Nesse vazio de
gargalhada plástica, de frases incoerentes, imagens disparatadas semelhando
humanos, a música vai mediando, entre os pensamentos desconexos e a realidade
que magoa e traça sulcos, nesses diferentes caminhos, onde o sangue corre nas
veias e atinge o alvo. Raciocínio absurdo, porque não? A vida tem momentos tão
absurdos, que nos faz ignorar perguntas, com medo da dureza das respostas. Nem
sempre o humor é fácil, se fosse teria de vir acompanhado de cinismo, para
poder dizer sem receio de magoar. O sorriso, ou a gargalhada esperta no comum,
vem de ferir o outro, que não se apercebe da sua insuficiência e é motivo da piada
fácil. Quase sempre esse humor fácil é fruto de um cinismo e ignorância. É uma história,
fruto da escorregadela na casca de banana, ou da inocência de quem se revela
perante o outro. A imagem, é o enquadramento de cena onde ele ganha os sorrisos
alheios. Sim, aprecio muito mais o sorriso simples de quem nada teme, que não
se gasta em gargalhadas de fácil cometimento. Sim, algo que sai de dentro, aquela
a alegria que fluí do prazer de estar e viver o momento presente, mesmo que só,
como aquela imagem brincalhona do gato, desfazendo o rolo de papel higiénico, ou
espreitando com a curiosidade de quem se diverte, ou ainda da possível distração,
de escovamos o cabelo com a escova de dentes, como espectadores do insólito.
Tudo, assim escrito, porque sendo sábado eu sorrio, agarrando a hipótese talvez
ridícula de que um dia será possível, que o prazer do sorriso inocente, livre,
sem constrangimentos, aconteça sem que não sejamos um avatar que quis esconder a
realidade.
dc
Sem comentários:
Enviar um comentário