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domingo, 26 de maio de 2013

SEM MARCAS DO TEMPO





Ele tivera de se deslocar aquela cidade e aproveitara uma pausa, para lhe telefonar e saber da sua disponibilidade para tomarem um café.

Ela chegara no seu carro, ao abrir a porta, depois de estacionado, encarou logo com ele, Encontravam-se depois de muito tempo sem se verem, e sem se contactarem. Ele trazia no rosto as marcas do tempo e denotava cansaço. Mais magro, do que da última vez que ela o vira, parecia mais alto, seus olhos com um brilho estranho pareciam esconder-se no rosto, que o cabelo grisalho e a tez morena realçavam. Ela tinha mudado muito pouco. Os olhos continuavam vivos, expressivos e um pouco irónicos, o seu rosto não tinha as marcas do tempo, fisicamente, mantinha a mesma elegância e elasticidade de outrora, O seu sorriso aberto, na sua boca cheia e bem desenhada, continuava a ser sedutor.

Abraçaram-se de uma forma aconchegante e beijaram-se nas faces, afastaram-se um pouco, e ainda com os braços suspensos um no outro, voltaram a abraçar-se com mais força como quisessem esquecer o tempo que estiveram sem se ver.

Ele tomara um café e ela, como sempre fazia, um chá sem açúcar, segurando a chávena na concha formada pelas duas mãos como se estivesse com frio. As mãos dela bem desenhadas eram bonitas e grandes como a sua estatura pronunciava. Depois, como nesses outros tempos, deram as mãos, que de vez em quando se acariciavam, enquanto os olhos se encontravam, e assim ficaram durante largos minutos conversando, sobre as vidas de cada um no presente, dos trabalhos produzidos, e relembrando estórias, amigos, momentos bonitos das suas existências nos passado.

O que os unira no passado, estranhamente, não desaparecera, tinha cada um seguido o seu caminho e vidas próprias, no entanto, ali naquele momento, tudo se passava como se tivessem estado juntos na véspera, sem estranheza ou constrangimento, como se o tempo tivesse parado, como se nada existisse para além de si próprios.

O tempo parecia ter voado, e de repente, cada um tinha de seguir para o seu destino, Seguiu-se a despedida com novo abraço e beijos nas faces, Os sorrisos nos seus rostos reflectiam prazer e felicidade, parecia que lhes tinham insuflado nova vida, ou se calhar um pouco mais daquele não sei o quê que os unia sempre que se reencontravam.

Ainda hoje, não percebe que espécie de sentimento, ou química, os envolve, o que sabe de certeza absoluta e segura, é que cada momento juntos, é deliciosamente bonito, sem mácula e de um prazer insuperável.