domingo, 12 de fevereiro de 2012

LISBOA, 11 FEVEREIRO 2012



11 de Fevereiro de 2012. Inesperadamente , às 08.40 recebo um telefonema de um amigo... vamos a Lisboa, à “manif”, prepara-te, dez e pouco.. estaremos aí à tua porta, para seguirmos para Lisboa.
...na véspera tinha-lhe enviado uma mensagem aliciando-o “ há momentos únicos na vida onde fazemos e somos parte da história. É disso que se faz a nossa memória e a valorização da vida.”

Este relato quase me parecia, “mal comparado”, com aquela manhã de 25 de Abril de 1974, com os amigos a anunciar a boa nova, a revolução estava na rua, e o povo aderiu saiu à rapidamente.

Chegamos a Lisboa, por volta das treze e trinta. No Rossio, vimos os primeiros manifestantes, que se deslocavam para o local. Como eram horas de almoçar, foi o que fizemos, a uma centena de metros do Terreiro do Paço. Quando saímos, deparamos com uma Força de Intervenção da polícia. Homenzarrões, vestidos com aquelas roupas azuis escuras, parecem comandos, joelheiras, botas e outros acessórios que mais pareciam samurais, dos tempos modernos. Até isto, nos fazia lembrar aquelas manifestações, quando o “Marocas” já estava no poder, e queria intimidar.
Voltemos ao presente, é esse que interessa. Fomos caminhando em direcção ao Terreiro do Paço, aí já se encontravam umas centenas de pessoas. Onde outrora fora porta para liberdade, a praça regresava às origens, tornando-se rapidamente Praça do Povo tantos eram os seus representantes. Foi uma daquelas manifestações que lembram os tempos do pós 25 de Abril de 1975. O povo sentiu bem na pele, as medidas “troikianas”, e decidiu acorrer em massa.

Antes dos discursos acontecerem, foram-se ouvindo aquelas músicas que nos aquecem a alma e nos dão força para resistir. As concentrações, que saíram de vários pontos da cidade de Lisboa, foram chegando e enchendo a praça. Um ambiente impar que trazia emoção, orgulho em participar, a consciência de que juntos somos uma força e que podemos fazer com o nosso país mude.


Os discursos, da representante dos reformados, e dos jovens sindicalistas, tiveram o seu quê de engraçado, se é que se pode dizer tal. Gerações tão diferentes, e com tantos pontos em comum. Ambos defendendo direitos que são obrigatórios, para que a sociedade evolua e com ela a felicidade e bem estar das pessoas. Direitos que ajudem os idosos a serem recompensados por anos de trabalho e sacrifício tendo reformas dignas, saúde e bem estar. Direitos que permitam aos jovens poderem estudar, encontrar emprego, fim dos empregos precários, que lhes tiram capacidade económica para poderem ter casa própria, o que os torna um peso permanente junto dos seus pais, por vezes desempregados, por vezes, também, vivendo com dificuldades, ou já reformados. O discurso do secretario geral da CGTP, foi empolgante e tocou, nos problemas económicos e sociais que se vivem no país e como a crise económica continua a servir os interesses do grande capital, que fazem o povo apertar o cinto para que eles continuem a fazer a festa do champanhe mas piscinas do Algarve, ou em Monte Carlo. E apontou caminhos de luta futuros.

Pode-se dizer que o dia 11 Fevereiro de 2012, foi uma jornada de luta, que pode marcar o início de uma nova fase da luta dos trabalhadores, e do povo em geral, para travar este governo de contornos fascistas, que pretende trazer os direitos do trabalho, para os tempos da Revolução Industrial, em que se trabalhavam 14 e 16 horas por dia e sem quaisquer protecções sociais.

Foi um dia em que me senti feliz porque para além das conversas, de café e nos corredores de qualquer lugar, eu fui parte activa no protesto. Assim todos tenham orgulho, em dar cara e não fugir à luta.



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