domingo, 24 de junho de 2012

S. JOÃO e pouca festa

O S.João para mim, ainda hoje, são as sardinhas assadas com pimentos, as azeitonas, a broa, o caldo verde, as febras grelhadas, o chouriço assado e todos estes cheiros misturados. São as festas nas garagens, nos quintais, nos terraços e quaisquer espaços onde se faça arraial de música pimba são joanina, onde amigos e vizinhos dançam e pulam a fogueira, São balões, a serem lançados elevando-se pelos ares, no meio da algazarra da criançada. Um convívio aberto franco divertido.

É a ida aos carrosséis, o jogo dos matraquilhos, naqueles dias antes e depois da festa.

É ir para a praia de manhã cedo, passando pelo meio dos perdidos da noite que dormem no areal, tomando banho no mar como se estivesse numa piscina particular.

Nunca vivi o S. João do Alho Porro, ou da Cidreira e muito menos do martelinho, nunca me enganei com a história de que esta seria uma festa popular, sem pobres nem ricos, porque a verdade não essa. Os ricos misturam-se mal, e os pobres limitam-se a ir ver o fogo e regressarem a casa porque não têm dinheiro para gastar.

Este ano, ao fim de muitos, não senti a mesma animação de outros tempos. Não se ouve a música nas garagens da vizinhança, somente se come, se conversa, afinal a crise afecta as pessoas.

Já escrevi em outro blog, o que muitos de nós jovens fizemos em “tempos da outra senhora” nestas noites de S.João. Nos dias de hoje adequa-se bem que transformemos as festas populares numa noite de protesto e manifestemos o nosso pesar, não gastando nem participando na hipocrisia, de que o pobre quer é fado, futebol, família.

Todos sabemos que é só uma noite e, que por vezes, é necessário afastar os maus pensamentos e as dificuldades que a crise tem trazido às famílias, mas também sabemos, que os senhores que a criaram é disso que esperam para nos apertarem mais um pouco o cinto.

De qualquer modo quem não resistir que se divirta... sem se esquecer que no dia seguinte têm de voltar à luta novamente, assuma ela as expressões colectivas que tiver. Nas manifestações de rua, nas suas reivindicações nas empresas, ou outras, para que não pensem que nos adormecem.

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