domingo, 23 de novembro de 2014

DE LÁBIOS CERRADOS...


A garganta seca, lábios presos com grades para que se fechem às palavras. De forma inconsciente, os lábios se defendem contra as manifestações interiores de rebeldia, se protegem quando se entreabrem ligeiramente soltando sons guturais para que não se entenda, para que se perca a definição dos conteúdos. Dentro, a mente trabalha fortemente tentando destruir o que a impede de se expressar, o que a quer fechar ao exterior, É uma guerra, de punhos cerrados. Levam-se à boca ingredientes vários, mas eles não cedem continuam com semi-cerrados, temem a prisão, as palavras ditas não mais podem voltar atrás, como a pedra lançada pelo ar, ou o rio no seu correr. Tem sido sempre a luta dos homens entre o fechar a boca por conveniência, ou a verdade e os factos que devem ser relatados.
Houve um tempo que um punhado de homens e mulheres deste país, punham grades na boca, porque denunciar seria convocar prisões, ou até morte. Tinham de frear e pôr as grades da luta, da dignidade, de não trair, tinham de usar a palavra sussurrada entre dentes para no seio do povo alimentar a esperança e apoiar suas lutas. Nos tempos que agora correm, temos de arrancar novamente as grades e deixar que a palavra se solte, que a verdade volte a correr na estrada e a revolução das mentes se faça, para que se acabe com os corruptos, com o poder que nos esmaga, para liberdade da pátria novamente amordaçada.

DC

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