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sábado, 6 de julho de 2013

MEUS DEDOS EM SEU CABELO ..


Gosta de tocar o seu cabelo com os dedos levemente como se afastasse a sombra, Um toque nos seus cabelos, depois... os dedos descem percorrendo a face, devagar como um cego querendo ver, sentir os contornos, trazendo-lhe a beleza à superfície dos dedos, Ele gosta de lhe tocar os lábios, sentir a respiração entrecortada, entre os lábios, ora num, ora noutro, enquanto a olha nos olhos, fundo nos olhos, lendo para além da cor, para além do brilho, olhos que mudam e respondem aos seus dedos, Ele deixa os dedos pousados nos lábios, sentido, Sentindo através deles o calor dos beijos por dar, Ele beija-lhe os lábios por entre os dedos, sentindo o sabor da sua boca, o seu hálito, o seu calor, Ele sente os lábios, como os seus dedos, desenhando a boca que beija, Sente a humidade da sua língua na ligeireza da abertura dos seus lábios e fica absorvendo o sabor, intenso a fruto maduro que são os seus lábios.


Os seus dedos, nos seus lábios, no seu cabelo, são o prelúdio, um astro’lábio’ de navegação, na certeza de encontrar destino, de encontrar o sentido da vida, Amantes que não se deixam morrer, alimentando os seus próprios silêncios com o ruído das vozes na memória, sempre presentes, mesmo quando distantes, mesmo quando perdidos pelo desconhecido que se lhes atravessa.

Amam-se por inteiro, com os dedos da mão no sabor dos lábios, no forte enlace de seus braços agarrando os seus corpos, Amam-se construindo-se, no olhar profundo em que se revêem, Unidos, amantes, conhecedores desse sentimento que se entranha sem julgamentos, sem dúvidas, mantendo-os intactos. Sentem-se através dos olhos, aqueles seus olhos, que são mais do que olhos, que brilham, que iluminam, o firmamento das emoções, Olhos que mudam com a cor do amor, cor que assumem quando toca os seus cabelos e desliza a sua mão pelo seu rosto. Sente-a na espuma dos dias. Não é uma amor inventado de um romance, nem a história de um filme de namorados na matiné de um domingo. São dois viventes de emoções, emoções no toque da pele, na pele com pele, na carne, na moldura do corpo.

Tocar seus lábios na vibração do soletrar palavras, enriquecidas do calor da sua voz, indo mais fundo, gravando, palavras que se gravam dentro dele, ouvir o seu adoro-te o seu amo-te, e os dedos sentindo, quando a sua voz é urgência, é resposta recíproca de um sentimento de um outro amo-te pronunciado, Como se de um eco se tratasse, como se um grito se soltasse, e batesse na montanha do seu peito, Pousar os dedos no lábio inferior carnudo, saboroso onde gosta de roçar seus dentes e beijar o seu interior, sentindo-a todinha naquele pedacinho da sua boca.

Não interessa o que os outros sentem, ou pensam, importa o que ele sente quando a tem por perto e pode simplesmente acariciar seu cabelo, seus lábios e beija-la como sentindo-se derreter todo, por dentro, como um glaciar sobre o calor escaldante.

Olho-a pela última vez dentro de mim, em mim, sentindo-a em cada cabelo seu, em cada carícia dos meus dedos, Dedos que trazem o seu sabor, e ficam com a perenidade dos nossos sentimentos.


DC