A dúvida sempre ocorre na tomada de
decisões, mau seria se não a tivéssemos,
mas se não decidimos, para o bem ou para o mal, arrastamo-nos deixando o
“pélo debaixo da ferida" que impede a cura . Temos, na dúvida, de tirar esse pequeno
obstáculo do caminho e esperar o resultado, porque, seja ele qual for, será
sempre positivo. Se a decisão for errada poderá ser emendada ou, pelo menos,
evitará que cometamos erro semelhante no futuro. Se correcta tudo ficará bem.
Dói tomar decisões, mas dói muito mais a agonia da indecisão, ela divide-nos, no
tem-te-não-caias,
que se prolonga indefinidamente. Se a viajem é curta, para quê prolonga-la na
indecisão de não arriscar? A indecisão não está, no ser curta ou longa a
viajem, está na vontade, está no caminho, na bagagem, no veículo que se escolhe
para a viajem, nos que se querem, ou não como companhia, nos custos emocionais
ou económicos. Então, a decisão está no que é importante e queremos para nós,
para o euzinho que somos.
Muitas vezes indecisos, porque nos preocupamos excessivamente com o que à volta
nos rodeia. No entanto é bem possível, que ninguém repare em nada do que
fazemos, nem se preocupe minimamente se somos felizes, esses outros estão
preocupados com o seu bem estar e com o seu próprio euzinho.
Durante muito tempo, julguei a
felicidade perceptível, em momentos raros das nossas vidas, como contraponto dos
momentos menos bons. Entretanto fui aprendendo e percebi que a felicidade é
vivenciarmos momentos únicos que nos alegram, que nos dão prazer, que não trocaríamos
por coisa nenhuma e que gostaríamos de prolongar. Todos temos isso, quase
diariamente, e nem reparamos nesses pequenos nadas que fazem a nossa vida ser
melhor. Se tomarmos uma decisão que nos dê esse momento, por curto que seja,
teremos vivido, teremos sido felizes, nem que seja por um só instante.
Momento
Saí-me do comodismo e caminhei na
direcção da Foz do Douro, para captar imagens, procurando distrair-me com esse meu
“vício”. Quando ali cheguei, fiquei vivenciando cada segundo até que o sol se
escondesse no horizonte. Momento raro de felicidade, em que tudo se conjugou em
meu benefício. Captei as imagens do que via, como criança comendo guloseima, e
assim fui alterando meus pensamentos e alegrando o meu silêncio.
dc