Via
o tempo a passar. Onde estava o tal amor indescritível de estória de filme, que
ela desejava viver. Tinha esse sonho desenhado em imagens e pormenorizado, em todos
os seus passos. Diziam-lhe: “o amor está dentro de nós”, mas, na verdade, não
pensava assim, era fora de si que ele seria encontrado, e depois transportado
para dentro. Na sua mente e na sua sensibilidade, convencera-se que só sentiria
esse verdadeiro amor, quando um alguém especial lhe desse um abanão. Só assim
acreditaria, ou saberia se ele estava dentro de si. Adorava os silêncios que
sombreavam os dias, que lhe permitem pensar e olhar com alguma distância para
o que a rodeia, no entanto, gostaria muito mais que esses silêncios fossem
acompanhados por um coração vibrando com o seu, em sintonia. Vivenciar, de mãos
dadas, com a energia desse sentimento, que adivinha, a faria tremer por dentro
e arriscando, sem saber nem avaliar, o que de bom ou mau pudesse acontecer, sem
preocupação com futuros.
Tantas vezes dava por si, olhando as mãos, imaginando a corrente de energia que
poderia passar delas para outras que a elas se colariam, de dedos entrelaçados,
como gavinhas no arame de suporte, ambos desfrutando o pôr-do-sol de um fim da tarde,
sentindo afagos, beijos molhados e palavras ditas com o olhar...e o tempo a passar.
dc