terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O AMOR NÃO SE PENSA....


Olho teus olhos, que me observam com o seu brilho doce, Quase sinto calor nas faces como se me tocassem a pele.

O teu olhar me fala tanto, que o toque das tuas mãos quase se torna supérfluo, não fossem elas que sustem meu rosto.

Deixei-me ir no prazer do momento sentido borboletas no estômago. Os pés perderem caminho e suporte. Sinto-me pássaro solto, alegre, atravessando os ares em plena primavera.
O tempo parou, e a eternidade aconteceu quando teus lábios pousaram sobre os meus, trazendo todo um sabor prazeroso de mel e cerejas, carregado de amor.

Meu olhar tenta ir mais além da superfície do que vejo, porque sinto a necessidade de navegar dentro de ti. Tento reter-te, aconchegando teu corpo entre meus braços sem deixar que partas para lugar algum. Quero sorver-te como ar que respiro, Quero-te. Só isso, sem pensar, sentindo o amor sem me perder em conjecturas ou pensamentos para além do momento, que é este instante.



DC

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Talvez fosse bom haver apagadores de memórias

 
Sim, passeei os meus olhos pelas imagens e vi-te, estavas lá, como sempre, ainda mais presente que em todos os sonos perdidos em que te passeias na minha memória. Como é possível que a nitidez dos traços se mantenha tão marcante, e não se desfoquem com o passar do tempo? Possivelmente, pelas muitas vezes, fotografada, desenhada e pintada. Possivelmente, pelas dezenas de vezes, que a escutando desenhava seus traços na minha memória para a sentir mais perto.

E também fotografei, desenhei e pintei o mar com os seus barcos, com o seu areal e com as flores na margem, da paisagem quente, ensolarada das terras do sul, Nela a partilha de um bem querer, mais profundo, um símbolo de aproximação de espaços. Afinal uma composição, um preenchimento de espaços, com as cores da emoção, entre retrato e paisagem, fazendo o mapa da viagem. Tudo levava a crer que partiriam os dois com o mesmo destino, mas afinal só um viajou.

“A princesa, não se dignara a chegar junto do pobre pastor, e este amando partira, para não se perder.”

Talvez fosse bom haver apagadores de memórias, que nós pudéssemos usar sempre que queremos afastar o que nos magoa.

DC

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

UM BEIJO COM SAL


Um beijo com sal.
Apetecido,
Sem mal,
Ou pecado.
Sentido,
Erotizado,
Vivido.
Um beijo desejado.

Mais do que lábios
Colados, ou línguas tocadas,
Foram almas encontradas
em mares desgovernados.

E viveram para sempre
Com o sabor da descoberta.

Aquele beijo...
Fora a coisa mais certa.

DC

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

SONHO, SONHANDO-TE


Como é difícil te esquecer,
Se te sonho todas as noites
E me confundo na realidade do dia.


Sonho-te nos meus braços,
Sonho-te sentido o sabor dos teus beijos,
Sonho-te sendo eu alimento de teus desejos,
Sonho-te,
Sonhando na verdade,
Voltar a encontrar-te na minha realidade.

DC

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

SEI QUE NÃO TE NAMORO



Sei que não te namoro,
mas gostaria de o fazer,
por isso, todos os dias elaboro
planos, para me cruzar no teu caminho
e assim te poder ver.

Olho teus olhos de água,
tentando dizer o quanto te gosto,
esperando a resposta
num sorriso moldando teu rosto. 
Quando sinto que em mim reparas,
olhando-me de soslaio,
meu coração bate com tamanha
força, que quase desmaio.

Fico sempre com a esperança,
em cada dia que te vejo,
que quem espera sempre alcança,
e um dia responderás ao meu beijo.


DC



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

APRENDE-SE COM ESTÓRIAS



Por vezes, as palavras escritas, ou faladas, não suficientes, para que
as pessoas entendam, que é necessário estar atento aos que
gostamos e valorizar o seu amor.
Um amigo dizia-me há alguns dias, "as pessoas aprendem e escutam mais facilmente quando lhes apresentamos exemplos". Achei interessante publicar a pequena estória, que abaixo se apresenta, que responde a muitas interrogações e interpretações que por aí se dizem, ou escrevem.

DC



"Conta-se que uma bela princesa andava à procura de consorte. Aristocratas e endinheirados senhores tinham chegado de todas as partes para oferecer os seus maravilhosos presentes. Jóias, terras, exércitos e tronos constituíam os dotes para conquistar tão especial criatura. Entre os candidatos, encontrava-se um jovem plebeu que não tinha outra riqueza que não fosse o amor e a perseverança. Quando chegou o seu momento de falar, disse: "Princesa, amei-te toda a minha vida. Como sou um homem pobre e não tenho tesouros para te dar, ofereço-te o meu sacrifício como prova de amor... Estarei 100 dias sentado debaixo da tua janela, sem outro alimento para além da chuva e sem mais roupa que a que trago vestida... É esse o meu dote." A princesa, comovida com tal manifestação de amor, decidiu aceitar: "Terás a tua oportunidade: se passares a prova, casarás comigo." Assim se passaram as horas e os dias. O pretendente sentou-se, suportando os ventos, a neve e as noites geladas. Sem pestanejar,com o olhar fixo na varanda da sua amada, o corajoso vasalo continuou firme no seu empenho, sem vacilar um momento sequer. De vez em quando, a cortina da janela real deixava transparecer a esbelta figura da princesa, a qual, com um nobre gesto e um sorriso, aprovava os esforços dele. Tudo corria às mil maravilhas. Alguns optmistas até já tinham começado a planear os festejos. Ao chegar o 99º dia, os habitantes da região tinham ido animar o futuro monarca. Tudo era alegria e festa, até que, de repente, quando faltava uma hora para o cumprir do prazo, perante o olhar atónito dos assistentes e a perplexidade da infanta, o jovem levantou-se e, sem dar explicação alguma, afastou-se lentamente do lugar. Umas semanas depois, enquanto deambulava por um caminho solitário, um menino da região alcançou-o e perguntou-lhe atrevidamente: "Que aconteceu? Estavas a um passo de atingir o objectivo... Porque perdeste esta oportunidade? Porque te retiraste?" Com profunda consternação e algumas lágrimas mal dissimuladas, ele respondeu em voz baixa: "Não me aliviou nem um dia do sofrimento... Nem uma hora sequer... Não merecia o meu amor..."

Extraído do livro Amar ou depender. Walter Riso
 “Qualquer que seja a relação no casal não o merece quem não o ama, e menos quem o magoa. E se alguém o fere reiteradamente sem "má intenção", talvez essa pessoa o mereça, mas não lhe convém”
Amar ou depender. Walter Riso

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

DUAS BOFETADAS NO TEMPO



Dei duas bofetadas no tempo,
desacreditei-o e tirei-lhe as memórias.
Descomprometi-o das minhas histórias.

Tirei-lhe a razão de ser
quando lhe troquei as voltas.
Coloquei-o nos antípodas,
passei-o por vários quadrantes,
deixei-o perdido em lugares distantes.


Assim, nem partida nem chegada,
Nem passado, ou futuro
e muito menos presente,
somente, um muro indiferente.

DC

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Sinto falta de um caldo quente de atenção

 



O frio, chuva e humidade pairam no ar, o vento fustiga as janelas fortemente, são três horas da madrugada de quarta-feira, A intempérie acordou-me, preocupado acorro à sala, as gotas acumulam-se no tecto e a qualquer momento a água pode entrar. Este inverno tem sido um inferno, enquanto o problema do telhado não se resolver as noites vão ser sempre assim.

A gripe tomou-me, dores de garganta, tosse, expectoração, antibiótico, e comprimidos para as dores de cabeça, tudo contribui para que se prolongue o inferno. Os pesadelos são muitos, o sono intermitente, por vezes, o acordar corresponde a dez minutos de tossiqueira, depois, novamente sono e pesadelos...

Sinto a falta de um beijo na face, dum abraço apertado, de um caldo quente de atenção, a falta o mimo que nestas alturas é tão importante como os medicamentos. O tempo passa, sentimo-nos frágeis como crianças nos seus primeiros passos.

As horas decorrem, e o dia surge e nada melhora em relação à noite, o cenário de inferno se mantém. Nos momentos de maior lucidez, me assalta à mente, a necessidade de ir à rua ver sol, ouvir os pássaros, ver, imagine-se, gente, pessoas, isso pessoas, como se estivéssemos afastados do mundo há séculos.

Os amigos escasseiam, perdidos na sua própria vida, vão-se afastando com os múltiplos afazeres, até ao dia, que se divorciam, ou tem problemas que precisam da nossa ajuda. Aí aparecem novamente chorosos, ou desgastados, pedindo um ombro onde encostar a cabeça, e um ouvido que ouça as sua lamentações que nesse momento são as mais importantes do mundo. Na verdade a amizade é um pouco isso, se fosse uma namorada ou esposa não aturávamos tanto.


Já te disse? Acho que sim, Faltas-me tu, que preenchias os meus sonhos e a minha realidade, Não estás aqui para mim, não pelo teu corpo, mas pela tua ternura, a tua voz, aquele tal abraço, o aconchego da roupa. A tua presença, no meu chá em que me lembras do comprimido a tomar. Como quando estiveste doente, e eu desesperava com medo que algo de mau acontecesse, e te mimava. Foram vinte e quatro horas de dúvidas e dores, Começou com dor, que se foi amenizado com doses de amor, carícias múltiplas, mimos e atenção sem par nos “entretantos” e depois o relaxar com o novo dia nascendo na alegria.

Hoje não será assim, ao levantar-me encontrarei o vazio, o silêncio, e não haverá remédio, que me tire os pesadelos e a inconstância que me perturba.

Nestes momentos menos bons, tudo nos ocorre e a ausência de quem amamos dói mais.

DC


domingo, 2 de fevereiro de 2014

A TARDE...



.... se aproxima do fim. O frio, o vento e os aguaceiros, gelam os ossos. As nuvens carregadas aceleravam o surgir da noite. Saí de casa sem destino, e nem a intempérie me atemorizava. Fugia do silêncio, queria perder referências, encontrar espaço para meditar, fugir das rotinas, libertar-me. Peguei na minha pequena máquina fotográfica e saí.

Na maioria das vezes quando se caminha, com as preocupações carregando o espírito, os olhos procuram o chão, ou se de cabeça levantada, olhamos sem ver, não reparando nem no que nos rodeia, nem do passar do tempo. Fazendo isso, não meditamos nem encontramos respostas. Tentei contrariar isso, levantei a cabeça, e enquanto caminhava, olhando para tudo o que ia surgindo, Ruas, casas, carros, pessoas e as árvores que delimitavam alguns espaços, sem me fixar em nada, deixando tudo fluir. De repente, sem saber como, nem porquê, as árvores despidas com os seus galhos, de diversas formas e dimensões, como que braços e dedos apontando o céu, me iam prendendo o olhar. Fui fotografando, tentando deixar-me levar pelo que via, fixando as suas imagens.
A meditação acontecera, a minha mente perdera-se naquelas formas estranhas que se iam desenhando aos meus olhos, e enquanto focava, enquadrava e disparava, o tempo decorria, a mente ia ficando limpa e a serenidade voltava.
Algumas horas depois regressando ao ponto de partida, a sensação calma mantinha-se, certamente, por hoje, a noite seria mais serena, sem pesadelos, e as preocupações não me iriam perseguir.

DC