Sabia que não se morria de amor.
Procurava a indiferença. Secar o dia de pensamentos. quando as memórias
apertavam, encontrava defeitos, todos péssimos, todos bárbaros. punha nuvens no
céu límpido. fazia as árvores vergarem pelo vento inexistente. via as casas
pintadas de preto, essa não cor, que existe pela semelhança com inferno da
nossa alma. punha esgares no lugar dos sorrisos, olhos com íris de vidro, sem
vida. tornava inválidos os saudáveis. no entanto... tal esforço se esfumava. Um
simples olhar sobre uma fotografia, tudo transformava. as imagens, os cheiros,
as palavras, surgiam do nada e fabricavam histórias, que ele queria e se negava
a aceitar. do nada surgiam os seus olhos verde-água, o desenho da boca, a
expressão do seu rosto... Na verdade, era mais uma vez a sua mente a atraiçoá-lo, ela não existia, nada existia, tudo era um trompe l'oeil
Um aparte, a voz desta cantora "mata-me", independentemente do que canta.
Por vezes o primeiro raciocínio é o que está certo.
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