quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Mais do que um corpo

Ao passar, olhou-a, ficou preso à sua imagem, quase dominada pelo preto e branco. De sedutora estética, tinha o arreganho da luta nos seus braços. Despida de enfeites, não por simplicidade, antes por ser seu destino, desnudar-se para se renovar. A realidade visível escondia a vibração que dentro de si, existia. Feito Deus, ele deu-lhe a vida que se escondia, mesmo quando perdida das suas vestes e sujeita ao agreste vento gelado e chuva. A esperança restaurada, de quem a observa e de quem sempre espera a renovação da sua própria vida.

 

dc

 


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Sem resposta

Perguntas-me como eu estou, e eu não sei responder-te. Estou em fuga de mim, sem me aperceber do que fazer, vivendo cada dia o seu acontecer. No dia a dia, e suas rotinas, incomodam-me as alterações, já não tenho pachorra, para viver de stresse ou pressões. Cada exigência exterior ao que me disponho, me aborrece. É comum trazer comigo, um ou dois livros como companhia, são o que de melhor tenho para me ocupar enquanto a espera me é imposta. Dois diferentes, para que se adequem ao estado de espírito, ao lugar e ao momento. E de facto eu leio, mas nem sempre, sem saber porquê, o que leio fica retido, para dele dizer, o que se pode dizer de um livro. Na maioria das vezes efabulo sobre aquilo que leio e perco-me sem receio, com os olhos lá longe onde não se fazem perguntas, nem se esperam respostas. Como agora mesmo, a luz, cor e som, chegam com as conversas que circulam entre as mesas da esplanada, e a confusão é tal, que não me retenho em nada. Nem no livro que leio, nem na conversa de premeio, e assim, o tempo decorre e mais um dia morre, sem espalhafato, na ninhês que se vai repetindo.
A pergunta mantém-se e a estória não muda nada. Estou em fuga …

 

dc