Em tempos passados, passear na cidade, ajudava a debelar angústias, e acalmar o espírito, no chamado “passeio dos tristes”, nos deixava folgados física e mentalmente para os dias duros do dia à dia.
Caminhei por algumas das ruas da minha cidade, e apercebi-me, pela primeira vez, que a idade se marca pelas mudanças. A cada momento, um lugar de referência de outrora desapareceu. Desaparecem cantos, esquinas, edifícios, jardins. Desapareceram lugares para as crianças brincarem e jogarem à bola, nem ás "escondidas" e com eles as memórias. Estas, são o único local onde existe a “minha cidade”.
O progresso abre caminhos a direito, e nem sempre para melhor. Sentimos um frio enorme com o aparecimento indiscriminado do betão. As árvores e os quintais desaparecem e dão lugar a centros comerciais, bancos em espaços de lazer, onde ninguém se sente bem para estar e grandes superfícies lisas, desertas, com revivalismo surpreendente, sobretudo nos limites, do centro da cidade.
Hoje ao caminhar na cidade, senti-me mais só do que já estava, senti-me perdido, quase precisei de um GPS, para saber onde estava. A cidade vulgariza-se torna-se muito igual a muitas outras por esse mundo fora perdendo a identidade regional e nacional. Mas pior de tudo é a sensação de perda que sentimos, quando o chamado progresso, não nos integra como seres humanos e nos arrasta para uma ausência de alegria e prazer de dizer “esta é a minha cidade”.
Para alguém que viveu esta cidade. E que teve a sorte, ainda, de ver locais onde a mudança não retirara as suas referências do passado.
domingo, 29 de janeiro de 2012
ONDE ESTÁ A MINHA CIDADE
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