O paciente teve um acidente, ao fugir do enredo das emoções que o sufocavam, estava em franca recuperação quando de repente foi novamente vítima de um ataque súbito. Reanimaram-no, deram-lhe doses de palavras, como a esperança e outras ainda mais motivadoras, no intuito de o salvar, até transfusões de emoção, Tudo parecia estar a correr bem, De repente, o paciente abriu os olhos e observou que tudo mantinha como outrora, as frases tinham aparência, mas nelas a emoção tinha morrido. Fechou novamente os olhos e caiu em coma profundo, ficando ligado à máquina.
O seu par, com alguns anos de vivências comum, foi aceitando diferentes opiniões de especialistas a charlatães, e por vontade própria, aproximou-se do paciente e agarrou com força na sua mão, mas não conseguia articular palavra, pois como figura habituada à conversa de silêncios, sabia-se ineficiente para dar as emoções que já não tinha.
A máquina marcava o ritmo das respirações, alimentava, mantinha o corpo como um vegetal, aconselhava o bom senso, preparar-se para o pior e perder a esperança, só era necessária a força para tomar a decisão de desligar os fios e deixar que se apagasse fisicamente.
As emoções, essas ficariam do lado de fora, vivendo o luto e o síndroma de viuvez.
DC
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sexta-feira, 26 de setembro de 2014
Emoção presa à máquina
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