Caminho naquele estradão,
feito de cimento, que existe paralelo ao mar, de vez em quando, paro e observo
aquele céu rico poderoso de cor e expressividade, que interage com o mar,
reflectindo-se, como espelho, até como se questionasse: “espelho meu, quem é mais
belo do que eu”. Aos meus olhos surge como tela pintada, por prodigioso
artista. Sou arrebatado pelo seu poder e fico inquieto, procuro descobrir, qual
a razão, que faz com que aquela imagem, tão abstracta, me afecte, me fascine e
me transporte para emoções inexplicáveis. Tento absorver o ar, devagar,
enchendo os pulmões de forma cadenciada, com aquele ar carregado do cheiro da
maresia e deixar que a “ausência” do que me envolve, me transportasse para
outra dimensão, fazendo-me esquecer a própria existência como pessoa comum. Sem
saber como, ali parado, meditava. O ano estava acabando e novo estava prestes a
acontecer, recomeçando o ciclo repetitivo e eterno da existência. Talvez aquele
momento, me lembrasse do efémero e da insignificância perante a grandiosidade da
natureza.
dc