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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

TODOS OS DIAS desEspera


Todos os dias dramaticamente espera, que o hoje seja diferente de todos os outros.

Todos os dias há longos anos, mas agora mais do que nunca, “sobra mês e falta dinheiro”.

Todos os dias é obrigatório pensar em pagar ao merceeiro, os impostos, o condomínio, o médico e medicamentos, arrumando para um canto viver a vida.

Todos os dias inicia o dia pensando em coisas materiais, das quais gostaríamos de estar longe.

Todos os dias o cérebro se cansa, o corpo se fatiga, para encontrar a solução, e sempre conclui: “ Quando chegará o dia que mandarei todas as obrigações e compromissos à merda?”.

Todos os dias reserva alguns minutos, no reservado, vulgo, sanita, para ter pensamentos diferentes, como diria o outro pensamentos de merda, mas pensamentos em que gozo com todas as coisas que gostaria de fazer para benefício próprio e para os outros. E pensa, como gostaria de gritar na cara do Primeiro, “ Vai comer merda, meu sacana”, ou como me ficaria bem estar de havaianas e calções, gozando os prazeres do mar, despreocupado, sem contas para fazer, gozando “estar em família”, lendo, ou simplesmente fixando os olhos, como que vazios, olhando o horizonte, como se nada mais existisse.

Todos os dias pensa como seria bom ser rico. Viver sem preocupações económicas, sociais ou outras. Rico sem dinheiro, porque este foi uma invenção maléfica de alguns.

Todos os dias viver a vida pela vida, como um primitivo, a quem não criaram necessidades, como nesta sociedade capitalista onde nos fomentam essas necessidades que não tínhamos e depois, como um anti-depressivo passam a fazer parte do nosso quotidiano, e nos instigam a mantê-las.

Todos os dias imagina o que seria efectivamente se todos tivéssemos a liberdade de fazer o que mais gostamos em harmonia com o que todos os outros gostam, sem o vicio do poder, do egoísmo, das guerras, da crueldade da maledicência gratuita, sem o querer ter, para ser poder.

Todos os dias, mas todos os dias tem de refazer o roteiro dos pensamentos, para seguir acreditando que um dia, será possível estar bem com o mundo e o mundo com ele, só não saberá se nesse dia já será tarde, e embora não acredite no céu sabe que nessa altura atingirá o silêncio total e paz. Talvez não chegue tão longe, antes entrará para um qualquer hospital psiquiátrico, respirando éter, tomando prozac, de braços abertos roçando as paredes vivendo um imaginário, que só na infância tivera. E pensará: “O mundo lá fora está louco”