segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

SILÊNCIOS e silêncios

“Falar ajuda a resolver problemas. O SILÊNCIO aumenta-os. Obviamente existe lugar para SILÊNCIOS, mas falar é produtivo, divertido, sinal de companheirismo, amizade, ternura, amor, bondade. Os SILÊNCIOS, podem ser enfadonhos, inúteis destrutivos e ameaçadores."
Fechamo-nos no silêncio para encontrar as respostas, e elas não surgem. O silêncio não fala, as respostas estão em nós, e por vezes no meio do maior ruído elas se evidenciam. Talvez no silêncio se encontre a paz, temporária, necessária, para que em um outro momento se encontrem as respostas, ás questões que ao silêncio deram origem. Por vezes, podemos pedir desculpa e manter a nossa dignidade e auto-respeito, sem precisar do silêncio. Confuso? Talvez, mas a culpa é do silêncio, nem sempre apropriado.

POR VEZES UMA VELA


Por vezes, uma vela funciona como objecto decorativo
Por vezes, uma vela é um acto de supersticão, ou religioso
Por vezes, uma vela "aquece" o ambiente e permite-nos ler para além do que nos rodeia
Por vezes, uma vela se acende, para lembrar alguém que nos faz falta
Por vezes, uma vela é uma forma de comunicar entre silêncios
Por vezes, uma vela é um sinal de encontro entre dois seres que se amam

domingo, 29 de janeiro de 2012

ONDE ESTÁ A MINHA CIDADE



Em tempos passados, passear na cidade, ajudava a debelar angústias, e acalmar o espírito, no chamado “passeio dos tristes”, nos deixava folgados física e mentalmente para os dias duros do dia à dia.
Caminhei por algumas das ruas da minha cidade, e apercebi-me, pela primeira vez, que a idade se marca pelas mudanças. A cada momento, um lugar de referência de outrora desapareceu. Desaparecem cantos, esquinas, edifícios, jardins. Desapareceram lugares para as crianças brincarem e jogarem à bola, nem ás "escondidas" e com eles as memórias. Estas, são o único local onde existe a “minha cidade”.
O progresso abre caminhos a direito, e nem sempre para melhor. Sentimos um frio enorme com o aparecimento indiscriminado do betão. As árvores e os quintais desaparecem e dão lugar a centros comerciais, bancos em espaços de lazer, onde ninguém se sente bem para estar e grandes superfícies lisas, desertas, com revivalismo surpreendente, sobretudo nos limites, do centro da cidade.
Hoje ao caminhar na cidade, senti-me mais só do que já estava, senti-me perdido, quase precisei de um GPS, para saber onde estava. A cidade vulgariza-se torna-se muito igual a muitas outras por esse mundo fora perdendo a identidade regional e nacional. Mas pior de tudo é a sensação de perda que sentimos, quando o chamado progresso, não nos integra como seres humanos e nos arrasta para uma ausência de alegria e prazer de dizer “esta é a minha cidade”.


Para alguém que viveu esta cidade. E que teve a sorte, ainda, de ver locais onde a mudança não retirara as suas referências do passado.

sábado, 28 de janeiro de 2012

QUANDO TE VAIS EMBORA


Quando te vais embora, os dias são longos e a noite se torna fria.
Só o horizonte em pleno mar, marca a diferença, entre o céu e o inferno.
Lá procuro a resposta, com o ruído de fundo das gaivotas.
O tempo pára. Não quero sentir a partida, somente a chegada.
Com ela o sorriso, a voz e os cheiros, como anúncio do fim de inverno.
A angústia desaparece. Renasce o mundo, anunciando a primavera




CÉU AZUL


Um rasto de folhas secas e dor

Por vezes contrariamos e sustentamos os obstáculos invisíveis
.
Matamos de sede à flor que nasce.

Irremediavelmente ela fenece deixando um rasto de folhas secas e dor

Se não partilhamos sentires, verdades, valores, emoções, vontades
.

Se não perdermos o medo ao fracasso, fracassamos por medo de experimentar


É no levantar de cada queda, que nasce um força maior, que constrói o amor.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Antes que o adeus aconteça

Pensar, sentir, viver, antes que o adeus aconteça.  Nada pior do que o medo de dizer, tudo o que se sente. Nada pior, do que deixar que as palavras e as vozes morram, e só reste um adeus. Importante, é evitar que se cerrem as bocas com medo das palavras e dos beijos, que se amarrem os braços com medo de abraçar. Importante, é evitar que chegue o momento "em que já nada temos para dar, dentro de nós".

 de Eugénio de Andrade

Adeus
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.