sexta-feira, 2 de setembro de 2011

“Pregais a pobreza e viveis como deuses”

quem diga "De Espanha nem bom vento, nem bom casamento". Este dito alimentado com o intuito de dividir os povos não corresponde à realidade. Todos os povos contribuem para que se aprenda com as sua experiências, sejam elas boas ou más. A atitude duma parte da população de Madrid rejeitando a visita papal em tempo de crise, deve ser um exemplo para aqueles, que governando, ou na sombra dirigem quem manda.  Pátria, religião e futebol, não pode ser agenda desses senhores, para nos distraírem da verdade dos factos e dos verdadeiros culpados da situação em que maioria dos países se encontram

Eis uma das pichagens feitas em Madrid para receberem condignamente o Papa:

“No Paparán!”, “Papa, go home”
“Pregais a pobreza e viveis como deuses”;

“Se forem vocês a pagar, vão para o corno….de África”;

“Alerta, milhares de padres à solta!”

“Mais vale rafeiro que pastor alemão!”

“Nem, deus, nem deus, nem deus nos representa!”;

“Despesas clericais para escolas e hospitais!”

“Menos padres e mais cultura!”
Extracto de um texto que escreveu Ángeles Maestro sobre o assunto

"A raiva, a alegria, a animação e a rebeldia do povo anti-clerical inundaram as ruas do centro de Madrid. Já dizia Quevedo que a pobreza, “sendo embora tão cristã, tem cara de herege”. E este povo com meio milhão de desempregados, que suporta jornadas de trabalho intermináveis por salários de miséria, que tem assistido a cortes nos orçamentos da Educação que representam metade do que vai ser gasto na visita de Bento, que vê desmoronar-se a saúde e os poucos serviços sociais públicos, de mulheres e homens de todas as opções sexuais, irrompeu ontem.
Os dinheiros públicos, os que saem e os que não vão entrar em resultado do desagravamento de impostos, os boatos, a cidade ocupada por peregrinos “convidados”, as mochilas que cada um de nós pagou, tudo isso foi pouco a pouco surgindo como um insuportável insulto à dignidade dos trabalhadores que neste sufocante mês de Agosto ficaram em Madrid. Com a convicção, mais uma vez, de que o não-confessionalismo da Constituição de 1978 é papel de embrulho, e de que o nacional-catolicismo de Franco não o teria feito melhor."

http://www.odiario.info/?p=2183
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