escrever um poema
daqueles que falam de orgasmos
de loucura e erecção,
de gemidos e fantasias
de corpos suados e de tesão!

Ai... que eu devo estar louca
senão louca, a delirar.
O que diriam de mim
o que me iriam chamar!

Bolas este mundo é uma farsa.
Haverá alguém que o não saiba
o que não sentiu ou experimentou?
E se o não disse foi vergonha,
mas se não disse pensou!

Tanto pudor nessas cabeças
sempre com zelo de parecer mal.
E escondem que o prazer do prazer
mais não é que um acto natural!

Então que se escreva com arte
com minúcia e perfeição,
e que as letras gemam de prazer
que as palavras se orgasmem ao dizer
que o amor também se faz com tesão!

do livro: Um beijo sem nome -Ana Paula Lavado

quarta-feira, 14 de março de 2012

APROVEITAR O TEMPO


Ter por hábito trazer sempre consigo, três coisas essenciais: um ou dois livros, papel para rascunhar, desenhos ou textos, e esferográficas de várias cores e uma lapiseira, pode ser uma forma útil e inteligente de aproveitar o tempo, nas mais diversas situações.


Se está à espera de algo ou alguém, pode ler, pode escrever, pode desenhar. Trazer dois livros, é bom para poder escolher o mais adequado ao momento. Quando sai com a intenção de ler, ao chegar ao local decide qual deles quer ler, por vezes, até pode ler umas páginas de cada um. Pode sublinhar o que lhe interessa, e tomar notas de frases, ou ideias. Se está no restaurante à espera, pode desenhar, ou escrever. Tem momentos, que até a conversar, vai fazendo grafismos no papel para se concentrar, ou para explicar. Os seus amigos riem-se, no entanto, quando estiver com eles, sabendo deste seu hábito, ser-lhes-á útil, para lhes ceder papel ou esferográfica, para algo que pretendam fazer.


Na maioria dos casos, quando esperamos ficamos impacientes, daí termos fumadores, a fumarem de mais, os que roem as unhas a ficarem com os dedos em carne viva, os que tiram catotas do nariz, e outros que se coçam como se tivessem sarna. Sem esquecer, que, quando esperamos por alguém mais do que devemos, entramos em derrapagem, dizendo todo um chorrilho de disparates, especialmente se sentimos que podíamos ter aproveitado melhor o tempo.

Sentir o barulho do papel a ser riscado, quando escrevemos, ou desenhamos, é um momento único. O prazer de escrever, de ver a forma irregular das letras, a sua beleza, a expressão que elas têm, dizem da nossa pressa, lentidão, do nosso estado de espírito. A forma como escrevemos é como um bilhete de identidade, pelo conteúdo, e pelo o modo como caligrafamos. Do mesmo modo os desenhos com as suas linhas limitando espaços, as formas que vão aparecendo, as texturas sugerindo volumes e cor, são também modo de expressão de quem os executa. É um momento de performance, cuja execução dá tanto ou mais prazer, de que o resultado final. Ambos os processos são modos de criar e desenvolver diferentes sensibilidades e criatividade.

A leitura trás agrafada a si, o conteúdo e a sua criatividade, o prazer de sublinhar, o contacto com papel, o seu cheiro e o da tinta, o volume do livro; as letras escolhidas, com os seus variados tamanhos e diferentes morfologias, os grafismos, as ilustrações, as fotografias, tudo elementos que colocam os sentidos em actividade, e desenvolvem a nossa capacidade de invenção, de imaginação, conexão, sensibilizando-nos para preenchimento do cenário e ideias do autor. Tudo isto sem esquecer o prazer que sentimos, quando passamos os dedos pelas lombadas, ao procurarmos um livro na estante.


A riqueza de conhecimento e consciencialização adquiridos, nestes dois processos mágicos, é seguramente mais interessante e lúdico do que enviar sms com textos, muitas vezes, mal escritos, e recheados de códigos abstractos. Assim como a leitura num computador, em especial de textos longos, é cansativa e pouco prazenteira. A noção de textura num programa de desenho é fácil de conseguir, mas a sua descoberta, através do contacto, e a procura de o expressar no desenho manual, é que nos diz da sensibilidade na sua escolha.


De certo, esta forma de preencher o tempo, será bem mais agradável.

Nada substitui o cheiro, o tacto, o paladar, o ver o ouvir, que a realidade nos transmite. Quanto mais nos prendemos ao virtual, mais transformamos o conhecimento dessa realidade, passando a ser muito mais abstracta e subjectiva, congelando a parte da nossa sensibilidade e pondo em risco a emoção inteligente do ser humano.

terça-feira, 13 de março de 2012

NUNCA ESCOLHERIA A NOITE..


Nunca escolhi a noite para escrever
Nunca escolhi a noite para viver
Nunca escolheria a noite para dizer
As palavras que devias saber
Nunca por nunca eu o deveria fazer
Porque na noite só gosto do silêncio
interrompido pela tua voz
A fazermos os dois, um nós

Na noite só os teus sussurros
Encostados no meu ouvido
Não deixando criar muros
Nem amor não correspondido

Talhamos frases sonhamos
Na noite nos deitamos
Sem zanga ou desconhecimento
E fazemos o amor que gostamos
Vivendo sem arrependimento

Sonhamos, e nos abraçamos
Sem medo de dizer
Por muito difícil que seja a vida
Não nos deixaremos perder

Nunca escolheria a noite para dizer
Se não visse o tempo a passar
Perdendo a oportunidade de ter
E em meus braços te aconchegar.

Parto para um sono profundo
Perdendo-me de amor contigo
No calor da tu pele o mundo
Levando teu cheiro comigo

segunda-feira, 12 de março de 2012

A FALTA


Quando a sua irmã morre, ele, psiquiatra de carreira, tenta reencontrar-se consigo próprio, na casa de família junto ao mar. Quando, a ex-mulher, lhe envia uma encomenda, contendo as coisas da irmã, depara-se com uma série de diários, que começa a ler, tentando de algum modo perceber, as razões da sua morte.
Dois pensamentos, duas linguagens diferentes, vão-se desenvolvendo em
paralelo no livro. A dele na  introspecção sobre a sua própria vida pessoal e como médico. e a dela, que até à sua morte, fora a de uma escritora bem sucedida.
A consciência da dor vivida na pele, daquela que partiu para sempre, e a confirmação da sua suspeita de que se suicidara, fazem-no tomar consciência, que se calhar não teria feito tudo para com a aquela que veio a descobrir, afinal ser sua meio irmã. Debruando a "estória" o divórcio dele e um novo amor que vai surgindo, fazem os condimentos do livro magnifico de Paula Izquierdo


Visto-me para matar. Arranjo-me conhecendo todos os truques que podem desmoronar o sentido a um homem; são frágeis, tão estupidamente primários. Todos menos ele disfarço-me para que me deseje e no entanto, ele não olha para mim. É um intruso nos meus dias; não deveria pensar nele, dedicar-lhe as minhas vontades. Nas minhas reuniões intermináveis às quais às vezes vou procuro ser radicalmente magistral, nos meus pensamentos, nas minhas reflexões, mas para ele continuo invisível. Depois, chego a casa caducada, como um jornal do dia anterior. Sem palavras para expressar a notícia de tanta humilhação.
  
(...) Sobretudo, o que me fode é ele não me escolher. Se ele me quisesse como eu o quero, não teria de me vingar, não teria de lhe ser infiel todos os dias.


(...) É certo de que entre as minhas fantasias existe essa ideia de reter o homem, de fazê-lo meu, absorvê-lo para que nunca mais fosse ninguém sem mim. Isto é o que eu desejava realmente fazer.

"Não sei o que se passa com as mulheres; querem sempre uma relação diferente da que têm. Quando conhecem alguém não dizem: Que bom gosto, como gosto da maneira que ele tem de andar, a parcimónia com que actua, como pensa ou faz os ovos mexidos, mas sim como desejaria que ele pintasse quadros abstractos, que gostasse mais da farra, ou que não tivesse tantos medos infantis, os desejos incumpridos de subir na carreira. (...) O que se passa com as mulheres de hoje em dia? Apaixonam-se perdidamente por alguém que não aceitam tal como é. Pedem sempre ao outro algo mais ou diferente, algo que não está dentro das possibilidades dele. Algo que não os liga um ao outro, que não tem que ver com o seu temperamento ou os seus gostos. Porque é que as mulheres querem mudar os homens? Porque é que não se apaixonam pelo que eles são, e não pelo ideal do que poderiam vir a ser? Tudo em que se empenham é mudá-los, fazê-los à imagem e semelhança do que elas querem que sejam ou acreditam que eram. Podem passar a vida a tentar transformar o homem com quem estão para que se pareça com esse outro ideal que foi sendo forjado na mente à conta de imaginá-lo.
"
(...)



Paula Izquierdo


A Falta, Ambar, 2006

O LONGE SE FAZ PERTO

Tens sido presença assídua, em momentos vários. mesmo longe, sempre perto, com as palavras divertidas, com o raspanete pronto, e com a meiguice, de um coração de manteiga. és sempre a voz bem vinda, a presença querida no quebrar dos silêncios, no afago do meu ego. és força, sempre que ela falta, és esperança iluminada no nevoeiro que se me instala.

Escondes o teu olhar nesse véu negro, dizendo o sol tapar, mas não é mais do que o refúgio de ti. escondes os teus sentimentos desse teu espelho da alma, para ninguém se aperceba da tua ternura, para que se não saiba o quanto sofres, para que ninguém saiba do teu gostar e do quanto tens para dar.

Longas conversas, em alguns casos, discursos, tem sido momentos únicos, neste nosso estar, de longos anos. Somos unha e carne na confissão dos dias, na revelação da vida e já fomos mais longe nos sonhos, de que vidas tem o mundo.

Seremos eternos companheiros, numa proposta de vida, que não foi escolhida. No entanto és a muralha do meu forte, em cada renascer, em cada nova dor que me abraça, és figura sempre presente, que me dás força para ir em frente.

Quantas vezes a nossa alegria se transforma em lagos de prazer, com frases e sabores que tanto gostamos de ter.

É bom saber que estás aí desse outro lado, mesmo te querendo mais perto.

És um pássaro, atravessando o oceano para matares a minha solidão, quebrar o meu deserto, me tirar da saudade, me trazeres à alma a liberdade.

sábado, 10 de março de 2012

FOLHA DE UM DIÁRIO.3

De repente tudo acontece de forma inesperada e tudo muda.

Lentamente, no improviso, como todas as coisas que nascem sem premeditação, foram-se conhecendo. Muitas foram as palavras que antes se disseram, revelando ideias, valores atitudes e cumplicidades. Foi um percurso não excessivamente longo, mas não tão curto que impedisse que a maturidade da comunicação fosse demasiado aérea, ou frágil pela fraqueza dos temas. Foram tempos de comunicação sem voz, até ao dia em que o olá surgiu na linha inesperadamente ao vivo, do outro lado do mundo, voz grave e perfumada pelo sotaque, da ilha distante. Foi o começo de um saber estar, partilhar e vitalizar de sentimento impar. Pessoalizaram-se conhecimentos trocaram-se nas voltas e revoltas, das imensas componentes com que a vida é recheada. E assim foi até que o culminar de um frente a frente super divertido, envolvido de misterioso e quase rocambolesco processo. Processo esse que exigiu um afinamento de agulhas para o que um conhecimento restrito à longo tempo, não fosse percepcionado pelos demais, que teriam de ter de permeio e independentemente da sua vontade. Sorrisos cúmplices, frases de circunstância, ditaram o caminho de um futuro sem fim à vista, mas que de certeza seria, foi, é ainda hoje uma parte das nossas vidas.

Muitas coisas se passaram desde então com maior confiança, abertura, confidência, união de quereres e vontades.

Depois, sim depois, uns cabelos desgrenhados, olhares atravessando espaço, trocando mensagens. Agora ali tão perto, mas na necessária distância que o decoro exigia, nos entremeios de um momento lúdico desportivo e com a vontade imensa de romper as etiquetas, do bom senso e partir para os confins sem travões.


Nunca, uma Ilha se tornara tão pequena, que a dimensão dos sentimentos dos corpos que a continham. Dias de frente a frente, de caminhadas e sorrisos, de calores e pouco siso foram momentos incríveis. E de tal forma o foram, que algum tempo depois numa passageira permanência foram atrevidamente realçados em lábios saudosamente saboreados entre murmúrios e o avistar de ruidosos pássaros de metal.

Daí nasceram, sentidos, reacções e corpos que se soltaram em orvalhos maduros marcando rastos na intimidade. Mesmo na distância a sonoridade de um voz mexia na realidade libertando continentes de emoção.

Difícil será mesmo no interregno que a necessidade obriga, esquecer quem em nós está e vive, como presença de plenos sentidos.

Inté, como quem diz, mais depressa que o que se pensa acontece o que não se espera.

sexta-feira, 9 de março de 2012

ESPERA



O comboio chegou. Submerso nos seus pensamentos, ele não via as pessoas passarem de um lado para o outro com as suas malas de diferentes tamanhos. olhava sem ver. ele tinha ido para ali, sem saber por quê, como se precisasse de confirmar o que já suspeitava. nunca mais se veriam. ele desfasado no tempo, ela vivendo em outro tempo. A única coisa que o fazia, de vez em quando, mexer os olhos era o brilho dos carris, com os reflexos do sol do fim de tarde. estático ligeiramente curvado sobre si próprio, não sentia o mundo que o rodeava. seu corpo se transformava, conforme a noite surgia.
O comboio previsto, chegara há muito tempo, e depois disso ninguém o vira fazer qualquer gesto. transformara-se num dos muitos homens estátuas, só que sem chapéu para receber os donativos. Com o decorrer das horas começaram a aparecer, no seu corpo, pequenas alterações morfológicas, que se foram acentuando, conforme a gare diminuía a sua actividade.
No raiar do dia, quando um novo comboio chegou, vindo do mesmo destino, ela saiu e olhou para o lugar onde outrora o corpo estivera, e viu uma árvore cheia de flores. Conforme se foi aproximando reparou num pequeno letreiro que dizia: Árvore originária, da Ilha dos Amores, conhecida por “Minha flor”. Parou, tirou uma flor cheirou, e se evaporou. Há quem diga, que com ele se encontrou, num outro mundo onde para sempre o amou.

FOLHA DE UM DIÁRIO. 2




Ele não sabe o por que razão aconteceu.

“Fiz mais de quinhentos quilómetros, quase duma assentada. O telefonema que recebera por volta das duas da tarde, deixar-me completamente transtornada. O filho telefonara-me para me dar a triste notícia. O pai encontrava-se hospitalizado em estado grave, da qual ele não sabia se sobreviveria.
Nosso romance tinha acabado há alguns meses, e depois disso tivera um namoro, segundo o filho, mas que já terminara.
Não hesitei um segundo, na decisão a tomar. De imediato enchi uma mala com alguns objectos de higiene, algumas peças de roupa e pouco mais de uma hora depois já estava a caminho. Entretanto fora abastecer de gasóleo o carro, e levantar dinheiro para a viagem e primeiras despesas que se colocassem. Ia fazer todos aqueles quilómetros até a sua cidade, que ficava abaixo de Lisboa, mas não me preocupava. Serviriam para fazer uma retrospectiva dos últimos tempos, e analisar a razão de eu própria, de imediato, sair desenfreada para ir ter com ele. Como é que uma mulher como eu, se dispunha a fazer uma viagem sozinha de tantos quilómetros.. amor a quanto obrigas..

Na altura que acabamos o nosso namoro, fizera-o com a consciência de que seria melhor para os dois, em especial para mim. não sentia ser correspondida, no meu entusiasmo e vontade de estar com ele, nem as manifestações de interesse eram as mesmas. Não raras vezes, colocava entraves, a uma maior aproximação, que levasse o nosso relacionamento mais longe. No entanto ao receber o telefonema tudo passou para segundo plano, nada disso me preocupou. a única coisa que queria era ajudá-lo a recuperar e na resolução dos problemas imediatos, que pudessem advir do seu estado de saúde. Da minha parte, sabia que o meu amor ainda existia e não tinha desaparecido, durante este tempo de separação. eu sabia, e sempre soube que não estávamos na mesma onda, no que se refere aos sentimentos, nem tínhamos os dois valores, e formas de estar semelhantes. Sabia que não há amor desinteressado, a partilha é parte disso, e ela não existia de todo. por tudo o que tentei, pelo quanto dei, sei que tivera de partir para não me magoar. Sabia, que mesmo ele não gostando de mim do mesmo modo, eu não deixava de sentir aquela emoção.

Mantendo uma velocidade, um pouco acima da legalidade, mas como se fosse em velocidade de cruzeiro, sem grandes variantes no conta quilómetros. Conforme os quilómetros iam decorrendo, vendo a faixa da estrada a vir ao encontro do carro, como se fugisse de mim, o minha mente continuava em grande actividade, com o desenrolar de diferentes tipos de pensamento e vivências, de um passado recente, em que a esperança de um futuro a dois seria possível. As feridas abriam-se novamente, as incompreensões surgiam. Tudo se tornava confuso. E pensava como seria recebida quando chegasse, ou até se ele recusaria a minha presença ali. a sua saúde estaria tão debilitada que certamente nem sequer teria forças para reagir, quanto mais para perceber que a minha decisão não o levava a ter qualquer compromisso comigo. Para mim isso era ponto assente. Correria o risco, daria a cara por aquilo que meu coração me pedia.

De qualquer modo, nada me faria voltar atrás naquele momento, tão difícil da sua vida, mais tarde se veria o que ditariam os acontecimentos.

Tive de parar novamente para reabastecer o carro e comer qualquer coisa, conduzia há já algum tempo e poderia não chegar a tempo, para comer nem que fosse uma sandes . entrei numa estação de serviço da auto-estrada e vim para esplanada procurar espairecer, os pensamentos e ter o meu momento zen antes de recomeçar. Estava há alguns minutos ali, quando surge um carro topo de gama, e estaciona mesmo junto da zona da esplanada. De dentro, sai uma mulher de meia idade, bastante interessante, vestida de forma simples mas elegante, com um casaco de golas levantadas, e contorna o carro em direcção do condutor, que entretanto saíra e accionava o comando de fecho de portas do carro. Ele um pouco mais velho do que ela, de cabelo grisalho, alto e bem constituído. Ela cola-se a ele e empurra-o contra carro, dando-lhe um beijo, daqueles que se sente o amor em carne viva, tal a doçura do gesto dela, e do modo como o beijava. De seguida, caminham na direcção da porta de entrada ao lado da esplanada e ao passar por mim ouço-os: “ que saudades que eu tinha de fazer uma viagem a sós contigo e sem destino..” . Sumiram-se e eu fiquei perdido novamente nos pensamentos. O momento zen perdera-se, tudo renascia das cinzas.

Cheguei à cidade, pouco passava das dezanove horas, não sabia se a tempo de me deixarem ir vê-lo. O filho, que eu nunca conhecera, mas sabia que eu existia, ficara de se encontrar comigo no estacionamento do hospital, que eu não sabia ainda onde era. Ao fim de algum tempo e com as indicações de um motorista de táxi, lá consegui chegar ao hospital. Aproveitaríamos esse momento para ele me esclarecer do que realmente se passava e para me levar ao quarto onde o pai se encontrava. O rapaz era alto e fisicamente uma estampa, e como tínhamos combinado, encontrava-se ao lado da cabina de pagamento, tendo nas mãos um livro que eu em tempos dera ao seu pai. Cumprimenta-mo-nos e após as saudações da praxe de imediato me pós ao corrente do que se tinha passado. O pai, após uns dias de obstipação intestinal, tinha ido para o hospital com dores. Ali fizeram-lhe alguns exames, e tinham detectado um tumor nos intestinos, tendo sido operado de imediato. A operação tinha sido delicada e demorara cerca de cinco horas. Aquele era o primeiro dia do pós-operatório. Estava com um diagnóstico reservado, sobre a evolução, mas havia a esperança, embora o tumor estivesse numa fase adiantada. Estes primeiros tempos iriam ser difíceis.
Antes de avançarmos para o interior do hospital, por curiosidade perguntei-lhe a razão de ele me ter telefonado e porquê a mim. ao que ele me respondeu, que durante alguns meses, ouvira meu nome ser pronunciado pelo pai, quando este conversava comigo ao telefone. quando o pai fora internado reparara que o número do meu telefone, se encontrava escrito num papel na mesinha de cabeceira, o que o levou a pensar que o pai, não me dissera nada, mas que se calhar teria pensado em ligar-me, mas talvez por orgulho não o tivesse feito.
Subimos no elevador, e nesse entretanto eu pensava como reagiria ele ao facto de ter uma doença de carácter terminal, e como a parte física seria resolvida sabendo eu do modo perfeccionista como ele via o corpo. para mim a sobrevivência era o fundamental e, se tivessem continuado juntos, saberia facilmente ultrapassar isso, pois o que me importava era que ele estivesse presente, sem dores e a viver uma vida com dignidade. mas eu, sou eu, e nada naquele momento nos ligava, a não ser um compromisso com o passado.
Entrei a porta do quarto, e senti o seu olhar sobre mim, e lentamente a ficarem rasos de água. Virou a cabeça colocando os olhos no chão e as lágrimas corriam copiosamente. Por muitos anos que eu viva jamais esquecerei. Ali lhe perdoei tudo e fiquei mais apaixonada do que nunca, tudo faria para que ela ficasse bem, eu queria aquele homem na minha vida. As emoções foram fortes e me deixaram abalada por muito tempo“.

“Eiah pá, que estória mais emocionante, admiro esse teu amor, e essa tua dedicação, como decorreram depois as coisas, ele recuperou e vocês recomeçaram, ou foste viver com ele, para a cidade dele? Conta, conta amiga, isso era mesmo amor, caramba!”

“Gostaste? Não nada disto que te contei aconteceu!”. “ O quê?”. ”É verdade, isto foi o que eu pensei, no dia em que ele foi ao médico e me disse que este tinha suspeitas de que algo não estava bem com ele. O desinteresse dele sobre o assunto, como se não tivesse importância, e o modo arrogante como falou disso e de outras coisas em relação a nós. A sua independência, para fazer o que bem lhe apetecesse, e, o não querer assumir compromisso mais sério, foram a razão do pôr um ponto final na nossa relação. Na mente, passou-me exactamente a história como te contei, daí me perceber, que eu estaria disposta a fazer tudo por ele, mas tinha consciência de que ele não faria tudo por mim.”


Por vezes, pequenos momentos da realidade atiram-nos à cara os factos para os quais, nem sempre estamos atentos para os lermos. É preciso, que existam momentos, de tudo ou nada, para que saibamos o que temos. Amor é partilha para o bem e para o mal. O amor é.

quinta-feira, 8 de março de 2012

PARA TI MULHER


PORQUÊ O DIA 8 DE MARÇO
Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". De então para cá o movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma, tanto em Portugal como no resto do mundo.

O QUE SE PRETENDE COM A CELEBRAÇÃO DESTE DIA
Pretende-se chamar a atenção para o papel e a dignidade da mulher e levar a uma tomada de consciência do valor da pessoa, perceber o seu papel na sociedade, contestar e rever preconceitos e limitações que vêm sendo impostos à mulher. (texto retirado internet)
PARA TI MULHER
Que te aprecio mulher pelas qualidades, que tens, pela tua força, pela tua resistência, pela tua capacidade de sofrimento, sem lamentos, estando na frente de todas as batalhas.

É por existirem grandes mulheres, que os homens constroem grandes feitos.


Eu te amo mulher, mãe, pelos filhos que dás e pelo amor que lhes consagras. 

Eu te amo mulher por seres fecunda na inteligência, no amor que partilhas, nas flores que plantas nos nossos corações.


Eu te amo mulher, pelo muito que me ajudas a crescer como homem, que me ensinas a dimensão do amor, que me enobreces com tua existência.

Eu te amo mulher, pela tua independência, pelo despojamento com que me dás, o aconchego, o abraço, e tornas mais fáceis os meus dias difíceis.

Eu te amo, na harmonia do teu corpo, na beleza da tua sedução, no calor do teu eu, no beijo que me contagia, do amor da tua magia.

Muitos parabéns para ti, mulher que és meu chão, a minha flor, o meu cheiro, o meu amor.

DC


"Macaco velho, não trepa galho seco"

"Macaco velho, não trepa galho seco". É um provérbio antigo, bem certeiro. A idade dá-nos a sabedoria, não a inteligência, para sabermos, que mesmo quando esteticamente belas, pelo menos de momento não têm frutos, nem folhas para nos alimentarem. A mesma sabedoria que nos ajuda a perceber, que algumas almas secas e pequenas, com que nos deparamos no nosso dia à dia, estas bem piores do que as árvores, mirram constantemente, até desaparecerem debaixo de sete palmos de terra, sem nenhum beleza.

quarta-feira, 7 de março de 2012

VIVER DA MENTIRA


Realmente, há gente que vale a pena apreciar, a figurinha que fazem. “Metem os pés pelas mãos, e as mãos pelos pés”, julgando, que, os que os observam, são parvinhos e não sabem onde querem chegar. E já não falo dos governantes, que todos os dias tomam os portugueses por tolos, tentando que eles se aguentem sem revolta, perante as medidas que tomam e que nunca resultam nem resultarão, a não ser para os bancos e para o grande capital. Aqui gostaria mais de falar daqueles que no nosso dia à dia, nos contam patranhas, enganando-se a si próprios. Muitos desses safam-se durante algum tempo, mas acontece-lhes como na história tanto gritam “Aí vem lobo”, que quando acontece na realidade, já é tarde de mais.

Uns mentem nos amores, outros na vida profissional, outros na vida social, e uns quantos tentam enganar o seu próprio corpo. Quanto mais a sociedade perde os seus valores, mais cresce o número da gentinha a usar a mentira como meio de sobrevivência. Na verdade, e pior, é que se enganam mais a si próprios do que aos outros, correndo riscos graves. É como aquelas pessoas que usam botoque para esconder a idade, e depois ficam com uma cara que parecem uns bonecos de feira, e se vão deformando parecendo fantasmas, ou aquelas, outras que põem maquilhagem na cara e quando se levantam de manhã, sem ela, a sua cara parece um mapa de Portugal – sem ofensa para o mapa. Faces de menina, com mãos e as veias no pescoço, que parecem cordas. umas velhinhas de oitenta anos, mas piores, porque deformadas. Ou seja “Gato escondido com rabo de fora”.
Tratar o corpo é bom e saudável, e deve ser nossa obrigação, tentar enganar a sua natureza deturpando-o...
A verdade será sempre a verdade, e como o "azeite, vem sempre ao de cima". Seja na política, seja no nosso dia-à-dia com as pessoas com quem nos cruzamos.
Mentir para quê? Como diz a frase:
Ter alguém é uma escolha, permanecer junto é uma decisão que exige compromisso, entrega, honestidade e dedicação.
Amor é não enjoar de amar!! Rostinho bonito envelhece, maquilhagem sai com água, pele bonita enrruga, cabelo lindo fica branco, corpo definido cai, mas carácter fica

terça-feira, 6 de março de 2012

SECAR O DIA, um trompe l'oeil

Sabia que não se morria de amor. Procurava a indiferença. Secar o dia de pensamentos. quando as memórias apertavam, encontrava defeitos, todos péssimos, todos bárbaros. punha nuvens no céu límpido. fazia as árvores vergarem pelo vento inexistente. via as casas pintadas de preto, essa não cor, que existe pela semelhança com inferno da nossa alma. punha esgares no lugar dos sorrisos, olhos com íris de vidro, sem vida. tornava inválidos os saudáveis. no entanto... tal esforço se esfumava. Um simples olhar sobre uma fotografia, tudo transformava. as imagens, os cheiros, as palavras, surgiam do nada e fabricavam histórias, que ele queria e se negava a aceitar. do nada surgiam os seus olhos verde-água, o desenho da boca, a expressão do seu rosto...
Na verdade, era mais uma vez a sua mente a atraiçoá-lo, ela não existia, nada existia, tudo era um trompe l'oeil

Um aparte, a voz desta cantora "mata-me", independentemente do que canta.

segunda-feira, 5 de março de 2012

O TEMPO, esse malvado sem retorno

A noite começa a cair. O domingo está a findar. Os carros diminuem nas ruas, as pessoas começam a regressar ao lar, preparando-se para nova jornada de trabalho que se avizinha. No ar, misturado com cheiro da madeira queimada das lareiras acesas, sentem-se os aromas de vários comeres em confecção. As janelas das casas se iluminam e no lusco-fusco do pôr do sol, que cai sobre os campos limítrofes à cidade, as árvores desenham figuras fantasmagóricas de beleza ímpar.
Torno-me nostálgico e apercebo-me da rapidez com que o tempo passa. Sinto cada vez mais a necessidade de o aproveitar, tirando partido dos momentos de rara beleza que a nossa volta se desenrolam. Saborear, cada vez mais, o presente, como uma dádiva única. deixar que o futuro, se acontecer, seja carregado com as memórias do que de bom se viveu.

domingo, 4 de março de 2012

FIM DE TARDE anúncio de Primavera

Fim de tarde de inverno, sem nuvens e sem chuva, que já vem anunciando a Primavera. Nas árvores começam a despontar as flores, em tons pastel, enriquecendo de tonalidade os espaços verdes, dos vários parques da cidade. Poderia ser um bom prenuncio, mas com tão pouca chuva, talvez não.

sexta-feira, 2 de março de 2012

AVISO ESCOLAR??

Constrói-se uma escola que custa milhões de euros ao país, para que tenhas as condições XPTO, e depois, não se sabe bem por quê, afixam-se cartazes de aviso, na estrutura exterior do edifício, como se não existisse um sítio mais adequado para este efeito, ou não houvesse dinheiro para comprar e colocar um painel informativo, Será que quem dirige esta escola, não se apercebe da imagem que transmite, não só para os seus utentes, mas também para os pais, familiares e população que ali passa?.