quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ele concluiu que devia calar-se



Ele concluiu que devia calar-se. Em tempos aprendeu a comunicar saindo do silêncio, que durante anos trouxera consigo. Aprendeu a ler com assiduidade, a falar com os outros, e de quando em quando a substituir os desenhos por palavras construindo frases. Começou a usar a oralidade, como forma de estar permanente, expondo com frontalidade, tentando chegar aos outros, comunicando tudo o que sabia e aprendia, colocando as suas ideias. Não se apercebeu porém, que por vezes falaria demais, ou estava escancarando tudo o que na sua alma sentia, ficando sem defesas. O universo, dizem-lhe alguns, trouxera-lhe a afonia, para ele se precaver de tal defeito, escrevendo mais, falando menos, mas ele continuou surdo, e as palavras, as ideias, as histórias foram surgindo, assim se continuando a revelar. Inesperadamente o universo deu-lhe a resposta, tirando-lhe o tapete, deixando-o a falar sozinho. agora tinha sido, mais do que evidente. ele tinha que aprender.
A lição foi dada. ele recebeu-a com galhardia e disse para consigo, “hoje fecharei a porta”, assumirei o silêncio subliminar. Não mais seria acusado de falar efusivamente, nem com as frases e ideias ao pé da boca. Tudo ficaria nos subentendidos dos seus murmúrios.

A lista que divulgou, as premissas de que falara, tudo o que lhe ouviram dizer, rasgou da sonoridade. talvez um dia, volte a sentir a necessidade, de ser ouvido, e que quem o escute, ou se delicie com o som das suas ideias e sonoridade da sua presença.

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