terça-feira, 10 de julho de 2012

O MERCADO DA RIBEIRA FOI-SE... E AGORA??




Ao passear pela zona da Ribeira, do Porto, fico espantado como se transformou, num “centro de esplanadas”, e que os cidadãos, assim como os turistas, que querem caminhar pela marginal são obrigadas a fazê-lo pela facha dos carros.

Acabaram com o Mercado da Ribeira, talvez pelas feias “barracas” que tapavam as vistas aos senhores das esplanadas. Agora o passeio é largo e só tem mesas e cadeiras para gáudio dos cafés e restaurantes – as mesas e cadeiras ocupam a totalidade do passeio –e em frente no cais aparecem agora as bugigangas do artesanato, e uns guarda-sóis, tipo de praia, com umas bancas à frente, impedindo de igual modo a circulação das pessoas e tapando a vista aos “pastores que se sentam nas esplanadas à espera de verem o rio Douro e a Ribeira de Gaia.

São feitas obras nesta nossa cidade do Porto, em muitos dos seus espaços que não correspondem ao ambiente local, criando uma artificialidade, a todos os níveis. Como o disparate de alcatroarem a rua de S.João, que além de não “rimar” com o piso envolvente, nem com a zona histórica da qual faz parte. E esperemos que no inverno, com a acumulação das águas das ruas acima que ali irão desaguar, não se transforme num rio que faz foz no cais da Ribeira.

Não sei como explicar aos senhores que governam este país, sejam eles governo, sejam eles autarcas, que o turismo deve ser como as dietas de emagrecimento, ou se fazem com o intuito de mudar os hábitos alimentares, ou então volta tudo ao mesmo e para pior. Transformar a Ribeira numa esplanada gigante, ou feira, não é solução turística. As pessoas que deslocam àquele lugar, não querem ver só a paisagem, mas a realidade dos sítios e não a artificialidade criada para “turista ver”. Se não existem hábitos de cultura, de organização e serviços de utilidade pública, aquilo que se vê é uma maquilhagem grosseira das gentes da morfologia da Ribeira, porque na realidade o que existe são negócios sazonais, alguns de gente que vem de outros lugares, que acabadas as épocas de grande afluência, partem, e outros que são residentes e ficam “às moscas”, transformando o espaço em desertos de cadeiras e mesas. Isto sem esquecer, que todo este negócio de “turismo” acaba por expulsar os que ali residem, por perda das sua qualidade de vida e porque os preços praticados são incomportáveis, abrindo assim espaço aos privilegiados e boémios. É bom lembrar os muitos que “expulsos” das zonas ribeirinhas para o Bairro do Aleixo, que embora a promessa fosse de regressarem, por lá ficaram, e até ali estão também postos em causa.

Em todo o centro de Porto, incluída a Ribeira, se desertifica das famílias, mas aumenta o número de escritórios e serviços, ao mesmo tempo que os bares, cafés e restaurantes gourmet, ou pretensamente populares, sustentados estes por um público muito próprio, que gostam, dizem eles, da “movida”(?). Pena é, que aqueles que de manhã cedo se deslocam por aqueles lugares tenham de levar com o cheiro a urina, que preenche o ar.

P
odem alguns dizer, que muito se tem feito para melhorar a cidade, tenho dúvidas legítimas quanto à qualidade e integração dessas melhorias e do benefício que tem representado efectivamente para os portuenses residentes da cidade.
Valerá a pena ler o texto "Os cafés do Porto! de Maria Teresa Castro Costa, para perceber a mágoa com vejo a minha cidade que me viu nascer, se transformar. Deixa de existir a cidade dos portuenses, mas a cidade do negócio sem cor e do turismo com dor.

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