As palavras partiram, mas não encontraram eco. Uma corrente gelada manteve-as imóveis por tempo indeterminado. Não foram lidas, escutadas, comentadas, nunca chegaram ao seu destino. O destino, estava fechado para obras e decidiu que não as lia, enquanto congeladas. Perdera-se o tempo e a oportunidade. Agora, mesmo depois de descongeladas, já não teriam sentido. As mãos que as escreveram, perderam a agilidade, a capacidade de as ordenar no espaço, seguindo a linha de pensamento que as originaram. Nem outras ele encontrava para as substituir. Não se tratavam as palavras como peças de substituição de uma máquina. As palavras que foram escritas num tempo certo com um objectivo claro. Tinham calor, paixão, e sentimentos vários, nem sempre claros, mas sentimentos. Tudo passara, agora só sobreviviam como esculturas de gelo.
Inconscientemente ao escrever ele pensara no destino que lhes queria dar, embora não soubesse, se seriam lidas, mesmo que não congeladas. Já estava habituado, a que muitas das palavras, que colocava nas folhas que escrevia, fossem deixadas a esmo, como mortas. Nem todos, têm tempo para ler as palavras que se escrevem, nem motivação para ler qualquer um que lhe aparece.
Afinal, as suas palavras não eram tão importantes como isso. Melhor seria colocar imagens, em vez das palavras. “Uma imagem vale por mil palavras”, ufa.. que bom, menos papel a gastar, e se a imagem for bem clara no seu conteúdo, fácil será entende-la. Ler cansa, é preciso interpretar as palavras, o sentido das frases, a subjectividade do autor. São tantas, tantas palavras, que as pessoas se aborrecem. Dá trabalho, e demora imenso a chegar ao fim do texto, para se tirar uma conclusão. Quando esta acontece. Perguntam-se, “ o que queria ele afinal?”.
Melhor é falar com música, imagens vistosas directas e poesias curtas com versos repetitivos, brancos, que não rimam e com palavras simples. Se não se entenderem sempre se pode fazer figura de intelectual tergiversando.
Temos pena, quem te manda escrever?
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