sábado, 30 de março de 2013

Na PÀSCOA....


.....não ofereci amêndoas torradas, nem de licor, nem daquelas de chocolate, ou de espécie alguma. Também não ofereci um coelhinho, nem um ovo pintado, pão-de-ló, ou fios de ovos, e muito menos absolvição, não sou católico e menos ainda padre. Ofereci uma voz com palavras sentidas, opiniões várias, cultura diversificada, um ouvido atento, um sorriso na distância, um espaço para pensares. As outras coisas só na Páscoa se oferecem, o que ofereço tem todo o tempo e espaço estabelecido por ti, assim tenhas vontade.
DC

sexta-feira, 29 de março de 2013

ESCREVO-te muitAS VEZES



Tenho escrito algumas vezes procurando chegar ao centro de ti mesmo, e não consigo. Uso as palavras doces que tanto gostas, as frases que me revelam, só para ti, e mesmo assim não consigo abrir esse cofre onde te fechas.

Não mates a minha vontade de te escrever, não me coloques a dúvida do teu sentir, faz-me acreditar que “ouves” o que eu digo, e me abraças enroscado nas frases que elaboro, e me beijas com o acento circunflexo dos teus lábios.

Faz-me sentir que não corro o risco de a chave se perder, e de as minhas palavras desaparecerem, transformadas em letras desgarradas como grunhidos, puf ahg ih .

Não me troques pelo tempo no computador, ou pelo jogo de futebol do clube que adoras, porque um tem muita tecnologia e o outro, por vezes, é fanatismo exacerbado e ambos te robotizam, afastando-te do que eu escrevo.

Escrevo-te muitas vezes. As palavras fazem as frases e descrevem o que eu sinto. Algumas vezes sonho, que o que eu te escrevo te provocará resposta, e que nesta, as palavras virão para me assegurar de que “ouviste” as minhas emoções e o quanto receptivo a elas és.

Não demores, a escrever e a responder ao que eu escrevo, porque provocas em mim o receio de que é tempo de te perder.

Enquanto te espero, pinto os meus lábios com letras góticas, arranjo cabelo no melhor itálico, faço unha com todos os acentos e visto-me com a simplicidade duma arial regular, para quando chegares te receber com frases de poeta.

segunda-feira, 25 de março de 2013

COMENTADORES OU COMENDADROES

Gaiola dos Papagaios
Há uns pobres coitados que são comentadores de televisão que passam o tempo a fazer futurologia, sobre politica. Eles não serão certamente tão “coitados” assim, na prática eles sabem bem qual é o seu papel, e desempenham-no tão bem, que de facto parecem uns “coitados”. Quando acertam dizem “ EU não disse!”, quando falham passam ao lado e começam a falar de uma outra figura pública qualquer, ou de uma outra medida, económica e social, área na qual ainda acertam menos, assobiando para o lado. Agora o tema é o regresso do Sócrates, para disfarçar, dar protagonismo e obterem o efeito pretendido, arrasar mais uma vez os PS, antes das eleições, trazendo à liça o seu maior coveiro. Porra lá estou eu a comentar.

Alguns desses comentadores de “democracia” insuspeita, que andam a disparar para todos os lados, mesmo contra os partidos dos quais fazem parte, contra as medidas governamentais, de repente quando ouvem falar em moções de censura, ou que o governo pode cair, gritam aflitos, “ aqui del-Rei, porque precisamos do terceiro, ou quarto pacote da Troika...o país caía para o lado de esgotamento... que tudo seria uma catástrofe, a bancarrota, a banca cosida” e por aí fora.

Afinal para que servem os comentadores, que aparecem todos os dias a comentar, que comentam as acções dos outros e suas falhas, sem falar das suas opiniões e acções que não se concretizam, mas que com muita lata vêem dizer: “não era bem assim, era mais assado, e mais ao lado e depois prá frente”, e todo um chorrilho de asneiras que parecem ser de indivíduos dotados de inteligência acima da média, Assim fica o povo embasbacado, sem saber o que lhes chamar, se comentadores, ou comendadores, ao serviço da comenda dos “gajos da massa”.


Dizem-nos que esses senhores fazem parte da “liberdade de expressão e comunicação” de uma sociedade moderna. Fico confuso, porque não percebo a razão de só haver comentadores praticamente de um quadrante político e não se ouvem de outros sectores de opinião em especial da parte daqueles que são os mais lesados na sociedade.

Privatizaram-se canais televisivos e outros media, com a falsa perspectiva de que haveria mais escolha de programas e de opinião, pelos vistos como o governo, até obter o que queriam defenderam uma coisa, depois de a obterem e estarem no poleiro fazem outra.

Desgraçado povo que tão enganado é e que ainda lhes faz rapapés.


Devíamos fazer uma campanha de vinte e quatro horas sem ver Televisão, um dia sem comprar jornais, um dia sem comprar revistas e por aí fora a ver se estes senhores da comunicação percebiam, inclusive os próprios jornalistas que o povo é quem mais ordena e como tal é para ele e com ele que devem estar independentemente do accionistas.

Hoje os jornalistas já se auto-censuram porque têm medo de perder o emprego, se assim continuamos, vamos dar razão a alguns vendedores da banha da cobra que nos querem vender os jornais formatados da internet e de origem duvidosa.

sexta-feira, 22 de março de 2013

A VIAGEM


Longo tempo passou desde a minha última viagem para longe da área onde habito. Todos temos uma área de conforto onde parece existir tudo o que necessitamos. A loja, o jardim, o transporte, o café, o restaurante, o amigo, o hospital, enfim tudo aquilo que nos torna a vida num quotidiano rotineiro, do qual muitas vezes reclamamos, mas que “nos fica tão bem”.


Sempre fui bicho do buraco, por insegurança? Por comodismo? Isso queria eu saber. Na verdade, uns adoram viajar, outros preferem não ter de se incomodarem a sair, porque não podem levar a casa às costas com tudo aquilo que pensam precisar e que são o seu “sempre à mão”.


Sair em viagem para mim é uma necessidade sanitária, preciso de limpar a mente e voltar a reencontrar o prazer do retorno à origem, quando ela finda. Gritar na entrada da porta dizendo; “cheguei, lar doce lar”. Tomar um banho, deslizar no sofá e reviver os dias finais da viagem. O restante será revisto de forma divertida, só, ou com os amigos e familiares, entre risadas alegres esquecendo até que não gosta nada de viajar e de romper as suas rotinas.


Vou fazer uma pequena viagem, não pelas razões do costume, e sim porque terei o prazer de encontrar um outro lugar, onde espero, o acolhimento seja doce, a cidade me seja apresentada com todo o seu esplendor, e as delicias gastronómicas caseiras sejam um prenúncio, de uma noite com pouco dormir e muito prazer, sentir, sorrir e viver.


Fico sentado olhando a mala, ainda com um pequeno espaço, onde caberão mais algumas coisas. A mala é pequena, mas grande o suficiente para levar o essencial para tão pouco tempo, dúvidas tenho se o meu recheio é o suficiente para preencher esse alguém que espera minha visita.


A viagem parecerá tão longa, como curto o tempo de estar, mas estou convicto, que as memórias que se desenharão naqueles dias, serão tão perenes que permanecerão como marcas na pele, como outras, com o sabor dos morangos com chantilly.

Entretanto, como é habitual antes de qualquer viagem pequena, ou grande, fico sentado olhando o espaço envolvente da sala como se temesse perder as suas referências, ou deixar abandonados os meus livros, pinturas, e outros elementos decorativos, que a preenchem. Assim vai a noite, lentamente adentrando, e eu no meu silêncio vou alimentando a expectativa, pensando no transporte, nos horários, se nada fica esquecido esperando que o sono surja e o dia traga alegria na partida.

DC

quinta-feira, 21 de março de 2013

A PrimaVera



Entrou a primavera, que nem é prima nem vera. Entrou com o frio e sol intermitente. As plantas quase não se atrevem a florir com medo de enregelar e morrerem antes de nascerem.
Já nada é como dantes – saudosista ?– as estações do ano vão-se alterando como as nossas vivências, que se têm de adaptar aos novos ventos que sopram da Europa.

É pena que a alegria morra nos lábios, cerrados de raiva contida, de fome sentida, de impotência perante a violência moral social, politica e económica, com que somos premiados, neste cantinho plantado à beira mar.


Não entramos na primavera, porque a prima, é vera e não deixa. mataram-nos o amor, a alegria, e querem que os lábios se abram em sorrisos de plástico. Eles não sabem que se abríssemos os lábios escorreria sangue da língua trilhada pela raiva, dos pulmões doentes, do coração ferido, da contenção e da fome.


Esta seria a estação do ano em que gostaríamos de ver os pássaros em agitação, as plantas a florir, as crianças a encher o ar de gritos de alegria, os corpos a largarem as roupas pesadas do inverno, bebermos um café na esplanada do jardim, sentir a energia e prazer da vida. E porque não? O que nos impede, de gritar bem alto a nossa primavera para que se cumpra?


Abril está aí a chegar carregado de memórias. Aproveitemos para recapitular o que se passou, que nos fez sorrir, ter esperança e acreditar em cravos a florir. De nós depende semear e colher o seu aroma, a sua beleza e de com eles enfeitar novas vontades, nova esperança, uma outra alegria, uma Pátria que deve renascer.

DC

terça-feira, 19 de março de 2013

EU GOSTO DE SER PAI





Já o escrevi, em outras alturas, que não me fixo nos dias, da mãe, do filho, da avó, do namorada, do pai etc. Todos essas efemérides, servem fins comerciais, mais do que uma celebração de alguns valores que devem emanar de um ser humana e socialmente capaz.

Celebrar estas “efemérides”, dá uma ideia de que já fomos para o “outro lado”, ou seja “estamos a fazer tijolo”, ou que já temos só lembrança. Cheira a mofo, a velhice.

Vai daí que aproveitei para dizer que embora o “dia do pai”, para muitos, seja hoje, eu continuo a ser pai há mais de trinta e sete anos e com muito gosto.

Fico feliz na verdade, que seja ela a dizer-me neste dia o que me diz, em muitas outras vezes: “Tu sempre foste um pai presente”. A prenda que me deu, e adorei, foi enviar-me um texto que lhe escrevi, tinha ela cerca de dezasseis anos e não foi no “dia do pai”.

Eu tenho de lhe agradecer ter me sido permitido ser seu pai, ter contribuído para a proliferação da espécie e ter orgulho por lhe ter transmitido valores que reputo essenciais a qualquer ser humano.

Nem sempre os nossos filhos seguem os nossos ensinamentos, não é grave, desde que saibam adaptar as qualidades e valores aprendidos, sem perder o norte, ao seu momento de vivência. Há valores que nunca sofrem mudança e estão na génese do ser humano e que nos distinguem das bestas. Alguns princípios como a honestidade ( não meio honesto, ou pouco honesto), respeito pelo seu semelhante em qualquer circunstância; preservar a amizade e a sua família e a família que representa o povo onde está inserido sendo solidário; fazer da aprendizagem uma necessidade permanente; proteger o ambiente; respeitar o trabalho, o seu e o dos outros. Se conseguir que assim acontece já me sinto feliz.

Como pais nos dias de hoje temos de ser mais exigentes no papel que vimos desempenhando. Hoje a sociedade de exploração capitalista em que vivemos, apela-se à ganância, ao egoísmo, ao desprezo pelo seu semelhante, ao dinheiro como mola de sucesso, à concorrência a qualquer preço, à desumanidade. Por isso exige de nós mais atenção e necessidade de incutir determinados valores e princípios.

Ser pai, obriga a ter capacidade de enfrentar a dor, de cada decisão tomada perante os filhos, mesmo que eles não a entendam. Importante é ter a consciência dos nossos saberes e experiência para os defendermos e preparamos, na obtenção de algo benéfico ao seu futuro.

Como diz o povo “as desculpas não se pedem evitam-se”, por isso não nos desculpemos deixando de assumir aquilo que, entendemos de forma civilizada, humana, afectiva, e importante como cidadãos e seres humanos, sermos pais.

Eu gosto de ser pai.


segunda-feira, 18 de março de 2013

DE CURVA EM CURVA


A curva que surgiu encontra uma outra que fugiu e de curva em curva seu corpo se desenhou. De curvas e contra-curvas de relevos bem pensados, de gestos mais abusados, foi assim que Deus fez quando a mulher criou.

Eu penso que ele não sabia muito bem o que fazer, andou entretido e com muita hesitação na forma a escolher, por isso, tanto relevo de prazer. Vitima foi o Adão deste deambular ébrio, que até hoje viveu com a mulher um caso sério.

Séculos passados, por anos divididos, em horas de muitos enganos, minutos sofridos, até ao segundo vividos. Sôfrego Adão se viu envolvido em preciosa figura, que Deus lhe atribuiu, que desde aí nunca mais lhe fugiu.

Nem todas as religiões vêm assim o princípio do mundo, eu que não sou crente, aceito que assim seja, pois a mulher é um ser que muito se pensa e deseja.

Mas não consigo deixar de pensar, que tudo isto não foi fruto do acaso de um Deus a divagar, ou se ele também pensava numa mulher para se casar.

DC

sábado, 16 de março de 2013

O PRAZER DE NAVEGAR


Sim onde andas tu alma
Que nas noites de inverno
Me trazias o afago e a calma
E me tiravas deste inferno

Oh, sim princesa do meu castelo
Que fugias para os meus braços
E procuravas com desvelo
Recuperar de teus cansaços

Falava-me de saudade o teu corpo
E eu de ti o prazer de navegar
Ficava suspenso de olhar absorto
Levando longe o meu viajar

Agora ao entrar da noite escura
Ou nos momentos de partida
Se torna mais dolorosa a lonjura
E na alma a saudade como uma ferida.

Esperar-te-ei na beirada do caminho
Sem medo da noite gelada
Como no seu ninho um passarinho
Esperando o nascer da alvorada

sexta-feira, 15 de março de 2013

UMA NOITE.. NA MÚSICA



Deixando deslizar as notas da guitarra sobre a superfície do ouvido, vou deixando surgir as palavras que aqui vou escrevendo.

Sinto cada nota na pele como se os teus dedos me dedilhassem despertando cada poro.
Cada mudança de tema é um amplexo de prazer que vou descobrindo nos beijos com que me vai deliciando. Vou vogando sulcando os ares empurrado por brisas diversas que sucessivamente me vão levando mais longe no prazer do desfrute.

Sonho-te, imagino-te, vejo-te.. desnudada, libertando teus braços em movimentos loucos, enquanto o ondular do teu corpo faz vibrar o espaço que enches com a tua presença. Rodas teu corpo sobre os bicos dos pés, como se quisesses marcar o ar com espirais, libertando o teu perfume na emoção que te domina e se vai espalhando no ar.

Debaixo da luz amarelada, em que te moves, as nádegas umas vezes salientes outras escondidas. as coxas que se movimentam desenhando os músculos, os seios roliços, que se agitam, o cabelo que se solta emoldurando o teu rosto onde os teus olhos se semicerram, ou se abrem de espanto, a tua respiração se torna mais e mais intensa. De repente despojas-te no chão como um pássaro agonizando de um voo peregrino.

E eu? Eu sorvo-te, como a sede num deserto, e deixo-me ir sem destino ao sabor dos teus desejos.

quinta-feira, 14 de março de 2013

TEMOS PAPA ....NÓS TEMOS É FOME

É assim, todos se preocupam com o Papa, que foi eleito e os que têm fome continuam com ela e não fazem parte dos noticiários. Ou seja temos Papa, mas não temos papa, comida, morfos, shop, shop... e por aí fora.

Elegem um Papa, com idade avançada—76 anos—, para que não tenha tempo, nem paciência, para fazer seja o que for e manter tudo o que até agora existe. Vão continuar as lavagens de dinheiro, os negócios de armas, etc.,etc. etc.?? Então a estória de ser eleito um Papa, mais novo, cheio de força na guelra, disposto a corrigir tudo, como se dizia à boca pequena, para onde foi?

Interessante é que escolham um Papa argentino(?). Será coincidência? Hummm...não me cheira. Nada é por acaso,a América Latina estava mesmo a precisar de uma coisa destas, já que os EEUU estão com dificuldade em encontrar uma solução, para resolver algumas espinhas que têm encravadas na garganta com estes novos presidentes populares, em países, onde antes eram réis e senhores.

Fica aqui um extracto de um texto de Júlio C Gambina*
publicado Argenpress.info. 13MAR2013, que ajudará a perceber melhor a situação
         .....

Há 40 anos o neoliberalismo foi ensaiado em nossos territórios com as ditaduras e o terrorismo de Estado, para a seguir estender-se por toda a orbe. A Igreja da Argentina, salvo honrosas e escassas excepções, acompanhou a ditadura genocida nesse parto neoliberal, ainda que agora fale contra a pobreza e a ética.

Um PAPA polaco chegou à Igreja para acompanhar o princípio do fim da experiência socialista, ainda que se discuta o próprio carácter daquela experiência. O capitalismo mundial necessitava do Leste da Europa. A Alemanha assim o entendeu. Os EUA também. Sem o Leste da Europa, já abandonado o projecto socialista original, o mundo deixou de ser bipolar e constituiu-se o rumo unipolar do capitalismo, transnacional e neoliberal.

O rumo unipolar está a ser desafiado pela mudança política na Nossa América e o ressurgir do socialismo, seja pela mão da revolução cubana ou pelos processos específicos que emergem em alguns países (Venezuela ou Bolívia), inclusive em variados movimentos políticos, sociais, intelectuais, culturais, na nossa região.
        ........
         *Presidente da Fundación de Investigaciones Sociales y Políticas, FISYP .

quarta-feira, 13 de março de 2013

MAIS UM DIA DE MERDA...



Não posso deixar o dia correr sem manifestar o meu grito de revolta.

Perdem-se horas nos media televisivas, rádio ou impressos, comentando a eleição do Papa. Cobertura e mais cobertura jornalística,  entretanto morrem de suicídio pessoas que vêm a sua vida destruída por este governo estrangeiro, que governa a Pátria, e tudo se transmite num curto espaço de tempo e logo se passa ao futebol do dia.

Os comentadores políticos perdem horas a dar sugestões, contrárias às sugestões que em tempos tinha sugerido, e parecem todos saber mais do que um qualquer "Papa".
Nesta actividade “politica.ó. jornalística ” se perdem horas, a ouvir as opiniões de todos os bem falantes e apessoados, menos aqueles que pagam a austeridade perdendo direitos, vendo diminuir o seu poder de compra, com o desemprego e abaixamento de salários.

Escondem-se as misérias e as medidas miseráveis que se tomam em nome da austeridade, protegem-se os gandulos que enriquecem com a crise, deixa-se que Isaltinos, BPN, Limas e outros, livres ou com pulseiras — mais caras que algumas jóias de ourivesaria — e o povo com as suas dificuldades, são varridas para debaixo do tapete da indiferença.

Não entendo como um patrão pode mandar para o desemprego um funcionário para poder manter o seu estatuto económico e social, mas muito menos o governante que o protege. E não entendo, como este tipo de gente, consegue sentar-se à mesa para a refeição com a sua família, ouvindo a notícia, de que alguém se suicidou junto com os filhos, porque não tinha que lhes dar a comer, porque honesto, não queria roubar. 


E o que todos devemos fazer??? Talvez f...-los como diz o cantor, ou seja mandá-los trabalhar. Talvez apelar aos deputados que no parlamento não estão de acordo, que pateiem os governantes e não os deixem divulgar as mentiras. Talvez fazer uma greve indefinida até que caiam do pedestal e o povo os possa julgar pelos crimes de lesa Pátria. Quem sabe, talvez assim pudéssemos comer presunto, porque os porcos iam para fumeiro.

terça-feira, 12 de março de 2013

ToMAR DECISÕES



O mar cinzento pelo reflexo das nuvens, e a espuma branca das ondas em contraste com o plano do passeio definiam a linha do mar. As pessoas dentro dos carros observavam o espectáculo do mar que sobressaia entre a chuva intensa que caía. Ela era uma das poucas pessoas que de forma intermitente interrompia a sua observação, lendo o livro que tinha no regaço, ou dormitava, naquele cerrar de olhos leve que nos deixa entre este mundo e um outro que desconhecemos.
Na prática aquele estar junto ao mar, era uma forma de deixar correr as preocupações que a atormentavam e os sentimentos cada vez mais confusos que a trespassavam.
O clima emocional, não lhe permitia ter a melhor visão dos factos, o cinzento também pairava na sua cabeça, e se não surgir um arco-íris que de repente se sobreponha à tempestade, será difícil ultrapassar a angústia que a domina.

As decisões a tomar tão dolorosas e difíceis, e, por vezes inexplicáveis, são um tormento que se lhe depara. Por mais que se diga que a vida continua, na verdade, nada será como dantes. Sejam questões de ordem económica, sejam questões de ordem sentimental, elas exigem, não raras vezes, uma racionalidade que a deixa vazia por dentro, com marcas profundas, que mesmo com o correr dos tempos se tornem mais suaves, não deixam de periodicamente sangrar.
Ela gostaria de colocar um fim, ao seu desassossego, ficando liberta, mas ao mesmo tempo sente que lhe pode estar a fugir entre mãos algo mais valioso, que neste momento não consegue enxergar bem a sua dimensão. Daí o medo das decisões, o medo das escolhas. Sabe que os dias correm vertiginosamente e cada vez menos tempo e as oportunidades de ser feliz, realizar os seus projectos, alguns somente sonhados, vão escasseando. E o que pode acontecer, é de repente olhar para trás e encontrar um enorme vazio difícil de preencher.
É bom, quando se olha para trás, e se fica com a noção de ter tomado as decisões certas, no tempo certo, mas como ter a certeza, agora, perante os acontecimentos, de que está a decidir pelo mais certo?
Na verdade todos sabemos que por vezes é preciso arriscar e não ter medo. É no acerto e no erro, que se vai evoluindo, construindo futuro.

Olhou o mar e viu as ondas sucessivas que se iam desfazendo contra o muro, repetidamente cumprindo os ciclos. Ali estava o gráfico da sua vida, de sete em sete vem a onda maior, tudo muda de dimensão, os acontecimentos se manifestam de modo semelhante, mas nunca iguais. Uns dias na crista da onda, noutros bem em baixo nos pés da sua formação, mas todas elas no mesmo meio, a vida.

A decisão estava tomada, não deixaria que os acontecimentos matassem o sentimento que a mantinham viva. Tinha que aguentar um pouco mais, até que chegasse o momento em que o mar iria diminuindo o volume da ondulação, ficando quase um lago somente agitado pela brisa do entardecer, e procuraria gozar esse momento o mais tempo possível, porque bem o merecia.

domingo, 10 de março de 2013

CONSTRUIR UMA VIDA



Construir uma casa bonita ou feia não é importante, importante é construí-la. É não deixar que os dias se esgotem construindo as casas dos outros e sonhando com a materialização daquela que nos acompanha no pensar dos dias.

No cimo da falésia, vai nascendo no espaço da antiga casinhota, a casa que há-de pasma-lo diariamente olhando o mar.

Em cada pedaço construído, sente-se mais próximo de quem amava, e vê reconstruir novos laços com os amores de toda à vida.

Pena foi, que para dar tal passo, fosse necessário saber que tinha um prazo para existir mais curto que o previsto.

Nada será por acaso, o que ontem parecia um facto tenebroso, no hoje, é pensado como uma bênção e um mal menor. Tudo acaba por contribuir para que transformemos os desígnios das nossas vivências.

Vivemos anos, dias, horas e segundos matraqueando a cabeça com projectos que vamos vivendo em sonhos e protelando vida, e vamo-nos deixando morrer na apatia, na sensaboria da nossa existência.

Nem sempre o dinheiro, ou a falta do projecto são razões para não se obter a realização dos nossos sonhos, a maioria das vezes são a nossa cobardia, o nosso comodismo, o nosso egoísmo os culpados, de não obtermos ainda a tempo, nos anos áureos da nossa vida, aquilo que seria o fermento que embelezaria o nosso estar aqui.

Não se pode deixar que esta nossa, tão curta, passagem à superfície da terra, seja constantemente desaproveitada, pensando mais na “morte da bezerra”, do que na realização do amor, da amizade, do bem estar mental, que é o alimento base da nossa criatividade, do nosso sorriso, do nosso prazer de sermos vivos.

Todos nós temos direito a ser tocados e a tocar os que amamos, com a carícia, o beijo ou o abraço e este gesto não pode ser deixado para o amanhã, em nome de um nada menos importante.


DC

sábado, 9 de março de 2013

SORRISO INGÉNUO




Sorriso ingénuo
Talvez
ao certo, certo
trás muitos porquês
Dá que pensar
se é ingénuo o sorriso
ou é aparente disfarçar


Os olhos não respondem
Com a mesma alegria
que ao sorriso parece
Talvez porque escondem
o quanto sofria
e do mal de que padece

Ri do amor que tanto falam
goza com o sentimento
e do sofrimento
que muitos calam
E no entanto sempre procura
O amor a cada momento
é toda a sua loucura
e quando ele acontece
toda ela feliz floresce.

DC

sexta-feira, 8 de março de 2013

MULHER, SIMPLESMENTE MULHER




Todos, devem saber da origem, ou razão do Dia Mundial da Mulher, e se não sabem têm a obrigação de o procurar saber.

Os dias da MULHER são todos, e este, hoje, não é o dia de “santificação” comercial das suas qualidades e valores sociais.

Por vezes penso, que fazer realçar este dia é tornar idiotas todos os que argumentam e escrevem sobre isso, mas na verdade tenho de reconhecer, que nunca é de mais aproveitar para agradecer a sua existência e sua importância no meio de todos nós.

Por isso, e não só, este dia mais do que um dia de celebração festeira, deve ser vivido como dia de luta, em especial, por todos aquelas e aqueles a quem, no seu país, ainda não reconheceu o papel que representa a mulher no dia-à-dia da sociedade.

Avó, mãe, filha, irmã, esposa, companheira, neta, tia, prima, cunhada. Operária, enfermeira, doutora, engenheira, advogada, actriz, pintora, princesa, rainha ou ministra, seja quais forem os graus de parentesco ou de intervenção na sociedade, a MULHER é um ser activo, omnipresente, um ser pensante interventivo e suporte estrutural nas mais variadas funções da sociedade humana
. Ela é inteligência, resistência, perseverança, dor, emoção, corpo, prazer, desejo, amor. É vida.

Aos que dizem, que as forças de vanguarda se apoderaram deste dia como propaganda, mais não são que mistificadores da realidade. A mulher em si é vanguarda, como tal, ao reservar-se este dia para celebração, é precisamente para que ninguém esqueça do grande, enormíssimo, papel que ela representa desde sempre sociedade, muito mais ainda nos tempos difíceis de hoje.

A celebração do dia da mulher deve ser feita de factos, de atitudes, de manifestação de um querer colectivo em torno da consciência de si própria e do que representa como ser humano. A MULHER como ser interventivo e imprescindível, como companheira de luta na vanguarda de todas as lutas, sejam elas quais forem.

DC

MUDA, muda com a gente...



Queria dar os bons dias, no entanto os sons não saem nem as palavras escritas se encontram. Guerreiam-se as diferentes maneiras de pensar, e não consigo chegar a uma conclusão. Quanto de humano tenho, para entender, que tem de haver lugar ao perdão, à compreensão, a aceitar os outros como eles são?

Na verdade não consigo dar a outra face a esses filhos da puta nos governam que todos os dias me roubam, não consigo, inclui-los, no meu bom dia e muito menos perdoar-lhes.

Há pessoas, que se fosse como dizem os crentes na reencarnação, viriam reencarnados de diabos e filhos da puta, (perdoem-me as mães) e teriam de rapidamente que voltar para onde vieram com sacos de gelo, porque se fossem regados a gasolina voltavam de certeza. Eles são tão maus, tão maus, que os ratos não lhes tocam, nem as moscas lhe passeiam o corpo.

Todos precisamos de ter algum dinheiro que chegue para viver com dignidade e qualidade de vida, sem ambições maiores do que sermos humanamente viventes. Pois. Mas há indivíduos que só pensam em acumular dinheiro, que vivem dinheiro, cheiram a dinheiro e dizem que dinheiro atrai dinheiro. No entanto todos sabemos que o dinheiro não se planta, nem se rega. Ele surge, porque fazem dos corpos de uma imensa maioria de humanos a sua terra, do seu sangue a água de rega e o fruto do seu trabalho o adubo com que enriquecem. E o que fazer??? Pergunta-se.

Talvez mandá-los para o Alasca num qualquer Titanic, ainda mais moderno, que os mantivesse bem afastados de todos nós. Para que isso aconteça temos de vender-lhes o nosso medo e ficarmos com a coragem entalando-os de todos os lados, começando pelas ruas, e acabando à porta de suas casas, embalando-os para a feliz viagem.

Por mim, que até tenho pressa, prefiro demorar mais (?) algum tempo, para que todos possamos decidir colectivamente, do que nos apressarmos e ficarmos com o cutelo no pescoço. O 25 de Abril teve muitos cravos, mas hoje temos de os cravar mesmo, na cruz que eles próprios construíram e desta vez sem volta e indemnizações.

quinta-feira, 7 de março de 2013

a CHEGADA é só UM PONTO DE PARTIDA



Tantas vezes no meu escrever, a palavra, caminhar, aparece que me pergunto se sou um peregrino da vida.

Caminho na estrada, na alma, no silêncio por opção, na vida sentida e suas emoções, no desenho que esboço, na tela que pinto, naquilo em que me minto, para não saber se terei de escolher um outro caminho. As rotas são variadas, os princípios confusos, as chegadas nem sempre alegres, na verdade a viagem é o que de bom se vive e nos conforta, para novas experiências e novos ”des”caminhos.

Talvez a palavra “caminhar”, me diga mais do que “parar”, diz o povo: “parar é morrer “, então prefiro toda esta agitação de percorrer os diferentes pisos, de diferentes estradas, porque na verdade a chegada é só um ponto de partida.

DC

quarta-feira, 6 de março de 2013

DIVAGAR SObre A IMAGEM



Divagar sobre a imagem que se nos depara, como se ela nos trouxesse uma estória de vida. Ela, imagem, fala-nos dela, senhora de sonhos...a cor sépia remete-nos para o passado, para a memória...
....na sombra de seu chapéu, largo de cor clara, metade do rosto por vislumbrar. Resta a boca perfeita com lábios dimensionando beijos, mesmo sem saber se em seus olhos se escondem outros desejos. Todo ela encantamento, frágil figura de ombro estreito trás sobressalto a preceito e devora o nosso coração dentro do peito... penso, sonho, ou traição da memória que me arrasta para o presente? E isso interessa?


DC

terça-feira, 5 de março de 2013

AGARRA O ARCO-ÍRIS



Oh, como seria bom, passar ao lado da incerteza e ter mais do que o abraço, mais do que a carícia, mas a certeza de que enrugarás teu corpo ao lado do meu, como se de unha e carne, como se vida e sol, como sal do pranto e da alegria, amor de todo o sempre, mesmo nas angustiadas dores das tenebrosas caminhadas no inferno, que por vezes aos nossos olhos assume o mundo. 
Vai olhando o sol, sentindo a doce brisa do mar, põe o teu melhor sorriso para o dia, arrepela o infortúnio com o teu escárnio, saboreia o caldo da sopa que te resta e acredita que nem todos os amanheceres serão cinzentos. No arco-íris, o cinzento, o branco e o preto não existem, não são cores, são emoções visuais da sua ausência. Na íris dos teus olhos deixa brilhar cada tonalidade da tua alma, sem medo de te revelares, passa aos outros a mesma esperança que em ti queres ver, e sentir, rejuvenescida, a todo o momento. 
Veste o corpo com o teu sentir, deixa que na pele refuljam as diferentes cores adequadas ao momento, mas nunca te vistas das não cores que te arrancam à vida. Acredita que o brilho das cores e suas tonalidades te escorrem da alma os defeitos, as maleitas, e te deixam caminhar em algodão de nuvens, mesmo quando os vidros são o leito.
A coragem, é a força com que enfrentamos os medos e lhes resistimos, até nos sentirmos vitoriosos, mesmo que exangues. 
As mudanças sempre existem, boas ou más, como as estações do ano trazem coladas a si renovação, fazem parte do nosso crescer. Como a árvore que trás no interior do seu tronco, o desenho das espirais do crescimento e o passar dos tempos. Também nós, todos os anos vamos enriquecendo com as alegrias da primavera, o sol do verão, o cair da folha no Outono e a chuva que nos lava e nos prepara para uma nova fase. É este um facto da vida, que nos deve deixar confiantes e esperançados no dia que hoje vivemos, com a certeza que enriquecerá certamente o amanhã se assim continuarmos a pensar.
DC

domingo, 3 de março de 2013

SER SOLIDÁRIO


O que será necessário acontecer para que todos nós saibamos quanto é importante sermos solidários humanos abertos às emoções. Pôr de lado egoísmos e interesses, pensarmos sociedade una nos valores que nos trazem a diferença das pobres bestas.

sábado, 2 de março de 2013

em TEU NOME


Deixo-me, pensativa, enredar-me nas formas lisas que me contornam o corpo, deliciando-me com a brisa que por elas desliza, enquanto os pensamentos vogam ao longo das margens da minha existência.

No horizonte, vejo meus sonhos desenharem dias e emoções, aliciando-me a sentir perda de estar aqui. No entanto, nada me demove deste silêncio, só interrompido pelo vibrar do meu corpo, que recupera energias neste sol tão presente com que tu me iluminas.

Vivo o dia de hoje, neste relaxar de cansaço prematuro, de procuras e vivências intensas, de descaminhos tantas vezes saborosos e outros nem tanto. Carrego com prazer este entardecer em que a paz me abraça, e fico vivendo a vizinhança de outras, que se movem dizendo da alegria de serem presentes na amizade com que me aconchegam.

DC


sexta-feira, 1 de março de 2013

Nas SUBTILEZAS DO DIA



Nas subtilezas do dia, o calor do teu corpo neste amanhecer da maciez da tua pele, e o abraço aconchegante de um despedida efémera.

Fica sempre o toque e o cheiro, reservado no subconsciente, para os momentos em que a ausência se faz sentir.

Somos Cruzados numa luta, que não impõe dogmas, mas sobrevivência dos sentires. Tentaremos chegar ao fim sem perder a coragem, nem minguar no esforço de exemplar vontade.

Fica bem. Acompanha o sol dos meus beijos, percorrendo caminhos que os dedos há muito desenharam em teu corpo.

Assim eu gosto de acordar neste sol de inverno.

DC