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quarta-feira, 4 de abril de 2012

e o SENHOR é nossa testemunha


Impossível não gostar do seu sorriso, e das marcas da idade no seu rosto, que não disfarça. Gosta-se pela forma como se exprime na suavidade dos gestos, das palavras, das emoções, das vivências. nos olhos, um brilho permanente, onde se não vê arrependimento ou dor. o conjunto do seu rosto sugere uma ternura, quase ingénua. as suas mãos, de dedos longos e desenho suave, são expressivas certamente apetecíveis ao tocar.

A voz é audível perfeitamente calma e equilibrada, entremeando as falas com sorrisos, como um guru em aula de ioga. As tensões na sua presença, se quebram e o discurso flui, como entre dois velhos amigos.

Tinham destinado encontrar-se, aproveitando ambos, para estarem num espaço comum, lendo e acompanhando-se. Não foi possível tudo se foi desenrolando no correr das horas inesperada e agradavelmente. Trocaram-se experiências, risos, pensamentos, gostares e projectos.

De repente as necessidades físicas se impuseram e o almoço aconteceu. Também de forma não prevista. Saíram do lugar onde estavam com destino próximo, que se alterou quando ele, percepcionou a ausência da carteira. Preocupado que pensasse aproveitar-se da sua generosidade, decidiu de imediato, antes de almoçar, procurar onde a deixara, e sim depois irem para o repasto. encontrada a carteira, que por esquecimento deixar no bolso do casaco que na véspera usara, não tardou estarem sentados à mesa do restaurante, mesmo bem perto de onde morava.

O almoço decorreu no mesmo espírito de sorrisos e pequenas frases. Posta mirandesa algum vinho e menos siso.

Tocou-lhe com a mão o pescoço longo, enquanto esperava a conta e ela deliciada sorria com os olhos brilhantes, reflectindo carinho e agradabilidade ao gesto simples da sua mão. Já em plena rua, na hesitação de caminharem de mãos dadas, foram-se encostando lado a lado, evitando o frio.

O carro não tinha sido estacionado muito longe do lugar onde almoçaram. entraram, no seu interior estava um calor reconfortante. já sentados, ele como já fizera no restaurante, massajou-lhe suavemente o pescoço fazendo-a relaxar e encolher os ombros em direcção ao pescoço como se dum bébé crescido se tratasse. ele então, abusador, debruçou-se sobre ela e beijou-a. primeiro os lábios se encostaram levemente, e de seguida, as línguas se entrecruzaram num beijo mais prolongado, saboreando-se sem sofreguidão. Ele afasta-se para o seu lugar e ela diz-lhe com um sorriso: “ E o senhor é nossa testemunha”. Espantado olha-a, e o seu cérebro em décimos de segundo elabora vários pensamentos. “ Não.. uma beata não...era o que me faltava?? “; “Não me digas que ela pertence aos tipos do reino de Deus??”; “será que para ela, isto é compromisso, casamento??? Uahu estou feito. Pergunto: “ O senhor???”. Ela desata a rir às gargalhadas percebendo a sua confusão e diz-lhe: “ Sim o senhor que estava a janela viu-nos a beijar.” Então sim, foi rir a bom rir, quebrando a tensão gerada. e continuaram rindo durante os largos minutos que demorou a leva-la ao seu destino.

Quando na despedida, voltaram a gargalhar sobre o assunto e despedindo-se com aquela sensação agradável, que deixam os bons encontros e com um mistério bem agradável de tentar resolver. “Quem somos, nós nesta etapa do conhecimento?”