sábado, 31 de agosto de 2013

Um ABRAÇO....




...... de amor
Um abraço de amizade
Um abraço de calor
Um abraço de saudade
Um abraço de chamego..

Nem sempre abraços
Envolvendo um corpo
Por vezes só palavras
Por vezes um expressão de fim de texto
São abraços de qualquer jeito
Usados como pretexto
Que nos enchem o peito

Direi querido abraço
Que aproximas o meu amigo
Afastas o meu inimigo
Que dás cor aos meus braços
Não deixes que o cansaço
Te impeça de a todos dar
O aconchego e o calor
Dum abraço no seu apertar

DC


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

MÚSICA e UM CORPO


Correndo as notas da música, encontrei nas teclas do teu corpo as respostas ao meu amor. Cada nota surgida era um beijo, e no andamento o ritmo da vida que possuímos, A cada pauta preenchida na pele de teu corpo, uma nova música nos envolvia e encantava, De cada um dos diferentes sons fizemos a linguagem das noites e do dia fizemos instrumento das melodias que íamos construindo.

Fizemos amor entre colcheias e semi-colcheias, dó menor ..dó maior, e um fá sustenido sempre que necessário.

Se fizéssemos o conservatório de um Kama Sutra, ou de Uma filosofia de Alcova, não seria tão perfeito o concerto das nossas vidas.



DC

terça-feira, 27 de agosto de 2013

ADENTRANDO A NOITE


Fiquei pela noite dentro olhando o escuro, de olhos abertos, procurando ver mais do que o visível. Ouvi a voz, lá longe lançando as palavras repetidas da rotina, já não falam de nós, entram na vulgar comunicação, dos dias sem brilho que nos apoquentam, Não é insónia o que me domina, É mais o que se não diz, o que fica suspenso, o medo de dizer, “eu penso”, “eu quero”, “eu desejo”, “eu te amo”, ou não, É saber da eternidade das horas que se duplicam no peso dos minutos e segundos que decorrem. Será que um dia teremos a coragem de dizer, as frases que respondem às nossa inquietações, sem medos ou precauções?

Esperamo-nos, caminhando na proximidade das vontades, e de repente, uma sombra nos atingiu, se espalhou e escureceu como esta noite, que não é de insónia, Perdemos o rumo e nos encaminhamos para o absurdo de encontrar a resposta no sonho.

Sonharemos muito e perder-nos-emos do que fomos e do que somos. Possivelmente.

DC

domingo, 25 de agosto de 2013

SILHUETA




Perdi
a
silhueta
desenhada
vazia
noite
escura


Fiquei
rasgada
dentro
perdida
buscando
fim

Encontrei
paz
enfim
a
noite
sumiu
pra
mim

dc

sábado, 24 de agosto de 2013

HÁ MUITO TEMPO....





............. que não te abraço
Há muito tempo que não sinto as tuas carícias
Há muito que te penso e não te tenho

Vivemos neste tempo ao minuto
Vivemos sempre como num reduto
Vivendo limitados ao que podemos
Sem pensar se é isso que queremos

Há quanto tempo não trocamos um beijo
Há quanto tempo não matamos o desejo
Há quanto tempo não te tenho

Há muito tempo que cansei da falta do teu abraço
de não sentir o teu beijo e o teu corpo no meu regaço
Há muito cansei de viver o que podemos
Tendo a certeza que não é isso que queremos

Vivemos há muito com o que repudiamos
Há muito tempo que nos queixamos
Há muito tempo que evitamos pensar
Vegetamos esquecendo que é tempo de lutar.

DC




terça-feira, 20 de agosto de 2013

BLAH, blah, Blah, bLaH, BLAH

PINTURA DE MEL BOCHENER - No museu de Serralves

Blah, blah, blah...
enche a boca o pronunciar
muito gente no seu falar


Blah, blah, blah...
põe a gente marada
fala, fala e não diz nada


Blah, blah, blah...
muita parra pouca uva
olhamos e pensamos

Blah, blah, blah...
vai dar uma curva


Blah, blah, blah...
bem fez o pintor

Blah, blah, blah...
não é consigo
com letras e cor
fez um blah, blah, blahr..
em linguagem com sentido


Blah, blah, blah...
fica aquele que não diz nada...
falando para as urtigas
que o meu blah, blah, blah...
não vai nessas cantigas.

DC

domingo, 18 de agosto de 2013

NA CABEÇA POR INTEIRO





Cada cabeça sua sentença
Cada chapéu uma presença

O chapéu na cabeça
Tapa o sol e o frio que apareça

Cobre a cabeça por inteiro
E trás marca do seu cheiro

Encobre o pensamento
O dono e seu sentimento

É paixão e bem vestir
Para um amor a surgir

Se por acaso tem uma flor...
É uma aviso de amor

DC

sábado, 17 de agosto de 2013

O SOL ESTAVA PRESENTE





Cantarolando entre dentes, ia calcorreando o empedrado miúdo, que ia desaparecendo sob a sola das sandálias, Quase me apetecia descalçá-las, para sentir o chão na polpa dos pés, e a força dos dedos se firmando a cada passada, Poderia assim ligar-me à Terra e aproveitar o que me quisesse comunicar.

O sol estava presente em tudo, Na luz do chão que pisava, no torrar das paredes dos prédios e casas, na clareza das cores, nas plantas se exuberando, nas sombras irregulares dos muros que desenhavam perfis de uma cidade imaginária.
O sol de verão, luminoso, transmitia alegria e calor a todas as superfícies em que tocava, ajudado pela brisa suave que se deslocava de forma intermitente no ar.

Eu procurava não me perder no decurso dos pensamentos, Olhava as casas grandes semi-abandonadas, com paredes de pedra e alpendres, imaginando o que poderia fazer para as recuperar e adaptar às necessidades actuais, sem desvirtuar os princípios que as tornavam sedutoras aos meus olhos, nem eliminar as flores que se penduravam nos muros que as envolviam. E sonhava, sonhava vivê-las por dentro.

Os carros passavam longe. O ruído do trabalhar dos seus motores, surgia aos ouvidos como uma rajada de vento, que se diluía no ar. Enquanto isso, tudo observava como se fosse a primeira vez que por ali andava, Não tinha pressa de chegar ao destino, o pouco tempo que teria para realizar os objectivos à muito traçados, traziam inquietação, em contra-ponto com a necessidade de gozar aquele momento.

Quando descia uma das ruas que me aproximavam de casa, Vi-a, Trazia um carrinho de mão daqueles usados para transporte dos sacos de compras, com uma caixa de cartão, e nela pousada uma flor vermelha de Jardineira, talvez destinada ao seu grande amor, Vestida com um casaco escuro, os cabelos totalmente brancos diziam da idade, O sorriso no seu rosto marcado pelo tempo, falava serenidade e prazer de desfrutar o dia. A idade parecia ter perdido o peso, certamente voava, como eu, para outros sonhos. Fiquei feliz ao vê-la, Deu-me a certeza de que valia a pena viver a alegria do dia.

Os jardins da urbanização e os edifícios mutuamente se evidenciavam, As flores vermelhas fizeram-me parar e captar a sua imagem para dentro do cartão digital, Mais à frente novamente os girassóis, se atravessavam no meu caminho e sentia-os mais do que nunca, como o meu mundo de gente pequena. Tudo me tocava por dentro.

Algo de nostálgico e sublime se passara neste meu viajar andarilho e me fizera sentir humanamente recuperável.

A vida é muito mais do que problemas económicos, zangas, guerras, ou bens materiais, é uma saudável paz de espírito, com nós próprios.

DC



quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O GIRAsSOL TÃO ENGRAÇADO






O girassol, dizem, assim chamado, porque a sua flor acompanha o sol na sua trajectória do nascente ao poente, Para os Incas, talvez pela sua cor amarelo dourado, o girassol era uma referência ao deus Sol, que veneravam através de representações da sua imagem, moldadas em ouro. É também uma flor que simboliza, sucesso e fertilidade.

Bem o digam as abelhas e pássaros, que os procuram atraídos pela sua cor e para se banquetearem como alimento, assim como nós. Os girassóis, com as suas sementes com sabor a noz, são um nutriente, que traz grandes de benefícios ao corpo humano, sem falar da satisfação espiritual, com que a suas cores quentes e formato, nos prodigalizam.

Outrora, os girassóis eram um sonho dourado aos olhos das crianças, eles efectivamente “procuravam o sol”, e se encantavam com as posturas que assumiam, Umas vezes altivos, outras vergados ao seu próprio peso, como nós pessoas perante o cansaço dos amores perdidos ou não encontrados.

Não será um “mal-me-quer”,ou um "bem-me-quer”, com que nós procurávamos fazer o jogo de amor, mas poderia cumprir a mesma missão, no entanto gosto mais dele como é, enriquecendo com a sua forma, dimensão, cor, luz e o espaço azul onde se recorta.

DC


terça-feira, 13 de agosto de 2013

SACRED SPIRIT...



... falam

Não entendo a sua língua, sinto somente a brisa que sopra de dentro da terra de forma mágica, respondendo ao evocar os seus espíritos.

Minhas mãos e meu corpo se agitam ao sabor dos sons que vão chegando, Um arrepio saudável acompanha o voar da águia que ao longe procura a sua presa.

Voo no desenho mental das quedas de água, de o “Último Moicano”, Na estória do soldado isolado no meio de nenhures, e esboço a sua união com os índios, num mundo livre, onde se vai aculturando o soldado do exército americano, no “Dança com Lobos”, relembro a traços largos “O soldado Azul” e o massacre dos índios, Por fim as Montanhas Rochosas cenário de muitos filmes medíocres, que nos falavam da conquista do inóspito território índio e que procuro apagar. Tudo regressa à memória, enquanto a música se entranha.

Deixo-me ir sem tentar ler as vozes, que sob a música, evocam os conteúdos distantes do meu conhecimento - Tatanka :Ly o lay Ale loya – procuro sentir essa ligação dos homens à terra, aos deuses e aos espíritos que povoam na sua linguagem.

Fecho os olhos, sinto-me dentro do Tipi, irmanado com os meus pares, partilhando o cachimbo sagrado ao redor da fogueira, nesse transe de abertura aos espíritos, que me falam de outras histórias não alcançáveis por todos os seres humanos...

DC

ASSIM SE DEIXOU SONHAR




Deixou-se correr
            com os pontapés da natureza
a limar o seu corpo
            da sua rudeza
e assim renascer.

Sofreu dores e descaminhos
            sem saber por onde ia
mas em si reconhecia
            sua pele
            se transformava
 
Os dedos já não magoava
            aos que nela tocavam.

Com a doçura dos seus olhos
            sentia que a apreciavam.

Deixou-se ficar
            no desfazer da onda
na areia da praia
            sem pressa de partir
pois alguém poderia
            nela pegar
e com sua mão a acariciar
            num outro moldar.


Assim se deixou sonhar

DC

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

ENTRE PALAVRAS..





...se perde a realidade, fica o vazio, como entre cada minúsculo pedaço de matéria.

Qual a dimensão do vazio, será que tem o mesmo volume da matéria, ou será maior?

O negro absorve a luz, não é cor, Razão para tanto gostarmos da luz do sol e encontramos nela um prazer especial, o brilho do arco-íris.

Talvez como a luz descobre os objectos, ocorre a necessidade dos episódios de riso se instalarem entre cada frase, entre cada escuta, como que procurando preencher vazios, ou anular o constrangimento dos silêncios prolongados pelas incertezas.

Dividimos a atenção entre o lá e o cá, numa escuta intermitente a duas vozes, onde se mistura o que se diz, com aquilo que vamos ouvindo e vendo nos outros, que à nossa frente se vão mexendo e falando.

Incapazes, deixamo-nos converter ao papel dos mosquitos, encadeados pela luz do rectângulo, em vez de vivenciarmos cada segundo, cada abraço, cada momento de encontro possível.

DC

sábado, 10 de agosto de 2013

Como seria bom poder viajar...





...numa estrada sem fim, com um horizonte sucessivamente renovado, sem rota, saboreando cada bocado de vida que se proporcionasse, enriquecendo de saberes, de sabores, e múltiplos prazeres. Sem destino, e muitos lugares para andarilhar. Aproveitar os momentos de caminhar sentindo as águas da chuva escorrendo pelo corpo e cortina sobre o rosto modificando o olhar, O calor morenando a pele, a brisa do fim de tarde, O pôr do sol, O amor acompanhando os fins de tarde, numa esplanada perdida algures num qualquer lugar.

Mas vão-nos cortando as asas, para que nos resignemos à missão de trabalhar e fiquemos pelas imagens das paisagens, das casas, dos mares, dos campos, das cidades, dos diferentes povos que desfilam perante os olhos, através do cinema, televisão, ou internet, Como é injusta, a sociedade em que vivemos.

Nada é definitivo só a morte, tudo mais é transitório e dura o que tem de durar não mais do que isso. Gostamos e desgostamos, começamos e recomeçamos, fazemos e desfazemos, sempre ambicionando mais e melhor, como é natural, por isso só nos resta lutar, sem desfalecimentos para obter a tal sociedade mais humana mais igualitária, que nos aproxime da realização dos nossos sonhos.


DC

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

RESPIRO-TE na noite ACORDADO



De que sei eu falar se vivo a arengar
que espero momento a momento
a brisa da voz que desapareceu no ar
deixando-me sem alento.

A alma já se dilui na negra noite da dúvida
indo fundo penetrando na terra da incerteza
entre razões e emoções na mente a vogar
no turbilhão da tristeza

Na memória dos dedos o orvalho
da pele de veludo do teu corpo
ficam esperando o reencontro.

Respiro-te na noite acordado
até ao chegar da madrugada
Esperando-te flor em amor transformado 

DC



quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Deu-me uma “branca”...







...ou seja de repente perdi o “fio à meada”, fiquei olhando sem saber como continuar a conversa, Como num filme, todo o mundo mexia, só eu parado suspenso no ar. Algum factor exterior a nós próprios, deve despoletar este estado físico e mental.

Do mesmo modo nos últimos tempos fico em branco quando leio, As palavras desfilam pelos olhos, separadamente, sem as conseguir juntar e tirar o sentido das frases, perco-me sucessivamente, voltando atrás procurando encontrar o fio condutor, A repetição não resolve, continuo a fazer intervalos e brancas sucessivas que me projectam para longe do que leio, Fico sem saber se é a força da palavra em si, ou a minha branca, que me faz distanciar e perder a ligação das palavras em frases coerentes sustentando conteúdo do que leio. Não digo que seja desagradável de todo o vazio que se instala, é como uma garrafa sem conteúdo interior, só a forma a desenha, perde-se da função, assim sou eu, uma cabeça perdida sem conteúdo substantivo. O invólucro está cá, mas o resto....

Como posso escrever este texto se tenho “brancas”? De facto, ao escrever estas linhas, das quais me desculpo desde já, não é mais de que um pretexto para explicar o inexplicável, as minhas “brancas”, que me impedem a regularidade do acto de escrever.

DC

domingo, 4 de agosto de 2013

Como, Quando resulta perfeito




Como eu respiro teu hálito
           Quando nos beijamos
Como eu sinto teu cheiro
           Quando encostas no meu peito
Como admiro ser eu teu hábito
           Quando nos amamos
Como te quero de corpo inteiro
           Quando te entregas ao teu jeito
Como acontece
           Quando tudo resulta perfeito
                                     dc
        
 


 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A CASA SUB-NUTRIDA



Numa das muitas caminhadas, em direcção ao Barigui com a máquina fotográfica na mão ia captando imagens que me apareciam e que de algum modo me permitiam fixar, um pouco daquela parte de Curitiba.

Ela estava lá, e já por mais de uma vez tinha reparado nela, causando-me estranheza.

A sua estrutura não correspondia ao comum das outras que por ali existiam. Toda em madeira contrastando com o betão da modernidade e os condomínios fechados. Aquela era uma casa, dizia eu para comigo, estava sub-nutrida, sem vitaminas. Falta-lha a vitamina da cor, a da estrutura que agarra os diferentes materiais e a do calor humano. Certamente abandonada há muito, mas com uma personalidade invulgar. A arquitectura era simples, comum, mas tinha uma traça que a tornava familiar, como sempre fizesse parte do meu imaginário. Prendeu-me e captei.

Durante alguns dias, em que por ali passei, na minha memória fui fixando a imagem da casa como um se na minha mente estivesse um fantasma falando.

Com o terreno envolvente a pedir que o cuidassem, talvez, se reconstruída, a sua exuberância voltasse, tornando-a mais atraente, motivando a que voltasse a ser habitada por gente que continuasse fazendo história.

DC

O Parque Barigui (ü) está situado na cidade de Curitiba, capital do estado brasileiro do Paraná.
O parque recebe o nome do Rio Barigui que foi represado para formar um grande lago em seu interior. Está entre os maiores da cidade, sendo, também, um dos mais antigos. Diversas espécies de animais vivem livres no parque, como aves, capivaras e pequenos roedores. Um rebanho de carneiros também pode ser visto diariamente nos gramados, sob os cuidados de funcionários.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

COISAS DA NATUREZA



Vagueei sobre a suavidade da sua superfície embriagando-me no seu perfume, debicando pequenos nadas da sua natureza, sustentando-me da sua seiva procurando na sua doçura, o que precisava para a vida. Suguei o teu saboroso néctar, sem destruir a tua beleza, sem te deixar exangue e ajudando-te a polinizar, para que possas continuar a enriquecer as cores da natureza com a tua presença, e acalmar as mentes humanas a quem irradias de alegria.

Eu continuarei pela minha parte, entre portas, no lar que construi, produzindo o alimento e remédio para muitas das maleitas que a vossa natureza por vezes fragilizada necessita, mesmo sabendo que em muitos casos me temem.


Eu, Maria Abelha – Produtora de mel e Geleia Real