terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

OS OLHOS TAMBÉM TOCAM


Os meus dedos percorrem o copo grande, de pé alto, bojudo, adequado ao vinho tinto. Enquanto o faço as memórias ocorrem-me. Vejo um boca de lábios cheios, sorvendo e apreciando o vinho, a cabeça inclinando-se, o copo a ser pousado sobre a mesa e de seguida o sabor do vinho na minha boca.

Os dedos desenhando o copo, lembram-me aquela manhã de domingo... os meus olhos moldando o teu rosto, deslizando pelos teus olhos fechados beijando as pálpebras, acariciando o teu nariz, beijando a tua boca levemente saboreando os teus lábios cheios.  depois descendo observando o teu peito, percorrendo as curvas do teu corpo, com pequenas paragens, provocadoras, no ventre liso, afagando-te as coxas roliças, sentindo, como se a tu pele estivesse em mim.
O sol, tinha o poder de te realçar sobre os lençóis e a vontade de te beijar foi mais forte. Não queria que acordasses. Queria sentir-te, ternura. queria pousar meus lábios, tão levemente, na tua boca e em teu rosto. como se te embalasse, no sono. que o teu sono me deixasse espaço. sentir o calor da tua pele nos meus lábios. te guardar dentro de mim como um segredo. Quando acordasses. sorrindo com a leveza das borboletas sobrevoando a flor. com os olhos enlevados, maliciosamente doces. em voz suavemente enrouquecida, dir-me-ias do teu sentir. algo tão estranho, tão bom e inexplicável, como se o amor fosse assim explicado.
Eu, no segredo, radiante, saborearia, cada letra cada palavra, e guardaria o meu segredo tão fundo para que nunca se perdesse na realidade crua dos outros dias.

DC





1 comentário: