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terça-feira, 10 de setembro de 2013

Horas consecutivas...





..... de imagens, vozes, alegrias, angústias, ilusões, Arrepio-me com o mar a crescer em ondas desmesuradas, de repente tudo muda, Estou boiando no mar calmo, olhos no areal onde me bronzeio, mulheres bonitas que se exibem... Acontece o desastre com os corpos e os feridos espalhados pelo asfalto... Altera-se o tempo e o espaço.. viajo de carro, de avião, de comboio, voo com asas que não possuo... O carro dispara..vai em grande velocidade, os travões não funcionam, carrego no pedal do travão e nada, faço ultrapassagens loucas, umas atrás das outras... O carro pára e tudo muda é a marcha atrás que entra e não me deixa parar, recuando abruptamente passando no meio dos carros, sinto suores frios, medo, terror, uma angústia a entrar nos ossos.. O precipício surge, caio num espiral sem fim, vou descendo e tudo se vai tornando indefinido, o coração e os pulmões ficam perto da boca, a pele cola-se nos ossos, os cabelos ficam espetados de horror... É um beijo de uma boca sem rosto, é um corpo sem desenho, uma emoção forte, sinto-me esvair num prazer intenso... A espada pesada em mãos que esbracejam cortando corpos, todos no castelo defendendo nas muralhas e invasão, pessoas fogem em todas as direcções... Na corrida que participo vou descalço, inesperadamente descalço, o que faço eu descalço numa maratona, 42km sempre a correr, descalço..não pode ser, os pés ficam em carne viva...ouço ruídos.., agito-me quero urinar, todos os locais, têm gente, os WCs ocupados, na rua passa gente, a bexiga aperta, todo eu em pânico, agito-me, Uma cotovelada forte nas costelas afasta o barulho, de um resfolgar intenso, fica-se pela serena respiração. As imagens regressam agora mais difusas, com sons à mistura, vozes, gritos, música vibrante, som alto...nevoeiro um apitar de sirene do barco forte, permanente, ensurdecedor... não quer parar..entre o nevoeiro distingo uns números, um relógio dou-lhe um palmada e o som desaparece...mergulho letárgico...

De alguns lembramos o princípio e o fim, outros não. Tem momentos bons em que gostaríamos que a realidade fosse aquela, Tem alturas que num abrir de olhos se perdem as referências do acontecido...


Boca a saber a papel de música, lavados os dentes com a água do comprimido a tomar em jejum, Sentado na sanita o pensamento voa para os confins da existência e para o recomeço das tarefas do dia.


Mais uma noite de sono agitado de sonhos e pesadelos, tinha terminado, começava o dia, outro pesadelo, O corre, corre da manhã, o banho, preparar as crianças, os transportes, levar as crianças, o beijo fugidio na boca franzida da mulher, O trabalho no emprego, cheio de momentos enrugados de sarilhos, salário apertado, contas a pagar no intervalo do parco almoço, e o fim de tarde a mesma rotina da manhã agora ao contrário....


Continuava sentado na sanita, momento sagrado de reflexão.. “ que merda, a felicidade é um pequeno arroto, no meio de dois pesadelos... “

DC