quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Ai sou tão pouco





Onde estás
Sou tão pouco


Onde teu riso
Para todos soa


Onde não é Porto
Ou Lisboa


Onde ficas tu sonhando
E eu com os meus sonhos
Aguardando


Nesse lugar distante
Onde não fiquei
Vivendo o instante


Hoje ficaria feliz
De te ter um só dia
Amor na alegria 


Contigo não haveria
Nem noite nem dia
Só tempo no presente


Estaria mais perto
De avaliar e saber
O que tínhamos de certo


dc

Vieste...





..... na brisa de fim de tarde
trouxeste contigo o verde do teu olhar,
uma boca para voar, todo um corpo
se sentindo como peixe no mar.

O tempo que durou foi um eterno sentir,
te esperava verão e inverno, sem saber como te fugir.

Um dia chegou a dor da incerteza
do tempo da viagem, do tempo do teu partir,
sem saber se afinal, toda aquela beleza
fora só mais um corpo a descobrir

E um dia foste e deixaste o frio, a saudade,
o casco desfeito de um barco
já sem forças para se fazer ao mar
e sem vontade de recomeçar.

Ficou teu, nosso, silêncio, o vazio,
ficou uma mapa de rotas sem escala
num corpo sem alma nem pavio
e uma voz que perdeu do amor a sua fala.


dc


domingo, 6 de dezembro de 2015

Os dedos..



Olha as mãos como se nunca as tivesse visto,
vê-lhe os dedos compridos, grossos, firmes,
as veias salientes, as cicatrizes, os calos, as rugas...

Dedos que pela força deixam ferida,
puxam gatilhos tiram a vida.

Dedos firmes precisos, abrindo sulcos
como o lavrador rasgando a terra.

Dedos que deixam marcas onde tocam,
digitais que os Homens descobrem.

Dedos quando apertam outras mãos,
deixam os sentimentos chãos.

Dedos moldando o barro da vida,
afagos do oleiro na peça erigida.


Dedos que fizeram mapas no seu corpo, 
registos na pele em tatuagem,

Dedos dum amor em longa viagem,
sem paragem até chegar a bom porto.

dc

sábado, 5 de dezembro de 2015

Só Silêncio





Ao silêncio me reservo
no silêncio me observo.

Silêncio espaço em branco
para pensamento sem ruído
num eu e eu muito franco
para encontrar o sentido
 
Silêncio avaliando preceitos
ajuizando conceitos
na razão do meu calar
e o porquê de nele ficar

Silêncio contraponto de ruído
assim se estrutura o mundo
um sem outro não faz sentido
só que um cala mais fundo

dc

domingo, 29 de novembro de 2015

Um Suspiro....



Um suspiro prolongado, acontecido da alma de quem ama, provoca uma tempestade com ventos de alta velocidade onde habita o coração do objecto do seu amor.dc


Pensamento....



....” Não sei se mais alguma vez abrirei as portas de mim, se deixarei espaço a que me tomem, eu que sobrevivi e hoje quase tenho vergonha disso. Vivo amarrado às memórias de uma suástica que me esmagou, gravando dentro de mim os gritos dos meus companheiros gaseados. Todos eles morreram descalços, todos eles desaparecidos, resultado da ambição de poder de alguns “homens”. Necessário é não me deixar contaminar por esse passado e ajudar a que os Homens do presente não caiam nos mesmos erros “...... assim observo página negra da nossa história. 
dc 
“O cordão humano, assim como a iniciativa de colocar milhares de pares de sapatos no local onde iria realizar-se a marcha cancelada devido aos atentados realizaram-se sem acidentes, mas depois alguns manifestantes atiraram objetos à polícia que respondeu com gás lacrimogéneo.” 
http://www.noticiasaominuto.com/mundo/495301/milhares-de-pessoas-num-cordao-humano-contra-alteracoes-climaticas


sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Grades Invisíveis



Somos prisioneiros de nós próprios, evitamos o desejado e tantas vezes ambicionado com medos e convenções, Fazemos por ter a aparência do que não queremos, e gostaríamos de ver a léguas, Afinal, não pensamos em nós próprios em relação à vida que gostaríamos de viver, dizemo-nos livres e deixamos que as amarras nos mantenham confinados aos limites e constantemente não realizados. Ficamos em nosso canto encolhidos com receio do fracasso, de assumirmos os nossos gostos, os nossos amores, os nossos desejos, as nossas preferências.
Nunca foram tão livres como quando se amavam sem barreiras, vivenciando todos os momentos como se não existisse, mais do que o agora. Nada fora tão bom como naqueles tempos, em que só eram dois decidindo o tempo, em que vibravam com as mais pequenas coisas, em que se digladiávam para que cada um fizesse mais perante o outro para que usufruíssem em plenitude.
Não arriscaram, o medo tolheu-os, Assumir o que somos é sempre difícil, quando se tem em cima de si as tais convenções sociais, o emprego, ou desemprego, a satisfação da materialidade quotidiana. Preferiram deixar correr entre os dedos, a força do amor que tinham para não enfrentarem os problemas os tolhiam; Se a idade era propicia, se os filhos gostam, ou querem, se os avós toleram, se os tios se chateiam, se amigos percebem, se os vizinhos estranham e até se gentes da terra reparam, como se as gentes da terra, não tivessem mais para onde olhar, se não para eles. Tudo temendo, agarrados a ancestrais hábitos retrógrados. Tal eram os seus receios, que temiam conversar sobre as hipóteses possíveis para que elas não contrariassem o que temiam...e assim se foram derramando pelo inóspito caminho dos impossíveis, das discussões, das imposições, dos temores e se afastando, procurando inconscientemente justificar o canto onde se escondem... .
 
dc
SET2014