domingo, 29 de novembro de 2015

Um Suspiro....



Um suspiro prolongado, acontecido da alma de quem ama, provoca uma tempestade com ventos de alta velocidade onde habita o coração do objecto do seu amor.dc


Pensamento....



....” Não sei se mais alguma vez abrirei as portas de mim, se deixarei espaço a que me tomem, eu que sobrevivi e hoje quase tenho vergonha disso. Vivo amarrado às memórias de uma suástica que me esmagou, gravando dentro de mim os gritos dos meus companheiros gaseados. Todos eles morreram descalços, todos eles desaparecidos, resultado da ambição de poder de alguns “homens”. Necessário é não me deixar contaminar por esse passado e ajudar a que os Homens do presente não caiam nos mesmos erros “...... assim observo página negra da nossa história. 
dc 
“O cordão humano, assim como a iniciativa de colocar milhares de pares de sapatos no local onde iria realizar-se a marcha cancelada devido aos atentados realizaram-se sem acidentes, mas depois alguns manifestantes atiraram objetos à polícia que respondeu com gás lacrimogéneo.” 
http://www.noticiasaominuto.com/mundo/495301/milhares-de-pessoas-num-cordao-humano-contra-alteracoes-climaticas


sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Grades Invisíveis



Somos prisioneiros de nós próprios, evitamos o desejado e tantas vezes ambicionado com medos e convenções, Fazemos por ter a aparência do que não queremos, e gostaríamos de ver a léguas, Afinal, não pensamos em nós próprios em relação à vida que gostaríamos de viver, dizemo-nos livres e deixamos que as amarras nos mantenham confinados aos limites e constantemente não realizados. Ficamos em nosso canto encolhidos com receio do fracasso, de assumirmos os nossos gostos, os nossos amores, os nossos desejos, as nossas preferências.
Nunca foram tão livres como quando se amavam sem barreiras, vivenciando todos os momentos como se não existisse, mais do que o agora. Nada fora tão bom como naqueles tempos, em que só eram dois decidindo o tempo, em que vibravam com as mais pequenas coisas, em que se digladiávam para que cada um fizesse mais perante o outro para que usufruíssem em plenitude.
Não arriscaram, o medo tolheu-os, Assumir o que somos é sempre difícil, quando se tem em cima de si as tais convenções sociais, o emprego, ou desemprego, a satisfação da materialidade quotidiana. Preferiram deixar correr entre os dedos, a força do amor que tinham para não enfrentarem os problemas os tolhiam; Se a idade era propicia, se os filhos gostam, ou querem, se os avós toleram, se os tios se chateiam, se amigos percebem, se os vizinhos estranham e até se gentes da terra reparam, como se as gentes da terra, não tivessem mais para onde olhar, se não para eles. Tudo temendo, agarrados a ancestrais hábitos retrógrados. Tal eram os seus receios, que temiam conversar sobre as hipóteses possíveis para que elas não contrariassem o que temiam...e assim se foram derramando pelo inóspito caminho dos impossíveis, das discussões, das imposições, dos temores e se afastando, procurando inconscientemente justificar o canto onde se escondem... .
 
dc
SET2014


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

TANGO...no salão





Eu dancei
tu dançaste
ela dançou
eu pensei
tu pensaste
como eu sou.

No tango
bem agarrados
corpos lançados
são um casal
e o sentimento
de atracção fatal

Vermelho
veste ela
ele de preto
em sua farpela
ela de ombro
a descoberto

Roda e volta
volta e rodar
e solta
levanta o braço
fixa-se ao chão
ela sente seu coração

De passo em passo
de roda em roda
fazem o compasso
desta dança
que a moda
já não alcança

Sucesso
vira a alma
do avesso
dois que dançam
como se fosse
um destino

E se enlaçam
em desatino
em posse
até findar
o rodopio
é um desafio

Amantes
da dança
dançam
e por fim
depois da festança
.....terminou a dança.  


dc

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Sem blá blá ...é assim...e só



Todos os dias, as estórias entram-me pelos olhos pintadas de diferentes cores, para que as veja e delas fale. Cada uma com a sua especificidade, importância, ou motivação, cada uma mais marcante do que outra, todas despertando a minha curiosidade e inspiração. Em algumas me revelo, em outras me escondo. Nelas gosto de “ouvir” os gestos, colher as emoções e especular tentando encontrar as perguntas, sem me preocupar muito com respostas. Elas se me põe bem na frente sem que possa desviar o olhar, vão saltando para as palavras como pequenos pirilampos tremeluzindo desenhando prosas da sua revelação. Moro-me nas areias movediças das suas vidas, tento dizer de si, mesmo quando parecem vulgares, como se nelas eu também estivesse colado pelas experiências sentidas, como se eu próprio fosse a estória, deixando-me agarrar à massa que modela quem as vive, até que seja parte delas. Eu caminho quando caminham, choro quando choram, amo quando amam, elas são a pele da minha pele, elas desenrolam-se como um pergaminho com os segredos de toda uma vida.
As estórias com a sua emoção são a força motivadora, a que não resisto, levando-me mais longe. Trazem-me os arrepios, o frio ou calor ao corpo, dão-me o arreganho e vitalidade para as transformar, São elas que trazem até a mim o humano jeito das pessoas, São elas que me tiram do vazio trazendo-me capacidade de realizar para superar o correr dos dias. Em contradição com tudo isso, é no entanto alguma racionalidade que nelas se encontra que me trava para que não me destruam e me levem a alma já de si abalada na minha experiência humana.
 
cd


 

domingo, 22 de novembro de 2015

Queria-Te


Queria-te sempre
Como te quero agora
Nos meus braços
Sem demora  
Queria-te agora
No meu regaço
Sem hora
Nem cansaço 
Queria o teu beijo
Como sempre quis
Molhado pelo desejo
Do amor que contigo fiz  
Queria-te  
Queria-te tanto
Como ainda te quero
E escondo o meu pranto
No silêncio em que te espero

dc

SAIR DO ESCURO



Amolecida a vontade de se erguer do chão, não havia razão para que não ficasse, olhando o céu breu que por cima o observava. O cinzento estava tão fora como dentro, sem alternativas para encontrar o arco-íris, que fizesse aflorar na boca um sorriso, que o aconchegasse na palavra, que fosse abraço demorado no conforto da ausência e da espera.    
De repente o inesperado, a música foi enchendo o ar e lentamente foi adentrando na sua mente e no seu corpo, aquecendo-lhe a alma, trazendo-o a um navegar de ondas sonoras, escorreitas, deixando-o ir pelos sons e extasiando-se...levando-o por um caminho sem fim..deixou-se ir onde a música o quisesse levar...e assim se perdeu da dimensão do espaço e tempo...volatilizando o cinzento e as cores surgiam enriquecendo-o...misturando nostalgia e prazer. 
Sabia que ele não estava ali vivendo e partilhando, com o seu sorriso, com suas mãos apertando as suas, com o seu calor, mas a tristeza desse facto, esmorecia suavizada pelas sonoridades do que ouvia. 
dc 

sábado, 21 de novembro de 2015

ETERNIZEM



Ainda restam no ar os cheiros que emanam dos seus corpos, a pele ainda quente das carícias e as bocas ainda húmidas de se amarem. Resta da noite o cansaço alegre, prazeroso da presença de um perante o outro. Após a posse do corpo, a aproximação das mentes, Mesmo quando, por vezes, pareçam opostos, há sempre pedaços que se envolvem, se tornam comuns, no alimentar dos dias. 
Nada é eterno, dizem, mas se eternizam os momentos nas nossas memórias, aquele amor pelo outro, mais importante do que por si próprio e em alguns casos efectivamente até que “ a morte nos separe”. 
Tenham bom dia e porque hoje é Sábado e o tempo é mais vosso, eternizem! 
dc  
Nota: e·ter·no |é|  
Que teve princípio mas não terá fim. Que durará sempre. Muito duradouro. Inalterável; constante; enorme, desmedido.


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Partilhar um Chá



Gostaria de partilhar contigo o meu chá. Chá, iniciado com toda a cerimónia e ritual da sua exigente preparação, numa quase meditação, como prelúdio de um degustar lento, deliciado, sem que o tempo conte nem as suas angústias.
Um chá sem ser condicionado à escolha, se é preto, se é verde, se de frutos, ou de outra qualquer diversidade gustativa e salutar. Importante é partilhar o chá fazendo disso uma forma de comunicação, um palestrar silencioso onde só falam os gestos e os olhares.
Fazê-lo num lugar especial, talvez como viajantes solitários sentados no pico dum monte, olhando o infinito horizonte marcado pelo fim da tarde. Cada um envolvendo com as mãos a sua respectiva chávena e sentindo as arestas frias do vento penetrando os olhos, enquanto o calor da bebida nos vai reconfortando, numa saudação de mente livre, sem mais nada que a grandiosidade do próprio momento e todo o envolvimento que nos fez chegar a esse lugar de estar. 
Manso o dia, este, que não te tenho se não no sonho possível de um chá imaginário. 
dc

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Uma Gata no Colo do Gato




Um gato
Um colo
Um sorriso
Um falar

São frases
São palavras
São olhares
São encontros

É um gato
Entre sorrisos
É um falar
Entre os olhares

Ronronar
Passar a mão
Sentir mornar
Bater o coração

Tudo certo
O gato não fala
É no concreto
"Mio" que embala
Ver uma gata 
No colo do gato
Num mundo abstracto
Pode ser um facto.

Se é normal...
(Falamos de felinos..?)

dc

sábado, 14 de novembro de 2015

Gavetas do tempo




Os traços de seu rosto se vão definhando, como os dedos perdendo memórias do toque dos seus lábios, do passeio pelo seu corpo que como um cego a procuravam nas noites em que consigo permanecia. 
A perda de alguém, que não morre é sempre mais lenta, a qualquer momento somos confrontando com realidade da sua existência, alimentando a ideia de que nada é definitivo, no entanto as mudanças, e o correr do tempo, mesmo com desgosto próprio, nos vai tornando difícil manter os principais traços, daquilo que outrora foi. A ausência instala o vazio, se vão esboroando as referências, como se fosse um retrato em tons sépia, que vai perdendo pormenor e ficando destruído pelo correr dos anos, como todas aquelas que enchem as gavetas do tempo, na tentativa de manter vivas as recordações. 

dc


quinta-feira, 12 de novembro de 2015

ABSTRAÇÃO





Sempre há em nós
mais imaginação
além do visível,
daí vamos pensando
sonhando...
e com isso voamos
pousando
nos altos ramos.

dc


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Desnudam-se as árvores.




Árvores outrora “gadelhudas”, perdem agora a farta cabeleira, deixam-se refrescar, com o vento que vai levando os restos da sua roupagem. Algumas são como aquelas mulheres que rapam o cabelo, não por doença, mas por moda, dando-lhe um ar esguio e insólito, ficam com hastes esticadas como dançando ao sabor do tempo esperando mudança.
É uma angústia quase humana que delas se arrasta para dentro de nós, fazendo-nos sentir a nostalgia do verão, e esperando a sua rápida recuperação, na Primavera que ainda vem longe. Amamo-las e sentimos a sua falta, e a sua beleza no ambiente que nos rodeia.
Algumas árvores vão-se mantendo vestidas, Tem uma vestimenta perene que lhes permite a travessia difícil do inverno e suportam em seu corpo, forte peso de neves e tempestades, protegendo de algum modo as terras, as gentes e os animais dos ventos agrestes. Como se fossem pais defendendo a família das vicissitudes da vida.
A natureza engrandece-nos com a sua pureza e nos lembra constantemente a necessidade de ser protegida, pelo bem que nos fazem, iluminando a nossa estadia temporária aqui neste planeta. 
 
dc


terça-feira, 10 de novembro de 2015

Difícil de esconder




Sabes que gostava de te escrever
Sabes que gostava de te ver
Sabes como sempre soubeste
Que isso é difícil de esconder
Sabes da cólera e da dor
Sabes da distância e seu tormento
Sabes quanto o amor
Vai para além do momento
Sabes das razões de não insistir
Sabes porque tive de escolher
Sabes como é difícil sobreviver
Ficando inerte sem decidir

E quero que saibas
Quanto é difícil esconder
Que te sonho a cada momento
E que a necessidade de escolher
Fez-me morrer por dentro.

dc 

sábado, 7 de novembro de 2015

pra ELA




Surge nos dias 

com seu fraseado
em poema 
encadeado

É seu ritmo 
um prazer 
no ler.
Rigoroso 
vinho. 
Perigoso
a beber 

O amor
desejos
beijos
abraçam
as palavras

Poeta 
maior
escreve 
palavras 
sentindo
o sentido

(Na realidade)

Ideias 
escritas
que dizem 
tanto
dai o ler
trazer seu 
encanto


dc


sexta-feira, 6 de novembro de 2015

As palavras



Sente-se carne a abrir, a dor acerada penetra numa ferida na qual o sangue não corre.

As palavras não cortam, as frases não cortam, mas o que seu significado, substantivadas, ou  adjectivadas, o modo e o momento em são ditas tem um poder de produzir dores e feridas bem profundas.

Há momentos em que as palavras têm de ser fortes, suficientemente poderosas, e algumas vezes sim, talvez duras e capazes de magoar, porque só assim, perante a dor, acordamos. São as palavras ditas para abalar consciências, acordar cérebros, desestupidificar gentes, transportá-las para a realidade das coisas, para que não passem ao lado, quando são parte decisão perante as outras violências, mais físicas, mais sociais, mais morais, mais afinal de valores humanistas.

Felizmente, no comum, as palavras usadas são sempre mais funcionais e, sorte nossa, há muitas mais razões para usar as palavras com conteúdos mais doces, mais melodiosos, mais profundos na expressão das emoções, como amor, alegria, paixão, ternura, paz, que bem aplicadas nos momentos certos, ajustadas a cada um, ajudam a enlevar e elevar a mente e o corpo, que nos ensinam, que cicatrizam dores, que alimentam amores, que nos encantam.
 
Quero mais o sabor das palavras que não ofendem, ou quem as diz não ofende, ou que o conteúdo nelas expresso não magoa, não fere. Gosto quando as palavras se enrolam na boca, pronunciadas como se fossem flores a decorar pensamentos. Palavras com a leveza da brisa, o calor da alma, e que acariciam as nossas mentes reforçando o nosso saber e o prazer de as ler e viver. 
dc

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

No meu barco e no meu mar



              No meu barco e no meu mar
              a oportunidade do nosso navegar 
              Com a confiança num lugre
              resistente a navegar no mar bravio 
              Viajar em pleno nesse outros mares
              onde se geram diferentes falares 
              Sinto-te de longe, nesse espaço sideral
              das paixões adormecidas 
              Morrendo-te, companheira das agonias alheias,
              no correr dos dias na incerteza das ideias. 
              dc

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Na rede das emoções



Na rede forjada fora das emoções, caminhos se cruzam sistematicamente, no perfeito design com que a natureza nos brindou, Somos, com toda a liberdade que nos arbitram, figuras estruturais, com ritmos, ligados à sobrevivência, e nas quais as emoções são parte aleatória que complicam e se vão lentamente alterando, se positivas reforçam, se negativas degradam o sistema que nos sustenta. Difícil é saber reconhecer, que a maior causa dos problemas físicos, está em nós próprios, pela forma errada como nos servimos do próprio corpo, mesmo quando ele nos avisa, as emoções ajudam a agravar esse estado. Resta-nos reconhecer nas dores, do próprio corpo, que nos alertarem do que está errado e depois ter confiança em saná-las com auxilio adequado.
dc


terça-feira, 3 de novembro de 2015

MeMóRiAs InSaNas




                        estás lá permanentemente, no sonho, na vida, na memória, nada se desfez na neblina.
          está lá, e fica, nos olhos verdes, na coxa grossa e curta, no peito magro e pequeno, na boca gorda e saborosa, na saia que te aperta, nas calças que te desenham, na camisa que te desnuda, no sorriso malandro, no grito intempestivo, no beijo com sabor a Porto, no calor do colo, nos passeios junto ao mar.
          está lá, até na vontade de me esqueceres, do mesmo modo que eu evito, tudo fazes para viveres, para não ouvires o meu grito, não te queres abeirar de mim, queres a intensa solidão, chorando por te perderes sem encontrares o chão.
          estás lá, no dizer do povo, em marés que se repetem os marinheiros são insuficientes, e eu espero porque sou maré, que cumpro meus ciclos, sucessivamente, chova, ou faça sol, no mar ou em terra, no ar ou no chão, longe ou perto. um dia, reconhecerás, que se perdeu tempo demasiado nas inutilidades, por medo se perder o que na realidade é menos do que nada, e nesse balanço sentir o tanto que se poderia ter mais cedo e sem espera. 
                         as cabanas não trazem o amor, são construídas e recheadas dele.   
                         dc

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

dANÇANDO





         Dançavam
          Agarrados
Corpos
          Amassados
Desejosos
          Rodando
Garbosos
          Tangos
Boleros
          Fandangos
Adentrando
          Sentindo
Molhando
          Por baixo
Lábios
          Tremidos
Pernas
          Bambas
Músicas
          Bandas
Sorrisos
          Olhos
Semi
          Cerrados
Por Fim
          Separados
Lugares
          Retomados
Agora
          Acabando
Começando
          Enfim
Fado
          Saudade.

dc

domingo, 1 de novembro de 2015

os Pés



Os pés
se enrolam
perdidos
desnudos
dela 
Pernas
trémulas
coxas
sulco
vénus 
Monte
fonte
prazer
medo
segredo 
Nascer
prisão
casar
confusão
Não 
Recua
pensa
dispensa
prender-se
ilusão 
Os pés
fogem
a sete
livres
voam
 
dc