segunda-feira, 30 de abril de 2012

DESFAZENDO O VAZIO

Por vezes, bancos esperando serem ocupados, uma pomba observando, um sol forte poderoso desenhando o espaço. Tudo isto cheio de cor, mas vivo, mesmo vivo, só a pomba e as plantas que só comunicam de forma abstracta. A realidade...ou na realidade, é um espaço esperando ser preenchido por alguém que interaja, recebendo descanso, bebendo calor, vibrando com a cor, desfazendo o vazio.

Dizem, os espaços verdes, serem uma espécie de pulmão da cidade, seria bom que todos tivéssemos a consciência disso, especialmente para bem da pomba, do jardineiro e suas plantas, do banco e da sua conservação e de todos nós e a nossa saúde. Mais reflexão, ou meditação, aproximação com a natureza, menos stress, mais qualidade de vida.

domingo, 29 de abril de 2012

Akzhana Abdalieva

É um prazer especial ver a sua pintura, com as linhas que desenham as formas arredondadas em contínuo, com o domínio da figura humana em posturas que fascinam o nosso olhar. A riqueza de cor talvez reflexo da sua pátria, é rica e harmoniosa. Em alguns quadros os panejamentos levam-nos à pintura de Gustav Klimt, e em reminiscências num ou outro quadro a Picasso.

Não encontrando grande informação sobre a artista consegui obter alguns dados de curriculum que dizem da sua importância.

Akzhana

Almaty Art School 1984-1988
1989-1994 Almaty College of Applied Arts
1994-1999 KazNAI (cazaque Academia Nacional de Artes)
2000-2004 Master of Universidade Mimar Sinan em Istambul
2004-2009 Doutorada na Universidade Mimar Sinan em Istambul
Hoje Akzhan grau de doutorado em Artes Plásticas. Suas obras estão em coleções particulares na Suíça, Cazaquistão, Alemanha, EUA e outros países.

sábado, 28 de abril de 2012

O FIGURÃO, VIROU FIGURINHA


Estou tão farto deste senhor, que ao ver este texto num blog não resisti a publicá-lo.DC



Soares, por J. Rentes de Carvalho


«Seria longo detalhar as razões da minha antipatia por Mário Soares como figura política. Datam de Paris, no começo dos anos 60, e permanecem. Tenho também pouco apreço pelos que, ingénuos ou ignorantes da História, e dizendo-se eternamente gratos, se lhe referem como "o homem que nos trouxe a Democracia." Não trouxe. As peripécias são outras e menos simples.
 Mário Soares desagrada-me ainda como pessoa, pois simboliza aquilo que detesto e de que desdenho na burguesia portuguesa: a falsa pachorra, a jovialidade de pechisbeque, o modo paternal, o sorriso pronto, a mãozada, os Ora viva!, a festinha aos humildes; por detrás de tudo isso a ganância, o cálculo frio, o desprezo do semelhante, a presunção, o sentimento bacoco de casta, os rapapés, a mediocridade.
 O senhor Mário Soares sabe o que dele penso. Isso, contudo, parece não obstar, pois tenho recebido os seus livros, autografados, e surpreendeu-me um Natal, enviando um retrato seu, dedicado "Ao meu caro amigo J. Rentes de Carvalho".
Surpresa tive-a também um dia em 1998, quando o competente e muito amável João Rosa Lã, então nosso embaixador em Haia, me telefonou anunciando:
 - O Mário Soares vem cá almoçar e pediu que o convidasse, pois quer muito falar consigo.
 Lá fui. Seríamos cinco ou seis, mas o cordial ex-presidente como que se apoderou de mim e, esquecendo os outros, esmiuçou longamente, miudamente, a sua visão da política portuguesa.
 Fui ouvindo, e em determinado momento, para rebater o que ele afirmava disse-lhe:
- Mas isso, senhor presidente…
 - Já não sou presidente! Chame-me Mário.
 Agradeci, recusei, disse-lhe que da minha parte acharia indecorosa a familiaridade, se bem que...
 - Se bem que?
- Dá-se o caso que o senhor presidente e eu já dormimos na mesma cama.
 Contei-lhe depois a história, resumindo os detalhes e escondendo o remate.

Deve ter sido em Setembro de 1948, os dezoito anos feitos, que o Dr. Armando Pimentel , amigo e mentor, me convidou para um jantar em Macedo de Cavaleiros, onde padres ricos e proprietários abastados iam festejar a excepcional colheita de trigo e centeio desse Verão.
 De Estevais a Macedo leva-se uma hora, naquele tempo dava a ideia de se ter feito grande viagem. Amesendámos na então já nomeada Estalagem do Caçador. Éramos muitos, eu o único jovem, sei que se começou com alheiras e chouriças, a seguir perdiz, borrego, leitão. O resto sumiu-se da memória.
Uns trinta anos depois aconteceu-me passar por Macedo, almocei na Estalagem, iniciando uma espécie de ritual, e desde então vezes sem conta lá comemos e pernoitámos, criando boa amizade com a D. Maria Manuela, que com simpatia e perícia dirigia o estabelecimento.
 É ela que nos acolhe uma tarde de muito calor, manda preparar uns refrescos e, enquanto beberricamos e coscuvilhamos, diz que nos reservou um quarto especial.
 Sobe connosco, abre a porta, e anuncia com maliciosa solenidade:
 - O Mário Soares dormiu aqui ontem! 
No fundo achamos desagradável a nova, é como se as exalações do corpo e da personalidade do homem ainda flutuem no aposento, mas sorrimos, dizemos umas palavras de circunstância, a D. Maria Manuela despede-se.
 A empregada, transmontana, retornada de Angola, espera que a patroa desça, encosta a porta, e rosna, truculenta, ao mesmo tempo que nos agarra pelos braços: 
- É verdade! O filho da puta dormiu aqui! Mas estejam descansados, que já desinfectei!»


(Retirado do blogue Tempo Contado, da autoria do escritor)

sexta-feira, 27 de abril de 2012

SOBRE O AMOR

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É tão bonito dizer amor
como triste não o ter
Porque não desabrocha essa flor
Para o meu coração ceder.

Na verdade é muito pretendido
Nem a todos o amor toca
Amor, amar com sentido
É muito mais do que uma troca

Se é algo tão forte que nos toca
Todos deviam possuir e com ele aprender
A dar sem nada receber em troca
Sentindo a alegria de com ele viver


quinta-feira, 26 de abril de 2012

NÃO QUEREMOS "DONOS DE PORTUGAL"

Ouve-se a voz que se vai entranhando em nós, e as lágrimas vêem aos olhos, com as lembranças que nos trazem. As lutas em defesa de uma sociedade melhor, com a ditadura à perna, com o risco de prisão e tortura. As reuniões clandestinas, a propaganda metida debaixo da porta, o 1º de Maio que se levava à pratica, sem paragem ou feriado autorizado, com policia nas ruas e a Pide. As actividade dos estudantes e suas reivindicações, as greves, as pichagens nos muros e nas estradas, a troca de livros proibidos, a censura. Tudo se mistura rapidamente na cabeça.

Hoje, alguns indivíduos ostentam cravos na lapela, escondendo hipocritamente, as atitudes e comportamentos de profundo desrespeito pelo povo e pelo esforço heróico de muitos que lhes deram de bandeja a liberdade. Alguns, que hoje nos governam, nunca viveram na pele a ditadura e gozaram em pleno os benefícios e apoios num país livre. No entanto, hoje, vivendo em plena democracia que nada fizeram para a conquistar, vem dizer ao povo, que temos de fazer sacrifícios, e passar uma esponja sobre tudo aquilo que são direitos trazidos à luz do dia pelo 25 de Abril.

Como se pode ver no vídeo os "Donos de Portugal", não é o Povo o "Dono" do país nem responsável pela crise que se vive e é criminoso que a ele lhe seja atribuída, obriguando-o a pagar com sacrifícios enormes.

Temos de voltar a congregar vontades, encontrar soluções e pontos comuns de entendimento, entre todos aqueles que acham que o Abril deve permanecer, no sentido de mantermos os direitos conquistados e repor todos aqueles que nos tiraram.


terça-feira, 24 de abril de 2012

VÉSPERAS DE UM OUTRO ABRIL


Hoje é véspera das comemorações do 25 de Abril. Se é um facto que a revolução trouxe aos portugueses um novo acreditar nos homens, na verdade, é que passados estes anos todos ficamos com a ideia de que alguns homens, se aproveitaram a ingenuidade do povo, para assumirem um papel para o qual nunca estiveram talhados e que acabaram por destruir a oportunidade única de Portugal ser um país a sério.

No que se refere aos homens que lideraram o movimento militar, alguns rapidamente abandonaram o processo, de forma quase ingénua, acreditando que a democracia implantada na altura, impediria o retorno ao passado. Os outros, da área política, preocuparam-se mais em servir as suas filosofias pessoais e de grupo, em detrimento do povo que diziam defender. Destes, como se pode hoje observar em retrospectiva, assumiram grande protagonismo, do qual se aproveitaram, para se colocarem nitidamente do lado daqueles que a revolução levara a fugir por estarem envolvidos com o Estado Novo.
Dois desses senhores políticos famosos chegaram a Primeiro Ministro e à Presidência do pais com as consequências que hoje se conhecem. Entrega das expropriações legitimamente feitas, a terras não cultivadas e de empresas que os trabalhadores mantiveram activas, após o abandono dos seus proprietários, premiando-os com indemnizações chorudas, para que tudo viesse a ficar como dantes. Em alguns casos, como nas zonas da reforma agrária, resultou em novo abandono das terras, e a sua venda posterior e com os resultados que se sabem, voltamos a depender, em grande parte, de importações agrícolas. E em outros casos, empresas entregues aos patrões que rapidamente as levaram à falência, com o consequente desemprego onerando as despesas do país.

De um período revolucionário, de grande criatividade, melhor qualidade de vida, maior enriquecimento cultural, maior participação dos cidadãos, estamos hoje reduzidos por um espartilho político ditatorial de um governo que serve os interesses dos capitais e políticas dos senhores do dinheiro, a um povo sem auto estima, submetido novamente ao medo do poder e do grande capital. Com um grande número de desempregados, com condições de vida que atingem os limiares da pobreza em muitos dos portugueses e com um governo que pretende em nome da crise acabar, com todos os direitos que a revolução nos trouxe, tentando impor ao povo, o bafio salazarento de tão má memoria.

É importante que o povo português saiba do seu poder e da sua capacidade para mandar na roda do progresso e da história, para que novamente coloque o carro nos carris do progresso e da democracia. Para tal temos de perder o medo e avançar com todas as formas de luta, legitimadas pela indignação e pelo direito a ter uma sociedade melhor, mais solidária e com benefícios de todos e não só de alguns.

É preciso que o povo, como no período da Revolução de 25 de Abril, reconquiste a liberdade, defendendo os seus direitos nas empresas, nas escolas, universidades, nos seus sindicatos, associações profissionais, culturais, e muitas outras.

Não só devemos dizer que temos de defender a Abril, mas também, que estamos dispostos a fazer uma outra revolução com data a marcar urgentemente.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

SE TODAS AS NOITES EU SONHO

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Saberei eu ser quem devo,
deverei saber eu o que sei,
ou se na razão das palavras que escrevo
está aquilo que esperava e sonhei.

Sem a esperança perdida
com a cabeça a latejar
Vejo passar a minha vida
Sem a paz que queria alcançar

Porquê tantas voltas em redor
daquilo que se quer encontrar
Tantas horas de mágoa e dor
E sempre tudo por realizar

Se todas as noites eu sonho
e nem de todos os sonhos me lembro
De alguns eu me envergonho
de outros a todo o momento relembro.

E esses transformo sem perder o pé,
Como objectivo de meu viver
Juntando toda emoção, razão e fé
Para que a realidade possa acontecer.

domingo, 22 de abril de 2012

FIOS DE VIDA

Fios ténues prendem nossos sentimentos, entre o passado e presente. Fios delicados, emaranhados, tão confusos como o nosso cérebro, e o seu pensar.
Fios de vida que não nos deixam partir, percorrendo outro caminho, procurando outro lugar, e nos mantêm amarrados ao ficar.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

AS PARTIDAS DEIXAM MARCAS

As partidas são sempre difíceis e deixam marcas, sejam elas de que tipo forem.

A partida é a perda de algo e causa sempre dor. E, por vezes, só avaliando repetidamente os factos passados é que encontramos respostas, que nos ajudam na vivência do presente, e na construção de um futuro melhor. As memórias não podem ser eliminadas, elas são usadas como motor da aprendizagem.

O deixar para trás vivências e emoções, e muitas vezes por causa alheia, inevitavelmente provoca uma ruptura com o nosso bem estar, cria inseguranças, perda de auto estima, perda de lucidez.
Dizem que não se deve remoer o passado e dar um passo em frente, mas na realidade isso não é mais do que um chavão. Ninguém esquece mais a morte de um filho, de um pai, de um irmão, de um amigo, ou de um grande amor. Tudo fica registado, como se costuma dizer, para memória futura. A dor e a sua presença na nossa mente vai-se esbatendo, mas dificilmente desaparece. O grau, a intensidade da partida, ou as razões dela acontecer, são um factor importante no seu maior ou menor esbatimento, assim como essa dor se veste de diferentes emoções. pode ser por algo que se gostou, ou por algo que se não gostou. Se for por algo que se gostou, podemos vir a ter um sorriso para a aceitação. Se for algo que nos magoou, teremos sempre um esgar quando lembrada.

As partidas são também motivo de criatividade para artistas, escritores, alimento de psicólogos, ou psiquiatras, todos eles falando delas por experiências vividas, ou observadas. Todas elas estudo de memórias, do passado, do presente, e se calhar do futuro.

Ela partiu de facto, mas deixou atrás de si memórias, e levou memórias que nem a pele dos dedos esquece, nem o frio nos lábios faz desaparecer o calor dos seus beijos, nem a distância atenuam o prazer da memória do seu abraço. De tempos a tempos elas regressarão, as memórias, e com elas virão os momentos mais gratificantes, porque os outros não interessam.

REFORMA AOS SETENTA

É assim que na Europa se pretende fazer com o aumento da idade da reforma. Gozar com os clientes gozando com os idosos.
Quantos mais anos trabalharmos, menos hipóteses têm os mais novos de começarem a trabalhar, e maior é o  desemprego. Não esquecendo que a maioria dos que hoje têm sessenta anos, começaram a trabalhar aos dez e doze anos.

Eles pensam que o povo é estúpido e que não percebe, que o aumento da idade da reforma é só mais uma forma que inventaram para tirarem direitos e de evitar que a Segurança Social despenda dinheiro, podendo assim usá-lo para tapar buracos no orçamento.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

The Young Gods - ONLY HEAVEN

Uma banda que nunca tinha ouvido tocar e que fiquei surpreendido. Vale a pena ouvir.

The Young Gods
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A seminal banda The Young Gods foi formada em 1985 por Franz Treichler, Cesare Pizzi e Frank Bagnoud na cidade de Genebra, Suíça. O trio é um dos precursores na utilização do sampler como instrumento musical e tornou-se uma das bandas de rock industrial mais influentes da época. Devido às diversas mudanças de line-up, a sonoridade do grupo foi se modificando ao longo dos anos, passando a adicionar elementos de música eletrônica e ambiente. O nome do grupo foi inspirado pelo EP The Young God da banda de noise rock Swans. Treichler, líder e único membro constante em todas as formações dos Young Gods, atua como vocalista e principal compositor. Al Comet, nos teclados/samplers, e o baterista Bernard Trontin completam o trio atual.

Embora o grupo nunca tenha alcançado grande êxito comercial, o legado dos Young Gods na música contemporânea é indíscutível. Diversos artistas consagrados já evidenciaram sua admiração e reverência ao trio suíço. Dentre as várias bandas e músicos passíveis de citação, destacam-se os Chemical Brothers, Mike Patton, The Edge (U2), Maynard James Keenan (Tool)[1], Napalm Death[2], Ministry[3], Apoptygma Berzerk[4] e David Bowie[5].

CAMINHAR À CHUVA

Caminhava pelas ruas, a chuva miúda caía sobre ele enquanto cantarolava coisas incoerentes. Hoje estava só, os companheiros, ficaram-se pelo aconchego do lar. Era ele, a chuva, e os seus pensamentos que corriam tão rápido como a superfície do passeio debaixo dos seus pés.
Longos meses observando, lendo, tentando memorizar, traçando formas, na alvura do papel. Linhas, tintas de várias cores, procurando um rosto, um corpo, uma alma...pensava. E a chuva caindo, criando uma espécie de neblina sobre as vivendas modernas, que enfileiravam ao longo das ruas....pensava...e porquê esta incerteza de saber, se o final é, mesmo o final? Os pensamentos se diversificavam, e o tempo passava.
A caminhada se aproximava do seu fim, uma hora tinha decorrido, sem se aperceber, e a chuva continuava, acompanhando a mente que trabalhava, sem se preocupar em esclarecer dúvidas, ou respostas, tudo surgia no meio do cantarolar. Tudo funcionava como em plena meditação, não se agarrando a qualquer pensamento, tudo deixando seguir sem paragens, como a caminhada um tempo antes começada.
Chegado a casa, tomou banho, vestiu-se calmamente e foi sentar-se no sofá, em silêncio reflectiu; Naquele espaço de tempo, em que a chuva caiu, o seu corpo se mexeu, a mente trabalhou, uma certeza lhe ficara, a caminhada, como sempre, fora muito útil para não stressar e pôr a vida a andar.

terça-feira, 17 de abril de 2012

VÁ A SERRALVES


Domingo passado, mais uma vez, fui a Serralves, da parte da manhã, e por isso não resisti em escrever sobre aquele lugar.

Serralves, localizado numa das avenidas mais bonitas da cidade, a Av. Marechal Gomes da Costa, na cidade do Porto, é um lugar onde se podem encontrar algumas coisas, das que melhor servem, para o bem estar, das pessoas. O lazer e a cultura de mãos dadas, ou seja, espaços verdes de variada composição, espelhos de água, uma pequena zona agrícola, e espaços para sentar ouvindo os ruídos da natureza. Sítios ideais para um chá, ou uma refeição, e um Museu de Arte Contemporânea gerido superiormente (também temos disto em Portugal), considerado dos melhores da Europa e talvez do mundo.

O espaço verde, muito bem cuidado, com variadíssimas espécies de plantas, que são um prazer observar, entremeados por caminhos que permitem passeios muito agradáveis e com lugares para descansar, ler, namorar, e simplesmente estar usufruindo.

Um Museu de Arte Contemporânea, onde podem ver-se exposições de qualidade, de grandes artistas, de variados quadrantes de intervenção e diferentes países. Pode-se, por vezes, não entender a onde querem chegar, mas os seus trabalhos são um desafio à nossa imaginação e uma forma de aprendizagem de novas linguagens. São trabalhos desafiadores que perspectivam futuro, bem acompanhados, com opúsculos que documentam o artista e a sua obra.

Lamentavelmente muitos portuenses e visitantes estrangeiros desconhecem este belíssimo espaço, ou raras vezes o frequentam, quase dando a ideia de ser um lugar de elite, o que não é verdade. Actualmente aos domingos até às 13.30 horas a entrada é gratuita, portanto não existem sequer razões de ordem económica que impeçam de o visitar. Mas mesmo pagando, seria o local ideal para passar uma parte do dia bem agradável, afastando o stress de uma semana de trabalho agitada.

Serralves é o lugar ideal para os pais e crianças, avós e netos, namorados, casais a vencer a ressaca do tempo, idosos e por aí fora. E se têm dúvidas visitem Serralves com crianças, e verão o modo incrível como eles vivem as exposições e se deliciam com os passeios no exterior.

Vá Serralves.
Não é um chavão, mas um roteiro obrigatório para todos os portuenses.



QUEM FALA ASSIM MERECE DESTAQUE


negócios oneline



Texto de Baptista Bastos - 13 Abril 2012

 
As palavras do banqueiro


"Portugal está a trabalhar bem para cumprir os seus objectivos", disse o banqueiro Ricardo Salgado, com aquele ar assustador que o distingue. É um elogio ou o sinal de que somos a obediência em estado puro? A verdade é que sempre trabalhámos bem, muitas horas, cabisbaixos e tristes, não somos culpados deste infortúnio que nos caiu em cima, e pagamos uma culpa irremediável. Trabalhamos bem. Diz o banqueiro. E ele e os outros, têm trabalhado bem?


A pergunta modesta e singela tem razão de ser. Que têm feito pela pátria, ele e os outros? Que objectivos perseguem senão aqueles dimanados pelo lucro? Nada destas questões assentam num primarismo tonto. Correspondem a uma verdade como punhos. Eles enriquecem com o nosso dinheiro, quando cometem disparates têm sempre o respaldo do Governo, e, ainda por cima, atrevem-se a ditar sentenças. Sei, claro que sei e sabemos, que a Banca é um dos pilares do capitalismo, e que o capitalismo, ao contrário do socialismo, não promete nada, e muito menos a felicidade dos povos. Mas deixá-lo à solta, é arriscadíssimo. Tem-se visto.

A crise por que atravessamos não tem merecido, dos banqueiros, um esforço aturado de análise. E se, entre 1929 e agora, a crise possui semelhanças que têm sido escamoteadas, as causas são sempre as mesmas, porventura mais ou menos graves. Por sua vez, os políticos, esta geração de políticos, não sabe o que fazer. E a Europa está nas mãos de uma Direita tão anacrónica como incompetente.

Os senhores da Europa assenhorearam-se do mando porque são mais fortes, dispõem de dinheiro, de informação e de poder. Mais ainda: arregimentam Governos servis, de cega obediência, que mais não são do que serventuários de interesses alheios. O Governo português não foge à regra: é um arregimentado, sem personalidade própria, seguidor de uma estratégia imperial bicéfala. Mas não será a França a detentora absoluta do poder. Chegará a altura que ela própria sofrerá as consequências da megalomania.

O discurso clássico sobre a bondade da economia moral não passa de uma facécia. A economia vive de si mesma, e o pretendido equilíbrio geral que provoca é o equilíbrio instável do momento. Marx esclareceu. E se alguns preopinantes desenfreados entendem Marx como um pensador ultrapassado, ignoram que a relação económica imposta sem regras conduz ao descalabro. Como nos aconteceu esta desgraça?, perguntam as pessoas que mais sofrem a crise. Acontece que o mundo e os homens se transformaram em cobaias ou mercadorias, e introduzidos como engrenagens de uma roda infernal.

"Gastámos de mais. Gastámos acima das nossas possibilidades", dizem por aí. Gastámos, quem? Gastámos de mais, se sempre tivemos de menos? A falácia não esconde o jogo desta hipocrisia inominável. Quando Ricardo Salgado formula aquela opinião, sabe muito bem que somos comprados, utilizados e manipulados a BEL-prazer das circunstâncias. Trabalhamos bem porque não recalcitramos contra estas afrontas, porque somos colonizados como peças de um empreendimento de domínio. No caso português, por submissão e impossibilidade criada pelos mecanismos de mando, chegamos a ser cúmplices dos nossos próprios verdugos.

Todos os dias, de forma quase implacável, surgem notícias de novas submissões. Todos os dias aumentam os impostos, de forma directa ou indirecta, e ninguém sabe explicar porquê, a não ser que a crise é que determina. Os portugueses nunca foram senhores da sua liberdade, é verdade. Desde sempre fomos colónia de qualquer império, e chegámos a ser colónia do nosso próprio império. A banalidade económica do mal (parafraseando Hannah Arendt) provém da banalidade do mal do capitalismo. E a implosão do "comunismo" auxiliou, grandemente, a voracidade da luxúria. Não digo nada que se não saiba: as coisas estão por aí.

Sofremos, em Portugal, o reflexo de uma ideologia que se oculta sob o nome de "neoliberalismo." Não é "neo", nem "liberalismo." As palavras têm sido alteradas e adulteradas ao sabor das circunstâncias históricas. E dispõe, a ideologia, como todas as ideologias dispõem, de turiferários [bajuladores] encartados [comentadores mediáticos], que encenam o destino dos outros e são pagos para isso. "Portugal está a trabalhar bem", assevera Ricardo Salgado. Está. Mas será em benefício próprio? 



Turiferários(bajuladores) encartados, que encenam o destino dos outros e são pagos para isso


Comentário

O caso do pensionista grego de 77 anos que pôs termo à vida na manhã de quarta-feira (4 de Abril de 2012) na praça Syntagma, trouxe para primeiro plano o desespero das vítimas das políticas de austeridade. Dimitris Christoulas escreveu uma nota responsabilizando o Governo: "Não vejo outra solução senão pôr, de forma digna, fim à minha vida, para que eu não me veja obrigado a revirar o lixo para assegurar o meu sustento. Eu acredito que os jovens sem futuro um dia vão pegar em armas e pendurar os traidores deste país na praça Syntagma, assim como os italianos fizeram com Mussolini em 1945”, escreveu o antigo farmacêutico de Atenas.

É desejo de muitos que Portugal comece finalmente a trabalhar bem, recusando-se a continuar a encher os bolsos a banqueiros e acólitos, e cumprindo aquele que deve ser o seu primeiro objectivo: pegar em armas e pendurar os traidores deste país – banqueiros ladrões, políticos a soldo e comentadores venais - nas muitas praças deste país. Pelourinhos não faltam...

POR VEZES, A VOZ DE OUTROS


Por vezes, lemos naquilo que os outros escrevem, as respostas às nossas questões.
Lendo, ouvindo, vendo e vivendo são alguns das acções,  que contribuem para nos construirmos como pessoas
.

RIOS DE AMOR:

“A princípio são pequenos, mas no seu percurso fazem-se mais fortes e profundos e, uma vez que tenham começado, já não têm volta. Assim sucede com os rios, os anos e as amizades.”

-Antigo versículo sânscrito-

domingo, 15 de abril de 2012

NO LABIRINTO DA VIDA

Difícil, difícil, é superar aquilo que nos está a amargurar, e nos deixa indecisos no nosso continuar, nesta vida que é nosso labirinto.

Olho e penso no labirinto, de sentimentos em que nos envolvemos, e perco-me nas sombras da cidade dos meus pensamentos.

É este o destino que se me atravessa no tempo que decorre desde de nascido até hoje, caminhando sem encontrar o horizonte de paz, que mereço e julgo ser direito de quem se sente parte de “humana gente”.

Olhei novamente a neblina sobre a cidade do labirinto, pensando quanto tempo demorará o sol a romper este véu de desalento.

sábado, 14 de abril de 2012

É A FALA DO CORAÇÃO


Senhor de todas as dores
É a fala do coração
Que escreve seus amores
Em letras de canção.

A partida tem uma chegada,
A vida tem muitas cores,
Uma alma magoada,
Tem de apagar muitas dores.

Nem sempre nem nunca, se pode dizer
Tudo pode acontecer, no virar da página
De um livro que ainda se está a escrever.

Usar a imaginação, mostrar a verdade,
Cumprir o que manda o coração.
E tudo se há-de realizar ao sabor dessa emoção

sexta-feira, 13 de abril de 2012

ELES NÃO NOS DEIXAM SAÍDA


"Quando cercar o inimigo, deixe uma saída para ele. Caso contrário, ele lutará até a morte."
SunTzu – Arte da Guerra



Somos seres humanos. Dizem. Seremos? O que nos leva a nós, diferentes dos animais, a sermos piores do que aqueles que classificamos de irracionais, em vez de utilizarmos a inteligência, a cultura, a nossa sabedoria acumulada, as nossas emoções, criatividade e capacidade para tudo e mais alguma coisa para o beneficio de todos.

Talvez na sociedade primitiva todos fossemos melhores, sem tanta evolução cerebral e emocional. Pelo menos muito mais solidários na luta pela sobrevivência. Se assim é, qual o estado em que nos encontramos? Teremos de voltar a ser macacos, subindo ou rastejando, ou “modernizando" com um novo Salazar, ou outro Hitler?

Matamo-nos uns aos outros, uns de forma individual, por diferentes motivos e razões, por ciúme, pelo roubo, pela ambição, ou puro deleite. Outros matam colectivamente, com bombas, com tiros, com fome, em nome de valores que dizem ser os melhores porque são os seus. Põem bombas em Hiroshima, Nagasaki, Vietname, Afeganistão, Iraque, e outros sítios que tais. Que raio de merda é esta? Não queremos Salazares nem Hitleres. De que HUMANIDADE falamos?

Quem nos governa, mente, procura levar à prática a defesa das classes sociais minoritárias e mais favorecidas, em detrimento daqueles que mais se esforçam, para que o país cresça e evolua. Propagandeiam o individualismo, o cada um por si, nas televisões, nos empregos, nos vários pressupostos de beneficio da sociedade.

Espalham o egoísmo, e dizem que todos no sistema capitalista temos direito a “ter” desde que trabalhemos. A “ter” o quê? Um Ferrari? Quantos o têm e como obtiveram? Quem usufrui da modernidade? Quem usufrui dos SPAs, dos SPOns, e de toda essa merda, que todos os dias anunciam devemos aproveitar? Quem pode gozar férias a sério, se não eles, que sempre foram os privilegiados? Quem frequenta as clínicas privadas, e as públicas quando de qualidade? Quem tem reformas chorudas? Quem ganha num mês o que muitos de nós não ganhamos numa vida de trabalho? A quem dizem que gasta mais do que devia, aos ricos, ou aos pobres? Quais os filhos, e de quem, que frequentam os melhores colégios e universidades, os mais inteligentes, os mais capazes, ou os que têm melhores condições económicas?


Quantos gestores foram acusados de má gestão? Quantos ficaram sem a fortuna pessoal, por ter prejudicado quem trabalha? Quem foi preso por má gestão das entidades públicas ou privadas? 
Quantos governantes pagaram o desgoverno a que o país chegou, e qual a entidade independente de fiscalização, dos órgãos do poder, que os acuse e leve à barra do tribunal, que é aquilo a que todos nós estamos sujeitos, os cidadãos comuns?


E que dizer desses muitos países que foram espoliados das suas riquezas naturais e agora vivem em situações miseráveis, a quem se disse levarmos o progresso? Talvez o progresso tenha sido roubar-lhes, o que hoje lhes falta e acima de tudo a sua dignidade. Hoje vemo-los a morrer de fome, sede e de doença. Deixamo-los nas mãos da AMI, da Cruz Vermelha, e de meia dúzia de abnegados que ainda se preocupam com o ser humano, e assim vivem da caridade. E A ISTO CHAMAMOS HUMANISMO?


As famílias desfazem-se porque os casais e seus filhos não têm tempo uns para os outros. Porque o amor e a disponibilidade para o exercer morre. Vivemos mais tempo em deslocações nos transportes e no trabalho, do que podemos dar aos familiares. Quem explora e domina, em nome do lucro quer-nos disponíveis para o enriquecimento das suas fortunas e a dar o sangue em nome da sua nobre causa, sua excelência o capital. ISTO É HUMANISMO?


Hoje, na Europa moderna, vive-se como no tempo dos romanos, antes de Cristo. Cidadãos são os senhores, o restante são escravos e servos. É isto que a humanidade vai construindo nos últimos séculos, cidadãos de primeira e de segunda.
 Nos dias de hoje, batem com a mão no peito em nome de Cristo, todos os que nos roubam e tiram a dignidade. 
Então o que é afinal essa tal coisa a que se chama HUMANISMO?

Não concebo, na minha pobre inteligência, que indivíduos possam sentar-se à mesa comendo com os seus familiares, descansadamente, quando umas horas antes despediram e condenaram à fome dezenas de outros seres humanos, que não raras vezes os sustentaram e enriqueceram. 
Não concebo que um governo possa ser sério, quando os senhores que o constituem ganham dez vezes mais do que aqueles a quem pedem sacrifícios e para gastarem menos.

Todos temos o dever de lutar por valores humanistas na sociedade, e estes não estão de certeza do lado de quem explora a maioria.


O HUMANISMO pressupõe solidariedade, partilha, amor, sacrifício para o bem comum, disponibilidade, criatividade, respeito pela individualidade no objectivo comum do colectivo.

Estamos todos exaustos e tristes, nada nos é facilitado na vida, temos de dar uma lição definitiva a esses senhores. 




“E descobrira, exausto e triste, de que pouquíssimas vezes o tinham deixado ser feliz e livre. “
Um tiro em Atenas - Por Baptista-Bastos (publicado no DN)

quinta-feira, 12 de abril de 2012

RAZÃO E EMOÇÃO


Perderam-se nos dias, presos nas palavras não ditas, com medo de perder o chão.
Diz o povo “quando a esmola é demais o pobre desconfia”, assim ficou, deixando o tempo correr esperando o esmorecer, e mais tarde o morrer. em nome de algo, que não se explica, matou o que nascia. Doces foram os momentos, de leves encantamentos, no entanto insuficientes, para a levaram a acreditar que alguém na verdade a poderia amar.

A decisão não foi fácil, doeu e de que maneira. Mas quem disse que a vida é fácil?
Foi criado o desassossego, não sabia se era esse o objectivo, no entanto fora o que tinha ficado.
Amanhecido dum sonho tenebroso, em que atraiçoava os seus princípios. exausto e suado, sentou-se na beira da cama e escreveu em poucas palavras, o que o coração não queria, mas a razão o esclarecia. Queria viver olhando o céu e pousando os pés na terra, com a firmeza que humano deve ter, doa a quem doer.

Nesse dia partiu, levando somente seus desenhos e escritos, algumas coisas mais que lhe serviam no corpo, e acima de tudo, aquele ser, razão da sua vida, fruto de seu amor. tudo o mais ficaria para trás.

Tudo tão intenso, tudo tão belo, e porque razão tão curto no tempo? Essa a angústia, que no arrastar dos anos permanecerá.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ele concluiu que devia calar-se



Ele concluiu que devia calar-se. Em tempos aprendeu a comunicar saindo do silêncio, que durante anos trouxera consigo. Aprendeu a ler com assiduidade, a falar com os outros, e de quando em quando a substituir os desenhos por palavras construindo frases. Começou a usar a oralidade, como forma de estar permanente, expondo com frontalidade, tentando chegar aos outros, comunicando tudo o que sabia e aprendia, colocando as suas ideias. Não se apercebeu porém, que por vezes falaria demais, ou estava escancarando tudo o que na sua alma sentia, ficando sem defesas. O universo, dizem-lhe alguns, trouxera-lhe a afonia, para ele se precaver de tal defeito, escrevendo mais, falando menos, mas ele continuou surdo, e as palavras, as ideias, as histórias foram surgindo, assim se continuando a revelar. Inesperadamente o universo deu-lhe a resposta, tirando-lhe o tapete, deixando-o a falar sozinho. agora tinha sido, mais do que evidente. ele tinha que aprender.
A lição foi dada. ele recebeu-a com galhardia e disse para consigo, “hoje fecharei a porta”, assumirei o silêncio subliminar. Não mais seria acusado de falar efusivamente, nem com as frases e ideias ao pé da boca. Tudo ficaria nos subentendidos dos seus murmúrios.

A lista que divulgou, as premissas de que falara, tudo o que lhe ouviram dizer, rasgou da sonoridade. talvez um dia, volte a sentir a necessidade, de ser ouvido, e que quem o escute, ou se delicie com o som das suas ideias e sonoridade da sua presença.

terça-feira, 10 de abril de 2012

É NESTE LUGAR QUE ME PERCO

É neste lugar que eu me perco, na procura de mim. Aqui encontro o meu silêncio.
Neste espelho de água deixo-me vogar para tudo o que é impossível. Sonho-me num paraíso longe da acidez das gentes, e da sua pequenez. Avalio os meus sentimentos, julgo e me julgo, de erros e omissões, nas controversas decisões, por vezes tomadas a frio, ou no calor das discussões.

Também aqui me deixo levar pela ausência de pensar. Para que o peso das coisas terrenas, se dilua e encontre a paz na minha loucura.

Como eu gostaria de estar observando este espelho de água, pela janela aberta de um qualquer espaço sobre ele pousado, gozando com a brisa delineando nossos corpos na nudez do amanhecer, no arrepio poderoso da emoção.

Sim, como gostaria eu de restar, a teu lado, entre leituras, conversas sem tempo, abraços, beijos e prazeres inesperados. Do acordar sentindo-nos inteiros, entre aromas do mar e dos pinheiros. dos nossos corpos, no ar o seu cheiro, na nossa pele as marcas do prazer e do orvalho.

Venho-te visitar na continuidade dos tempos, nem sempre com a mesma alma, mas sempre de esperança às costas, de encontrar as respostas.

É aqui, que filtro a razão e a emoção, apurando a sua presença no espaço da minha vida.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

PÁSCOA


No dia de Páscoa, não ligo há celebração em si. A religiosidade da época, não me diz nada, mas sim, o que ela permite de atenção dos nossos mais próximos, família e amigos. é bom, estar com aqueles que mais gosto.

Gosto também deste dia, porque permite apreciar, com prazer, todas as delicias gastronómicas da época. Tendo à mesa, mesmo em dias de precariedade, diferentes iguarias, que vão desde de umas entradas variadas, de presunto, bolinhos de bacalhau, espetadas, queijos, ao bom cabrito de chanfana, ao cabrito e vitela assado no forno com os respectivos acompanhamentos, e aos diferentes doces da sobremesa, como o leite creme, arroz doce, o afamado “pão de ló”, e vários tipos de amêndoas.

Este momentos tornam-se divinos e fazem esquecer, que há p’raí uns “coelhos” que andam a dar-nos cabo da vidinha.

sábado, 7 de abril de 2012

FOI TÃO BOM PARA TI COMO....


Saíram. No exterior o sol, agora brilhante, iluminava todo o ambiente realçando as cores das casas e as pinturas floreadas dos barcos no cais. As pessoas sentadas nas esplanadas gozavam o prazer do ar livre, mesmo que frio, mas mais do que agradável, tendo em conta como o dia começara, negro, chuvoso.

O almoço tinha sido bastante interessante, num diálogo preenchido de assuntos banais, mas de conhecimento entre duas almas, dias antes desconfiadas e distantes, que agora se iam mostrando. A ementa sóbria, apontara um “bacalhau à lagareiro”, que deliciosamente foi devorado, enquanto a conversa ia em crescendo. Na mesa ao lado as crianças olhavam com curiosidade o seu cabelo loiro e o seu ar nórdico, ouvindo a sua linguagem carregada de sotaque, aumentando a ideia de “turista”.

Já no carro, caminhando junto ao espelho de água, ela diz-lhe: “ o dia está a decorrer bem, Foi tão bom para ti como para mim?”. O que nos levou, ambos, a romper serenidade e calma que pontificara até aquele momento, em gargalhadas de ir às lágrimas. De facto, o que tinha acontecido até aquele momento, sugeria a necessidade de apurar, tal como os casais no final do amor, quanto o prazer encontrado.

NÃO SERÁ A ESPONJA DO TEMPO...


Não se perde a sonoridade das palavras e o conteúdo no seu dizer, nem o sabor da textura da pele, nem os cheiros. nada desaparece só porque alguém decidiu, ou porque se estabelece ser a esponja do tempo a fazer-nos esquecer. Mas saber que se ganhou perdendo.

Perdes-te como pessoa, magoando com o rasto de incompreensão, com o comodismo do que entendes ser a vidinha. No entanto aconteceu. partir sem choros nem lágrimas, na explicação fácil, de uma carta, que distante, ficou sem resposta.

A resposta adequada, à banalidade como tratam os sentimentos  dos outros, as pessoas, pequeninas, que se deliciam cuidando-se importantes e morrem na ignorância do mundo, quando a beleza exterior desaparece. E no futuro...
Qualquer beijo acontecido
Cada voo alcançado
Será como um pedaço de vidro
do espelho, de um amor despedaçado

quinta-feira, 5 de abril de 2012

(A)MAR DE ENCANTO


No mar pousas os olhos esperando respostas.
Ali no voo das gaivotas desfazes cansaços,
Nas ondas que na areia se espraiam
te deixas levar pensando e sonhando a espaços.

Na abstracção que lentamente te vai dominando,
O murmurar do mar é fala de encanto,
O piar das gaivotas música do teu pranto
Tua mente e alma para longe voando.

A realidade foge e outro mundo em ti nasce
E nele outros projectos outros amores
Outras vidas, outros lugares, menos dores.

A brisa do mar trás o cheiro de outras paragens,
E a tua mente e alma se limpam, e o amor cresce
trazendo-te a paz, e à vida uma outra paisagem.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

SEM MEDO DE PERDER

Espero ter-te confortado com o som baixo da minha voz, e que as palavras saídas dos meus lábios tenham sido a resposta ao teu pedido. Que te sintas inteira na preferência, na escolha assumida. Que seja o amor que te comande os sentidos, sem ciúme, sem medo de perder.

Quero-te senhora da alegria, vivendo e enfrentando o mundo, determinada pela conquista da tua paz interior, e por teres encontrado o que querias.

Tens duvidas que te assaltam. Sem saberes que opções tomar, se caminhar em frente ou parar. Nem sempre o caminho mais curto é o melhor. Difícil é escolher o caminho. Se o que te norteia é o sentimento, opta por aquele onde te sentes melhor e mais realizada. Contrariar a natureza é impedir a vida. Olhar para trás nada resolve, no presente fazes o teu futuro.

e o SENHOR é nossa testemunha


Impossível não gostar do seu sorriso, e das marcas da idade no seu rosto, que não disfarça. Gosta-se pela forma como se exprime na suavidade dos gestos, das palavras, das emoções, das vivências. nos olhos, um brilho permanente, onde se não vê arrependimento ou dor. o conjunto do seu rosto sugere uma ternura, quase ingénua. as suas mãos, de dedos longos e desenho suave, são expressivas certamente apetecíveis ao tocar.

A voz é audível perfeitamente calma e equilibrada, entremeando as falas com sorrisos, como um guru em aula de ioga. As tensões na sua presença, se quebram e o discurso flui, como entre dois velhos amigos.

Tinham destinado encontrar-se, aproveitando ambos, para estarem num espaço comum, lendo e acompanhando-se. Não foi possível tudo se foi desenrolando no correr das horas inesperada e agradavelmente. Trocaram-se experiências, risos, pensamentos, gostares e projectos.

De repente as necessidades físicas se impuseram e o almoço aconteceu. Também de forma não prevista. Saíram do lugar onde estavam com destino próximo, que se alterou quando ele, percepcionou a ausência da carteira. Preocupado que pensasse aproveitar-se da sua generosidade, decidiu de imediato, antes de almoçar, procurar onde a deixara, e sim depois irem para o repasto. encontrada a carteira, que por esquecimento deixar no bolso do casaco que na véspera usara, não tardou estarem sentados à mesa do restaurante, mesmo bem perto de onde morava.

O almoço decorreu no mesmo espírito de sorrisos e pequenas frases. Posta mirandesa algum vinho e menos siso.

Tocou-lhe com a mão o pescoço longo, enquanto esperava a conta e ela deliciada sorria com os olhos brilhantes, reflectindo carinho e agradabilidade ao gesto simples da sua mão. Já em plena rua, na hesitação de caminharem de mãos dadas, foram-se encostando lado a lado, evitando o frio.

O carro não tinha sido estacionado muito longe do lugar onde almoçaram. entraram, no seu interior estava um calor reconfortante. já sentados, ele como já fizera no restaurante, massajou-lhe suavemente o pescoço fazendo-a relaxar e encolher os ombros em direcção ao pescoço como se dum bébé crescido se tratasse. ele então, abusador, debruçou-se sobre ela e beijou-a. primeiro os lábios se encostaram levemente, e de seguida, as línguas se entrecruzaram num beijo mais prolongado, saboreando-se sem sofreguidão. Ele afasta-se para o seu lugar e ela diz-lhe com um sorriso: “ E o senhor é nossa testemunha”. Espantado olha-a, e o seu cérebro em décimos de segundo elabora vários pensamentos. “ Não.. uma beata não...era o que me faltava?? “; “Não me digas que ela pertence aos tipos do reino de Deus??”; “será que para ela, isto é compromisso, casamento??? Uahu estou feito. Pergunto: “ O senhor???”. Ela desata a rir às gargalhadas percebendo a sua confusão e diz-lhe: “ Sim o senhor que estava a janela viu-nos a beijar.” Então sim, foi rir a bom rir, quebrando a tensão gerada. e continuaram rindo durante os largos minutos que demorou a leva-la ao seu destino.

Quando na despedida, voltaram a gargalhar sobre o assunto e despedindo-se com aquela sensação agradável, que deixam os bons encontros e com um mistério bem agradável de tentar resolver. “Quem somos, nós nesta etapa do conhecimento?”

terça-feira, 3 de abril de 2012

NA PARTILHA DAS DÚVIDAS


Na partilha das dúvidas, das dores, das incompreensões. O dizer presente, quando sós. o empurrão que se precisa na hesitação. o calor que nos aquece a alma gélida pelo infortúnio, ou dilemas da vida. É ouvir a tua voz atravessando os ares sempre que necessário.

A sociedade com os seus valores ancestrais, nem sempre adequados, ao evoluir dos tempos, paralisam decisões, não te deixam voar, tiram-te a liberdade de seres. se assim não fosse, o teu riso seria mais solto, teu caminhar dançado, e o teu coração liberto.

Não é justo que te manietem o gesto, que te tirem a alma e não possas atravessar os ares para veres esse tal lugar, que em tua memória tem registo, pelo quanto foste ouvindo nas minhas histórias.

Não poderás dividir comigo, esse outro mar, esse outro estar, em amena cavaqueira, a desoras, sem dia nem noite. No entanto eu espero-te com a convicção que um dia voarás, ao encontro deste outro lugar, quanto mais não seja, porque será uma noite ao luar.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

FLORBELA NO DIA DE ENGANOS

Não foi por engano. Foi mesmo propositado, no dia 1 de Abril de 2012 fui ver o filme “Florbela”. Fi-lo, como bom cidadão, isto é, não pensar que por ser um filme português, tinha de ser mau, e também por teimosia, porque nem todos vemos do mesmo modo ou gostamos das mesmas coisas; nunca liguei muito às criticas que por aí aparecem, nos vários medias sobre os filmes; na maioria dos casos, as criticas são feitas sem que se tenha a preocupação de motivar as pessoas a verem o filme, independentemente da opinião do autor.
Embora tivesse ouvido críticas das pessoas, desde longa data, apontando como defeito número um, aos filmes portugueses o de, "serem muito parados”, por as cenas se desenrolarem de forma lenta, com diálogos chatos e pouco esclarecedores, e como número dois, o som não ter grande qualidade. não sendo eu um espectador muito habitual dos filmes portugueses, quis saber se essa forma de classificar os nossos filmes tinha alguma razão especial.
Para o efeito, questionei alguém muito sabedor nesta área do conhecimento, que nessa altura me apresentou como justificação, para essa sensação, a ausência das legendas. Habituados a estas, que apareciam no rodapé, não as tendo, tínhamos mais tempo e estávamos mais atentos a tudo o que se passava no desenrolar do filme. Desde os diálogos aos planos, e de que modo como as imagens correspondiam ao que se pretendia transmitir, a banda sonora etc.
A justificação tem alguma razão de ser porque, de facto, não tendo de ler as legendas, podemos reparar melhor na qualidade da linguagem cinematográfica e essencialmente na imagem que é o elemento número um da leitura de um filme.
Por quê toda esta explicação??? Porque, se não fosse estar em boa companhia, morreria de tédio ao ver o filme, ou passaria pelas brasas. De facto, o filme tem uma boa imagem, técnica e artística, com uma cor a condizer. Por vezes as imagens, pela sua qualidade, sobrepõem-se de forma individualizada, fazendo-nos esquecer o filme, e o que pretendem comunicar dentro deste. Quanto ao resto, infelizmente tenho de dar razão ao que não queria. Os diálogos são monótonos, parados, e tudo dá a sensação de chatice. As cenas “eróticas” são fracas, muito “dejá vu”, e pouco integradas na leitura do filme. Sobre o elenco, não me devia atrever a falar porque não sou conhecedor, mas achei-os demasiado “teatreiros”. Sobre a história, ou apontamento, sobre a vida de Florbela, fica a ideia de uma mulher mundana, paranóica, com uma relação incestuosa com o seu irmão, sobre a poetisa ...???.
Como sempre entendi que a critica deve ser feita para chamar a atenção de determinados elementos, mais ou menos conseguidos do filme, e motivar a que este seja visto independentemente de quem faz opinião.

Daí, não ficando pela minha opinião, coloco aqui três criticas que são interessantes.
http://ipsilon.publico.pt/cinema/filme.aspx?id=299794
http://pedroroloduarte.blogs.sapo.pt/257826.html
https://www.facebook.com/notes/francisco-lou%C3%A7%C3%A3/florbela/10150603813263214

domingo, 1 de abril de 2012

AMOR versus ÓDIO. E esta heim?


"Embora possa parecer paradoxal, mesmo assim é verdade que, se não existe ódio suficiente, não existe amor bastante. Se não existe ódio suficiente, ele deve ser evocado para estimular a cooperação. "

"Evocar o ódio para estimular o amor é truque que os políticos contemporâneos e os psicoterapeutas conhecem e usam com frequência"

O Lado Obscuro do Amor - Jane G. Goldberg.
Estes dois nacos de texto, extraídos de livro, do capitulo 2. Amando o Amor Odiando o Ódio. São suficientes para assustar qualquer um. Já tinha ouvido falar que o "amor estava a um passo do ódio e vice versa", mas ler vinte e seis páginas a justificá-lo, como sendo parte do dia à dia da nossa existência, deixou-me perplexo. Quase todos nós, os que já amamos, encontramos situações em que odiamos a pessoa amada, pelo que exige de nós, pelo que nos tira de sossego, pelos ciúmes e uma infinita quantidade de coisas, mas entender, que isso faz parte da manutenção do amor é que faz confusão.
O sentimento de ódio sempre foi analisado pelo cidadão comum, como algo que não deve acontecer. ódio é um sentimento condenável, pensava eu, mas afinal não é verdade. De facto já alguém dizia" a úlcera não é o resultado do que comemos, mas daquilo que nos come", ou seja os alinhadinhos, os certinhos, estão tramados, porque não defendendo a sua integridade emocional, reprimindo sentimentos de raiva, competitividade, ciúme, se tornam seres miseráveis, como indivíduos.

Ao  ler estas ideias começo a ficar confuso. Parece aquela história, de lermos algures, que a cerveja engorda e não se deve beber, e uns dias depois, dão-nos um folheto qualquer a dizer que os investigadores da universidade XPTO, chegaram à conclusão de que beber dois copos ( não se sabe o tamanho) de cerveja, por dia, até faz bem à saúde.

Por isso, a partir de hoje, vou odiar muito para ver se governo me trata com amor, e se o verdadeiro amor me corresponde às carradas.
Dito isto bom domingo.