Gostaria de partilhar contigo o meu chá. Chá, iniciado com toda a cerimónia e ritual da sua exigente preparação, numa quase meditação, como prelúdio de um degustar lento, deliciado, sem que o tempo conte nem as suas angústias.
Um chá sem ser condicionado à escolha, se é preto, se é verde, se de frutos, ou de outra qualquer diversidade gustativa e salutar. Importante é partilhar o chá fazendo disso uma forma de comunicação, um palestrar silencioso onde só falam os gestos e os olhares.
Fazê-lo num lugar especial, talvez como viajantes solitários sentados no pico dum monte, olhando o infinito horizonte marcado pelo fim da tarde. Cada um envolvendo com as mãos a sua respectiva chávena e sentindo as arestas frias do vento penetrando os olhos, enquanto o calor da bebida nos vai reconfortando, numa saudação de mente livre, sem mais nada que a grandiosidade do próprio momento e todo o envolvimento que nos fez chegar a esse lugar de estar.
Manso o dia, este, que não te tenho se não no sonho possível de um chá imaginário.
dc