No findar do mês, com o Outono marcando os dias, não ainda, pelo excesso de folhas caídas sobre a superfície dos chãos, antes por este calor inesperado, que traz sorrisos e fadiga ao corpo. Há que aproveitar para nos adaptamos à diferença, fazendo memória e reescrevendo a estória, que define as estações do ano, com as emoções que evocam. Os pássaros, ainda estão pelos beirais como se não quisessem partir, as gaivotas, continuam frequentando os areais, e o pôr-do-sol, ainda é bem visível no horizonte, com seus tons quentes, na variação de tons laranja e vermelhos intensos. Quase nos sentimos flutuar, em vez de caminhar, como se fosse presente a ausência de gravidade. É estranho, o modo como o clima nos dias de hoje, se torna tão imprevisível, e nos impede as rotinas das diferentes estações climáticas. Os tons ocres, estão afastados dos nossos olhares, os azuis predominam, os brilhos da claridade, sustentam uma atmosfera, extra-sensorial, que vai modelando relevos nas figuras, que ao nosso redor, habitam. Os sorrisos desenham os rostos, os cabelos, soltam-se na brisa leve, as roupas fluidas na leveza dos tecidos, e o odor da maresia, vai-se misturando com perfume doce que vem da terra ressequida. Do mesmo modo, o amor rejuvenesce entre os seres, os amantes vão retardando a calmaria outonal, intensificando as suas vivências, aproveitando-se com frenesim deste novo instante que a natureza os presenteou. Fica a dúvida, se é um fenómeno transitório, e que tudo beneficia, ou se é mais uma partida, que as variações climáticas nos pregam para sabermos, o quanto mal tratamos a Terra.
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