quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

2014 > 2015 ...será que alguma coisa muda



A meia noite se aproxima em galopante caminhada, duros dias passados, são agora memórias esbatidas perante a alegria fraterna do abraço familiar.

Nada supera, nada superou nunca os laços da família, são por demais fortes para que se percam, São ainda a resistência à modernidade, à individualidade, à persistência do egoísmo, ao pulo nocturno na procura de encontrar numa noite, aquilo que durante um ano não conseguiram. Triste recompensa.
Se há alguma coisa que nos segura neste mundo moderno individualista, é a capacidade de manter os valores que nos tornam seres de partilha, de companheirismo, de humanismo.

Não é suficiente lembrar o sem abrigo, importante é saber como contribuir para uma sociedade, onde todos tenham o direito ao seu abrigo e à liberdade de discordar sem punição.

Como disse, o fim do ano está por minutos e não será a passagem curta em que se efectuará essa nuance que tudo mudará. Escrever-se-ão frases e desejos que não se cumprem, ou que artificialmente se desejam, mais por hipocrisia do que efectivamente porque tenham a convicção que se realizem.

E assim se darão as baladas da meia noite e o padre na missa fará o seu discurso de desculpa aos explorados e exploradores que de igual modo, se encontram no mesmo espaço.
Todos rebentarão garrafas de champanhe, ou outra qualquer zurrapa e durante segundo todos ficaremos extasiados na mentira de um novo ano melhor. Só espero que me engane e todos os outros tenham razão e seja um pouco mais do que isso.


DC

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Simples peças...


..... de tecido que existiam no baú das memórias, amarravam-no, não deixavam esquecer nem mesmo agora, o corpo que as possuíra. Hesitou, olhando-as, a mente pensava, mas era o coração que apertava, desaparecendo elas desapareciam todas as suas estórias.
Desfez-se delas, no contentor do lixo, para que ninguém ousasse vesti-las. Deixou-as ir levando consigo tudo o que restava. Era tempo de começar de novo, refazer o roupeiro, ano novo... vida nova. Não poderia deixar que simples pedaços, simples farrapos, simples peças de roupa o tolhessem. Aquela sua atitude era o começo, uma aposta de confiança de que o presente não se fazia de esperas, nem o futuro de simples quimeras.
Como tudo na vida, temos de enterrar o passado, para que o dia à dia aconteça com nova chama e, o futuro seja ao virar da esquina. O passado é somente experiência e memórias, boas ou más, que não se repetem, mas o hoje está acontecer para que se desenhe o novo amanhã.

DC

domingo, 28 de dezembro de 2014

Beijamo-nos infinitamente...




Beija-me com o sabor das lágrimas da alegria do regresso
Beija-me com a carícia das noites dos amantes
Beija-me, nosso amor é mais do que simples instantes

Beija-me pele, faz-me sentir o teu hálito quente
acordando meu corpo num desejo premente

Sente-me nos lábios as pulsações do meu coração
a bater desordenadamente de emoção

Beija-me como estivesses a soletrar
para que as palavras ditas nunca mais possam acabar

Beija-me de manhã ao anoitecer
e continua pela noite até um novo amanhecer

Beijo-te como tu me beijas, com a mesma intensidade
Com a mesma alegria força e vontade

Beijo-te, beijo-te sem parar com medo de te perder
como se o fim do mundo estivesse para acontecer.

Tu beijas-me, Eu beijo-te. Os dois nos beijamos
num beijo sem tempo, onde nos recriamos.

Beijamo-nos infinitamente, muito infinitamente
na certeza de um amor para sempre.

DC

sábado, 27 de dezembro de 2014

NASCIDA DE ABRIL


 

Há trinta nove anos, ainda eu viajando no interior da revolução, nasceste para seres a flor que marcou o meu Abril para sempre. Plantaste sorrisos no jardim da minha vida, deste-me alento nas horas menos boas e, foste motivo para maior empenho na construção de um país que conquistara a sua liberdade.
Foste e serás sempre a minha flor de Abril, não me deste somente a cor vermelha dos cravos mas também completaste o jardim da minha existência com as cores do arco-íris, que são a alegria da tua presença.

Mil beijos envolvidos na fragância das flores da esperança, para ti Iva nascida de Abril.

DC

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Mas que CONVERSA...


Gosto de conversar, até gosto de dizer que a conversa “é como as cerejas”, quanto mais se conversa mais os temas se enlaçam e nunca mais se pára de conversar. Às vezes temos de pôr um travão repentino, porque se não fica-se nas desoras.
Conversar não é fazer conversa da treta sem qualquer significado, não é “conversar para o boneco”, Conversar implica partilha, acrescentar, aprender, cultura, formação, sentimento, No fim, um mundo de descoberta permanente. Conversar implica pelo menos participação a dois, se não é como falar para o tecto.

DC OUT/14

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

DO AMOR...





... QUE TANTO SE FALA
E TANTO HÁ POR SABER

Tempos houve afastados
outros tantos reencontrados
recuperando seu amor
e com ele seu ardor.
Nos momentos de vida
uns dias tem tempestade
muitos mais de bonança
e assim vão passando
crescendo como criança
até adulto acontecer
Nem ele sapo adormecido
nem ela princesa beijoqueira
são a vida real de dois
aprendendo à sua maneira
Amar tem muito de saber
paciência, ternura, desejo
e arte de saber ceder
acompanhada dum beijo.
Variando
umas vezes perto
outras se afastando
aprendem com certeza
que zanga, só trás dor e pranto
O resto
É o amor e sua beleza.

DC

sábado, 20 de dezembro de 2014

O SOL É O SOL...ponto






Quando o sol de inverno surge depois das chuvas, vem vigoroso e caloroso, trazendo-nos o conforto que necessitamos depois do cinzentismo das nuvens. As chuvas lavam o pó acumulado nos objectos e nos elementos da natureza, realçando o seu desenho tornando-o mais nítido aos nossos olhos.
O sol vem brilhante, acaricia as plantas, aconchega árvores e ilumina algumas das folhas que subsistem em manter-se, dando-lhes um colorido e luz de pequenos diamantes. Nas ruas, as casas clareiam, o solo transpira trazendo calor e os carros circulam com um brilho de prata irradiando vida.

Os pássaros se agitam, cantam e voam animadamente em algazarra saudável, e nós, humanos, somos presenteados com o beijo da natureza que nos ressuscita dos dias menos bons.

É nestas alturas que sorrimos como patetas, somos uns simpáticos apalhaçados e temos força de elefante para derrubar muros de indiferença.

Na verdade neste mundo em que vivemos, quase se poderia dizer, que a felicidade, para mal dos nossos pecados e a bem dos predadores, é um simples raio de sol que limpa alma e deixa-nos a léguas dos problemas.

DC

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

MUDAR DE LUGAR


Podemos brincar com o sorriso emoldurando o rosto, até lhe podemos acrescentar alguma ironia, no entanto não poderemos esconder o que dentro de nós acontece, porque os olhos nos atraiçoam, e a nossa face diz tudo o que não queremos que se saiba.
Podemos até lançar foguetes deixando-os estalejar no espaço e, até corrermos apanhando as canas, mas na verdade só nos enganamos, é um fogo de artificio mundano, Mesmo quando usamos o ritmo da música e o ondular do corpo em participado maneio, não apagamos a tristeza, nem o medo ou angústia do tempo que corre sem que nada aconteça. Na realidade não conseguimos afastar, nem quebrar, o silêncio da nossa casa vazia.


Nem todas as respostas são fáceis, mas algumas estão escritas há muito dentro de nós. Daí, que seja importante, saber formular as perguntas para saber as verdadeiras respostas.


Ouvimos com frequência que temos de mudar, mas nem sempre sabemos, o quê e por quê? Talvez precisemos primeiro de nos consciencializarmos dessa necessidade. Uma coisa é certa nem sempre resulta mudar de lugar, mais importante do que isso, será mudar por dentro.

DC

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O QUE ARDE CURA

 

Os tecidos ardiam alimentando o fogo da lareira, desapareciam com eles as memórias, os cheiros, os significados. Nada existia que valesse a pena guardar, já não havia razões para existirem como lembrança, ou manter vivo o que nem como opção servia.

Tantas vezes ao abrir as gavetas, ou os armários que carregamos ao longo da vida, nos deparamos com “peças de roupa” cheias de estórias e nem sempre bem agradáveis.

A gravata, o casaco, o vestido, a camisa, o relógio, o colar, são objectos que trazem agarrados várias vivências e muitas delas boas, mas na hora da escolha, quando procuramos, sempre deparamos com aquelas que menos gostamos, ficamos de olhos vidrados e temporariamente perdidos ao fundo da gaveta.

Diz-se por aí, que devemos deitar fora, ou dar, as roupas que não usamos que é sinal de que afastamos os pensamentos negativos, confiando que o futuro nos irá trazer novas experiências e satisfará de novo os nosso desejos.

A pensarmos assim, talvez dar tenha o inconveniente de voltarmos a encontrar, ou ver nos outros o que recusamos seja vivido. Daí que o fogo lindo que na lareira arde, leva com ele a impossibilidade de que se repitam algumas das memórias desagradáveis, e que as boas não precisem de um elemento de referência, para serem reavivadas.

DC

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

6º NEGATIVOS


 

Ainda mal acordado, ouço na sala o telefone a tocar. Atendo e ouço uma voz amiga, perguntando-me: Vais caminhar, como de costume? E, sem esperar resposta, diz-me: cuidado, hoje estão seis negativos! Sem perceber muito bem o que ouvia, mal saído da cama, questionei: Estás preocupada...como sabes? Do outro lado sai a gargalhada, no meio da qual ouço a explicação: Então ontem - 14 de Dezembro de 2014 - o Porto não ficou a 6 pontos do Benfica?

Longe estava eu de relacionar tal coisa e, de imediato, pensei na outra do advogado, comentador desportivo num canal televisivo, que dizia: Então vocês já sabem que a Estrada Porto – Lisboa, a A1, passou a ser A5, gozando com a derrota copiosa que o Benfica tinha tido perante o FC Porto. Estas duas piadas futeboleiras fizeram-me lembrar aquela frase muito antiga do tempo de Salazar “Fado Futebol e Fátima”, como armas do fascismo para subverter a mente do povo português.

Se os governantes bem “pensantes” deste país soubessem aproveitar esta criatividade do povo português, muito mais o país evoluiria. Não teríamos somente um Saramago, um Fernando Pessoa, um Damásio, e um ou outro engenheiro na NASA, mas certamente um país em franco progresso, com trabalhadores criativos e profissionais de primeira, ou seja, esses que governam resumem os problemas políticos a falta de capacidade do povo, dizendo que os portugueses têm de trabalhar mais, dando-os como madraços, que não cumprem, fogem ao fisco, e até põem em causa a sua competência, substituem a educação e valores por estas diatribes. Como se o povo não percebesse que quem gasta acima das suas possibilidades são os madraços banqueiros, e quem foge ao fisco com toda a facilidade são os grandes capitalistas. Não quero também escamotear, mas se o povo não se deixasse enrolar e ir em futebóis, e usasse a força das suas “claques” para lutar contra o desemprego, os salários miseráveis, os roubos nas reformas, e por um ensino de qualidade, em lugar da defesa dos interesses clubísticos, talvez neste momento tivéssemos um outro governo, uma outra qualidade de vida, um desporto com maior número de praticantes, com uma rivalidade sadia, como outrora, em que se rematava o final dos jogos com uma sandes de polvo frito, um “caneco” e umas quantas piadas marotas, sem alimentar quezílias ou destruir amizades.

DC

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

OLHAR MAIS LONGE


Ficam olhando na distância o cais das partidas, sonhando quantas léguas no mar das suas vidas em comum, irão navegar. O amor que os une é maior que as dificuldades, ou tristezas que possam surgir. Eles apontam juntos o horizonte que desejam, e nem o frio da negação, que lhes apontam, os pode conter na decisão de serem. Vivem o seu projecto, desenham-lhe todos os contornos, pintam-no nas cores do seu desejo e partem na convicção da sua realização. Assim compõem o puzzle das milhares de decisões, desilusões, alegrias e cansaço que não impedirão, mesmo sendo diferentes, de se encostem pedaço a pedaço e se constituam numa imagem única final de construção do amor e suas vidas. O tal amor com tropeços, dias maus e incertos, mas também com serenidade, prazer, alegria, trazidos pela convicção de que serão capazes de vogar nas águas que avistam com os mesmo olhos, elaborando e concretizando aquilo que outrora fora só um sonho de ambos.
A criança, que está para nascer, será a imagem visível do puzzle que querem completo.

DC

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Não se quer, acontece




Não se quer, acontece, as memórias aparecem mesmo quando não nos esforçamos por elas. De forma traiçoeira, pé ante pé, nos vão surgindo, misturadas com as questões quotidianas, uma fruta que se escolhe, uma regueifa com manteiga, um perfume que nos entra pelo nariz, um tossir, uma voz, e tudo se altera, o cérebro começa a trabalhar, tudo o que parecia controlado se desmorona. É como uma ressaca depois de uma bebedeira, deixa-nos um mau gosto na boca, neste caso no corpo e no nosso saudável bem estar. Volta-se a morrer por dentro, sentindo e revivendo novamente, Nega-se o evidente, esconde-se debaixo de um sorriso, toda a angústia que nos possui. Este ciclo se repete até que um dia o rastro se perca definitivamente, pelo menos as suas referências mais latentes, para dar lugar a um entendimento, que se torna o comum, no dizer das pessoas, O luto foi feito e afinal com razão ou sem ela “os lobos uivam e a caravana passa” e tudo fica bem. Até lá... o melhor é ir ao circo e ver os palhaços que sempre nos alegram, mesmo quando também eles sentem a tristeza.

DC

BOAS FESTAS


domingo, 7 de dezembro de 2014

MÃOS DE MÃE



Mãos de mãe de trabalho duro, de pele áspera, marcadas pelas muitas horas, lavando roupa no tanque, passajando, engomando, cozinhando, limpando e mantendo a casa asseada, as refeições sempre a horas, tudo para manter os filhos e marido, asseados e capazes para trabalhar para o sustento da casa.

Mãe, "doméstica" de profissão, em tempos que não tinham quaisquer direitos. mas que trabalhavam de igual modo de sol a sol.

Mãos de mãe e de exemplo de povo, que sempre foram as mães deste país, naquele outro tempo, e que se espera as mães de hoje, sintam essa necessidade serem povo de igual modo.

Mãe que protegia pelo medo de perder os que amava, mas sentia a necessidade da conquista da liberdade para eles.

Mãos de mãe de caricia áspera, mas sempre desejada, porque senti-lo era quase um acontecimento, tal era a rudeza da vida, a falta de tempo e o excessivo cansaço. Mãe ternura no gesto de ajustar a roupa que vestíamos, de nos arrumar o cabelo, nos costurar das roupas na velha máquina Singer.

Mãe defendendo as crias, com a língua educada e afiada. Mãe que chorava as nossas lágrimas e por causa das nossas lágrimas.

Mãos de mãe que se perderam, se afastaram irremediavelmente à largos anos e que sempre nos deixam uma dor aguda quando lembrança. Existe sempre o vazio da tua ausência.

DC

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Falar de IMAGEM

Montagem sobre uma imagem de alguns enquadramentos que teriam sido possíveis captar
Deixo-me levar pelas imagens, sem fazer escolhas quanto ao tema. Prefiro-as esteticamente ricas, sejam a cores, ou a preto e branco, sejam de pessoas, de animais, da natureza, de objectos, de pormenores. Podem ser fotografias, ou imagens de imagens de pinturas, desenhos, ilustrações, gravuras, esculturas, ou outras formas de expressão e conteúdos que as preenchem. Importante é que sejam suficientemente perturbadoras, que se façam sentir ser vistas, que nos seduzam, sugestionem, mexam com o pensamento seja qual for o ângulo, gosto artístico, ou diferentes significados que lhe atribui quem as produz.
A imagem enriquece quem a produz e quem dela usufrui, ninguém fica a perder, elas são as tais mil palavras de comunicação, que esbarram no nosso olhar e não nos deixam indiferentes.
Admiro todos aqueles que publicam, ou produzem diariamente obras que nos enriquecem, trazendo até nós um mundo infindável de momentos de vida, assuma ela a forma que assuma. Captam com o seu olhar observador para além do comum, recortam, revelam, enquadram, modificam proporções, escolhem a melhor luz, o tipo de cor e servem de bandeja, aquilo que os sensibiliza sem despudor, e tentam fazer-nos ver a vida por outro ângulo.
Todos sabemos que as imagens fora do seu contexto real, perdem ou ganham outra dimensão, seja ela redutora, ou pelo contrário, extrapole demasiado o que se vê. Não é raro que algumas imagens tentem formatar esteticamente, ou culturalmente a mente das pessoas, cabe a quem vê e analisa a capacidade de avaliar o contexto. De qualquer modo nelas existe sempre algo para aprender, tenham elas a intenção que tiverem e serão sempre um apelo de análise e inteligência, agregando um prazer especial ao vê-las.

Esta será por ventura, uma razão válida para passear por alguns links da internet, e usufruir esse espectáculo de comunicação, que nos transporta para mundos tão diversos.

DC
Alteração de tonalidade

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

CONVERSAR E SORRIR



O sorriso brincava-lhe nos olhos, enquanto manca que manca, atravessávamos o jardim ainda vestido de verde brilhante e com sol despontando ao longe na saída. Os risos sucediam-se no desenrolar da conversa sobre os medos com os quais ele ia brincando. Da operação restava a cicatriz, incómoda para o seu visual, mas nada que o tempo não atenuasse ou até fizesse desaparecer e, por agora, já que se localizava na parte inferior da perna, as botas tapavam. Restava a impressão que a própria cicatrização traz consigo, e aquele manca que manca, com o medo, muito feminino, que o corte ainda avermelhado se abrisse.
As conversas nascem e morrem, na voracidade do tempo, e muitos outros temas foram acontecendo até ao inicio da sessão da tarde. Um filme que decorre nas paisagens deslumbrantes da Carolina do Norte na década de 1920, “Serena” de seu título, mas com conteúdo pesado e pouco sereno. Paixões exacerbadas, ambição, amores reais e acontecimentos fatais, resumindo afinal o filme que se dizia de amor, era uma tragédia. Valeu por ter servido de catalisador de novos temas de conversa, fazendo esquecer o manca que manca, e como pretexto para um “chá” de final de tarde que se resumiu numas meias de leite e mais conversa.
A tarde se fez noite, Cada um seguiu seu caminho, Talvez outras tardes possam acontecer, mitigando os dias menos bons, porque afinal é bom, estar com quem gostamos de estar.

DC

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

PARTIR e VOAR



Perco-me no dia,
nas conjecturas do que foi,
ou seria,
Deixo-me ir no seu embalar,
e perco o meu tempo,
se nada há para salvar.
Somente sei que partir,
tem muito de perda,
mas muito mais de encontrar,
objectivos a perseguir
e a necessidade de voar.

DC

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

TEXTOS ROUBADOS

 

Resolvi fazer uma montagem de textos de diversos autores, uns conhecidos outros anónimos, e ligá-los num texto único sobre o amor. São textos colados, alguns plagiados em parte, outros ligeiramente alterados. Valeu pelo exercício e por saber que há tantas pessoas que os usam em diferentes contextos, como se fossem de sua autoria.

Peço desculpa aos autores e espero que não me levem a mal, mas foi por uma boa causa.


"Não queria que fosses como os livros que enganam pela capa, mas que me surpreendesses pelo conteúdo, Tu sabes que a beleza só importa nos primeiros minutos, depois tem de se dar algo mais, a simplicidade é um tesouro para a alma. Não quero sejas perfeita porque se o fosses não serias real.
Eu sei que é importante para ti dizeres, ou escreveres, porque se não sufocas, até porque silêncio é um texto fácil de ser lido de forma errada, mas queria antes que me demonstrasses o teu amor, em vez de o gritares. Aquele amor mesmo, maduro, bonito, real, sereno, de verdade que não é montanha-russa, não é perseguição, não é telefone desligado na cara, não é duma noite, não é de espera. Um amor de chegada, de encontro, de dia e noite, de dormir de conchinha. Um amor que ao acordar faz um carinho de bom dia. Um amor de ajuda, de mãos dadas, conforto, apoio. E saco cheio, também. Porque de vez em quando o amor enche o saco. Tem rotina, tem manhã, tarde, noite, tem defeito, tem chatice, tem tempestade. Mas o céu sempre limpa. Porque o amor é puro como o azul do céu. Não se ama uma pessoa porque essa pessoa te dá o que tu precisa. Ama-se porque ela nos oferece sentimentos que nunca se imaginaram precisar. E tu sabes como eu penso sobre isso, se não me amam como mereço declara-me em “desobediência afectiva”, separo-me e nego-me a seguir; um bom amor é reciproco.
Às vezes é preciso bater com a cabeça na porta várias vezes...para se dar conta de que não é a porta que está no lugar errado mas sim nós. E isso eu não quero que aconteça."

Alguns dos autores são: Caio F. Abreu, Clarissa Correia, F. Montenegro, Igor Cury, Walter Riso e eu próprio.

domingo, 30 de novembro de 2014

PERIGO! PISO ESCORREGADIO

 

Sempre escorregaremos nas armadilhas que nos montam pelo caminho. Tem ocasiões nas quais o tombo tem repercussões desastrosas, em outras nem por isso, importante, importante é a rapidez com que nos levantamos e superamos a queda sacudindo a roupa olhando em frente, sem que os outros se apercebam o quanto estamos todos partidos por dentro. Como tudo na vida, são fases de aprendizagem e evolução. Assim conseguimos ficar mais fortes, superando os muitos tombos que levávamos desde que nascemos até que findamos.
Uma certeza temos é de quem nos lançou a casca de banana, vai ficar
frustradíssmo por que não obteve o que pretendia e, para ele, também servirá para crescer e aprender que nem sempre se tem êxito, nem as vítimas são todas iguais.

DC

sábado, 29 de novembro de 2014

OPÇÃO OU PRIORIDADE...



Num fim de tarde outonal fui aprendendo os vazios, aquele espaço entre o nada e o acontecimento. Ia captando as imagens, carregadas de cores quentes, que se não fosse a fria brisa que corria dentro de mim, e as árvores meio despidas, julgaria estar em pleno verão. O sol desaparecia rapidamente no horizonte e o tempo era escasso para gozar e registar as imagens; entretanto os pensamentos se envolviam na noite que se aproximava, como aquela voz distante, que permanecia nos ouvidos definindo prioridades. Vinha-me à memoria aquela frase, “não trates com prioridade quem te trata por opção”, surgindo quase como por magia, como se fosse uma imagem subliminar existente nos textos dos reclamos de publicidade que na estrada se exibiam, o despoletar daquele pensamento. Pensava na crueza da sua realidade, procurava encontrar o contexto que a descomprometesse, procurava uma justificação para que ela se mantivesse. Não conseguia, a realidade era forte de mais, surgia crua como a frase. Efectivamente por vezes somos tratados, ou tratamos os outros como opção, esquecemo-nos do quanto a prioridade dos outros, foi importante para nossa auto-estima e a concretização das nossas próprias prioridades. Para onde vamos se seguirmos esse caminho... Será que nos vamos transformando, variando como o clima, trazendo-nos um Outono antecipado que por sua vez se divide em inverno precoce e uns laivos de estio tardio?

DC

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Tudo se reduziu a folhas caídas


 

Piso-as, gosto do estalejar das folhas quando sobre elas ponho o peso do corpo, lembram-me os gemidos de quando rolávamos pelo chão. Quando se acumulam em tapetes macios, gosto de chafurdar com os pés arrastando-as com uma alegria especial, quase infantil, Como quando no jardim do museu, marcávamos com as nossas passadas o saibro do caminho e alongávamos os dedos ao apontar o que nos deslumbrava, quebrando silêncios e rindo de alegria.
Tudo se reduziu a folhas caídas, num Outono à muito adivinhado, as falas se foram, como nas folhas o verde forte se perdeu, juntamente com o seu viço, como as palavras se foram perdendo do sentido. Agora as folhas, já mortas, tem cores lindas adquirindo tonalidades amarelo torrado, vermelhos alaranjados, ocres puros, tal qual o papel envelhecido onde já não moram textos legíveis, quase diria a morte fica-lhes tão bem.

DC

domingo, 23 de novembro de 2014

DE LÁBIOS CERRADOS...


A garganta seca, lábios presos com grades para que se fechem às palavras. De forma inconsciente, os lábios se defendem contra as manifestações interiores de rebeldia, se protegem quando se entreabrem ligeiramente soltando sons guturais para que não se entenda, para que se perca a definição dos conteúdos. Dentro, a mente trabalha fortemente tentando destruir o que a impede de se expressar, o que a quer fechar ao exterior, É uma guerra, de punhos cerrados. Levam-se à boca ingredientes vários, mas eles não cedem continuam com semi-cerrados, temem a prisão, as palavras ditas não mais podem voltar atrás, como a pedra lançada pelo ar, ou o rio no seu correr. Tem sido sempre a luta dos homens entre o fechar a boca por conveniência, ou a verdade e os factos que devem ser relatados.
Houve um tempo que um punhado de homens e mulheres deste país, punham grades na boca, porque denunciar seria convocar prisões, ou até morte. Tinham de frear e pôr as grades da luta, da dignidade, de não trair, tinham de usar a palavra sussurrada entre dentes para no seio do povo alimentar a esperança e apoiar suas lutas. Nos tempos que agora correm, temos de arrancar novamente as grades e deixar que a palavra se solte, que a verdade volte a correr na estrada e a revolução das mentes se faça, para que se acabe com os corruptos, com o poder que nos esmaga, para liberdade da pátria novamente amordaçada.

DC

sábado, 22 de novembro de 2014

ELES FALAM


Sob a cortina escura que os protegem eles vivem intensamente, procuram escondidos na sombra, não perder suas qualidades, estão camuflados profundos, uma forma de fechar o acesso ao coração, mantendo a distância.
Até porque eles falam mesmo sem soltar palavras e é preciso preservar os segredos.
Não raro, são rios de alegria ou de tempestade e frio.
Mexem-se activos quando motivados, ou contraídos, quando dentro de si pela dor são transformados.
Hás vezes ficam parados como que gelados, como se um véu os cobrissem.
Dizem deles coisas incríveis, Variam de dimensão, cor, sublinhados por traços que mais lembram o diabo, outras por delicadas linhas, quase minimais. São terreno fértil de poetas, e de todos os outros artistas, e por isso se diz, que trazem a alma à superfície de cada um, na verdade pouco neles se pode esconder, os olhos são o espelho da alma, é isso que querem dizer.

DC

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

As MEMÓRIAS






Antes demais, peço desculpa se me atrevo a falar de memórias, mas se as tenho e são muitas, talvez me seja permitido o arrojo de opinar sobre o assunto.

Eu sinto que há memórias nos ajudam a preservar coisas boas. Memórias saudáveis, que nos lembram os momentos agradáveis, que nos fazem rejuvenescer e às quais infelizmente não damos a devida importância usufruindo da própria experiência, nem da vantagem da sua utilização na interacção com os outros, tornando-nos mais felizes. Na maioria dos casos, como um fado, sobrevalorizamos e agarramo-nos às memórias menos boas, delas fazendo um filme com um guião paupérrimo, que nos impede de dar um passo em frente no verdadeiro filme que deveria ser a nossa vida e sua realidade. Memórias essas que nos tolhem e nos prendem aos factos acontecidos, nos quais chafurdamos com um prazer mórbido, como se numa ferida aberta fosse bom colocar sal e vinagre. Usamos essas memórias como suporte, ou justificação de comportamentos e emoções. Quase tiramos prazer do envolvimento dos outros nas nossas dores, surgindo perante eles com caretas de mau humor, olhos tristes, orelhas caídas, chorando o azar que nos tocou, a paixão que nos falhou, a incompreensão para o que nos aconteceu. Portamo-nos como seres “choninhas”, sem inteligência, como peças avariadas, Apresentamo-nos como únicos, como se aos outros, aquilo que sofremos e vivemos, nunca lhes tivesse acontecido, para justificar o quanto é difícil ultrapassar a dor, Com essa atitude fechamo-nos às experiências e memórias dos outros, e assim à possibilidade de encontrar mais facilmente caminhos e soluções. Na realidade muitas vezes apercebemo-nos quando confrontados com situações inesperadas, que nos afastam temporariamente desse choradinho, concluímos que afinal, há já muito tempo que aquilo que servia como auto-comiseração, tinha perdido o sentido e a carga que lhe deu origem, Na prática estávamo-nos a impedir de sarar e avançar em frente, trazíamos “a morte” às cavalitas.

Todas as memórias que possuímos, são um contributo importante de experiência, aprendizagem e ilações necessárias, como relato de uma experiência/referência na abordagem do presente, ou na necessidade de construir futuro.

DC

terça-feira, 18 de novembro de 2014

O QUE DA MÚSICA POSSO DIZER...




Ouço a música e sinto o corpo inteiriçar-se, fico com pele arrepiada, aquieto-me e deixo o som correr.
A Música é a arte de compor e harmonizar os sons e os silêncios, é difícil encontrar um conceito que explique os seus significados, é algo abstracto, funciona para os seres humanos como se fosse uma linguagem intuitiva e íntima de vida. Ela entra-nos pelos ouvidos e por todos os poros, como se quisesse preencher todas os vazios adentrando. Fala-nos numa linguagem dos sentidos, como se estivesse na génese do sangue, na estrutura morfológica do nosso corpo, como um alimento necessário, para que a vida aconteça.
Há músicas que ouço e torno a ouvir, repetindo sucessivamente, como se estivesse a fazer uma transfusão de energias, temo que se pararem de tocar me deixem perdido no silêncio da sua ausência. Perco-me nelas, até que se fixem na memória e ocorram em mim ao ritmo das batidas do coração, só quando esse processo está concluído é que as deixo partir.
O meu mundo não poderia estar completo, se a música não existisse completando a sonoridade dos pássaros, o grito dos golfinhos, os ruídos do vento, a gargalhada sadia. Ela é um remédio de grande eficácia no combate ao isolamento, ao stress e ao cansaço é a companheira por excelência de muitas horas sem destino.

DC



domingo, 16 de novembro de 2014

Que mais há a dizer...



A escultura tem uma expressiva suavidade, quase de veludo, que apetece tocar, como se quem a esculpiu com o escopro a quisesse acariciar.
Moldou o mármore de forma tão perfeita, que transmite uma imagem de inocência, de pureza, de sedução e beleza da mulher.

Poderei dizer:
É a arte e o artista,
representando a mulher
no seu esplendor,
dando vida à pedra
numa linguagem de amor.
DC

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Mordidas da Noite


Amanheci com as mordidas da noite, precisava de um dia de sol para me alegrar e afastar os pesadelos que me perseguiram, no entanto infelizmente, deparo com uma chuva torrencial e um céu cor de chumbo, que me trás novamente às mordidas da noite.
Se não fosse eu saber, que há outras noites bem melhores... Sim porque há noites que nem sequer as sentimos, correm mais depressa do que o nosso cansaço e quando acordamos se o sol não chegou, só ficamos frustrados pela rapidez com que o tempo passou. E outras ainda, em que as mordidas da noite são tão gostosas, que nos fazem esquecer o espaço e o tempo, porque partilhadas no aconchego do leito, não esperam o sol nascer, nem têm momento para acontecer... Se assim não fosse, então seria caso para desesperar dar urros para o ar, ou se calhar, nem ter vontade de acordar.

DC
 

terça-feira, 11 de novembro de 2014

NÃO SEI SE A MENSAGEM CHEGOU..


....., mas que o empenho foi bastante ninguém tenha dúvidas. Nem sei o que será esse melhor, nem em relação a quê. No entanto acho engraçado quem assim se expressa, com a desvergonha de revelar o seu amor e não teme seja reconhecido, mas com timidez de o fazer olhos nos olhos.

Na era das novas tecnologias e com a existência das redes sociais, alguém achou, que nada poderia ir mais longe, do que este modo público de expressar o seu amor e fez questão de que todos saibam que deixou a sua marca. Esses "alguéns" que assim se manifestam, por vezes atrevem-se a assinar, para que não restem dúvidas.

DC

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A existência dos silêncios.



Deixou que ficasse no silencio, onde a solidão esmaga, arrastando os pensamentos, agarrados a eles trás à superfície a avaliação e a ponderação de tudo o que origina esse silêncio e a solidão.

Como não entender essa necessidade? No correr dos tempos difíceis, que por uma razão ou outra cada um de nós atravessa, talvez só essa forma de estar connosco próprios, permita pôr a nu, sem outros observadores, os nossos medos, os nossos problemas, afastar as nossas dúvidas e encontrar alguma espécie de solução para os enfrentarmos....

E quanto de egoísmo existe nesse silêncio e solidão? Quanta ausência de partilhar? Quanta necessidade de ficar na escuridão? Quantas vezes, porque as falas podem magoar, pela verdade dura que elas encerram e próprio medo de as escutar?

O silêncio são as falas salgadas, as palavras com arestas, uma conversa prolongada que se arrasta o mais longe possível. O medo faz parte da existência dos silêncios.

DC

domingo, 9 de novembro de 2014

UMA "IMAGEM" DE SÁBADO


Sentado observava-os. Naquela momento um misto de inveja e tristeza se apodera de si. O amor que se sente entre eles, ultrapassa os seus corpos cria uma espécie de áurea que os desenha no espaço. Sentia-se no brilho dos olhos, nos lábios trémulos, no trejeito do corpo, O ar está carregado de uma atmosfera especial que chega até ele por simples pormenores. Oh, como é bom ver tal acontecimento e acreditar na sua existência, porquê esta nostalgia e tristeza, que o assolava...
Tão doce a carícia dos seus olhos sobre o seu rosto harmonioso. Ela presa ao seu abraço, e a sua cabeça inclinada numa atitude de atenção e ternura. Como que se o amor tivesse sido delineado existir neles como exemplo. Surge o beijo. O prazer quase êxtase do beijo, das bocas que se tocam, um beijo tão leve, e se pressente profundo, adivinha-se o acelerar do ritmo do coração, como se fios invisíveis o ligassem aos seus lábios. Um momento em que se não pensa, age-se. Os seus lábios sobre os dela, como se fosse o caminho para uma osmose perfeita. Não era um beijo sôfrego, esfregado, de línguas cruzadas, m
as só um beijo, aquele beijo para além do universo, que fica a sós, que trás nós ao estômago e faz fechar os olhos, como se o beijo fosse uma leitura de Braille dos sentimentos de cada um. Não era necessário colocar balões com legendas sobre as suas cabeças, ou com o desenho, a seta do velho cupido atravessando seus corações. A leitura é fácil, o amor acontece.
O Inverno impôs-se sobre o Outono, mas entre eles só existia uma Primavera, aproximando-os do calor do Verão.

Há sábados assim em que algo inesperado acontece e nos deixa enlevados, mesmo quando os sentimentos vivem nos outros.

DC


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

ESCREVER À MÃO




Tem-me faltado escrever ao correr da pena sobre o papel, sentir aquele roçar/deslizar permanente do “riscador” que aumenta ou diminui conforma a intensidade do discurso, reflectindo a pressa de nada perder do que atravessa a mente.

A escrita manual é feita do entrelaçar de caracteres, tal como as nossa ideias no seu fluir. O papel é acariciado pela ponta do riscador*, que faz surgir os caracteres num ritmo continuo só intervalado pela indecisão. Os riscadores tem cheiro, e as espessuras das linhas que desenham variam de acordo com a pressão ou a qualidade do material de que são feitos, enriquecendo o carácteres de expressividade.

No café, no comboio, à secretária, vendo tv, ou na espera em um qualquer lugar, surgem ideias e escritos curtos que são de enorme importância, para o desenvolvimento de futuros actos criativos da escrita. Surgem como pequenas notas, misturadas com desenhos, que serão embrião de textos de maior dimensão, ou somente um registo de ideias.

Escrever à mão, quando os textos são extensos, implica motivo, ambiente, prazer de escrever.
Houve um tempo, que só escrevia, com canetas de tinta permanente, outros períodos com esferográficas, e em determinada altura, nem uma coisa nem outra, usava simplesmente a lapiseira, escrevendo com grafite, pedindo desculpa por isso. Quando se escreve à mão até a correcção é um acto de prazer, ao riscar com força, na folha do papel quando queremos emendar.

Quando escrevo numa máquina de escrever, ou no teclado de um computador, as teclas são individuais, não existe um continuo quando se “tecla”, existem uns dedos que se levantam e descem com rapidez, as teclas falam com o seu ruído, por isso se diz matraqueando as teclas, num cantarolar repetitivo, que para alguns interfere quebrando o raciocínio e o silêncio. Teclar é um meio frio de comunicação.

Por tudo isto, periodicamente tenho de escrever à mão, mesmo que depois tenha de passar para o computador, escrevendo com as tais teclas, mas nessa altura já passou o problema da criação e portanto torna-se acto mecânico.

Escrever à mão, em si, é um acto lúdico que dá imenso gozo. As tecnologias são importantes, mas não devem predominar sobre os prazeres da vida, penso eu.

DC



*Riscador: É um instrumento pena, lápis, caneta, esferográfica, pincel, buril, etc. que tem características próprias, de apor em cima de uma superfície especifica, formas expressivas sejam elas letras, desenhos, pinturas, ou gravuras.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Uma a Uma



Uma a uma
de forma certeira
sobrepondo-se
como em equilíbrio
precário
como fases da vida
relatando seu fadário
ou pedra bulideira
em terras transmontanas
desenhando paisagens
serranas.

A natureza
o artista e sua arte
dois amores
que não se perdem
no correr dos tempos
diria pens’arte
natureza
viva
presente.

DC

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Tão simples como isso



Ficamos nós,
parqueados no tempo
olhando
beleza infinita
natureza inocente
e de repente
somos um corpo único
saindo do nada
valendo tudo.

DC

sábado, 25 de outubro de 2014

O "Raio" do Tempo..

 

As nossas vidas são um deambular pelo tempo(de relógio). Tempo que, em alguns momentos, gostaríamos que recuasse, em outros, que andasse mais depressa e ainda outros em que a lentidão seria o ideal, Há situações, onde até gostaríamos de parar no tempo. Nada nos satisfaz, nem muito, nem pouco, tempo é o tempo e é incorrigível, não à volta atrás, daí que se fale muito em “em viver o dia-a-dia”, “viver um dia de cada vez”, “viver o momento”, e “ a água do rio não passa duas vezes pela mesma ponte”, etc., etc., mesmo assim continuo a dizer, não andará mais depressa ou mais de vagar de acordo com os nossos desejos.

A que propósito esta lengalenga? Eu desejaria, neste momento que o tempo recuasse bastante, ou que acelerasse muito rapidamente, saltando por cima deste momento de agora, que fizesse um intervalo, e eu pudesse escolher os melhores momentos para viver.
Todos sabemos que o mau, faz parte da percepção do bom, mas preferia não ter o mau em tantos momentos do tempo sobrepondo-se ao que é bom. Se dizem que temos o livre arbítrio, então eu quero trocar e gozar muitos e bons momentos e um mauzito de vez em quando. Será que se pode fazer isso?... Se não se pode, então é mesmo mau, porque neste momento a todos os níveis, pessoais e sociais os maus momentos vêm em catadupa e isso não é bom para a sanidade mental, de qualquer cidadão.

Estou a pensar seriamente, se tenho de partir todos os relógios que me apareçam pela frente, ou rasgar os calendários, deixando essa estória dos “timings certos” para o raio que os parta. Apetece-me deixar correr o tempo sem pensar, ficar eternamente absorto e deixar que a natureza se encarregue de resolver o meu problema com o tempo. Até por que sei que um dia, inevitavelmente, acontecerá de já não ter tempo, de viver o tempo.

Há dias assim, talvez porque hoje é sábado, dá-me para pensar nestas coisas de tempo e perda de tempo.Se calhar devia hibernar, como os ursos. Se calhar, até dará para ajuizarem e dizerem: "este tipo é mesmo um urso". Corro esse risco.

Tenham um bom dia.


DC


terça-feira, 21 de outubro de 2014

TENHO TANTO PARA DIZER



Tenho tanto para dizer
E nada sai da garganta
Sei que diga o que disser
Se a tristeza é tanta
Nada vai resolver.

É o riso que não se repete
O abraço que desaparece
A ternura que não acontece
Toda uma perda que surgia
Da noite para o dia.

Como marca do tempo
Ficam as suas imagens
Contando toda a sua história
De laços que não se apagam
No registo da nossa memória.

DC

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

SErá uma TRETA




A conversa que surge desprovida de imagem, tem voz, como os livros tem letras que constroem palavras e estas frases, Se despida da emoção é um conjunto de ruídos, que se constroem. Em termos abstractos, não existo, sou uma voz perdida algures numa das estradas da comunicação. Existo como componente para justificar a existência dos aparelhos de comunicação e para servir de justificação à sua aplicação. Sirvo para provar que quando se quer podemos acrescentar conhecimento, quando não, somos elemento de prova.

DC