segunda-feira, 30 de maio de 2022

Encruzilhada de Maio

O mês está no fim. Existe uma ausência, não procurada, que dê sentido às palavras para formular textos. A confusão está instalada no pensamento. Os pensamentos ocorrem, em catadupa, do mesmo modo, que o excesso de informações e a sua variedade temática. Pior, é o conflito, entre aquilo que preenche esses meus pensamentos e a vida real que vai ocorrendo à volta. Escrever sobre isso, mesmo que de forma desordenada, reflectirá pelo menos, algo que possivelmente será transversal a muitas outras boas gentes.

Aqui entre nós, o 25 de Abril passou sem alegria. Um nazi que veio de fora, tirou-nos o desejo e prazer dos festejos. Veio lembrar o poder do capital para dominar os povos. Uma voz, lá de longe, que nos faz arrepiar a pele, com as memórias que nos transportam para um passado de perseguições e mortes. O 1º de Maio, passou quase despercebido, foi insuficiente para animar os que lutam contra o trabalho precário, o desemprego, ou alertar para a forma como estão dominados pelos poderes instituídos. Ficamos reduzidos a uma individualidade induzida, que afasta as pessoas da convivência. Individualidade, que na falta de análise objectiva, está carregada de comodismo, que anestesia a sociedade, plantada por quem manda, para que a obediência seja cega e o colectivo acéfalo. Os mandantes trazem à liça todos os especialistas necessários, para que o trabalho seja feito em nome de uma ciência, que só serve o seu fim. Vimos sendo ensinados, a fazer exercícios e a ir ao ginásio, para aprendermos a olhar somente para o nosso umbigo. Fazer do achismo e opinião própria, que se afasta da ética e da vivência, e criamos muros que nos isolam julgando estar acompanhados. Perante isto, quase que me sinto impotente para dialogar, e procurar a resposta para tanta passividade. Maio para uns têm “Fátima” e peregrinações, outros, desespero no dia a dia de sobrevivência, neste presente inquinado.

 

dc