terça-feira, 6 de março de 2012

SECAR O DIA, um trompe l'oeil

Sabia que não se morria de amor. Procurava a indiferença. Secar o dia de pensamentos. quando as memórias apertavam, encontrava defeitos, todos péssimos, todos bárbaros. punha nuvens no céu límpido. fazia as árvores vergarem pelo vento inexistente. via as casas pintadas de preto, essa não cor, que existe pela semelhança com inferno da nossa alma. punha esgares no lugar dos sorrisos, olhos com íris de vidro, sem vida. tornava inválidos os saudáveis. no entanto... tal esforço se esfumava. Um simples olhar sobre uma fotografia, tudo transformava. as imagens, os cheiros, as palavras, surgiam do nada e fabricavam histórias, que ele queria e se negava a aceitar. do nada surgiam os seus olhos verde-água, o desenho da boca, a expressão do seu rosto...
Na verdade, era mais uma vez a sua mente a atraiçoá-lo, ela não existia, nada existia, tudo era um trompe l'oeil

Um aparte, a voz desta cantora "mata-me", independentemente do que canta.

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