Elas são rios que correm até à comissuras dos lábios, fazendo o percurso
da mágoa, da dor imensa que as reflexões em dias destes, de festa da “família”,
nos trazem à memória; Os familiares, os amigos vizinhos, colegas de trabalho,
acima de tudo, as pessoas que em algum momento da vida foram mais próximas e
mais presentes nos nossos sonhos, projectos e vontades. Lamentável, que durante
trezentos e muitos dias nos perdemos no nosso mundinho, com todas as suas
inerências e agora ao fazermos o balanço é que detectamos, e tentamos reparar,
com as desculpas e benção possíveis, o quanto abdicamos do calor de um abraço,
de um sorriso, de um beijo, de uma voz, de uma partilha. Um ano mitigado,
dorido, perdido porque o tempo não se ganha. Dizemos festas felizes, tentando
esconder, no meio de uma certa “abundância”, na mesa, nas aquisições, nas doçuras
e prendas, todo um mal estar causado pela ausência.
dc
“O amor é mais falado do que vivido. Vivemos um tempo de secreta angustia. Filosoficamente a angustia é o sentimento do nada. O corpo se inquieta e a alma sufoca. Há uma vertigem permeando as relações, tudo se torna vacilante, tudo pode ser deletado: o amor e os amigos.”
“seus netos continuarão pagando os 30 anos da orgia consumista”
Zygmunt Bauman
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