.... acontecem, neste caso foi o meu computador que teve de parar para recuperar os “músculos”e fazer uma pequena reciclagem. Espero que não volte a apanhar-me na curva e me deixe desprevenido sem poder fazer aquilo a que me propus, quando criei este blog, escrifalar.
Nestes dias de paragem senti a falta de escrever aqui neste meu cantinho, de ver os mails, de ir ao Facebook, de ler as notícias e muitas outras coisas, No entanto neste interregno, lentamente fui-me apercebendo do muito que tinha perdido ao afastar-me de outras formas de ocupação, não tão virtuais, mais terrenas e humanas.
Dei mais tempo às ruas, caminhando e observando o que me rodeava espantado, por só agora, parecer existir aos meu olhos, Fotografei muito, captando e procurando fixar o que via, desde grafites, pedaços de rua, flores que num ou noutro lugar iam surgindo e muitos outros pormenores, Algumas vezes fiquei sentado olhando sem ver e pensando sem dimensionar o correr das horas, Dediquei-me mais às leituras, sentindo o tacto e cheiro do papel. Apercebi-me que os programas televisivos são uma chachada e a luz que o aparelho emana nos atrai como aos mosquitos, Dominando pela imagem, “o que se vê é realidade”, é um elemento de comunicação rápida, mas também manipulador, o que para um povo com grande dose de iliteracia é sobejamente perigoso, Tomei mais atenção à leitura dos media escritos, com as suas contradições e falsidades, tentando o povão, para que os compre, vendendo-lhes notícias e informações, pouco sérias e viradas para a defesa dos exploradores desse mesmo povão. Enfim, na realidade foi benéfica esta paragem sem computador e internet, para me aperceber e atentar melhor, no modo como as notícias e as informações, nos chegam no mundo virtual e no mundo real, e acima de tudo, fugindo da “central de comunicação” formatada, que visa instalar os poderes instituídos, sejam eles governo, ou as grandes forças detentoras da economia financeira.
O computador é uma ferramenta de trabalho, que nos ajuda a ir mais longe e mais depressa, mas não podemos perder o horizonte, “o fazer com o prazer”, a experiência do contacto com as coisas materiais da vida e as emoções que se nos deparam nas suas diferentes dimensões, E, acima de tudo percepcionarmos o quanto nos afastamos da espécie humana quando nos deixamos dominar pelas novas tecnologias.
DC
quarta-feira, 31 de julho de 2013
OS IMPREVISTOS...
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Fotos:Diamantino Carvalho / Cidade do Porto
segunda-feira, 22 de julho de 2013
AS BOTAS
Olhei-as atentamente, enquanto pensava nos milhares de quilómetros percorridos com elas, Não somente calçadas para enfeitarem os pés, ou para dizer que não estava descalço, mas calcorreando estradas, caminhos de terra, vielas, subindo e descendo montes e escadas, ou frequentando lugares diversos, de gentes diferentes, sem que alguma vez sentisse desconforto, ou as achasse menos adequadas ao momento.
Feitas de calfe, a famosa pele de vitela, Suaves ao tacto, quando calçadas funcionam como uma luva para os pés, e são perfeitamente adequadas às exigências de quem com elas caminha as sete partidas do mundo.
Estas minhas amigas teriam muitas estórias para contar, caso falassem, por cada vinco ou esmurradela que têm, por cada vez que foram engraxadas, por cada vez que atravessaram ribeiros, poças de água, ou lameiros, por cada vez que a lama se incrustou nos interstícios dos pontos que cosem a sola à sua pele, Todas elas múltiplas razões da sua existência na minha vida, onde o seu papel foi preponderante para não desistir das missões de que muitas vezes fora incumbido.
Sempre as adorei, Tinha um prazer enorme quando me sentava na beira da cama e as tirava, sem que sentisse o tal cheiro incomodativo, que por norma os pés exalam, depois de muitas horas ali enfiados em espaço tão exíguo e apertado, O acto de as descalçar e as colocar aos pés da cama funcionava como um ritual, no qual os meus pensamentos iam percorrendo, como se escrevessem um diário, todos os espaços percorridos e a forma agradável como que elas me protegiam e quão grato lhes estava.
Nunca pensei ter tanto a dizer sobre as minhas queridas botas, mas isto é somente a forma de glorificar a sua existência, a sua qualidade e o meu agradecimento aos homens que ainda as vão produzindo com o mesmo amor com que as a calço.
DC
PS.Não eram propriamente estas botas que a imagem revela, mas umas outras compradas no meio de uma longa viagem, onde atravessei vários países, e que só as deixei quando estavam de tal forma intratáveis que já não se podiam usar
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Foto: Jon Cross
segunda-feira, 15 de julho de 2013
os LÁBIOS e as CEREJAS
Um dia beijei teus lábios
vermelhos e doces como cerejas
E senti o prazer da polpa carnuda
que os desenhava
como as cerejas
e senti a humidade da tua boca
como suco das cerejas
deixando-me de faces vermelhas
como as cerejas
pela timidez do amor que em ti vivia
e fazia de nós um par, um brinco
como as cerejas
que decorava o nosso amor
e os nosso rostos como a frescura
das cerejas acabadas de colher.
Fomos nós e as cerejas
naquele fim de tarde
elas as cerejas
numa taça de água com gelo
enquanto nós, nos saboreávamos
com desvelo com o mesmo prazer
com que devorávamos as cerejas.
DC
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domingo, 14 de julho de 2013
É O FIM DA MACACADA
É possível que sorriam se disser que andei a procurar macaquinhos no sótão, mas têm de acreditar que seria pior, dizer que andei a procurar crocodilos, estes precisam de água e no sótão não sobreviveriam, É verdade, procurei os bichinhos durante horas para ver se encontrava a razão de eles me encherem o sótão com as suas macacadas. Tenho certeza que são eles que fazem os filmes que me aparecem no sótão, Suspeito quem seja o realizador de tal aventura, quais os figurantes, e as várias estrelas principais. Algumas delas com muita sabedoria, outras com figuras a condizer, com o melhor que há as estrelas de cinema, Cinema de Macacos. Como por exemplo o Macaco Selva e O Macaco Poelho.
Os primatas são os antepassados desta nova geração, por sinal, bem menos peluda, e muito mais actualizada. Os “novos macacos” governam os macacos da raça humanóide que se afiguram seres pensantes, com sensibilidade e inteligência evoluída, quando ouço isto, ou leio, até costumo dizer “é o fim da macacada”. Sim “é o fim da macacada”, porque afinal tem-se verificado não terem sensibilidade nenhuma, são egoístas, e a inteligência deles é permanentemente usada para se lixarem uns aos outros, o que de facto não abona a seu favor como seres superiores.
Procurava encontrar no sótão, as razões das macacadas, que nos dias de hoje se desenrolam nas diferentes sociedades, e como os diferentes macacos vivem no meio desta macacada toda. Algumas razões encontrei, Hoje em dia é difícil falar e conversar, ou sequer espetar o dedo e dizer o nome dos macacos responsáveis sobre a macacada que gere a sociedade da Macacada Humana pois corre-se o risco de ir preso, ou ir para o Jardim Zoológico pentear macacos, com a agravante de os macacos residentes, que já lá estão há uns bons anos, se sintam incomodados pela presença de macacos humanos que foram à depilação e aparecem com cheiros estranhos. Alguns até, chamados de metrosexuais, que são um tipo de macacos, ainda menos peludos que os outros, a cheirar a água de rosas.
Os macacos que gerem a sociedade dos macacos humanos, não permitem que nós os acusemos de serem uns Macacos, quando abusam do paradigma, para nos fazerem repetir as mesmas asneiras que se fazem ao longo de centenas de anos, obedecendo a um qualquer macaco.
Havia toda razão em procurar macacos no sótão, pois custa acreditar que alguns macacos considerados fiéis à maioria da macacada, quando se encontram senhores da árvore ou da plantação das bananas, fazem de um país à beira mar plantado a República das Bananas, o que para mim, que procurei horas a fio macacos no sótão volte repetir que “Isto é o fim da macacada” e pensar que temos de inverter as coisas mandando os chefes da macacada, para o Tarrafal, isto é se os Tarrafelenses os aceitarem, pois lembrando-se das suas macacadas colonizadoras talvez não gostem muito.
O sótão continua com algumas macacadas a incomodar, mas começa a aparecer um ruído de fundo que talvez ponha em sentido os Macacos que mandam, Até lá, para me não distrair com o que aí vem, fechei o sotão para obras. Ainda pensei em alugá-lo, mas não quero prejudicar ninguém.
DC
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quinta-feira, 11 de julho de 2013
quarta-feira, 10 de julho de 2013
Sala de Visitas da CIdade
Aqui, caminhando por entre a frescura das árvores, fui elaborando sonhos, sentindo o perfume das plantas e a alegria do sol brincando com as sombras.
Jardins de Serralves, para além da riqueza do seu Museu de Arte Moderna, é um lugar de memórias e conforto sereno dos sentidos.
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Foto: Diamantino Carvalho-Serralves
terça-feira, 9 de julho de 2013
ENIGMA
Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma
Anónimo
Momentos de felicidade, são como as pausas na tortura feitas pelo torturador, Cada intervalo é um momento único.
DC
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sábado, 6 de julho de 2013
Ao FRANCISCO
O teu pai colocou-te um diminutivo que eu não ligo, para mim és o Francisco nome de homem, os nomes abreviados são mimalhice que eu não aprecio. O mimo está na forma como nós gostamos e intensidade que colocamos nesse gostar.
Sabes uma coisa pequenote, não encontro as palavras certas para te falar, mas vou tentar deixar um registo do que eu penso.
Hoje depois de observar o teu rosto e a forma afincada com que rabiscavas no papel, achei que tinha chegado a altura de escrever, e te dizer que embora não convivendo tão perto contigo, como seria meu desejo, GOSTO mesmo de ti, Não por seres criança, eu adoro crianças, mas por seres quem és e como és.
Levei-te em ombros passeando na beirada do rio Douro, enquanto conversava com teu pai, passeamos uma outra vez no jardim, brincando e sorrindo, Uma ou outra vez em momentos de família onde todos te querem prodigalizar com o seu gostar.
De algum modo, quando te vejo, relembro, como tu hoje és mimado pelo teu pai, também ele sobrinho, que foi muito mimado por tios e avós.
Olho para ti miúdo e sinto a ternura a encher-me o peito, nesse calor da tua inocência, com esses teus cabelitos encaracolados, a serenidade que emanas e que espero nunca percas, porque não são marca da tua família de origem, mas que a ti fica tão bem.
Vejo-te meu sobrinho neto, não na partilha física assídua, mas como um fã que te segue nas mensagens do “Dário de um Pai em Construção” e rouba as fotografias para sua colecção privada.
Sabes puto adoro-te, és de facto um “neto”, a quem apetece dizer presente aconchegando, abraçando, agarrando o teu sorriso, No encorrilhar da testa de estranheza, e na forma calma, repito calma com que encaras tudo o que à tua volta se desenrola, como se a vida, que do exterior chega à tua mente, estivesse registada no teu ADN, e acima de tudo porque o teu sorriso tem a dimensão do mundo.
DC
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Foto. Miguel/ DiamantinoCarvalho
MEUS DEDOS EM SEU CABELO ..
Gosta de tocar o seu cabelo com os dedos levemente como se afastasse a sombra, Um toque nos seus cabelos, depois... os dedos descem percorrendo a face, devagar como um cego querendo ver, sentir os contornos, trazendo-lhe a beleza à superfície dos dedos, Ele gosta de lhe tocar os lábios, sentir a respiração entrecortada, entre os lábios, ora num, ora noutro, enquanto a olha nos olhos, fundo nos olhos, lendo para além da cor, para além do brilho, olhos que mudam e respondem aos seus dedos, Ele deixa os dedos pousados nos lábios, sentido, Sentindo através deles o calor dos beijos por dar, Ele beija-lhe os lábios por entre os dedos, sentindo o sabor da sua boca, o seu hálito, o seu calor, Ele sente os lábios, como os seus dedos, desenhando a boca que beija, Sente a humidade da sua língua na ligeireza da abertura dos seus lábios e fica absorvendo o sabor, intenso a fruto maduro que são os seus lábios.
Os seus dedos, nos seus lábios, no seu cabelo, são o prelúdio, um astro’lábio’ de navegação, na certeza de encontrar destino, de encontrar o sentido da vida, Amantes que não se deixam morrer, alimentando os seus próprios silêncios com o ruído das vozes na memória, sempre presentes, mesmo quando distantes, mesmo quando perdidos pelo desconhecido que se lhes atravessa.
Amam-se por inteiro, com os dedos da mão no sabor dos lábios, no forte enlace de seus braços agarrando os seus corpos, Amam-se construindo-se, no olhar profundo em que se revêem, Unidos, amantes, conhecedores desse sentimento que se entranha sem julgamentos, sem dúvidas, mantendo-os intactos. Sentem-se através dos olhos, aqueles seus olhos, que são mais do que olhos, que brilham, que iluminam, o firmamento das emoções, Olhos que mudam com a cor do amor, cor que assumem quando toca os seus cabelos e desliza a sua mão pelo seu rosto. Sente-a na espuma dos dias. Não é uma amor inventado de um romance, nem a história de um filme de namorados na matiné de um domingo. São dois viventes de emoções, emoções no toque da pele, na pele com pele, na carne, na moldura do corpo.
Tocar seus lábios na vibração do soletrar palavras, enriquecidas do calor da sua voz, indo mais fundo, gravando, palavras que se gravam dentro dele, ouvir o seu adoro-te o seu amo-te, e os dedos sentindo, quando a sua voz é urgência, é resposta recíproca de um sentimento de um outro amo-te pronunciado, Como se de um eco se tratasse, como se um grito se soltasse, e batesse na montanha do seu peito, Pousar os dedos no lábio inferior carnudo, saboroso onde gosta de roçar seus dentes e beijar o seu interior, sentindo-a todinha naquele pedacinho da sua boca.
Não interessa o que os outros sentem, ou pensam, importa o que ele sente quando a tem por perto e pode simplesmente acariciar seu cabelo, seus lábios e beija-la como sentindo-se derreter todo, por dentro, como um glaciar sobre o calor escaldante.
Olho-a pela última vez dentro de mim, em mim, sentindo-a em cada cabelo seu, em cada carícia dos meus dedos, Dedos que trazem o seu sabor, e ficam com a perenidade dos nossos sentimentos.
DC
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foto: A&M arts
sexta-feira, 5 de julho de 2013
A DIFERENÇA NÃO ESTÁ NA PEDRA
O distraído tropeçou nela.
O violento usou-a como um projéctil.
O empreendedor construiu com ela.
O agricultor cansado usou-a como assento.
Para as crianças era um brinquedo.
David matou Golias e
Michelangelo fez dela a mais bela escultura.
Em todos os casos,
A diferença não estava na pedra,
Mas no homem.
Não há nenhuma pedra em seu Caminho que não possa trazer para o seu próprio crescimento.
(Anônimo)
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O PIOR, ..PIOR,,,PIOR,,,
... a temer é parecer o que nunca foi, só porque os outros ao fazerem o teu retrato, apagam as linhas da alma, no seu contorno.
DC
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Foto: Diamantino Carvalho
segunda-feira, 1 de julho de 2013
CHOVER NO MOLHADO
Silenciei a alma, não exprimindo a sua dor. Calei bem fundo, fugindo às palavras que magoam, fui andando, aceitando, olhando para o lado das coisas que não gostava, fui sussurrando baixinho, para mim própria, que estaria enganada.
Tudo o que negamos de nós próprios, não descansa a nossa consciência nem nos deixa libertos, fica latente, e quando menos se espera surge à superfície.
Deixando arrastar demasiado tempo as decisões, morre o impulso que as motiva, ou pelo menos instala-se a dúvida. É no impulso ponderado, não exagerando, que as coisas acontecem, se não temermos o erro, na maioria das vezes resulta. Pensar demasiado no óbvio é perda de tempo, E muito menos quando as nossas preocupações se centram fora de nós próprios. Como diz a frase “Desfrutem da vossa vida. Vão estar mortos muito tempo.”
Para se ser feliz e cumprir os sonhos é preciso estabelecer metas, e uma data para as realizar, caso contrário nada mudará nas nossas vidas, será como "chover no molhado".
A*DC*
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UM VASO E UMA FLOR
Eu tenho um vaso com uma flor, que rego todos os dias ao madrugar. Afago as suas folhas uma a uma, e converso com ela, mesmo sabendo que não me responde, não vá ela definhar. Ao correr do dia procuro protegê-la, de alguém que a possa pisar, ou do vento que as pétalas pode arrancar.
A Minha Flor tem um perfume que enlouquece, que nos resta na pele e adentra em nós fazendo perene a sua presença.
Quando no seu crescimento, lentamente vai despindo as folhas que a vestem, não deixo que se percam, guardo-as no meio dos livros que gosto de ler, São memórias que não quero perder da sua presença no meu viver.
A Minha Flor é a única, nasce e renasce, num ciclo que se repete, com as mesmas cores e o perfume que enlouquece, Escrevo-lhe poemas e frases serenas, para que se mantenha viva e a possa admirar.
No dia, em que no seu envelhecer, seja inevitável partir, não sei o que fazer sem ter a Minha flor a florir.
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