Perguntas-me
como eu estou, e eu não sei responder-te. Estou em fuga de mim, sem me
aperceber do que fazer, vivendo cada dia o seu acontecer. No dia a dia, e suas
rotinas, incomodam-me as alterações, já não tenho pachorra, para viver de stresse
ou pressões. Cada exigência exterior ao que me disponho, me aborrece. É comum
trazer comigo, um ou dois livros como companhia, são o que de melhor tenho para
me ocupar enquanto a espera me é imposta. Dois diferentes, para que se adequem
ao estado de espírito, ao lugar e ao momento. E de facto eu leio, mas nem
sempre, sem saber porquê, o que leio fica retido, para dele dizer, o que se
pode dizer de um livro. Na maioria das vezes efabulo sobre aquilo que leio e
perco-me sem receio, com os olhos lá longe onde não se fazem perguntas, nem se
esperam respostas. Como agora mesmo, a luz, cor e som, chegam com as conversas
que circulam entre as mesas da esplanada, e a confusão é tal, que não me
retenho em nada. Nem no livro que leio, nem na conversa de premeio, e assim, o
tempo decorre e mais um dia morre, sem espalhafato, na ninhês que se vai
repetindo.
A pergunta mantém-se e a estória não muda nada. Estou em fuga …
dc