Tem
noites, como agora, em que acordo sobressaltado, como se tudo já tivesse
dormido. Fico ensimesmado procurando a razão, de tal acontecer, pois, de facto
gostaria de voltar a adormecer. No entanto, o sono não volta e a mente fica
solta, na procura do que fazer. Se contar carneiros não me faz entorpecer e os
olhos fechar, continuo o divagar, à volta de pensamentos estranhos, ou
preocupares tamanhos, tornado-se um inferno, pior que noite fria de inverno.
Tento ler para voltar a adormecer. Escolho um livro desinteressante(?), mas é
difícil, ele tem tantas palavras e frases construidas que ao raciocínio dão
asas, e me levam a voar, neste continuar sem saber, se estou a pensar ou a
sonhar, não entendendo se de olhos fechados, ou abertos, e os sentidos
despertos. Há quem lhe chame Insónia, mas eu tenho dúvidas, não conheço tal “pessoa”,
que ao sono traga tanta cerimónia. Resolvo debitar palavras seguidas, sem fio
condutor que revele saber, e acabo por resolver, que tenho de parar, não vá
acertar no que estou a dizer, e fiquem a saber que tenho dificuldade em
adormecer.
A noite já vai alta e fico em silêncio, aproveitando o vazio que se instala,
olhando os livros nas estantes da sala, pensando, pensando, tentando tomar
consciência da proveniência deste acontecer, sem chegar a conclusão alguma. Possivelmente,
como tem sido costume nos últimos tempos, acordarei sentado no sofá, com dores
em todo o corpo, de mau humor e desde logo a tentar resolver, os muitos
problemas que já fazem parte da rotina, de quem procura sobreviver no marasmo
social e politiqueiro deste país governado, pelos desgovernados eleitos. Ah,
será isto que provoca a tal insónia?
dc