sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

PORQUE SERÁ?




Será que fui eu que me perdi
No labirinto das emoções?
Será que não soube descobrir em ti
Quanto sofrias debaixo do silêncio...

ou
Será que me fui eu que me distraí
E me deixei levar pelas ilusões?

ou
Será que só eu me penitencio
Pelo que não fiz?

Será que me distraí, que não vi, não fiz
ou...
Terias tu espelhos, paredes silêncios
Para que eu olhasse e não visse...
ou
não te sentisse?

Será?
Sempre será uma interrogação
E agora não podemos obter uma conclusão.

O tempo foi passando dia após dia.
Agora mais um mês se finda,
Sem saber ainda a razão
das distracções, do que se perdeu,
do que se não fez, e o que criou a ilusão.

Porque será?

DC

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O FRIO CORRÓI..



Chove e faz frio
Faz frio e chove
Chove e dói
O frio corrói
Gela os ossos
Gela a alma
Como destroços
Frios sem vida.
Na tarde calma
Nós dois perdidos
Entre a chuva
Vento e dor
Procurando
Sem encontrar
Motivo ou solução
Para degelar
A dor no coração.
Será a chuva
O frio e o vento
Razão para tanto
Sofrimento?

sábado, 25 de janeiro de 2014

Na cor do fim de tarde




Talvez não leias o que escrevo, por isso não saberás das memórias que tenho, nem saberás que ainda guardo como fotografias as imagens, dos muitos momentos em que éramos, isso, éramos dois ligados à máquina dos nossos sentimentos, como doentes, em estado vegetativo...

...sentados no banco, em pleno estio, num fim de tarde de Sábado, com a ponte desenhada no azul do céu, ficamos olhando o rio como uma linha de horizonte divide as duas cidades. O sol foi descendo até pousar lentamente sobre o mar, como se nesse devagar ele nos quisesse prolongar o prazer que sentíamos. Tu aninhada no meu abraço, que te protegia da brisa que ia ficando mais agreste, e a conversa se desenrolando na cor do fim de tarde...


É inexplicável, até indecente, pensar que há coisas mais importantes, que possam destruir esse sentimentos. Um momento que fica entranhado em nós, como aquelas nódoas que caem na roupa e não saem mais, como ficaram o perfume do teu corpo e o seu calor, as carícias, os dedos na pele, e a pele dos meus dedos, na pele dos teus dedos, e aquela dor fininha que atravessa o corpo a que se chama saudade.


Quando na rua, ela passou a meu lado, o seu perfume despertou-me... a imagem surgiu, e atrás dela as memórias, lembrando como foi bom o acontecer, naquela tarde de Sábado, em que um certo magnetismo, parou todos os relógios e nos deixou ser eternos.

DC

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Eu sereno, daqui os observo




Olho através da janela,
Olho vejo a gente que corre,
Olho, eu sereno sem me preocupar,
Olho e vejo, nos seus olhos a loucura,
De gente que sem pensar,
Corre, corre sem parar.

Eu sereno, daqui os observo
Deixando-os correr,
Eles pensam-me animal e servo,
E eu vejo-os, trabalhando até morrer.
Olho confuso com tanta agitação,
Fico contente pelas minhas sete vidas,
E por ser animal de estimação.

DC

DIA E NOITE, NOITE E DIA




Fujo da noite,
Não porque a recuse,
Sem ela não poderia viver o dia,
Só não quero que abuse
Tirando-me o sol e sua alegria

Falo dessa noite de escuridão
Dos pensamentos obscuros,
Das tristezas imensas,
Das horas de solidão,
Suporte dos nossos muros.

Falo do sol e seu augúrio
De verdade ao ser amado
Nas palavras em murmúrio
Ditas na sabedoria
De um amor encantado

Dia e noite, noite e dia,
tudo fazendo, futuro e passado,
Nas fases de uma mesma vida.
A noite sempre comprida,
O dia sempre acelerado.

DC

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Um LIVRO Na minha HISTÓRIA



Li inúmeras vezes o livro por inteiro, ou aos bocados, sinto sempre que o faço algo de novo acontece, como se de todas as vezes que o li, só me tivesse concentrado em determinados temas do seu conteúdo, desleixando outros, Como se cada vez que o li não fosse de todo importante, mas todo ele importante nas diferentes parcelas, Como se ele contivesse uma lição de vida, uma novidade para me dar. Ao lê-lo, quanto mais não seja, faz-me reflectir um pouco mais, e da sua simples história, tirar quase sempre uma, ou várias conclusões.
“Deparo com um sólido muro de defesas e tu tens necessidade de erguer mais muros. Anseio pelos frutos, pela plenitude do desenvolvimento, e tu procuras meios de o evitar sempre que estamos juntos. Sentimo-nos ambos frustrados – tu incapaz de recuar, eu incapaz de ir em frente, uma luta permanente, com nuvens e sombras negras sobre o tempo limitado que nos consentes.

"Pág.164. A Ponte Para Eternidade. Bach, Richard. Publicações Europa América"
E seguem-se os raciocínios, errados, ou talvez não. “Na realidade, pôr fim a algo, alguma coisa, na maioria das vezes tem a ver com o defraudar persistente de expectativas. Significa desistir de lutar contra o que, ou quem, permanece criando remoinhos artificiais que tornam impossível o navegar. Significa, que o quê, ou o alguém, sempre está correndo contra a maré, mesmo quando esta é favorável.” Penso eu. E continuo. “Não se aproveitam os ventos, nem conjecturas favoráveis, não se defende o que nos agrada, o que queremos, mas agarramo-nos aos obstáculos mínimos para comodamente evitarmos de lutar e conquistar. Quando assim é, ou não sabemos bem o que queremos, ou como diz o povo “queremos dar uma passada maior que a perna” e como não conseguimos o possível, vivemos eternamente na conquista do impossível. Então perante isto o melhor é parar, e deixar de nos atormentarmos, não adianta meter os pés contra a parede, sabendo que não há evolução”. Concluo eu.

Mais uma vez, tirei partido da sua leitura, aprendi um pouco mais de mim mesmo e descobri algo, por vezes tão evidente, que não enxergamos. A tal verdade de “la Palice”.

DC


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Maravilhosa natureza



Caminhei largas horas, no meio do arvoredo, sentindo a terra fofa debaixo dos pés, Um autêntico tapete de folhas terra e areia.

Os galhos despidos, quase fantasmas, quase corpos sem roupagens, lembravam-me, tão nu quanto eles. Como braços esqueléticos desorganizados, pareciam reclamar o próximo renascer da Primavera. Enquanto olhava, pensava e reparava na sua capacidade constante de renascerem, Mais atentamente, olhava aquela árvore que possuía uma espécie de sóis, possivelmente carregados de sementes, para que a sua espécie sobrevivesse. Observava, mas tudo isto, como que hipnotizado. Como se explicava, aquela calma que ia entrando em mim, com o meu pensamento caminhando sempre para tão longe?
Eu procurava o sentido do mar, para mergulhar meus olhos no seu horizonte infinito, e deixar que as lágrimas com ele se confundissem. Queria mitigar a dor, que me oprimia, mas perdera-me no circulo enorme que fizera. Acabara por conseguir encontrar um pouco de mim que estava perdido algures há muito tempo, distraíra-me tentando agarrá-lo, para que também não me deixasse. Nesse angústia de fugir de mim, mais uma vez a natureza me fizera regressar ao local de partida, com o aroma dos pinheiros e o cheiro do mar como bússola.

Já não te encontrei na minha praia, partiras como outras tantas vezes, agarrada aos teus silêncios, e com a palavra saudade como reserva.

Maravilhosa natureza, que nos escreve imagens e momentos únicos. Nela encontramos alegria de estar, de viver e paz dentro de nós,
nela muitas vezes reencontramos a seiva necessária para retomar novos rum
os.

DC

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

E sabia que me perdia.



Ainda tenho nos dedos,
O caminho na pele do teu corpo,
Tantas vezes percorrido para te afastar os medos,
Outras tantas para te dar conforto.

E sabia que me perdia.

Perdia-me em ti, sem me conter
Numa busca deliciosa,
E assim cada dia me perdia sem saber,
Nem perceber, a tua alma silenciosa.

Os dias se perdiam nesse viver.t

E de tanto me perder deixei de te encontrar
Fiquei só, no meu abraçar, beijar, possuir,
Sem que tua boca soltasse, o que precisava ouvir.

Restei todo o tempo falando na lonjura,

Recebendo o eco de meus desejos e vontades.
Se perdido estava, perdido fiquei,
E ainda hoje penso, se por amor falhei.

DC

domingo, 12 de janeiro de 2014

O tempo que passa não regressa



Quantas vezes perdemos o tempo
Quantas vezes deixamos passar o momento
Quantas vezes o dia passa e a palavra não chega
Quantas vezes o amor se adia pela indecisão
Quantas vezes se afasta quem nos aconchega
Quantas vezes partindo o próprio coração
Quantas vezes acabamos por nos arrepender
E quantas vezes sonhamos e vivemos uma ilusão.


Amar não é ganhar ou perder, é viver,
É adivinhar antes de acontecer
Como uma voz que fala dentro de nós...
Falando pelos dois com uma só voz.


O tempo que passa não regressa
E a felicidade quando se vive não tem pressa.


DC

sábado, 11 de janeiro de 2014

Tantas vezes...



.... perdido no meio da noite, emaranhava pelas paredes, olhava os livros, tentava pensar, olhando repetidamente, e não via, olhava procurando no que me rodeada a explicação para o que dentro me consumia. Olhava e temia encontrar a resposta que não queria....na realidade o que se passava... se contigo bem cedo acordava, como se dentro de teu corpo existisse, um transmissor de sinais que me avisava... enquanto saías na tua rotina eu esperava ansiosamente o teu regresso e adormecia... o mesmo sonho se repetia...entravas pé ante pé, libertando-te..das roupas entravas na cama, e o teu corpo frio se colocava sobre o meu, aconchegando teu peito no calor do meu...tua boca me procurava e entrelaçando as mãos te movias deslizando suavemente procurando o ritmo certo, até que acontecesse.... e eu, sempre acordava na fome de te ter.
Um sonho repetido, como as folhas caídas da árvore desprendendo-se no Outono, assim me ia consumindo, magoando...sonhar sempre era possível a realidade era a distância carregada de silêncios.

DC


sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A SOMBRA




A sombra é o que me resta, nada sei de mim, sem abrigo na cidade das emoções, deambulo pelas ruas, procurando os traços de vida que outrora caminhavam inscritos na minha pele. Como tantos outros, não tenho pressa em regressar ao que já fui, tudo o que lá ficou ainda magoa. Deixo antes que o hoje seja suficiente e me absorva, Empurro para fora da memória todo o ontem e não deixo que o futuro me incomode.

DC
 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O "CACHORRO PRETO"


O tema exige de nós uma preocupação suplementar, daí a razão de fazer questão de o publicar, saindo um pouco da escrita habitual.

Quantos de nós temos o "cachorro preto" mordendo as canelas, sem nos apercebermos? Quantas vezes os nossos amigos, ou familiares nos alertam para alguns comportamentos e continuamos surdos, e não procuramos ajuda profissional especializada, preocupados com o que os juízos que os outros possam fazer de nós?


Sabemos que a sociedade actual, ajuda, e muito a que o “cachorro preto”, quase coabite connosco, Em especial em momentos de crise, como a que agora vivemos, em que os problemas de saúde, sociais e económicos em especial, são motivos para depressão.

Este documentário, é bem esclarecedor e dá um grande contributo para se esclarecer de algum modo e ajudar combater o “cachorro preto” que é a depressão.

DC
"Portugal é o país da Europa com maior taxa de depressão e o segundo maior do mundo, mas estima-se que um terço das pessoas com perturbações mentais graves não esteja tratada."
Extraído de uma artigo publicado no Jornal o Sol, de 30 de Setembro, 2011- em anexo link
http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=29802

sábado, 4 de janeiro de 2014

POR VEZES...




POR vezes sem resposta nem pensamento explícito.
Vejo e revejo, todos os instantes todos os registos
QUE em memória, imagem, ou escrito, falam do espírito
de ti, como se ontem ainda aqui estivesses
TE fazendo presença em corpo, carne e osso, tão viva
tão nítida, que me deixa perdido fazendo-me teu
AMO, acorrentado à grilheta da tua vida.

DC

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Para onde vais, minha cidade?



O que foi feito ao Bom Sucesso?
Só posso pedir que boicotem o mais possível as visitas áquele lugar. Já não cheira a mercado, cheira a Chanel 21, charutos Cohiba, a roupas Armani, a automóveis de luxo... Que prazer ver o “people” na maior, a frequentar o lugar enquanto é moda.

Mataram os talhos, eliminaram as vendedeiras que tinham os seus espaços de comércio e que abordavam as pessoas “ Oh querida, tenho aqui tudo muito fresquinhooo..”, “ Olha a pescadinha e a marmota vivinhaaaa”, as padarias, caixas de frutas e legumes, e o cheiro, sim o cheiro típico do mercado.

Agora é lugar de fedúncia comercial, gourmet(???), "velas de barco" no meio do espaço; o cheiro é de merdice, peneirice, e de falta de bom gosto.
Como tem um Hotel, não era possível que o cheiro a mercado tresandasse porque o turista não gosta, dirão certamente os promotores.

O que vemos nós neste Porto?
O turista está cansado de ser turista, de tentarem sacar-lhe dinheiro em lugares para turistas; comida para turistas - que está a quilómetros da comida local; lugares públicos para turistas com esplanadas de turistas; lojas de artesanato nacional para turistas; ruas para turistas. Destroem espaços públicos em nome do progresso como a Av. dos Aliados, O jardim da Cordoaria, A praça dos Leões....E o povo pá? O povo que se lixe e pague preços de turista, e veja a sua cidade modificada, não em função das suas necessidades de habitabilidade e conforto, mas de acordo com o que os turistas pagam e dizem que precisam. E quando os turistas não estão, são os pacóvios dos portuenses a pagar a factura da falta de turistas.
O que vemos actualmente? Os turistas que chegam procurarem lugares “de não turistas”, para tentarem perceber que gente é esta que habita a cidade e a quem chamam portuenses. Será difícil de perceber, que os turistas não querem ver o mesmo que têm nos seus países, que é comum, universal, ou imitação, mas simplesmente o que é típico e natural de cada cidade e cada povo?


Não é preocupante que não tenham tido solução para melhorar e transformar o mercado, modernizando-o e preparando-o para as necessidades de quem nele trabalha e que o utiliza, tornando-o mais apetecível, para que as pessoas - como se faz em vários países -, e fizessem daquele espaço um lugar de ritual e compras, atraindo mais gente da terra para comprar produtos frescos e de qualidade, com estacionamento gratuito para não terem de perder horas à procura de local e poderem transportar os produtos sem dificuldades, Não seria bem melhor?

Não é preocupante que tenham retirado os wc públicos? agora “mija-se” nos cafés, e sendo obrigados a fazer despesa, ou, a pedir, quando deixam, usar a “privada”? Não é preocupante que os cafés da cidade fechem todos cedo ficando abertos só os dos “copos”? Não é preocupante que na zona central da cidade os transportes não sejam eficientes e que não haja parques de estacionamento, mais económicos em sítios estratégicos, com autocarros de acesso fácil ao Centro? Não é preocupante, que as garagens dos prédios estejam ocupadas com estabelecimentos e armazéns tendo os moradores os carros na rua, durante uma semana inteira, dificultando o trânsito? Não é preocupante, os veículos a par nas ruas, para fazerem cargas e descargas, não cumprindo a lei porque os donos dos estabelecimentos usam os lugares reservados para uso pessoal? Não é preocupante que os cinemas da cidade tenham desaparecido para os shopings e que não haja lugares para as pessoas fazerem uma ceia, ou comerem um simples prego no pão, sem terem que pagar couro e cabelo? Não é preocupante que se deixem degradar edifícios antigos para que se destruam e se transformem em arranha-céus? Não é preocupante que algumas pessoas que ainda vivem na cidade, a partir das vintes horas tenham receio de andar em certas ruas da sua cidade, porque esta é um deserto? Não é preocupante que os Bancos tenham tomado conta da baixa portuense? Não é preocupante que tenham destruído o mercado que existia ao cimo nos Clérigos, e o tenham transformado em centro comercial “modernaço” (?) completamente a contra gosto com o ambiente morfológico da cidade, mesmo ali ao lado da Torre dos Clérigos; Entretanto criam-se mercadinhos sazonais nas ruas, perto dos mesmos locais para vender roupa em segunda mão e artesanato de origem duvidosa?

A Ribeira transformou-se numa esplanada gigante no Lado do Muro dos Bacalhoeiros; No passeio junto ao rio o mercado antigo foi atirado para um canto, para dar lugar aos “artesãos” que vendem tudo menos o que é típico da cidade. Entretanto as pessoas para ali circularem andam na via pública porque os passeios estão ocupados. O Mercado Ferreira Borges foi pintado; roubaram-lhe as árvores que o envolviam, e temos ali um edifício que só de vez em quando é ocupado. Lá se foi o famoso mercado da fruta, lugar de atracção de tanta gente, em especial a que habitava a zona ribeirinha e turística.

Não acham assustador, que a cidade seja tomada pela necessidade de servir o turismo e os abusos comerciais, em vez de servirem os portuenses? Para quando a recuperação de casas e lugares que não entram na cobiça dos predadores imobiliários e que precisam de conservação? Para quando parar de transformar a cidade esvaziando-a no sentido de favorecer as grandes superfícies em detrimento do pequeno comércio?

Quando surgirá uma força politica ou de cidadãos que faça com que a cidade seja efectivamente dos seus utentes? Esperemos que breve para que os nosso filhos e netos, não se deparem com uma mistificação modernaça de uma cidade de fantasmas.

DC

“Diz quem sabe que o capitalismo, provoca nas cidades uma força centrifuga, que atira para a periferia ao mais fracos, para que o miolo, fique para o que á alta finança mais convier”-RHVJ