segunda-feira, 3 de junho de 2013

QUASE AMOR À PRIMEIRA VISTA




Íamos os dois caminhando no jardim arborizado quando aconteceu. Ela saiu-nos ao caminho, deixando-nos espantados. Ele ainda pequenito, não acreditando no que via, olhando para mim com o seu ar meio admirado. Eu adulto sorria-me vendo as diferentes reacções, O que nós víamos à nossa frente, era bela figura, com uma espécie de juba preta, ondulando as ancas com ar atrevido, olhar vivo, e rabo espetado, Parecia ter-se atravessado ao caminho, como a convidar-nos a segui-la. Ela parecia adivinhar que havia ali “alguém” precisando de companhia. Rimo-nos, eu não estava virado para ali, por isso procurei dirigir-me, noutro sentido, conversando com ele animadamente, e mostrando-lhes os vários recantos do jardim, onde proliferavam várias espécies de flores e árvores, que sobressaiam do verde, dos relvados com o sol que se lhes projectava, Mal nos precatamos, e aí tínhamos novamente a fulana à nossa frente, como se nos quisesse convidar, Não parecia ter vergonha e insinuava-se, na seu elegância e com o seu olhar felino. O miúdo, olhava para mim com ar maroto e parecia começar a simpatizar com a ideia de nos meter-mos com ela e convidá-la a vir connosco. Fomos caminhando olhando de relance e verificamos que ela parava, ao mesmo tempo do que nós, como se estivesse cheirando as flores, tal qual um detective disfarçando.


A certa altura, distraímo-nos e reparamos que ela entrou para determinado espaço do jardim, frondoso e pleno de arbustos, como se de repente deixasse de estar interessada em nós. Ele olhou-me com ar maroto e devagar pé ante pé dirigimo-nos por onde ela tinha ido, Se tivéssemos combinado, não seriamos tão prontos a reagir, Eu na frente para não haver nenhuma surpresa complicada e ele ligeiramente atrás, com a mão agarrado ás minhas calças. Ao entrar na clareira, a seguir aos arbustos de onde ela tinha entrado, vimo-la lá estava ela.

Para nosso espanto, agora olhava-nos com um ar desafiador e quase irónico, abanando a cabeça, Olhei o miúdo que estava espantado com o olhar fixo.

A nossa querida amiga, tinha entre os dentes não as contas de um colar, ou uma flor, E embora soubéssemos ser natural na espécie  animal, tal facto, já não tivemos vontade de a trazer connosco, a visão do pássaro na sua boca tirou-nos o prazer de toda a experiência vivida e de comungar o mesmo espaço.

É gato, está na sua natureza.

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