sábado, 31 de dezembro de 2011

PARTIDA SEM REGRESSO


 
Hoje parto definitivamente para um lugar sem regresso. Não levo saudades, tudo correu mal, hoje será o meu último presente. Dizem que é o nosso karma e que regressaremos de novo a este mundo encarnando outra figura, outra alma. Oxalá fosse verdade que regressasse renovado espalhando amor, alegria felicidade, sem egoísmos para todos.
Parto sem saudades, muitos foram os dias que neste sofri. E no final somente uma réstia de sol surgiu que me animou, e alguns dias de intenso amor, mas ainda periclitante. É  a réstia que me sobra para na próxima vinda, eu possa gostar de cá estar.
Economicamente foi tudo muito mau, e no aspecto humano e social tudo deixa a desejar, por isso, como já disse, parto sem me preocupar com as memorias decorridas mas com fé de que tudo irá melhorar.
Só me resta desejar-lhes um novo ano feliz que 2012, seja efectivamente aquilo que todos anseiam. Eu por mim já cá não estarei.



Um abraço
O Ano Velho

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A noite em que o sol brilhou


A noite iniciara o seu caminho, quando para seu espanto o sol brilhou.
Sem raios visíveis, mas em teias de palavras, que geraram energias, motivaram crenças, trouxeram alegrias.
Encadeados os olhos se fecharam. Na mente os pensamentos partem para outras paragens.
Deixou-se ir na brisa acontecida sem ter a noção da partida. Só sabia que naquela noite o sol brilhou, mas não sabia como a brisa o levou.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A mar



Na praia onde o mar se desfaz, sinto o cheiro da maresia e a presença do teu corpo deslizando como grãos de areia entre os meus dedos.

As dunas do teu corpo são o espaço que percorro protegendo-me da perda de ti.

O beijo da água salgada traz-me o sabor das lágrimas de prazer que escorrem dos teus lábios.

E aquele pedaço de pano matizado de flores largado no chão, resta esperando, fazendo memória.

A'mar

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

NASCIDA DE ABRIL


Há trinta e seis anos, veio ao mundo uma menina, nascida de Abril.

Nascida de Abril, porque foi elaborada e apaparicada no ventre de sua mãe, num período da vida deste país, em que a Revolução dos Cravos estava florescer, plena de entusiasmo e participação plural de todos os portugueses. Foi um período rico de vivências de Portugal. Foi um período rico de vivências de teus pais, que cheios de criatividade e vontade davam o seu pequeno contributo para se fazer história. Três amores conviviam, sem que um descurasse o outro. Amor de dois seres humanos, o amor à sua filha e o amor à revolução.
Durante alguns anos o teu crescimento, foi feito no caldo da revolução de Abril, e quanto mais não fosse, ganhaste o “berço” necessário para perceber o que são os interesses maiores e razão de ser das sociedades.

Hoje é o dia do teu aniversário e meu maior desejo, é que tu o festejes com a esperança renovada de que o mundo terá um futuro melhor, mesmo quando nos ameaçam do contrário, mesmo que sabendo que teremos uma outra revolução de Abril. E também quero que saibas, que para o melhor, ou para o pior sempre cá estamos, os que te amam, para te apoiar e ajudar a superar.

Vai ao sítio mais alto que encontrares, e grita a plenos pulmões a tua alegria de existires.

AMIGOS PARA SEMPRE

AMIGOS PARA SEMPRE ... Depois de perder os pais. esse orangotango de três anos de idade estava tão deprimido que se recusava a comer e não respondia muito bem aos tratamentos e remédios. Os veterinários achavam que ele iria se entregar à morte. O velho cão foi encontrado perdido nos arredores do zoológico, e quando levado para dentro da sala de tratamento, se encontrou com o orangotango, e os dois se tornaram amigos inseparáveis desde então. 

Que será necessário fazer para que os seres humanos, independentemente de raça, credo, origem geográfica ou económica, aprendam com os animais, e usem a inteligência de que são dotados, para se comportarem melhor que os animais? A amizade e o amor, não vivem de jogos de poder, entre pares, nem cobranças, nem guerras, mas de fraternidade, solidariedade, companheirismo e muita alegria de viver.
Todos os anos no final do ano, se fazem votos disto e daquilo em relação ao novo ano que se aproxima, talvez seja a melhor aprendizagem para todos:

Dar sempre ao outro mais do que esperamos, para receber sem esperar, mais do que qualquer outro.

domingo, 25 de dezembro de 2011

"EU CONSIGO"!!!!!



Os que dizem “Não consigo”, normalmente são os que dizem aos outros, que eles sempre tiveram apoio, que são pessoas com sorte. Com esta atitude refugiam-se, e escondem a sua incapacidade para superarem os desafios, ou para lutar por aquilo que dizem desejar.
Infelizmente são muitos os exemplos de pessoas, a quem a falta de franqueza, de honestidade, valores sociais e culturais, usa este tipo de argumentação. 



Maria João Costa Félix , no seu livro, “Bem estar interior.” Expõe de forma clara esta problemática.


“Quem tem a chamada sorte sabe o trabalho que, por vezes, dá. O muito que exige. Uma fidelidade a si mesmo. Um manter-se interiormente erecto também em momentos de desalento. Uma atenção, uma honestidade e um discernimento constante face aos desafios da vida. Frequentemente, uma ousadia. Ou uma paciência.

Viver nunca é fácil, mesmo para aqueles para quem aparentemente o é. Podemos é optimizar as dificuldades e virá-las a nosso favor, ou permitir-lhes que nos deitem abaixo.
Acreditar não é uma capacidade que uns seja dada enquanto que a outros é negada, como frequentemente se pensa.
Todos nós temos caminhos a percorrer. E, só à medida que avançamos com os nossos próprios pés, carregando com os fardos que nos pertencem, é que ele se nos vai definindo.
Há porém quem o recuse. Quem, ao sentir que ao andar para a frente é difícil, se ache no direito de descarregar para cima de alguém. De pedir satisfações à vida zangando-se com ela.”
....
“Dizer: “Não consigo” – mesmo que para nós mesmos – é como virar as costas à vida. Desligar a ficha que nos liga à corrente da energia universal. Pretender controlar todos os dados de uma situação. Ter medo da porta em aberto. Recusar a esperança. A confiança.”
...
“Ao dizermos ”Não consigo”, estamos a recusar aceitar a responsabilidade pela nossa própria vida, pela resolução dos nossos problemas, Como que a pedir – mas sem ousar fazê-lo – que alguém nos pegue ao colo e, de uma forma ou de outra, se substitua a nós naquilo que nos compete.
Estamos a recusar a abertura à fonte do verdadeiro e único amparo – que só na confiança em nos mesmos se encontra.”


As pessoas têm de ultrapassar os seu medos, e superar, a educação medíocre que as novas sociedades lhes querem impor, usando uma linguagem e princípios de fidelidade, honestidade e franqueza, que, embora nem sempre fácil, será sempre o mais correcto no respeito pelo outro. Enfrentem a tempestade e conquistem no presente o seu futuro, vão à luta. Substituam ”Não consigo”, por um forte ”EU CONSIGO”

sábado, 24 de dezembro de 2011

Como a suave brisa no deserto

Deixei que partissem as últimas palavras.
Partissem na brisa do vento, quentes e suavemente aromatizadas pelas especiarias do amor feito sem pressa. Vogando nas dunas do deserto , como no universo dos sentimentos vivem os amantes seus amores.



História de um quadro VIII - Ame o que você tem...


Ame o que você tem...
Antes que a vida lhe ensine
a amar o que você tinha
(Anónimo)


Começou por pintar o fundo de branco sem perceber o que queria. Quanto mais de branco pintava, mais imagens na mente fluíam, sem saber o que dariam.

Deixou a tinta secar, antes de outras tintas marcarem, o branco que acabara pintar.

Vogou sem pensamentos feitos. As tintas do pincel saíam, formando imagens que o não sabiam. Corpos de mulheres, em cores quentes e em poses atrevidas, do sub-consciente nascidas, redimensionavam o espaço. Corpos em atitudes despojadas, sem importar como foram encontrados e no espaço se tornaram vivos. Talvez de algum modo explicando as imagens na memória retidas, e que agora apareciam para ser lidas.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

NATAL? QUE SE LIXE, MATEM A FESTA E ANULEM O FERIADO!

Não será o galo da meia noite, mas sim um garnizé simpático, que na próxima noite de Natal me fará companhia. Irá irritar-me, com o seu canto, mas fará esquecer-me porque razão esta quadra sempre me traz tristeza e por vezes, lágrimas que se me soltam do peito.
Tudo acontece cada vez mais intenso, no correr dos dias que se aproximam da celebração. Este período de festas só me trás memórias dos que morreram, deixando vazios enormes por preencher. As vidas daqueles, que sem querer magoei, e daqueles que me magoaram rasgando-me por dentro.

O Natal não me trás as memórias felizes da infância, porque esta se perdeu, nos pés descalços, nas paredes da fábrica, no corpo dobrado como escravo moderno. E no decorrer dos anos, muito menos gosto que se faça lamecha, com a treta "de que no Natal tudo é possível, e é sempre que o homem quer", passando uma esponja sobre a realidade, como se deixassem de existir pobres, a quem se roubou a dignidade e capacidade de ganhar, com orgulho, o seu próprio salário. Como se as guerras, movidas por interesses obscuros, com inocentes mutilados, fossem fruto da nossa imaginação. Como se as situações sociais que mexem com a vida das pessoas, o aumento do custo de vida, os salários baixos, o subsídio roubado, etc.etc. fossem culpa do destino.

Temos um Natal "da crise" e em crise, vendo ser sonegados ao povo os benefícios, que durante anos lutaram para conquistar, para benefício de uns tantos que ficam mais ricos. Na crise que se saiba o dinheiro não foi queimado, mas mudou de mãos e de certeza não foi para as mãos dos mais necessitados.
Sorte teve Cristo não nascendo nos dias de hoje, porque se não, nem aos trinta anos chegava, bem cedo exilavam-no em Guantamano e torturavam-no pelos seus ideais revolucionários. E na foto do presépio, nas palhinhas,veríamos um moreninho simpático, rodeados dos senhores do FMI, do BCE, e mais uns quantos, senhores não eleitos, assassinos silenciosos de países, que no Parlamento Europeu decidem dos seus destinos.

Se o Natal, não traz "Paz aos Homens de boa vontade"... então que se lixe, matem a festa, anulem o feriado.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

ACTION Painting

A noite de chuva, e a rua molhada com os seus carros circulando, foi a sugestão, para deixar de forma simples espirrar as tintas no cartão, compondo passo a passo a ideia, fazendo com que a criança dentro de mim, se soltasse colorindo o conjunto. Não me preocupava a forma, mas o resultado que aos meus olhos ia surgindo, ao projectar tinta contra a superfície do cartão, criando um volume e acção no modo como as tintas se iam projectando e acumulando, o que me divertia, tentei (vergonha minha) o prazer de Jackson Pollock, ao fazer "action painting".

BOAS FESTAS

A personalidade das pessoas marca a forma como elas surgem para todo o sempre perante nós. É a marca de origem que individualiza os seres humanos. As diferentes personalidades das pessoas, nem sempre significam choque, muitas vezes são complementares e compõem o puzzle, encaixando-se na perfeição. Pior do que isso, são os pequenos gestos diários e sistemáticos, que vão saturando e criando conflitos. São as pequenas areias na engrenagem que a fazem deteriora-se. Por isso, nesta altura do ano, em que o dom de perdoar, tem um conteúdo lamecha, talvez seja bom que pensemos para os próximos tempos, na importância de evitar as pequenas coisas nocivas, e pensarmos mais nas pequenas coisas, que acumuladas, resultam em grandes feitos.  BOAS FESTAS

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

ESTOU GRATO


Estou grato

Pelo bom que conheci de ti
Pelo amor que dedicas aos que amas
Pela forma como te ris em si
Pelo prazer do teu abraço
Pela tua cabeça em meu regaço
Pelo sabor do teu beijo
Pelo sentir do teu desejo
Por me distinguires no teu "canto"
Por me trazeres ao teu pranto.

Obrigado por entenderes a minha diferença
E na tua teres privilegiado a minha presença
Obrigado por tudo o que me deste e não sabias
e que conservarei todos os dias.
E do amor que não reconhecias
Nas palavras que recebias.

Estou grato pela rejeição, pois até podes ter razão
de não te saber explicar o que sente coração.
Por isso aproveita a minha ausência
Esclarece o coração e a consciência
Acorda para o mundo com optimismo
E se pensares no que todos os dias consegues
verás um dia realizados os desejos que persegues.

dc

Feche os olhos e deixe-se ir


Suavemente, o corpo sai para o vazio, flutuando, ondulando entre as folhas das árvores. A natureza se apossa dele, integrando-o, afastando-o do ruído da cidade. Projecta-o para uma outra dimensão, onde só vive o espírito de si próprio. Vivencie a natureza do seu corpo, não dominando o gesto, voando na brisa, ouvindo  som das águas que deslizam sobre o seu leito, deixando a dor saindo do seu peito, abra caminho a um novo destino, a uma nova alegria a um novo dia.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

FANTASMAS NO ARMÁRIO

Arrancou os fantasmas do armário, soltou-os na casa, deu dois gritos e voltou a adormecer. De manhã, acordou, abriu as janelas, deixou que o ar pestilento, do ambiente fechado da noite, levasse os fantasmas e com ele tudo o mais que os envolvia.

Hoje tudo será diferente, o pensamento se altera com as novas premissas, será um presente criando uma espiral de acontecimentos, que trarão um desenho diferente ao futuro que acontecerá.

Na realidade o presente é um somatório de decisões e atitudes falhadas, e outras de sucesso, ou nem por isso. Como se diz, por vezes é preciso conhecer o lado negro para se perceber quanto existe do lado positivo. Por que razão as pessoas pensam que lhes fez mal ter acontecido isto, ou aquilo? Esquecem-se, que sem isso ter acontecido nunca o saberiam, nem poderiam escolher outras saídas, mais do seu gosto e cada vez mais próximas daquilo que são os seus desejos? A vida constrói-se nas experiências, sem culpados, ou mal amados. Cada um arranja desculpas que entende para justificar os seus erros, ou atitudes menos correctas. Somos humanos, por isso deixemos cada um seguir o seu percurso o tempo dirá se o presente é um erro do futuro, de qualquer modo todos sabemos que o que hoje acontece marca definitivamente o modo como o futuro se desenvolverá.




É Doce Morrer No Mar

O mar te levou Cesária Èvora, deixando um buraco enorme na alma da gentes. Perdemos tua voz e tuas doces melodias. Ouvir-te continua a ser renascer, obrigado pelo que nos deixaste. Nenhuma homenagem será suficiente para te agradecer. Até um dia.

domingo, 18 de dezembro de 2011

CUIDADOS NA "REDE"

 
 
As redes de internet, além de nos permitirem contactos rápidos, consultas fáceis, e acesso a informações várias, também contém riscos, de manipulação graves, em especial de ordem social e política, para os quais devemos estar de olhos bem abertos.
Nestes dois vídeos vemos, mais uma vez, alguns dados sobre a importância de se ter cuidado na utilização das redes na internet, com as postagens de imagens de cunho privado e com aquilo que nos fornecem como informação na internet. As pessoas ao fazê-lo sem a devida ponderação, correm riscos de perturbação sua vida pessoal e social com consequências várias, como a invasão da sua privacidade e acabarem por ser formatados no conhecimento pela informação que recebem. 

http://www.ted.com/talks/lang/en/eli_pariser_beware_online_filter_bubbles.html

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

DE FACTO DEVE-SE DAR NOME AOS BOIS


Ao menos existe um deputado europeu que é capaz de falar sem medo de apontar o dedo aos responsáveis pela catástrofe do euro e das manobras que colocam os Boys da alta finança a governar países.

sábado, 10 de dezembro de 2011

POR QUÊ, A PERGUNTA?

Fica no silêncio. A pergunta está feita, ela põe em causa, interroga, como se quisesse saber porque razão os peixes vivem no mar.
Sim o silêncio é uma distância enorme no presente de um diálogo, é a distância certa, é mais do que uma espera, mais do que uma resposta, é o desgosto, é a tristeza do não reconhecimento de quem somos e de facto valemos para quem nos interroga. Porque o silêncio interroga-nos por dentro de quem somos.
Só resta impedir que as palavras se soltem, as frases se construam, e a resposta saia crua, sarcástica, colocando a distância necessária. O sentimento é maior do que a pergunta.
A memória solta-se e trás um passado recente luminoso de pequenas vivências que no presente se solidificam e emocionam, por isso o silêncio.
Sabes, as ruas são pequenos galhos de uma árvore imensa que abrange o mundo onde vivemos. Nelas andamos saboreando cada prédio avistado, cada lugar recôndito, cada pessoa que se movimenta preenchendo e florindo o espaço da nossa caminhada.
Gostar, amar, adorar não são frases soltas, são sentimentos que se expressam, mesmo sem que as mãos se toquem, mesmo que os lábios não se beijem, mesmo que não estejam no mesmo espaço... como se explica? Pode-se explicar a origem da terra e sua envolvência astrológica, mas não se explica a origem do Universo rotulado como Deus.
Sabe-se das emoções que nos correm nas veias e estimulam a mente, ao ouvir a voz, ou ao avistar da sua figura na distância, ao lembrar o beijo, a carícia. Corre-se por amor sem cansaço. Por amor os olhos brilham, o coração se agita como querendo soltar-se do peito. Tudo se desvanece, ou desaparece para além da razão daquele sentir.
Por quê a pergunta?

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

ESPERO.TE VIDA


Espero-te todas as manhãs.
Mas até elas se vão esgotando,
e lentamente amornando
o sabor dos lábios teus
Na dureza da vida ousamos justificar
a ausência dos abraços, como se ela fosse um Deus
Como se quisesse acabar com o verbo amar
Sem ter que explicar, como ela trás o adeus
No cansaço do dia matamos a alegria
Nada fica nada se escuta
deixando morrer a permuta,
a troca de emoções.
Ficamos pacíficos a sentir e ver,
aquilo o que nos enriquece, morrer.
Tudo em nome de tudo, matando
tudo o que em nós floresce
e que mesmo se amando
com o tempo desaparece.

A verdade, por vezes encoberta, por palavras evasivas

Torna tudo mais cruel e faz criar novas feridas
 
Como seria bom falar de nós, de ti, no nascer da madrugada
Beijar-te, na doçura do tempo, que raras vezes nos liberta,

caminhar construindo tudo do nada

partindo para a vida, em permanente descoberta

Nada é impossível de mudar

 
Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar. 

Bertold Brecht

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Dificuldade de governar??????



1
Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.

2
E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,
De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que
Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.

3
Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
E só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

4
Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?

Bertold Brecht

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ministro da Economia leva "tareia" de deputado

Ministro da Economia leva "tareia" de deputado (vídeo) [Partilha]

Cada intervenção que vejo do senhor ministro a única coisa que consigo vislumbrar é uma enorme fragilidade, evidente atrapalhação, profunda falta de estratégia e visão, para não falar de um aberrante desconhecimento das matérias em causa. É assustador. Neste vídeo vemos o deputado do PCP Bruno Dias, aparentemente informado e com o trabalho de casa feito, a fazer gato sapato quer do Ministro quer do Secretário de Estado dos Transportes (Mas que raio de argumentação foi aquela? O senhor Sérgio Monteiro já alguma vez tirou as pantufas de Mangualde, Coimbra ou Lisboa e foi efectivamente a Londres? Bom exemplo? "Sustentável"? Meu Deus ...) Tudo isto é surrealista em demasia para ser verdade...salvem-nos!

http://aconteceemportugal.blogspot.com/2011/12/ministro-da-economia-leva-tareia-de.html?spref=fb

Bertold Brecht - Elogio da Dialéctica

Palavras tão certeiras de Brecht, e música de José Mário Branco são um apelo ao povo para que se mobilize. Povo que tem sido adormecido pelo conformismo, a quem incutem o medo para que fiquem estáticos mesmo quando explorados e com a fome na ponta da navalha do opressor. ACORDAI POVO DO MEU PAÍS.
Elogio da Dialéctica

A injustiça avança hoje a passo firme
Os tiranos fazem planos para dez mil anos
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são
Nenhuma voz além da dos que mandam
E em todos os mercados proclama a exploração;
isto é apenas o meu começo

Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos

Quem ainda está vivo não diga: nunca
O que é seguro não é seguro
As coisas não continuarão a ser como são
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados
Quem pois ousa dizer: nunca
De quem depende que a opressão prossiga? De nòs
De quem depende que ela acabe? Também de nòs
O que é esmagado que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aì que o retenha
E nunca será: ainda hoje
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã

domingo, 4 de dezembro de 2011

EU TENHO UM NETO


Eu tenho um neto, de quem falo carinhosamente dum modo que sempre detestei. Chamo-lhe “o meu netinho”, não sei o que me dá, fico preso no brilho do seu olhar, na sua fragilidade e absorvido pelo quanto me dá.
Vivo cada momento da sua presença como único. O seu sorriso enche-me de alegria,  e cada vez que pronuncia “Vô” sinto que faço parte do seu mundo.
As nossas saídas, têm sempre um pouco de história. Entrar no carro, sentá-lo na cadeirinha e falar com ele olhando o seu sorriso de satisfação, consolam-me a alma. As canções da “Joana come a papa”,  “O Areias é um camelo” e muitas outras são pano de fundo para nossa viagem ao Centro Comercial, o “Pi” , como ele lhe chama, abreviando a palavra Shopping, que não sabe pronunciar. É o seu local de eleição, do qual sente falta, quando por alguma razão, cortando a rotina, o levo a outros espaços onde estará mais em contacto com natureza, como o Parque da Cidade. Ele tem a sua razão. De Inverno quando começamos as nossas saídas matinais, o shopping era o local mais quente confortável para estarmos os dois, em especial ele, porque não há muitos espaços agradáveis ao ar livre, com essas condições. Ali, tem os escorregas, as casas de brincar do Toys ur Us, e outros sítios onde se pode entreter.
É um prazer apreciá-lo, quando saímos do carro no estacionamento, e vê-lo todo sorridente já no meu colo, esperando que lhe dê a chave, para que possa ligar o alarme. Depois, quando junto ao inicio das escadas rolantes, me pede para o colocar no chão, para as subir sozinho como um pequeno homenzinho, sentindo o seu deslizar e gozando no final o prazer do ligeiro pulo da saída para o espaço firme.
Temos o nosso ritual de cumplicidade, frequentando sempre o mesmo lugar no madrugar do espaço comercial, ainda sem o movimento pesado das horas de agitação, onde dividimos entre nós o pequeno almoço. Ao chegarmos ao café, as meninas já o conhecem, e então ele pede-me que o pegue ao colo para que as possa ver com o seu ar observador e receber os seus sorrisos de bom dia.
A nossa meia de leite acompanhada com os nossos pãezinhos, que parcimoniosamente vou partindo em pequenos bocados e que lhe dou à boca, vão-se misturando com colheres de leite “sujo” de café, que ele vai bebendo deliciado. Sempre que pega na chávena e a esvazia sem  me deixar qualquer gota visível, o seu riso de gozo, deixa-me sem jeito. Concluído o pequeno almoço é um apressar, para ir para a zona infantil, para se divertir nos escorregas, nas casas de brincar e nos carrinhos, acompanhado por companheiros ocasionais, que como ele ali se encontram.
Nestas nossas saídas, finalizamos com a visita à FNAC , local obrigatório de passagem, para ter contacto com os livros, escaparate dos posters, CDs e brinquedos, criando-lhe assim o hábito salutar de fazer dos produtos da cultura, companheiros de percurso para o futuro. Aqui, é espectacular o modo como ele retira os CDs para que eu os ouça, e como depois os arruma cuidadosamente nas prateleiras, com rigor e sem se enganar. Tudo ele aprecia, como se de um adulto se tratasse, o seu ar de entendido deixa-me enternecido.
O meu neto deixa-me muitas vezes a meditar e a interrogar sobre a vida dos adultos. Quantas vezes penso, que amor é este tão livre, tão doce que nos faz ficar felizes. Porque razão, os outros amores da nossa vida, são tão complicados?
EU tenho um neto. Ele faz-me sorrir, sentir amor, saborear a vida.
Sinopse
Langston Whitfield (Samuel L. Jackson) é um jornalista do Washington Post, enviado à Africa do Sul para cobrir as sessões da Comissão da Verdade e Reconciliação. Ele está apreensivo em relação à viagem, tal como está céptico relativamente ao processo de reconciliação, sentindo que é apenas uma forma de os perpetradores escaparem ao castigo. Anna Malan (Juliette Binoche) é uma poetisa africana que cobre as sessões para a rádio estatal sul africana e NPR nos Estados Unidos. Anna é uma entusiasta do processo, tem um grande respeito pelas tradições africanas nativas e tem grandes esperanças relativamente ao seu país. Como membros da imprensa internacional, Anna e Langston encontram-se e estão instantaneamente em desacordo relativamente às suas perspectivas opostas das sessões. Mas, com o tempo, a experiência compartilhada de ouvir os testemunhos comoventes e dolorosos aproxima-os cada vez mais.

Esta sinopse explica o filme da forma demasiado simples. Embora tenha uma história de amor nas entrelinhas, o filme conta acima de tudo uma história de torcionários, de gente que em nome da Pátria, cometeu actos criminosos, que vão desde cortarem os pulsos, os testículos, meterem ferros na vagina das mulheres, choques eléctricos, e crianças a verem os seus pais a serem assassinados, tudo com o objectivo de descobrirem conspirações políticas e militantes contra o apartheid na sociedade da sul africana. Tudo isto, com o apoio duma minoria branca, que olhava para o lado perante tais crimes. Enfim uma história de terror baseada em dados verídicos. Uma história onde se percebe um paralelismo com os julgamentos de Nuremberga cuja maioria dos nazis, foram amnistiados, porque “estavam a cumprir ordens”.

Hoje mesmo, somos vitimas de governos que nos dizem estar a fazer o melhor pelo povo, enquanto nós observamos o poder económico a engordar os seus cofres. Provavelmente, no futuro, todos os envolvidos neste espoliar do povo, dirão que estavam a convencidos estar a fazer o melhor, ou a “cumprir ordens”



quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A cor da loucura nham nham



A pele acetinada, madura, apetitosa, sedutora faz-nos encher a boca de prazeres ansiosos.
Ela é motivadora de pecados em bocas mais ousadas, que a saboreiam, primeiro, em dentadinhas leves, depois com ânsia descontrolada abusam do seu sabor.
Têm o seu tempo de dar. Não se deixam apresentar, em qualquer altura. Elas procuram a o momento ideal, em que os astros as favorecem, dando-lhes riqueza e tornando-as sábias ao paladar de ditosos amantes.
Muitos têm cometido a loucura de percorrer quilómetros para as encontrar em serranias mais distantes, e aí, onde elas são mais puras e doces.
Doce álcool para sangues arrefecidos, enrubescendo faces e vontades pela sedução da sua pele.
Quanto inspiração de poetas em bocas doces belas e abertas que apetecem beijar
São elas senhoras de requintado manjar que enobrecem momentos e fazem as delicias dos mais refinados gostos, até há quem as use dando-lhes o devido mérito dizendo:

“É a Cereja no topo do bolo”

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Um outro ACORDAR

-->
Ouço repetidamente a música quase sem pensar deixando fluir os sentimentos que ela desperta a cada minuto que decorre. As emoções à flor da pele deixam a angústia do amor que se pensa e sente na alma dos outros e que nele se perdeu.
É a fala de um mar tão profundo, intenso, imenso do amor sonhado e tantas vezes longe de nós.
Somos seres estranhos que abraçamos a tristeza para que nos conforte o ego agonizante e justifiquemos as fragilidades da alma. Cobardemente, pacificamente, nos deixamos enredar pelos anos que passam, pela preguiça da mente e não decidimos pelo prazer da vida.
Todos queremos a felicidade, no entanto, de forma irracional, procuramos a tortura, dos dias de insatisfação e nada realizarmos para que a felicidade que está dentro de nós exista.
Vivemos à rasca, suportamos uma sociedade à rasca, revoltamo-nos à rasca, vivemos relações a dois à rasca. Na prática somos pouco criativos e incapazes de satisfazer, mesmo que à rasca, as nossas liberdades pessoais e colectivas. Escondemos os sentimentos, com medo de ferir, escondemos as vontades com medo de ser reprimidos. Afinal em que ficamos? Queremos ou não ser humanos, felizes, livres e capazes?
É hora de acordar da manipulação dos media, das palavras enganadoras do poder económico que nos domina. Percebermos que a vida é muito mais do que economia. Acordar para a vida, sem medo dos políticos e das práticas políticas. Acordar para a humanidade e sermos humanos. Acordar para abrir a porta à felicidade, mesmo que esta não dure sempre, mas que dure mais que pequenos bocados, que alguns vís humanóides nos fazem crer serem suficientes.
Sim, viver para esse mar profundo, sem solidão, ou tristeza. O mar pôr do sol, o mar alegria dos amantes apaixonados, o mar musa de poetas, o mar em que o amor é a dimensão de todas as coisas. Sim, um mar que nos transporte para o prazer sentir os lábios deixarem partir as palavras sem medos, que dão a lugar a todas as coisas que devem ser o caminho dos humanos. Amor, amo, amo-te, fraternidade, felicidade, vida, criação, nascer, renascer, viver, viver, viver, viver o MAR E TU, EU, TODOS. 

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Um Olhar e Silêncio


Misterioso olhar parado na distância, quase indiferença.

A mágoa, por vezes, arrasta-nos para limites que nos levam a pensar estarmos sem alternativas, que todos sabem existir, menos os próprios.

Enredamo-nos cada vez mais na própria imagem que criamos e sustentamos.

Irritam-nos aqueles que tentam romper o celofane que nos envolve. Viciamo-nos nas manias e trejeitos adquiridos, que vamos mantendo, depois... é difícil parar. Passamos a ser por dentro a pedra de gelo que mantivéramos por fora, como uma garantia de silêncio, e ausência perante os outros. Perdemo-nos no caminho que criamos, sem encontrar o norte ou regresso às coisas simples e comuns do acto de viver

Por vezes se torna pesaroso acordar

NOSTALGIA DE OUTONO

-->

O sol rompe com dificuldade a ligeira neblina que se instalou no ar. No ar o cheiro do Outono, é acompanhado pelos movimentos e cantos dos pássaros que agitados procuram atentamente encontrar no chão alimentos, para si e família. “Eles ainda estão longe de sentirem a crise”, penso eu. As árvores estão despidas da maioria das suas folhas e muitas já estão podadas ficando visíveis os seus galhos como mãos abertas se virando para o céu.

Olhando atento as diversas árvores, lentamente as fui diferenciando, pela sua qualidade e pela sua estrutura visível de diferentes nódulos, que lhes confere uma anatomia própria e uma linguagem visual que as assemelha aos humanos.

São fruto de uma encontro da semente com a terra, semelhante à copula entre os humanos. Como os bebés, umas nascem debaixo de grandes desvelos que as protegem, outras sobrevivem em condições difíceis. Como todos o seres viventes precisam alimento de sol, ar, água e terra. Morrem de doenças inesperadas, ou crónicas, tendo por vezes, de ser abatidas. São vigiadas e podadas ao longo da sua existência para que tenham força e beleza no crescimento. Os nódulos evidentes na sua estrutura morfológica, são as marcas, as feridas deixadas e curadas durante a sua existência, tal como em todos nós humanos a vida nos vai formatando

Ao olhar mais uma vez, aquelas árvores e o seu conjunto, me pareceu ver uma comunidade, de seres diferentes, mas que se manifestam silenciosamente como fonte de vida, de agradecimento por existirem, cumprindo a missão de nos alimentarem com os seus frutos,  de regularem a natureza e nos iluminarem a alma com a sua presença. Assim fossem as vontades dos humanos, em interagirem no sentido da vida, da alegria, da paz e felicidade por existirem.

domingo, 27 de novembro de 2011

SONHO, OU REALIDADE?


Olhei esquadrinhando o espaço, procurando algo que não sabia o quê, parecia ter feito uma paragem no tempo, ou tinha acordado de repente de um coma, vivendo uma outra realidade, que não aquela onde estava inserido agora. 
De repente ao sair do sítio onde me encontrava, senti no ar um cheiro diferente. Recuei, fechei a porta e vi a peça de vestuário que restava pendurada atrás da porta, desde a última vês que nos tínhamos encontrado. Ela recolocou-me novamente no presente  de forma intensa. Afinal, não tinha sido uma paragem no tempo, nem acordar de um coma, nem um sonho, aquele pedaço de tecido era a prova. 
Peguei a peça e apertei-a entre os dedos sentindo o toque suave, do tecido, e relembrei a pele. Aproximei-a do meu rosto e o cheiro do seu corpo misturado com o do seu perfume atingiu-me. Tudo se desenhou aos meus olhos, agora sim, como se surgisse da névoa. Na realidade tinha acontecido romance. O que sentira estava agora bem presente. 
Sentei-me, acalmei olhando sem ver, só sentindo, esperando que a realidade se desvanecesse. Não queria que tivesse acontecido, melhor teria sido que fosse um sonho enganador, ou uma paragem no tempo. Sentia que o vazio se podia instalar e o retomar dos dias tornar-se-ia penoso.  
O optimismo foi-se sobrepondo, a casa junto ao mar ainda permanecia no esboço, e as mãos ainda se encontravam coladas no caminhar, somente um silêncio límpido, por tempo indeterminado os afastava. Porquê indeterminado, se fora só um momento de dúvida? Porque a palavra estava fora do contexto. Afinal significava “por um tempo determinado “ o silêncio seria necessário. Ufa, que alívio. 
Acordou estremunhado e sorriu ao sol. Apreciou os melros saltitando, e cantando no meio do jardim. Sentiu-se beijado pela brisa que corria levemente e pensou para si, “Gostar de ti é tão bom”. Como eco surgiu uma voz nas suas costas, “tu sabes que te adoro?”. 
Como é difícil distinguir o sonho da realidade. Talvez os dois se devessem encontrar num momento qualquer, num qualquer espaço e convergiram na realização, talvez até escrevendo "felizes para sempre".

NO "CPF" EXPOSIÇÕES FOTOGRÁFICAS A NÃO PERDER

O fotografo Juantxu Rodriguez

Juantxu agarrado à sua máquina, depois de abatido a tiro


Foto de Juantxu
Hoje fui ao Centro Português de Fotografia, nas antigas instalações da "Cadeia da Relação" no Porto., para ver três exposições de fotógrafos de espanhóis. Gostei dos novos valores espanhóis com alguns destaques que não quero realçar, para não correr o risco de dizer disparates, pois as opções estéticas a cada um dizem respeito, goste-se ou não. O mesmo não direi das fotografias de Marín que abrangem um período que vai 1908-1940 e as de Juantxu Rodriguez que me deixaram impressionado. Este último, impressionou-me de tal modo que por momentos me perdi. O nome dado a exposição deste fotografo, é por si só, suficientemente explicativo "Fotografias que falam por si". De facto é só ir ver e esperar que as imagens falem convosco como o fizeram comigo.

Aconselho que veja os links abaixo indicados para conhecerem um pouco da vida deste artista/fotografo que morreu bem novo, pelo um tiro de um soldado EEUU, no Panamá

http://grandmonde.blogspot.com/2011/11/juantxu-rodriguez-no-centro-portugues.html
http://imagesvisions.blogspot.com/2011/05/o-fotografo-que-morreu-abracado-sua.html

http://www.elpais.com/articulo/internacional/RODRIGUEZ/_JUANTXO_/FOTOGRAFO/PANAMA/ESTADOS_UNIDOS/ESPANA/PANAMA/EL_PAIS/INVASION_DE_PANAMA_/20-12-1989/EL_PAIS_/_AGRESIONES/elpepiint/19891222elpepiint_8/Tes

sábado, 26 de novembro de 2011

FUI. PALAVRA CURTA DE SIGNIFICADO TÃO LONGO



Fui. Diz-se na linguagem dos jovens, significando, “já cá não estou”, “já estou noutra”. Nada mais enganador, quando se fala de sentimentos. Nessas alturas o, fui, disfarça a impotência em permanecer. Não é o fim das coisas que magoam, mas o muito que se poderia ter feito e aproveitado.

Todos os dias tropeçará no toque do telefone no amanhecer dos dias. Todos os dias ficará sem o som da voz que partiu, esperando resposta ao seu mandado.

Não sei se o sol conseguirá abrir a alma com o seu calor e luz, tornando os dias menos longos. Ele espera um pássaro do sul que traga as notícias do seu amor. Do amor que percorre a planície voando sobre as flores e sobe procurando o norte de sua vida.

Indeterminado o tempo do silêncio, para que decorra na sabedoria da vida a decisão de seu querer.

Não é virtual, o espaço que domina o amor deles. É mais uma linguagem de Braille, um lugar físico de toque e abraço, de palavras sonorizadas, com expressões de tonalidades várias. É algo forte saído de dentro, que se sente no ar que se absorve, na brisa que corre.

Calmamente sentado no tempo, entre espátulas, pincéis, espaços brancos, cores, formas e no seio de palavras enroladas na ponta da língua, ele espera as notícias que chegarão sem tempo determinado, mas que dirão se algum dia, mesmo que de forma remota, ele foi, ou será amado pelo aquele alguém cujo amor é há muito esperado.


sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Um Amor de Quadro. IX


A chuva caía sobre os seus corpos meios desnudos enquanto corriam alegremente. Brilham na noite com os reflexos das luzes.

Refugiam-se no espaço abastado do seu atelier. Na cama larga, despem o resto dos trapos que os cobrem. Beijam-se. Primeiro em pequenos toques leves, suaves, depois devagar a língua se insinua por entre os lábios, a respiração torna se agitada, a intensidade do seu contacto aumenta, enquanto mãos se buscam. O amor à largo tempo contido transfigura-os. Ela ansiosa pede-lhe que se faça sentir dentro dela. Um ligeiro murmúrio sai dos seus lábios e seu rosto se transforma, com o prazer de o possuir na sua totalidade. Corpos se agitam em dança incoerente, desenhando em pinceladas de sensualidade e erotismo o caminho do clímax.

Saciados, restam deitados, seus olhos brilham e um sorriso lhes ilumina a face. Os dedos dele caminham numa carícia de ternura desenhando-lhe os lábios e a mão vai-se emoldurando ao rosto. Lentamente as palavras se formam, frases melodiosas de amor se derretem nos ouvidos dela como notas de música dedilhadas num piano.


O tempo decorre denso como algodão. Lentamente ela se levanta e caminha nua, em contra-luz, na direcção da janela, o seu andar sensual deixa-o perdido na intensidade do momento que jamais esquecerá.


De repente ela roda sobre si própria expondo-se vulnerável ao seu olhar. A distância deixa-o aperceber-se da totalidade do seu corpo e instintivamente agarra no papel de desenho e no carvão começando a desenhar convulsivamente procurando fixar o momento. Não sabe o futuro, vive o presente fixando-o em linhas e esbatidos de carvão. Mesmo que parta, mesmo que faça doer, o registo fica eternamente marcado física e mentalmente sublinhado pelo cheiro do amor que permanece no espaço.


O dia surge no horizonte e o sol penetra agora o espaço, a meu lado desenha-se a forma do meu sonho, encostado na parede o quadro da minha realidade.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

NÃO ESPEREM POR VOS TOCAR A VÓS


 
Primeiro levaram os negros,
Mas não me importei com isso,
Eu não era negro.

Em seguida levaram alguns operários,
Mas não me importei com isso,
Eu também não era operário.

Depois prenderam os miseráveis,
Mas não me importei com isso,
Porque eu não sou miserável.

Depois agarraram uns desempregados,
Mas como tenho o meu emprego,
Também não me importei.

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.


Bertold Brecht (1898-1956)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

NÃO FALTAM RAZÕES PARA SE FAZER GREVE DIA 24NOV11




 Ao acederem ao link anexo, poderão ler como o governo tenta espoliar-nos de forma ilegal o 13ª mês. O governo tem consciência da ilegalidade, mas tenta habituar-nos à ideia.
Temos de nos impor na rua fazendo greve. Porque razão assinaremos um recibo, que nos apresentarem, se nele contar o desconto que o estado quer fazer ao subsídio? Porque razão devemos aceitar pagar o imposto como se recebessemos a sua totalidade do subsídio como denunciou a Associação Nacional de Sargentos?. TEMOS DE ESTAR ALERTA.


- Porque é que o corte dos subsídios de férias e de Natal é ilegal?
- O património das pessoas só pode ser objecto de incorporação no património do Estado por vias legais. E elas são o imposto, a nacionalização ou a expropriação. Não é possível ao Estado dizer: vou deixar de pagar a este meu servidor ou funcionário. O que o Estado está a fazer desta forma é a confiscar o crédito daquela pessoa. Por força de uma relação de emprego público, aquela pessoa tem um crédito em relação ao Estado, que é resultado do seu trabalho. Há aqui uma apropriação desse dinheiro, que configura um confisco: isso é ilegal e inconstitucional.
disse o magistrado António Martins ao Expresso
http://www.inverbis.net/juizes/estado-nao-tem-direito-pagar-uns-nao-outros.html
http://soundcloud.com/manpergo/ans-13mes

TEMOS DE DAR A RESPOSTA NA GREVE E NA RUA, O PONTAPÉ NA CRISE COMEÇA NO TRASEIRO DESSES SENHORES...