segunda-feira, 30 de junho de 2014

Uma PARAGEM Na EStação dO TEMPO



Antes que a noite me levasse deixei-me levar pelas palavras e fui construindo através delas raciocínios.
No avizinhar do sono, sinto-me entrar numa espécie de letargia, ao mesmo tempo que um monologo interior se desenvolve fazendo o balanço do dia. E enquanto o processo ocorre, várias interferências se vão processando trazendo-me avaliações do passado, para o meio do presente. A determinada altura, não sei se o monologo diz respeito ao resumo do dia, ou se já passou para a dimensão do sonho, Talvez por isso, abro os olhos assarapantado procurando reconhecer o lugar onde me encontro. Por vezes, dou por mim sentando no sofá da sala, com o televisor ligado, outras deitado sobre a cama ainda fechada. Quando assim acontece fico silencioso, sorumbático, pensando se a realidade está acontecendo efectivamente, ou se me perdi algures num espaço de tempo sem dimensão. Coisa confusa esta, que por vezes determinado cansaço nos faz viver. Não sei se algum de vós já aconteceu, mas que é estranho é. É uma paragem na estação do tempo.

DC

sábado, 28 de junho de 2014

O Tempo voa



O tempo voa e cada vez mais sentimos a necessidade do contacto com a realidade e de ganharmos distância da visão virtual do mundo.

A natureza e todo o mundo real que nos envolve nos trás um maior apelo nestes tempos de calor, a ser usufruído e apreciado. O mar reflectindo o azul do céu, a temperatura agradável com brisas leves, o pôr do sol todos os dias diferente, os sorrisos brilhantes e prazenteiros dos que connosco se cruzam, tudo motivos agradáveis para fugir do tradicional tempo frente ao monitor do computador. Há mais mundo para além do “quadrado computorizado”, Fotografar apanhando momentos, passear pelas ruas e jardins, conviver, visitar lugares. Visitar a própria cidade onde por vezes nos sentimos quase como turistas, a cada espaço modificado, ou desaparecido, que fazia parte das nossas memórias. Os velhos edifícios agora recuperados, as ruas renovadas, as esplanadas – em alguns casos, um exagero – tudo isso nos trás espantos e vida.

Quando confrontados com algumas dificuldades, como a perda do telemóvel, o computador avariado, ou a Tv sem sinal é que nos apercebemos do quanto estamos dependentes das novas tecnologias, mas muito mais nos espantamos quando saímos à rua e deliberadamente deixamos tudo isso para trás e temos a percepção da vida real.

Diz a canção: Vem viver a vida amor / Que o tempo que passou / Não volta não”

domingo, 15 de junho de 2014

Não saber gerir o tempo,.....




... agarrando o instante que se lhe depara, é perder um pedaço de vida que não se recupera e a vida não pára.

No nosso egoísmo “tecnológico” esquecemo-nos daqueles que em nós habitam, e dos que connosco partilham, Agarramo-nos à tela do computador, enquanto atiramos ao ar palavras de conversa, desconexa, com os que permanecem sentados ao nosso lado.


Na verdade esse mundo virtual acaba por nos encerrar num mundo vasto silenciosamente consciencializado, Fecham-nos no casulo das quatro paredes da nossa casa, quase tememos deixar de comunicar com esse mundo silencioso e perdemos perspectiva do “lá fora”, a vida real e seu tempo. Vida real aquela, que nos trás e faz seres viventes, humanos, participativos interagindo, e que já nada sabemos nem temos a coragem para a viver e afrontar.


O mundo fora do rectângulo electrónico quase deixa de existir. No mundo virtual, se a resposta não nos agrada procuramos outra, e outra, e mais outra. É verdade que “vemos” o que se passa em muitos lugares do mundo real, As lutas sociais, políticas, económicas, culturais, as várias expressões artísticas, as tendências da moda, as paisagens de outros países, os concertos musicais, as notícias, mas tudo isto, numa realidade que outros captaram, chegando-nos deformada e formatada. Entretanto, Não participamos nas lutas que são nossas, perdemo-nos do vento que desliza na face, dos diferentes cheiros que circulam pelos ares, da luminosidade do sol, da emoção das cores e dos silêncios perdidos no seio da natureza, Não sentimos a suavidade da seda ou aspereza da rocha nem percepcionamos a verdadeira dimensão dos diferentes objectos e sua realidade. Perdemos o gozo de folhear um livro, seu cheiro, sua textura, o prazer de o sublinhar, o roçar das folhas, a comodidade de o arrastarmos connosco, para todos os lugares.
 
Assusta pensar como as nossas crianças já se perdem nesse mundo e ficam sem imaginação para construir os seus próprios brinquedos, ou até trabalhar a mente de forma abstracta para simular um voo de avião com uma simples esferográfica. Algumas delas, como nós adultos, prendem-se no mundo dos jogos, onde se perdem, e onde podem sempre voltar atrás sempre que não lhe agrade o desfecho.

Quanto mais tempo nos agarramos ao mundo virtual de foram aleatória , menos referências possuímos, e assim é a própria realidade que passa a ser uma linguagem abstracta, que pensamos, não existindo fora do universo que mentalmente fomos construindo.

DC

            “A minha mensagem é simples: mais do que uma geração tecnicamente capaz, nós necessitamos de uma geração capaz de questionar a técnica. Uma juventude capaz de repensar o pais e o mundo. Mais do que gente preparada para dar respostas necessitamos de capacidade de fazer perguntas.”

Mia Couto,
"E se Obama fosse africano? E outras inter”i”nvenções". Ed. Caminho




quinta-feira, 12 de junho de 2014

COMI hoje uma SANDES de OXIGÈNIO



Comi hoje uma sandes de oxigénio.
Aproveitei o sol e calor sorvendo com intensidade o ar, para que me secassem as humidades do inverno. Deixem a pele ao ar para respirasse e absorvesse o abençoado oxigénio. Por fim como estamos em crise aproveitei a situação e abri um pão ( carcassa, molete, como quiserem) e deixei-o ao ar um pouquinho para que se recheasse de oxigénio, não muito tempo, para não ficar seco, e comi-o deliciado. Como dizem o comum dos mortais “ mais vale isso de que nada”, desde que o pão seja fresco....

A continuar assim, transformar-me-ei em torrão e um dia destes estarei a adubar os bichinhos com uma dose de oxigénio de primeira qualidade.

DC

terça-feira, 10 de junho de 2014

Somos Paz Somos Bomba

 


Somos cólera somos riso
Somos fúria somos gente concreta
Somos gente com juízo
Não gente que vegeta.
Somos luz somos sombra
Somos sol somos cometa
Temos a vitória como certa.
Somos calmos somos sérios
Somos gente sem mistérios
Povo é nossa origem
Nosso rosto tem fuligem.
Somos mão de obra de estaleiro
Somos pátria somos povo primeiro
Não gostamos que nos roubem
Esses homens do “poleiro”.

Somos paz somos bomba
Somos flor somos pomba
Metamorfose cumprida

Somos povo primeiro
.

DC

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Entre o SONHO e a REALIDADE




Todas as noites adormeço e sonho, Na noite sonhando tenho sonhos de prazer e encanto e muitos outros trazendo-me o pranto.
Também sonho, por vezes, com os olhos abertos, um sonho recorrente, que me deixa perdido quando no banco sentado olho o mundo florido.

Um sonho tão rico, que me esqueço do tempo e do sítio, como um sem abrigo perdido do lugar de nascença, esquecendo o já vivido.

Nesse sonho que a realidade nunca alcança, se preenche o tempo, entre a tempestade e a bonança.

Neste vira-vento da vida, entre sonho e realidade, os dias se vão passando e continua o sonho... de ir sonhando...

DC

domingo, 1 de junho de 2014

O TAL ABRAÇO




Um abraço surge como um palavra de remate no findar de um texto, de uma mensagem telefónica, de e-mail, num dizer “estou aqui”. Abraço de conforto, de apoio, de ternura, num gesto de amizade, Despedida carinhosa de gente que se conhece e sabe do aconchego que representa. Ele é a simulação mais próxima, do desejo de apertar no calor de nossos braços, esse tal alguém que lhe merece. Não substitui o abraço concreto, envolvente, no qual se respiram e se trocam calores de atenção. Aquele abraço bem saído de dentro que mata saudade, acentua uma despedida, acalenta camaradagem, ou retém o amor entre dois.

Eu tenho um amigo que nunca abracei, mesmo quando perto, no entanto com ele tenho partilhado, muito assiduamente, muitos almoços, algumas viagens, imensas histórias, conversas de circunstância e desabafos. A nossa aproximação é tal que mesmo sem o abraço propriamente dito, sempre nos abraçamos pelas palavras, na oralidade dos dias de convivência. Agora que ele tem estado ausente, reparo na falta desse tal abraço, diferente, do tal, que é sólido e trás calor à alma.

Sei amigo, que a tua ausência é temporária, mas teria ficado mais contente se te tivesse dado um abraço, que não fosse uma manifestação de grande amizade à distancia, escrito em palavras. Tu bem sabes que prefiro a tua birra, perfumada pelo luxo dos abastados, que em ti é simplicidade e amizade, à palavra, a que mesmo não queiramos por muito doce e amiga, não deixa de estar perdida de substância.
 
Voltarás breve mais confiante do que nunca, verrumar-me a cabeça, com as tuas teimosas certezas, a ironia do teu comentário, os rasgos de humor e agudeza de raciocínio apanágio das pessoas pensantes. Faremos certamente, mais uns quantos almoços e jantares, muitas e boas conversas carregadas de bons momentos de boa disposição, ou seja o nosso “tal abraço”.

DC