Quando estamos doentes as defesas físicas e mentais estão abaixo de zero. Sentimos que não somos ninguém, o nosso corpo não nos obedece. Tomamos os remédios recomendados, mas o mal demora a desaparecer e em alguns casos, não há solução. Por muito que os médicos, familiares e amigos dêem conselhos, ou nos animem, nada é suficiente.
Um simples gripe acompanhada de febre, deixa-nos como se fossemos moribundos, suados, mal cheirosos e a delirar. Ficamos sem apetite e dormimos como se não o fizéssemos, como se existisse uma cortina de ferro sobre os olhos, os ouvidos com sons de um exército a marchar e acompanhado do martelar das batidas do coração. São vinte quatro a quarenta oito horas de loucura, que mal sentimos melhoras quase nos apetece dançar de alegria.
Pior, pior é quando não é gripe, porque aí tudo se torna mais estranho e ficamos ensimesmados, no que poderá ser, ou não ser, e embora não tenhamos febre, as preocupações aumentam.
Em tudo isto, se formos mal acompanhados pelos médicos, ainda mais descaímos e a doença parece tomar conta de nós.
Muitas vezes a doença é acompanhada de solidão, ausência de amigos e família, aí então, sentimo-nos a maior merda do mundo. Somos derrotados pela doença e pelas condições psicológicas que acentuam todos os contornos que a envolvem.
Este retrato mal amanhado, do modo como muitos vivemos quando doentes, for vivido e sentido, dentro das novas medidas assumidas pelo governo, considerar-nos-emos, abaixo de zero ao quadrado e desesperados. Com medicamentos não comparticipados, taxas moderadoras mais elevadas, centros saúde fechados nos feriado, ou fim de semana, consultas externas com meses de atraso, cirurgias para o dia de “São Nunca”, que mais irá acontecer? Só podemos ficar mais doentes.
Aconselho o governo a promover as agências funerárias, dando-lhes condições de implementação rápida, se possível à porta dos hospitais, e com apoios financeiros, para que os utentes comecem cedo a pensar na partida para o outro lado, porque neste já os senhores do governo nos fizeram a folha.
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