O Outono já alguns dias se instalou e nem dele me apercebi. Chegou em bicos de pés. Já as folhas de amarelo torrado começavam a aparecer no chão, e com elas as variantes do tempo, quando despertei para a mudança do clima, mais a mais que o calor não se fora de todo. Tem momentos que é assim estamos meio adormecidos com o que nos envolve, que dos dias nos distraímos de tal modo, que já nem sabemos se a noite é a noite, nem se o dia é o dia. Talvez porque nos perdemos nas memórias do verão, ainda há poucos dias findo, com os seus pedaços de conversas sussurradas pela noite dentro; os beijos escondidos, sem se saber a razão; os lugares visitados; os vinhos bebidos e saboreados; o mar e o seu areal visitado; partilhas de tantas coisas e outras mil verdades. Muito de bom aconteceu, porque preparou o agora, enriquecendo o solo fértil de vontades e amor à vida.
Agora, nada mais se espera se não que as chuvas cheguem, que o vento ocorra despindo as árvores, que o frio não seja intenso e as noites nos tragam sonhos aconchegantes.
Outono estação de transição, amarelecendo os verdes, reduzindo os calores excessivos do verão, apresentando-nos o sr. Inverno.
dc
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
Outono, em bicos de pés
Etiquetas:
Foto: Diamantino Carvalho
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
Fim de tarde
Sonhei o lugar
Uma única praia
Com flores a espreitar
Um barco ao longe
Em seu avistar
Coloquei as cores
À dimensão do verão
No areal dos amores
Seu destino
Não se cumpriu
Da parede cega
Para si pensada
Tudo ruiu
Já nada se enxerga
Não se cumpriu
Da parede cega
Para si pensada
Tudo ruiu
Já nada se enxerga
Na cadeira de verga
Do meu repousar
Senti o fim do seu amar
dc
Do meu repousar
Senti o fim do seu amar
dc
Etiquetas:
Foto:internet
domingo, 25 de setembro de 2016
O sonho numa só imagem
Olhou as diferentes imagens, como se fossem bocados de uma só, como se quisesse arquivá-las na memória. Lentamente o sono chegou e com elas adormeceu. Em sonho as reconstruiu e lhe deu um corpo único, tão real e tão intensamente vivido, que ao acordar, o dia lhe parecia o sonho.
O sonho é isso mesmo, um realidade virtual, com um grande controlo do subconsciente. No sonho não temos tempo nem espaço, tudo decorre na dimensão e rapidez do seu próprio timing, com as emoções e realidades vividas na intensidade que o sonho determina. Nele os nossos anseios, vontades, medos e decisões são avaliados sem preconceitos, sem que tenhamos a obrigação de nos expormos, ou nos sujeitarmos a regras de carácter social, ou outras. O sonho comanda e decide, como se realidade fosse.
O sonho, na maioria das vezes, ao acordar, logo se esquece, mas há uns poucos que perduram ocorrendo à memória durante várias fases do dia, como se não quiséssemos que a realidade os alterasse, perdendo clareza e com isso, tudo o que neles de bom acontecera.
Hoje o sonho que povoou a noite foi intenso, Para que se não perdesse o mais importante, deixou-se ficar mornamente deitado pensando nas emoções vividas, como se o seu corpo e a sua mente, não quisessem calar a imagem e emoção vivida que persistia completa e animada, trazendo cheiros, tacto e escuta.
Mil desenhos constroem movimentos, que na velocidade precisa, se animam criando
vida. Assim fora a noite. O puzzle se completara e substanciara o sonho, numa
espécie de realidade hipnótica que o libertara de peias e o deixara usufruir
como se de realidade concretizada.
dc
dc
Etiquetas:
Foto: Diamantino Carvalho
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
Na orla do mar..
Decidiu caminhar. Precisava de o
ouvir, de estar a sós consigo própria, Nem sempre, estar rodeada de atenções
das pessoas que nos gostam, é o melhor. Há momentos que é necessário ficarmos
longe do comum dos dias. Enquanto o escutava, e por monossílabos ia respondendo,
as ruas foi percorrendo e de forma inconsciente se foi dirigindo para o mar, ali bem perto. A noite com o seu silêncio era a
sua companhia física, do outro lado a voz que lhe ia chegando, deixando-a mais
reconfortada. O mar se desenhava no areal pelos reflexos das luzes da cidade.
Sentou-se perto da orla, descalçou as sandálias e de forma lânguida meteu os
pés na areia sentindo o seu afago. A voz longínqua continuava. tornando-a mais
consciente da realidade que a fazia temer, soava como uma caricia os ouvidos alertando-lhe
o corpo, o que naquele momento não queria. Aquela noite tinha outro destino, tantas
coisas pensadas, tantas vontades escondidas trouxera ela para confrontar
naquele seu momento a sós. Ele preenchia parte de um vazio, ele, era um ele que
há muito tempo lhe fazia falta. Servia para atenuar aquela outra angústia
fraterna que de longe clamava e apelava à sua presença, à sua companhia.
Sentia-se dividida num mundo, que lhe exigia tempo, trabalho e que pouco
espaço lhe deixava para ser somente Ela. Se continuasse nestes seus
pensamentos, de certeza que o pranto a dominaria. Uma voz surgindo do nada
interrompeu-lhe o momento, afastando-a do que pensava...foi pretexto para
desligar de forma abrupta, com palavras mal balbuciadas. Aquela voz trouxera-a
ao presente. Rapidamente tomou consciência do seu gesto e procurou amenizar o
que fizera, talvez um pouco tardiamente, retomando a conversa, que já não era
voz, nem estava desperta. Já era tarde, as palavras se cruzaram sem precisão,
mais insonsas, tinha-se perdido o fio à meada, já não fazia grande sentido.
Ficou só, com seu sumo de laranja, que pedira no bar próximo da praia. E procurava encontrar a razão obscura que a fazia temer falar com ele em público, mesmo que ninguém o visse, para ela todos descobririam pelo brilho dos seus olhos, que aquele alguém era diferente de outros alguéns com quem falava e conhecia.
Estava difícil viver sem poder usufruir de liberdade plena, para se aventurar e partir, mesmo que não em definitivo, mas para sentir as emoções de uma alma livre dona de seu espaço e seu tempo. Não queria preocupar-se com melindres alheios, juízos arrevesados, preconceitos que afinal minavam a sua alegria, o seu gostar e formatavam de algum modo o seu mundo.
Era necessário dar o grito do Ipiranga, encher o peito de ar, abraçar ainda mais aquele mar que tanto adorava e partir à conquista de seu próprio destino. Não adianta fugir ao que a mente pensa e o coração decide. Teria de voltar àquele lugar, num outro dia e alinhavar pensamentos projectos e decisões, a vida é tão lesta no seu correr...
Ficou só, com seu sumo de laranja, que pedira no bar próximo da praia. E procurava encontrar a razão obscura que a fazia temer falar com ele em público, mesmo que ninguém o visse, para ela todos descobririam pelo brilho dos seus olhos, que aquele alguém era diferente de outros alguéns com quem falava e conhecia.
Estava difícil viver sem poder usufruir de liberdade plena, para se aventurar e partir, mesmo que não em definitivo, mas para sentir as emoções de uma alma livre dona de seu espaço e seu tempo. Não queria preocupar-se com melindres alheios, juízos arrevesados, preconceitos que afinal minavam a sua alegria, o seu gostar e formatavam de algum modo o seu mundo.
Era necessário dar o grito do Ipiranga, encher o peito de ar, abraçar ainda mais aquele mar que tanto adorava e partir à conquista de seu próprio destino. Não adianta fugir ao que a mente pensa e o coração decide. Teria de voltar àquele lugar, num outro dia e alinhavar pensamentos projectos e decisões, a vida é tão lesta no seu correr...
dc
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
INDEFINIÇÔES
As indefinições, os temores
exacerbados, quebram a alegria do conhecimento, Quando tememos demasiado e não
percebemos que a vida evolui do acerto e do erro, acabamos por ficar na água
morna do desconhecimento que só interessa aos idiotas. Nas relações humanas
trabalhamos todos os dias com mentes preconceituosas, com ideias feitas em relação a tudo e a todos, fechando ouvidos ao conhecimento à troca de ideias, à procura da aprendizagem.
Um dos modos mais comuns na relação entre pares é a não conversa, a demora na discussão dos objectivos, do encontrar de soluções, do protelar sucessivo, pretextando obstáculos permanentes, até na preparação do timing, julgando que haverá uma oportunidade ideal para que tudo se faça. Tudo isso quebra a frescura do que se vive, tira o ímpeto e a alegria da novidade, cria anticorpos mentais e físicos, sugerindo rejeições, alimentando inseguranças, destruindo a confiança, fazendo temer o presente e o futuro da fusão. As partilhas têm de ser sérias, não têm de ser dois iguais, mas semelhantes na sintonia para a realização do projecto comum. O seu tempo, o seu espaço, a sua vida não são melhores ou piores que o do outro, sãos os seus e desenrolam-se em circunstâncias próprias. Para cada um será assim, têm é de descobrir por si próprios o quanto serão capazes de abdicar, em que proporção e do quê, para viver num outro espaço, numa outra circunstância. Um não é mais importante que o outro, cada um é importante na sua relação com o outro. É preciso perceber se estão preparados para romper a casquinha da rotina, do conforto, dos apegos e vir à superfície respirar. Se assim não for, mantenham-se dentro do ovo que sempre haverá quem vá à prateleira e leve ovos para comer, aqueles que não forem comidos, os que ficaram nas encolhas da casca.. todos sabemos qual será o seu destino...
trabalhamos todos os dias com mentes preconceituosas, com ideias feitas em relação a tudo e a todos, fechando ouvidos ao conhecimento à troca de ideias, à procura da aprendizagem.
Um dos modos mais comuns na relação entre pares é a não conversa, a demora na discussão dos objectivos, do encontrar de soluções, do protelar sucessivo, pretextando obstáculos permanentes, até na preparação do timing, julgando que haverá uma oportunidade ideal para que tudo se faça. Tudo isso quebra a frescura do que se vive, tira o ímpeto e a alegria da novidade, cria anticorpos mentais e físicos, sugerindo rejeições, alimentando inseguranças, destruindo a confiança, fazendo temer o presente e o futuro da fusão. As partilhas têm de ser sérias, não têm de ser dois iguais, mas semelhantes na sintonia para a realização do projecto comum. O seu tempo, o seu espaço, a sua vida não são melhores ou piores que o do outro, sãos os seus e desenrolam-se em circunstâncias próprias. Para cada um será assim, têm é de descobrir por si próprios o quanto serão capazes de abdicar, em que proporção e do quê, para viver num outro espaço, numa outra circunstância. Um não é mais importante que o outro, cada um é importante na sua relação com o outro. É preciso perceber se estão preparados para romper a casquinha da rotina, do conforto, dos apegos e vir à superfície respirar. Se assim não for, mantenham-se dentro do ovo que sempre haverá quem vá à prateleira e leve ovos para comer, aqueles que não forem comidos, os que ficaram nas encolhas da casca.. todos sabemos qual será o seu destino...
dc
Etiquetas:
Imagem: Vladimir Kush -internet
terça-feira, 20 de setembro de 2016
Noite sem sombras
Estou parado olhando,
mas não vejo
Sinto só o calor dos
lábios, o teu beijo.
A noite não tem
sombras nem lua
Sentimos pelo cheiro
da pele nua
Pelo vai e vem das
marés nos corpos
A certeza de que não
estamos mortos
Acordo todos os
sentidos de teu ser
E nos meus dedos sinto
o teu viver
É nessa noite sem
sombras e sem lua
Que te entrego a minha
alma nua
Nessa noite de marés
sem tempos mortos
Sente-se o vai e vem
dos nosso corpos
Até que restem entre
abraços amplexos e beijos
Os nosso corpos
húmidos de seus desejos.
dc
Etiquetas:
Fotos:Diamantino Carvalho
Subscrever:
Mensagens (Atom)