quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Até para cair é preciso aprender

Não há necessidade de inventar, para pôr fim, ao que não queremos. Temos é que saber bem o que queremos e avançar. O cansaços, a falta de tempo, a vida, enfim… são palavras gastas, que já não disfarçam o que se sente efectivamente.
A vida de todos nós, em especial dos mais desfavorecidos, é dura e difícil com constantes retrocessos e avanços. Necessário é, ter força física e mental para superar todos as dificuldades que se nos deparam sem medo de perder. Perde-se mais quando não se arrisca. Perdemos de várias maneiras. A confiança em nós próprios, e o benefício que usufruiríamos por ter tentado. O permitir avaliarmos as nossas capacidades para enfrentar o êxito, ou o erro. Não ficarmos amarrados ao que temos.
Quantas vezes, em consciência, sabemos que o que fazemos deveria ser feito de outro modo, e acabamos por fazer errado com medo de magoar, de dizer a verdade, de sermos leais para com aqueles de quem somos amigos, maridos, pais, ou filhos.
Nem sempre dizer a verdade é fácil, e por vezes é necessário certa subtileza, para que ela não seja cruel, ou até cínica a forma como a expressamos, mas acima de tudo o importante é que ela seja dita. Manter a ambiguidade, com medo de dizer, ou perder o que se tem, transforma tudo numa monstruosa mentira que cada vez se vai avolumando e mais difícil de sarar.
Não raras vezes, os pais poupam os filhos, a enfrentarem as dificuldades económicas com que têm que lidar para sustentar a família; são muitas vezes excessivamente benévolos em relação aos horários a cumprir para com a família e seus valores; não lhes dão as tarefas essenciais da gestão de vida familiar, protegendo-os estupidamente, em vez de os ajudar a crescer.
Até para cair é preciso aprender. Esfolar os joelhos, sentir o chão duro das dificuldades, abre-nos a mente na procura de encontrar um antídoto para dor, ou o modo de evitar a queda violenta, aprendendo a cair e a sobreviver. Muitas vezes quando se diz a alguém que dar uma pistola de brincar a uma criança é incitá-la à violência, logo nos respondem, que eles têm de se habituar a ver e não se deve evitar. No entanto se dissermos que é necessário ensinar as crianças, ou jovens a serem disciplinados, respeitar a liberdade e os valores dos outros, a perceberem as dificuldades da vida, logo vem o espírito de protecção ao de cima, dizendo que eles têm muito tempo para aprender.
Hoje os jovens têm muito mais de tudo, que alguma vez seus pais tiveram e é necessário fazer-lhes sentir isso. Por respeito a nós próprios e por respeito para com eles preparando-os para um mundo difícil, corrupto, cheio de compadrios, onde o acesso ao trabalho, a uma carreira profissional, uma vida social, económica, cultural, no fim a uma vida com dignidade, exigem formação e valores humanos sólidos.
As emoções e a racionalidade têm de andar de mão dada, pesando as decisões e ajudando a encontrar as melhores soluções em cada momento.
Temos deixar de nos isolar, e nos deixarmos subverter pela propaganda, que nos fazem crer, de que na sociedade actual, existe uma democracia e que os direitos são todos iguais. Os direitos são de facto mais iguais para uns do que para outros, e se não nos cuidarmos vemos os nossos esforços de criar cidadãos de qualidade gorados.

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