
Tenho pena, de me ter perdido das palavras
escritas, que antigamente surgiam a todo o vapor, e que vertia no papel com
rapidez, com o medo que elas se perdessem no labirinto dos pensamentos. Hoje é
o dia do teu aniversário, as emoções de todos estes anos passados são tantas,
tornam a tarefa ainda mais difícil. Surgem palavras tão comuns e desacertadas,
que não correspondem ao que durante todos estes anos, vivemos, sentimos e
realizamos. Talvez as palavras, que surgem de seguida no texto, não expressem o
calor, o carinho, nem as diferentes emoções, que neste momento vêm a
superfície. O que vivenciamos, no acompanhar do teu crescimento, com as
dificuldades económicas, o tempo de estudo na escola, mais tarde na
universidade, discutindo os trabalhos e as notas. As pequenas escaramuças
comuns de um pai, que se arrogou no direito de te criar, e acompanhar até ao
dia que saíste para viver com o teu companheiro de sempre e formar a tua
própria família. Sinto que é insuficiente dizer-te o quanto brilhas para mim,
por tudo aquilo em que te transformaste, e me deixa orgulhoso, nesse teu
percurso desde menininha, à senhora casada, com o homem que escolheste, como
pilar de entendimento, para a realização de objectivos maiores, e trouxeram à
luz do dia um filho (o neto, que tanto desejava).
Eu disse, no início deste escrito, que já não sabia arrumar as palavras como
outrora, e falta-lhes, talvez, a riqueza de vocabulário, ou a beleza que
merecias, mas espero que me perdoes. Só queria que soubesses, que mais do que
um jantar de aniversário, ou o estourar do champanhe, há coisas deliciosas, não
descritas aqui, que ainda fervilham em mim, permanecerão para o resto dos meus
dias caladas bem no fundo do meu ser.
Um beijo, e um Xi coração do tamanho do mundo.
DC