Os pensamentos, abstracções
que subtraímos da realidade, isolados numa gaiola, a nossa cabeça... Às
vezes se manifestam para o exterior, num sorriso, num olhar com o brilho das emoções, num gesto... Para quem, de fora,
nos observa pensando, torna-se difícil descobrir de facto o que neles se cogita,
o que os alimenta, qual a prioridade das suas escolhas... Somente estão lá,
isolados, sem tempo limite, com escala de gradação própria, sem palavras
visíveis, perdidos nas inter-relações que se geram, nos sentimentos, nos
factos, nas preocupações. Eles ocorrem... Saltitam, esvoaçam pelo mais
recôndito de nós... Quantas vezes a nossa introspecção é tão profunda, que os
pensamentos se fazem presentes, levando-nos a cometer actos irreflectidos,
gestos não pensados...E quando nos apercebemos, já está feito... Umaletra... Um número... Uma frase... Um
gesto e acontece, só quando ouvimos o eco que nos chega, como resposta... Quando
a voz que entra no ar nos faz acordar de espanto, ao fazer-se presente é que
tomamos consciência de que transformamos um pensamento em realidade, e aí
descobrimos que muitas coisas, que julgávamos resolvidas, afloram novamente
vivas e dolorosas.
Há dias que não devíamos pensar, ou então devíamos fechar a gaiola a sete
chaves...
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