domingo, 15 de junho de 2014

Não saber gerir o tempo,.....




... agarrando o instante que se lhe depara, é perder um pedaço de vida que não se recupera e a vida não pára.

No nosso egoísmo “tecnológico” esquecemo-nos daqueles que em nós habitam, e dos que connosco partilham, Agarramo-nos à tela do computador, enquanto atiramos ao ar palavras de conversa, desconexa, com os que permanecem sentados ao nosso lado.


Na verdade esse mundo virtual acaba por nos encerrar num mundo vasto silenciosamente consciencializado, Fecham-nos no casulo das quatro paredes da nossa casa, quase tememos deixar de comunicar com esse mundo silencioso e perdemos perspectiva do “lá fora”, a vida real e seu tempo. Vida real aquela, que nos trás e faz seres viventes, humanos, participativos interagindo, e que já nada sabemos nem temos a coragem para a viver e afrontar.


O mundo fora do rectângulo electrónico quase deixa de existir. No mundo virtual, se a resposta não nos agrada procuramos outra, e outra, e mais outra. É verdade que “vemos” o que se passa em muitos lugares do mundo real, As lutas sociais, políticas, económicas, culturais, as várias expressões artísticas, as tendências da moda, as paisagens de outros países, os concertos musicais, as notícias, mas tudo isto, numa realidade que outros captaram, chegando-nos deformada e formatada. Entretanto, Não participamos nas lutas que são nossas, perdemo-nos do vento que desliza na face, dos diferentes cheiros que circulam pelos ares, da luminosidade do sol, da emoção das cores e dos silêncios perdidos no seio da natureza, Não sentimos a suavidade da seda ou aspereza da rocha nem percepcionamos a verdadeira dimensão dos diferentes objectos e sua realidade. Perdemos o gozo de folhear um livro, seu cheiro, sua textura, o prazer de o sublinhar, o roçar das folhas, a comodidade de o arrastarmos connosco, para todos os lugares.
 
Assusta pensar como as nossas crianças já se perdem nesse mundo e ficam sem imaginação para construir os seus próprios brinquedos, ou até trabalhar a mente de forma abstracta para simular um voo de avião com uma simples esferográfica. Algumas delas, como nós adultos, prendem-se no mundo dos jogos, onde se perdem, e onde podem sempre voltar atrás sempre que não lhe agrade o desfecho.

Quanto mais tempo nos agarramos ao mundo virtual de foram aleatória , menos referências possuímos, e assim é a própria realidade que passa a ser uma linguagem abstracta, que pensamos, não existindo fora do universo que mentalmente fomos construindo.

DC

            “A minha mensagem é simples: mais do que uma geração tecnicamente capaz, nós necessitamos de uma geração capaz de questionar a técnica. Uma juventude capaz de repensar o pais e o mundo. Mais do que gente preparada para dar respostas necessitamos de capacidade de fazer perguntas.”

Mia Couto,
"E se Obama fosse africano? E outras inter”i”nvenções". Ed. Caminho




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