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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

"estoriando"


Continua o espaço submerso de gentes diversas que rodeiam a mesa onde me encontro. Há qualquer coisa interior, vaga, indistinta, que faz surgir, uma certa humanidade, um não sei quantos, um não sei quê, que faz com que a luz do sol seja menos luminosa e tempo menos definido.


Nos últimos tempos, dias? horas? Não dimensiono. Os “flash back” são constantes. A cada momento, as memórias passadas regressam e vão. Tento agarra-las, e elas como fiapos de nevoeiro escorrem-me pelos dedos. São instantes de vida sem retorno, que nos estruturam o existir. Parti porque que quis que existisse silêncio. Procurava que se não pensasse, encontraria o caminho. Se não partilhasse o silêncio, se me suspendesse do ar, do tempo, do estar, seria mais fácil encontrar o verdadeiro eu.

Todos somos, de algum modo solitários, nesta manhã enevoada de 5 de Outubro de 2006. Feriado de trabalho e de pensamentos. Ela de camisola azul e brinco pingando na orelha, de olhar indefinido observando em volta procurando, procurando, o que não sabe, ou o que pensa existir? Não encontra. Vê-se. Um rosto submerso na espera do que não chega, do que não encontra. Todos em volta são figurantes que compõem o cenário do seu enquadramento. Quem se procura existirá? A comunicação não chega e o vazio que se desenha na expressão do rosto continua a manter a expectativa do que não foi, ou não será encontrado. De repente partiu. Deixou o lugar vazio da sua presença física. Cortou a leitura deste momento, interrompeu a escrita até agora nascida e deixou tudo mais isolado do que nunca. Tudo ficou sem frase, sem olhares, sem rosto, este o adeus de um rosto, de um corpo, com um brinco de uma orelha pingando.