O S.João para mim, ainda hoje, são as sardinhas assadas com pimentos, as azeitonas, a broa, o caldo verde, as febras grelhadas, o chouriço assado e todos estes cheiros misturados. São as festas nas garagens, nos quintais, nos terraços e quaisquer espaços onde se faça arraial de música pimba são joanina, onde amigos e vizinhos dançam e pulam a fogueira, São balões, a serem lançados elevando-se pelos ares, no meio da algazarra da criançada. Um convívio aberto franco divertido.
É a ida aos carrosséis, o jogo dos matraquilhos, naqueles dias antes e depois da festa.
É ir para a praia de manhã cedo, passando pelo meio dos perdidos da noite que dormem no areal, tomando banho no mar como se estivesse numa piscina particular.
Nunca vivi o S. João do Alho Porro, ou da Cidreira e muito menos do martelinho, nunca me enganei com a história de que esta seria uma festa popular, sem pobres nem ricos, porque a verdade não essa. Os ricos misturam-se mal, e os pobres limitam-se a ir ver o fogo e regressarem a casa porque não têm dinheiro para gastar.
Este ano, ao fim de muitos, não senti a mesma animação de outros tempos. Não se ouve a música nas garagens da vizinhança, somente se come, se conversa, afinal a crise afecta as pessoas.
Já escrevi em outro blog, o que muitos de nós jovens fizemos em “tempos da outra senhora” nestas noites de S.João. Nos dias de hoje adequa-se bem que transformemos as festas populares numa noite de protesto e manifestemos o nosso pesar, não gastando nem participando na hipocrisia, de que o pobre quer é fado, futebol, família.
Todos sabemos que é só uma noite e, que por vezes, é necessário afastar os maus pensamentos e as dificuldades que a crise tem trazido às famílias, mas também sabemos, que os senhores que a criaram é disso que esperam para nos apertarem mais um pouco o cinto.
De qualquer modo quem não resistir que se divirta... sem se esquecer que no dia seguinte têm de voltar à luta novamente, assuma ela as expressões colectivas que tiver. Nas manifestações de rua, nas suas reivindicações nas empresas, ou outras, para que não pensem que nos adormecem.
domingo, 24 de junho de 2012
S. JOÃO e pouca festa
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