quinta-feira, 31 de outubro de 2013

PERDI TEUS OLHOS





Perdi a palavra
O dia-a-dia se enrolava
Procurava teus olhos
Na multidão que passava

Corria as ruas da cidade
Num louco caminhar
E não te encontrava
Em nenhum lugar

Perdi os teus olhos
Como perdi as palavras
Que eles ditavam
Quando me olhavam


Perdi as promessas
Perdi teus olhos
Perdi as palavras
No que agora resta
Fica o silêncio
E tudo o que não presta

DC

sábado, 26 de outubro de 2013

SEm RUMO AMAndo


Falta-me a suavidade
dos teus lábios
do teu beijo
de toda a tua doçura
Sentir, a emoção que tolda os sentidos,
nos trás tremura
nas pernas
e o desejo
no bater descompassado
do coração
.

Sentir, sentir
sentir a emoção
somente
o prazer de te ter
nos meus braços
apenas
naquele permanecer
de prazer
aconchegados
cheirando os cabelos
e olhando sem ver
só te sentindo viver.


Bum, bum, bum acelerando
nas batidas do coração
e tudo fluindo
voando
Perdendo o pé
deixando
o arrepio subindo à nuca
os corpos se soltando
vão
sem rumo
amando.

DC

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

POSSO...não VER os teus OLHOS




Posso não ver teus olhos, mas posso ver tua alma, sentir teu sorriso.
Posso não ver teu corpo, mas posso sentir o cheiro da tua pele.
Podemos não falar, mas sei-te pelo que escreves, pelo que pensas e fazes juízo.
Na verdade sei quem tu és, como caminhas entre a chuva e como te deixas arrastar pela brisa que sopra, sem resistência para que eu te sinta chegar.


DC

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

" Sonhamos o voo...



Para quê dizer mais do que estava dito, Quando as relações entre os seres humanos se fazem com o medo pelo meio, Medo de perder, não a liberdade, mas a materialidade da sociedade de consumo. Assim se perdem os amantes, os amigos, as relações sociais, do mesmo modo que perdemos o sonho e a capacidade de voar. DC
"Sonhamos o voo, mas tememos as alturas. Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio que o voo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Mas é isso o que tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram. É um engano pensar que os homens seriam livres se pudessem, que eles não são livres porque um estranho os engaiolou, que eles voariam se as portas estivessem abertas. A verdade é oposto. Não há carcereiros. Os homens preferem as gaiolas aos voos. São eles mesmos que constroem as gaiolas em que se aprisionam…"

*Rubem Alves

domingo, 20 de outubro de 2013

O TEMPO não FAZ contas aO TEMPO




Foi-se o dia,
Com ele o outro tempo,
Mais de ontem.
Tempo mais lento?
Mais rápido?
Depende de quem vive
E como preenche o tempo.
No tempo em que o amor existe,
Cresce, se alimenta, decide
O tempo
Não faz contas ao tempo.

DC


sábado, 19 de outubro de 2013

E como ERA FRIO aquele ACORDAR.



Ouço a música, vejo a imagem das papoilas vermelhas enchendo o campo onde passeias, inebriando, Sinto o calor estranho que aquece o meu corpo...lembro que a noite gelada ainda restava dentro de mim desde que partiste.

De noite acordei e apalpei o espaço vazio, A tua ausência no seio dos lençóis. O calor do teu corpo não está, mas o seu cheiro ainda permanece, morno, como sempre fora no amanhecer, Já não ouvia a respiração pausada do teu sono. Embora nem sempre, quando estavas tudo eu era diferente, tudo em volta ganhava cor e sentia-me vivo.


Agora não, o regresso não estava escrito nem nas palavras, nem nos teus olhos claros, que se perdiam apáticos olhando para o longe nas minhas costas, sentada no cais esperando.


O imperioso partir, outrora tinha em si a ideia do regresso, e por isso vivia aqueles tempos como se fossemos reis, desbravando a terra dos nossos corpos, em mil carícias, ternuras e palavras, Tudo servia para a construção do filme, Nós realizadores e actores a tempo inteiro.


Sabia-te temporariamente em meus braços, sabia-te ao sabor das estações do tempo, nas suas diferentes temperaturas, cores e beleza, sabia-te o prelúdio de todas elas, mas sempre te esperava...


Talvez tenha sido a imaginação me traindo, mas se assim era, só poderia ser das papoilas, tão real era o que ainda sentia, E como era frio aquele acordar.

DC

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

SÓ VERMELHO





Como se pode deixar o que amamos?
Quando sofrer é mais do que amar

Como pode deixar de doer?...

Assim sucessivamente como dizia o amigo da onça, que me ouvia, na mesa do café. Ele não estava lá mas eu o ouvia serenamente e falava horas seguidas numa conversa a dois.

Sentado, com os meus jeans azuis, casaco de chuva vermelho, à mesa do café vermelha, guarda sol vermelho, chávena de café de logo vermelho, E todo eu por dentro vermelho, no sangue, na raiva, na paixão, no palpitar vermelho do coração, O sangue que escorre do touro é vermelho, e o capote sujo de sangue de vermelho, a arena manchada com o sangue vermelho do toureiro... Os pensamentos vermelhos, pelo que defendo, pelo que eu amo, pelo que eu observo nas cores do sol de fim de tarde, No que desfruto nos frutos saudáveis, dessa cor vibrante vestidos, As maças vermelhas, as romãs vermelhas, os morangos vermelhos, as cerejas vermelhas, E a pele natureza dos teus lábios vermelhos, as unhas pintadas de vermelho, o tango e o teu vestido vermelho, e os teus sapatos vermelhos e bolsa vermelha, e o teu lenço vermelho segurando o teu cabelo.

Forçosamente, desenharei a vermelho, as letras das palavras do cartão, que vai com as rosas vermelhas que te envio, se soubesse compor música teria de inventar notas com sons de vermelho, para te fazer pensar em mim vermelho.

Vermelho tão controverso nas suas associações psicológicas ou materiais, sinal de perigo, guerra, sangue, cerejas, morangos, lábios... coragem, esplendor, calor, agressividade, alegria, vivacidade.

E eu continuo sentado, vermelho por dentro e por fora, esperando a segunda resposta que o meu amigo não me consegue dar.

DC

terça-feira, 15 de outubro de 2013

AS TUAS MÃOS




Imagino as tuas mãos, com os seus dedos esguios, passeando e aflorando as diferentes estações, na superfície do corpo, como se formando melodias ricas de brisas, cheiros e mar. Como se seguissem as formulas escritas em pautas, elaboradas por eruditos, dando voz aos teus lábios, no trautear de variações, com diferentes cores e sons, As tuas mãos criando, recriando, compondo um novo corpo de emoções.

Ouço e torno ouvir, a sentir os poemas que escreves, como se a caneta arranha-se o papel avisando seu percurso, Sei as revelações que fazes nas entrelinhas, em cada nota, em cada palavra que compõe o interlúdio do outrora desconhecido, ao agora presente.

Fazes-me aflorar risos perdidos, tirando-me as sombras do rosto. Trazes brilho aos meus olhos e motiva-los para miradas atrevidas sobre o ondular do teu corpo.

E tudo isso porque as tuas mãos de dedos esguios, se agitam poderosas a cada sonoridade, electrizando todos os meus sentidos.

DC




sábado, 12 de outubro de 2013

SE as palavras...




Se as palavras fossem o som do amor, se a música fosse a mensagem do coração, se a realidade fosse mais do que imaginação... a distância seria coisa pouca para que uma força maior, se tornasse visível.

Permito-me deixar correr o tempo, Tudo é possível na melancolia do Outono, quando nos retemperamos do que foi o renascer da Primavera e do intenso calor do Verão que findou.

Se quisesses podíamos viver o Jardim dos Sonhos, Correr pelos campos, por entre os pinheiros bebendo seus cheiros, molhar os pés no riacho que corre... e cair de costas exaustos no chão de folhas estaladiças, olhando o céu azul do entardecer de mãos entrelaçadas, dizendo as loucuras que só os amantes podem dizer.

DC

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

SoRrINDO À CHUVA



...sorrindo feliz... o teu amor está vivo, Sapatos na mão, pés sentindo o chapinhar da água e o coração pulando num corpo que se molha alegremente.

...ainda ouves a sua voz quente e doce nos teus ouvidos, o calor do seu corpo, as suas mãos em ti e os seus olhos brilhantes depois do amor...

Não interessa o tempo que faz, se sol, se frio, se calor ou chuva, se dentro de ti vivem todas as estações do amor, todas elas com diferentes cores e contrastes...

“A cidade do amor onde eu vivo, és tu”.. sai-te o grito vibrante, espalhado pelo vento atravessando a chuva.

DC

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

SÓ EMOÇÕES


 

Leio o que não escreves,
Sinto o que não dizes,
Ouço o que não se escuta,
Digo o que não quero.
Espero que pises e repises
E o eco se repercuta.
Ando nora sem água
que não mata sede,
No corpo a mágoa,
da vida que se perde.
Rejo-me pelo que não dizes,
procuro nas entrelinhas
E sempre me perco de razões,
afinal o que eu percebo
São somente emoções.
   

DC 




quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Há dias de sol...





..., em que tudo torna escuro, como se o inverno se instalasse dentro de nós.

Há dias que tudo nos magoa, bem dentro, bem fundo e nos deixam sem norte, sem paz, e a sós.

Nesses dias assim, não vemos as flores e suas cores, os pássaros e seu cantar, nem aquela gente e seu caminhar, que se esmagam contra o tempo, que carregam sobre os ombros cansados sua dores, de sorriso nos lábios.

É nesses dias que vemos as crianças, sem culpa, sem mácula, porque nascidas, cedo carregam a obrigatoriedade do saber, em mochilas de livros, pelo amanhecer de cada dia, perdidas da alegria, fechadas em salas, formatadas pela sociedade que lhes nega o futuro. Crianças a quem a gargalhada tarda a surgir, a imaginação se perde, e o brincar se torna escasso, Crianças a quem a ausência dos pais, que trabalham de sol a sol, os deixam órfãos do seu carinho, do seu abraço. Crianças que com o seu sorriso, por vezes dorido, nos encantam e nos fazem acreditar que vale a pena viver.

Há dias assim, que nos trazem a revolta, que nos fazem circular o sangue a mil à hora e nos torna primitivos. A evolução da sociedade não se pode resumir ao sacrifício de muitos para o regozijo de alguns. E o que havemos de fazer? Lutar, lutar, lutar sempre!


DC

domingo, 6 de outubro de 2013

“Vou-te contar um segredo..





...., hoje chorei.”

Contara-lhe o segredo de forma inesperada, no meio da conversa inacabada. Hoje, dissera-lhe, “eu chorei”. A emoção toldara-lhe o raciocínio.

Não chorara de tristeza mas de alegria, por ter sido tocado por gesto tão simples, Um abraço. Um abraço sentido, fraterno, sem mácula.

Abraçar, não tem idade, não tem cor, não tem preconceitos, mas contém um mundo de significados.

Ele vira a importância de um abraço, Um simples gesto e grande a sua dimensão, pela sua ternura, pelo conforto, pela esperança que dá à vida.

Sentira aquele abraço, como voz de um sentimento, como quando escutar é mais do que ouvir as palavras que constroem cada frase, como se fosse urgente, que cada momento, mesmo que curto, fosse vivido com intensidade.

Chorou por não saber quanto esse abraço permanecerá, ou se irá vaguear na distância.


Chorou por não saber, se a promessa daquele outro abraço, que há muito espera, se realizará.

DC

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

MiL Passos ANdAdos



 

Sem saber como, nem por quê,
fixei teus passos no areal,
colados à orla do mar.
Não os deixei partir,
imaginei-te pensando
nesse teu evadir
em mil sóis,
em mil peixes,
em mil viagens,
em mil navegantes,
em mil ondas gigantes,
em mil sós,
em mil delícias,
em mil risos,
em mil nós,
em mil carícias
em mil abraços e beijos.

Mil vezes foram teus pés
marcados na areia
como as marés na lua cheia


Teu perfume no ar
misturado com o cheiro do mar
E teu corpo desenhado
Debaixo do vestido molhado.

Como poderias esquecer
Nos mil passos andados
Todos ele pensados
Em mil momentos de nós.

DC

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O LIBERTADOR



Nos dias de hoje a América Latina, procura sair do jugo das potencias colonialistas que atrasaram a sua evolução durante séculos, escravizando os povos e usurpando todos os seus bens naturais. Muitos países, latinos americanos, estão fazendo uma mudança de paradigmas e evoluindo na melhoria da situação económica, cultural e social para todos e não em beneficio das classes dominantes. São exemplo Brasil, Cuba, Venezuela, Equador, Bolívia, Nicarágua, Uruguai, Argentina, Chile. "Hoje a América Latina já não é o pátio traseiro do império". É neste contexto que o Grammy Latino para a música, possa ser interpretado como acto que procura prender ao sucesso e desmobilizar a acção deste grupo musical, que fez ponto de honra defender e apoiar as mudanças que ocorrem naquele lugar do mundo. dc
Surpresa ao saber da nomeação Grammy Latino do grupo SKA-P 
"Ao ouvir a notícia a banda teve uma resposta de acordo com sua visão política : "Nomearam-nos para os Grammy , hehehehe . Ironias da vida , que se fodam, dêem-no ao Obama, que o ponha junto ao Prêmio Nobel da Paz ", referindo-se ao prémio que foi dado ao presidente dos Estados Unidos, que ao invés de promover a paz no mundo se dedica a continuar a política intervencionista americana. " Pela a indicação ao Grammy como disse Groucho Marx, nunca pertenceria a um clube onde eles dão prémios para caras como .... Alejandro Sanz ha ha ha ", disse a banda em seguida . A resposta da banda espanhola foi contundente, rejeitando a nomeação foi concedida pela associação multinacional do disco, um espaço que como definiu o escritor e jornalista cubano , Lisandro Otero, é o monopólio que dirige a indústria da música . "Determinam os gostos , as tendências, os artistas que devem ser promovidas e correntes do gosto do público, que devem ser atendidas ", disse o cubano que morreu em 2008. SKA- P negou-se a intenção de ser domesticado pelos Grammy Latinos, demonstrando a sua independência e coerência com as mensagens que defendem em suas canções."

retirado do texto publicado: 
Cubanos: Amigos de Todo el Mundo!

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

PENSAR À CHUVA





Caminhando a horas incertas pelas ruas desertas, os olhos parados, e o corpo se agitando a cada passo, Não tem destino, A chuva cai torrencialmente e cria um cortina na sua frente, como se um papel vegetal colocado perante os olhos. Também não importa caminha de forma intuitiva, um passo a seguir a outro passo, em cadência metódica, como se mentalmente contasse, o número de vezes que o faz.


Os faróis dos carros parecem estrelas multicores deslizando e cruzando-se, como se comandadas por mãos fantasmas, Tremeluzem como a inconstância dos pensamentos que o trouxeram à rua, em pleno temporal. Perto, ouve-se o estrondo das ondas que batem fortes contra os limites da estrada, e o ruído de fundo de um mar fortemente mexido, Os passos incertos, levam-no naquela direcção, atraído pelo cheiro do mar e aquela música fascinante que ele produz, No mar vêem-se também pequenas luzes tremeluzindo que aparecem e desaparecem no meio da ondulação, Barcos que esperam a melhor altura para entrar e atracarem no Porto. Tudo se vai desenrolando por trás daquelas linhas que desenham chuva, como as dúvidas, e problemas que o perturbam.


Tremendo e temendo aproxima-se do molhe onde as ondas gigantes ameaçam, desenhando arabescos de espuma branca no ar, com reflexos da luz dos candeeiros do paredão, como se fossem raios laser. Fica naquele limbo, entre o fugir de medo e o desafiar as ondas como se as quisesse combater com toda a sua fúria, Sente como que um arrepio, no corpo todo, cada vez que uma bate mais forte e se aproxima mais de si. Tantas vezes repetirá, até que o medo e a vontade de viver seja mais forte e o faça regressar ao caminho que começara.


Será ali naquele caminhar a sós, no meio do temporal, naquele caminhar um passo atrás de outro passo, Com o mar próximo, o seu cheiro e o barulho da ondulação forte, Com chuva intensa molhando-o, como se quisesse lavar-se de tudo o que de mau sentia naquela momento, Que ele passará as próximas horas deambulando até as energias se esgotarem e uma calma letárgica lhe indique que está pronto para regressar e decidir que rumo a tomar.

Alguns vão ao psicólogo, outros bebem uns copos, outros ainda, como ele, procuram desta forma reorganizarem-se física e mentalmente, preparando-se para os desafios e desventuras que acto de viver, neste mundo em desacerto, trás consigo.

DC