sexta-feira, 23 de maio de 2025

Quem não queria...

 

Via o tempo a passar. Onde estava o tal amor indescritível de estória de filme, que ela desejava viver. Tinha esse sonho desenhado em imagens e pormenorizado, em todos os seus passos. Diziam-lhe: “o amor está dentro de nós”, mas, na verdade, não pensava assim, era fora de si que ele seria encontrado, e depois transportado para dentro. Na sua mente e na sua sensibilidade, convencera-se que só sentiria esse verdadeiro amor, quando um alguém especial lhe desse um abanão. Só assim acreditaria, ou saberia se ele estava dentro de si. Adorava os silêncios que sombreavam os dias, que lhe permitem pensar e olhar com alguma distância para o que a rodeia, no entanto, gostaria muito mais que esses silêncios fossem acompanhados por um coração vibrando com o seu, em sintonia. Vivenciar, de mãos dadas, com a energia desse sentimento, que adivinha, a faria tremer por dentro e arriscando, sem saber nem avaliar, o que de bom ou mau pudesse acontecer, sem preocupação com futuros.
Tantas vezes dava por si, olhando as mãos, imaginando a corrente de energia que poderia passar delas para outras que a elas se colariam, de dedos entrelaçados, como gavinhas no arame de suporte, ambos desfrutando o pôr-do-sol de um fim da tarde, sentindo afagos, beijos molhados e palavras ditas com o olhar...e o tempo a passar.

 

dc

Sem comentários:

Enviar um comentário